É uma verdade universalmente conhecida que todo fã busca um dia visitar lugares relacionados a sua paixão. E se você é, assim como eu, apaixonada pelos livros de Jane Austen vai ficar feliz em saber que este sonho pode ser realizado. Na Inglaterra, mais especificamente no condado de Derbyshire. É lá que você encontrará Chatsworth House, a “casa” que, reza a lenda, serviu de inspiração para a escritora inglesa descrever a Pemberley de Mr. Darcy e que serviu de locação para o filme Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice) de 2005, dirigido por Joe Wright e estrelado por Keira Knightley e Matthew MacFayden.
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Visitar Chatsworth House foi um sonho de infância, caro leitor. Era algo que eu imaginava fazer desde que minha mãe alugou este DVD para mim na locadora perto de casa. Então, você vai perceber que eu fiquei piegas em alguns momentos deste texto. Peço desde já perdão. Ou não, porque foi sem sombra de dúvidas um dos dias mais felizes da minha vida. E fico muito animada de poder compartilhar como ele foi com você. Então, vem comigo!
A nossa Eurotrip
Chatsworth House foi a programação do sexto dia da nossa Eurotrip. Espera, o quê? Que Eurotrip? Se você chegou direto aqui neste post, não deve estar entendendo algumas coisas. Então, deixe-me explicar. Em 2018, eu e o Gian – meu marido – fizemos um intercâmbio de estudo e trabalho em Dublin, na Irlanda. Para celebrar o final da experiência, que você pode conferir neste post aqui, decidimos fazer uma viagem de um mês pela Europa. Na verdade, foram 35 dias. E o início desta jornada foi no Reino Unido. Antes de chegar em Sheffield, passamos por Edimburgo e fizemos uma excursão pelas Terras Altas da Escócia. Depois entramos na Inglaterra e paramos em Liverpool e em Manchester, que rendeu inclusive, uma visita ao Old Trafford, estádio do time de futebol Manchester United.
Mas, espera, estádio de futebol e mansão de Mr. Darcy na mesma viagem? Sim! Nossa Eurotrip foi decida de uma maneira muito racional e democrática (pode conter ironia). Eu queria ir para a Inglaterra (por causa da Jane Austen), o Gian queria ir para a Islândia (para ver a Aurora Boreal e pegar frio). Eu escolhi a Escócia, e ele o Marrocos, no norte da África. E seguimos dessa forma. A cada parada, tentamos conciliar os pontos turísticos que mais agradavam a ambos e voilà. Ah, e houveram destinos que a Ryanair e o preço de suas passagens aéreas decidiram. Hahahahaha. Mas, seguimos.
Como chegar a Sheffield? E a Chatsworth House?
Deixamos Manchester (após a visita ao Old Trafford) à noite. Nosso trem partiu da estação Manchester Piccadilly às 19h45 e chegou em Sheffield às 20h55. Ou seja, foi 1h10 de viagem pela Northern. Da estação, pegamos um táxi (porque os arredores estavam bem escuros e meu radar mulher brasileira apitou mais do que o usual) até o Airbnb da noite. Isso mesmo, no singular. Depois de visitar Chatsworth House seguiríamos viagem para Londres, a capital da Inglaterra.
Existem algumas maneiras de se chegar até Pemberley, opa, Chatsworth House. De carro, já que o lugar tem um enorme estacionamento (pago por diária). Ou por transporte público, combinando trem e ônibus ou somente o segundo. No site da atração tem todas as opções possíveis. Como a gente já tinha planejado pernoitar em Sheffield, foi bem tranquilo. Acordamos cedinho e pegamos um ônibus 218 operado pela TM Travel. No site da companhia tem uma planilha (virginianos piram!) com os horários da linha. A viagem até a casa durou aproximadamente 40 minutos. Foi o tempo para a ansiedade abaixar e voltar com tudo. E vou comentar bem rapidinho aqui que uma lágrima solitária escorreu dos meus olhos quando eu vi a casa despontar lá no horizonte.
Ah, importante lembrar das malinhas de bordo, nossas fiéis escudeiras! Como não ficaríamos por mais uma noite em Sheffield, não poderíamos deixá-las na acomodação. Mas, ao invés de achar um Left Luggage do Stasher, como fizemos em Liverpool e Manchester, pesquisamos e