Esse é o pior título do Roteiro Reino Unido até agora! Isso porque a cidade de Bath, no oeste da Inglaterra, é considerada um Patrimônio Mundial da UNESCO (a única do Reino Unido!) por suas bem-conservadas Termas Romanas (The Roman Baths). Fui conhecê-las? Sim! Mas, como a chamada diz, não foi exatamente por elas que eu inclui o local na nossa Eurotrip.
Foi por causa da Jane Austen (assim como Chatsworth House e você pode conferir o post neste link). Eu, como você já deve ter percebido, sou fã das obras da escritora e Bath não foi só cenário de algumas de suas protagonistas – Anne Elliot, de Persuasão, e Catherine Morland, de Abadia de Northanger – como também foi lar da autora durante alguns anos de sua vida.
E para explicar, a Eurotrip foi uma viagem que eu e o Gian fizemos em 2018 para celebrar o fim do nosso intercâmbio em Dublin, da Irlanda. Viajamos durante 35 dias com uma malinha de bordo de 10 kg. Antes de chegar em Bath, fomos para a Escócia (onde conhecemos Edimburgo e fizemos uma excursão de 1 dia nas Terras Altas) e para outras cidades da Inglaterra, como Liverpool, Manchester (com parada no Old Trafford), Sheffield e Londres.
Dito tudo isso, seja muito bem-vindx ao meu roteiro de 1 dia em Bath, na Inglaterra!
Como chegar em Bath?
Eu e o Gian fomos de trem. Saímos da estação London Paddington Station, em Londres, a capital da Inglaterra, às 7h55 com a Great Western Railway e chegamos em Bath Spa por volta das 9h50. Ou seja, foi um pouco menos de duas horas de viagem. Chegando na cidade – com as nossas malinhas – tomamos um café e demos uma passeada pelo centro. De lá, fomos em direção ao Aibnb – onde nos hospedamos apenas por uma noite – para largar a bagagem e começar a passear. No dia seguinte partiríamos cedo para fazer uma excursão para Stonehenge – que é tema do próximo post – e seguirmos para Cardiff, a capital do País de Gales.
Mas, por que Bath?
Como já mencionei, decidi conhecer Bath por causa da sua relação com Jane Austen. Mas, ao mesmo tempo, é importante entender porquê a escritora inglesa incluiu o local em seus romances e, até mesmo, foi morar lá durante um tempo. As coisas não acontecem sem motivos, não é mesmo? A cidade era um destino popular no Período Regencial, era vista como um “resort” e um “spa”. Ela era procurada, principalmente, pelas propriedades terapêuticas das águas dali. Na verdade, essa fama é bem mais antiga, dos tempos do Império Romano. Mas, é claro, que toda uma sociedade se desenvolveu por ali.
Principais atrações de Bath
Como ficaríamos apenas 1 dia em Bath, nós tivemos que fazer escolhas. A minha prioridade nº 1 era ir no The Jane Austen Centre. O Gian, ao pesquisar o que tinha na cidade, quis ver as Termas Romanas (The Roman Baths). Assim foi traçado o nosso roteiro na cidade, nosso dia 11 da Eurotrip. E, realmente, foram os dois lugares onde ficamos mais tempo.
The Jane Austen Centre
Eu já contei no #TuristandoNaQuarentena – Persuasão e Bath que Jane Austen viveu na cidade de 1801 a 1806. Seu endereço mais longo foi na 4 Sidney Place e é possível encontrar uma plaquinha “comemorativa” na frente dessa casa celebrando esse feito. Porém, a escritora também viveu, de forma temporária, na 25 Gay Street. Por isso, nesta mesma rua, no número 40, está o The Jane Austen Centre.
Reza a lenda, as casas foram construídas pelo mesmo arquiteto e são bem parecidas por dentro. Mas, sim, dei toda uma volta para passar o endereço da atração, mas vocês sabem que eu fico redundante quando estou falando da minha escritora favorita de todos os tempos. Perdoe-me e seguimos.
No The Jane Austen Centre você é recebidx por um “Mr. Darcy” (note, por gentileza, as aspas) na porta. Trata-se de um homem vestido com roupas características do Período Regencial, época em que Jane Austen e suas personagens viveram. Eu estou rindo só de lembrar. Não que seja engraçado, mas porque é genial. Dá aquela contextualizada e transporta a gente para a atmosfera dos livros. Ele indica o caminho para a bilheteria – na loja, na primeira porta à direita da entrada – e lá dentro a atendente termina de nos passar as informações para começarmos a visita.
O “tour” começa no primeiro andar. Em uma salinha, é passado um vídeo – Introductory Talk – falando sobre a escritora, sua família e passagem por Bath. O filme é curto e ajuda – principalmente – quem não sabe muito bem o que está fazendo ali (tipo o Gian). Depois, nos deixam livres para andar pela casa.
A exposição fica no térreo e dá para ver objetos da época em que a escritora viveu. São, em sua maioria, artigos de casa, de beleza e de moda, como roupas. A mostra apresenta ainda quais eram as regras sociais vigentes, principalmente em relação às mulheres e ao casamento. Há boatos que a única proposta de casamento que Jane Austen recebeu na vida, quando tinha 27 anos, aconteceu exatamente ali em Bath. Ela aceitou em um dia e declinou no seguinte.
“Anything is to be preferred or endured rather than marrying without affection”
Carta de Jane Austen para sua sobrinha em 18 de novembro de 1814 (em tradução livre:: tudo é preferível ou suportável do que casar sem afeição)
No térreo você encontra também uma arara com trajes para você experimentar (e fotografar, claro!) as roupas do Período Regencial. Na sala seguinte, uma espécie de escritório, há uma escrivaninha e uma caneta tinteiro para você testar “o meio” como como Jane dava vida às suas personagens. E achei dificílimo mexer naquela pena.
Depois, há uma estátua de cera da escritora em tamanho real de como ela seria quando em vida. Confesso que sempre achei estátuas de cera meio apavorantes, mas essa eu achei legal de ver. Sei lá, deve ser coisa de fã. Deve ser porque, ainda hoje, a única imagem que se tem dela é uma ilustração da sua irmã, Cassandra. E há boatos que a própria sobrinha da Jane Austen falou que o desenho não ficou bom não hahahaha. Aí fica aquele mistério, né?
No último andar da casa fica o Regency Tea Room (Sala de Chá Regencial) que simula como eram os “chás” naquela época, no período em que viveram a criadora e suas criaturas. Acabou que eu e o Gian comemos – leia almoçamos – ali mesmo. Pedimos o típico Afternoon Tea. Que ali recebe o nome de Mr. Darcy’s Afternoon Tea. É um “combinado” de bolos, sanduíches e doces acompanhados de creme e geleia, além é claro, do chá. Para duas pessoas, pagamos cerca de 40 libras. Você confere o menu completo e outras opções no site deles.
Royal Crescent
Ainda na vibe Jane Austen – mas, dessa vez, mais por causa dos filmes que foram inspirados nas obras do que da escritora em si – vem o Royal Crescent. Trata-se de um conjunto de 30 casas de estilo georgiano construídas de 1767 a 1775 de formato arredondado, inspirado no Coliseu romano. Foram projetadas pelo arquiteto John Wood the Younger em frente ao Royal Victoria Park. Com sua fachada de fundo foram gravadas cenas – e que cena, senhores! – de Persuasão (2007), da Jane Austen, e mais recentemente, da série Bridgerton, da Netflix, inspirada nos livros da Julia Quinn.
Hoje, no The Royal Crescent você encontra algumas habitações particulares, o luxuoso – e cinco estrelas! – The Royal Crescent Hotel & Spa e um museu, o No. 1 Royal Crescent, que mostra como era a vida de um residente (e seus funcionários) no século XVIII. Como ficaríamos apenas um dia turistando pela cidade, optamos por não entrar. Ainda íamos até as Termas Romanas. Mas, há boatos que ele tenha sido utilizado como locação da residência dos Featherington de Bridgerton. Então, se você gostou da série, vale a visita!
Nota: em Bath você também encontra o The Circus. Ele foi projetado pelo arquiteto John Wood the Elder, pai do John Wood the Younger. Foi o filho que concluiu a obra. Visualmente – lembrando da minha zero noção de arquitetura aqui – eu achei o The Royal Crescent e o The Circus bem parecidos. Mas, o que aparece em Persuasão e o que me levou a ir lá tirar uma fotinho foi o primeiro. É sempre é bom dar nome aos bois, né?
Ponte Pulteney
Em nossas andanças, passamos pela Ponte Pulteney. Ela é um exemplo de arquitetura georgiana – assim como o The Royal Crescent – e é uma das quatro do mundo a ter lojas em toda a sua extensão. Ela foi inaugurada em 1770 e seu nome é uma homenagem à esposa de um figurão – homem importante – que vivia na cidade. Uma curiosidade? Ela aparece no filme Os Miseráveis (2012). Foi de cima dela que o inspetor Javert (interpretado por Russell Crowe) se suicidou na produção.
Termas Romanas (The Roman Baths)
É a segunda cidade de raízes romanas que conhecemos em nossa Eurotrip (a primeira foi Manchester). E o que eu quero dizer com isso? É que a história já nos mostrou como o Império Romano foi gigante e como ele influenciou, de diferentes maneiras, todo mundo ocidental desde então. E mesmo com toda essa bagagem, eu fiquei chocada – sim, é essa a palavra – com o que eu vi ali em Bath.
Acho, inclusive, muito injusto combinar a palavra “ruínas” com as Termas Romanas dali. Porque o nível de preservação é absurdo. E não é só isso. Você vê todo um esforço para manter o cuidado. E eles usam a tecnologia para isso. No tour, exibições interativas ilustram como as termas funcionavam e projeções completam as pedras mostrando como eram no passado. Não sei se ficou claro, hahahaha. Nunca tinha visto igual e não poderia recomentar o suficiente a visita.
As Termas Romanas, ou The Roman Baths, foram construídas em 70 a.C. como um grande complexo de banho. Existia ali também o Templo de Sulis Minerva, deusa da sabedoria, das artes e da estratégia de guerra. E conforme vamos andando pelo lugar – em nosso próprio ritmo – vamos acionando o áudio-guia para entender o que estamos vendo (ah, com opção em português!).
Passamos pelo terraço, por uma exposição explicando quem eram os romanos, quem eram os moradores de Aquae Sulis (nome romano de Bath), por que havia um templo para Minerva ali, quais os rituais que aconteciam, como funcionavam as termas e as saunas… É um banho – com o perdão do trocadilho aqui – de conhecimento. A minha sala favorita foi a que reuniu objetos encontrados na água e suas possíveis significações.
Ah, vale ressaltar que não são permitidos banhos nas águas quentinhas – cerca de 40°C – das The Roman Baths (a gente teve a oportunidade de entrar em uma em Budapeste, na Hungria. Mas é mais para o final da Eurotrip e ainda tem muito para compartilhar com vocês antes). Se você quer ter a experiência em Bath – coisa que eu e o Gian não fizemos – existem algumas opções. A mais famosa é o Thermae Bath Spa e suas águas naturalmente quentes e ricas em minerais.
Abadia de Bath
Fica bem pertinho – praticamente do lado – das Termas Romanas. O mais interessante da Abadia de Bath – na minha concepção, é claro – é que há registros de que pelo menos três igrejas existiram no lugar onde ela está hoje. Os primeiros indícios são de 757 a.C. Ali existia um monastério anglo-saxão que foi destruído quando os normandos ocuparam a Inglaterra. O templo atual – como vemos atualmente – é considerado a última grande catedral medieval do país. Sua construção teve início por volta de 1499, mas foi finalizada apenas em 1616. Legal, né? Vale lembrar que eu e o Gian não visitamos a abadia por motivos de tempo, mas ela aceita turistas.
Outras atrações
Eu sei que nos posts que eu estou fazendo sobre a Eurotrip estou compartilhando com vocês apenas os locais e as atrações que eu conheci. E quando é algo muito famoso e eu não visitei, explico meus motivos. Esta tem sido a regra, salvo algumas exceções. Mas, Bath é Bath e eu fiquei tão encantada com a cidade e tão arrependida de ter ficado pouco tempo que eu preciso, por questões morais, pelo menos citar outras coisas que você pode fazer enquanto estiver por ali. E vou entrar no detalhe de duas Jane Austen-relacionadas: Jane Austen Festival e o Assembly Rooms.
Jane Austen Festival
É uma experiência imersiva. As pessoas – literalmente – saem nas ruas vestidas como se vivessem no período regencial. Elas fazem tours e eventos relacionados (incluindo baile de máscara) à vida e às obras da escritora. Deve ser incrível! Então se você estiver planejando sua viagem para Bath ou estará na cidade em meados de setembro, não deixe de participar e entrar no clima.
Assembly Rooms
Pode ser considerado o epicentro da vida social de Bath. Em uma tradução literal, Assembly Rooms são “salas de reuniões”. Mas esqueça a visão corporativista que você tem dessas palavras porque no século XVIII eram Salão de Baile, Sala de Chá e Sala de Cartas, uma forma de reunir a nata da sociedade para conversar, conhecer novas pessoas, arrumar cônjuge, e etc.
E no Assembly Rooms está o Fashion Museum Bath, que possui uma das maiores coleções do mundo de roupas históricas e contemporâneas. Sua exposição permanente A History of Fashion in 100 Objects (A História da Moda em 100 Objetos) faz uma retrospectiva de como a moda mudou ao longo dos anos. Eles tem peças desde os anos 1600 até os dias atuais.
Além disso, você encontra em Bath: Victoria Art Gallery, Museum of Bath Architecture, Herschel Museum of Astronomy, Beckford’s Tower and Museum, American Museum & Gardens, Old Theatre Royal and Masonic Museum, Museum of East Asian Art… Fora os outros festivais, passeios de balão e arredores. Como o Stonehenge, que eu e o Gian visitamos no dia seguinte e tema do nosso próximo post do Roteiro Reino Unido. Até lá!
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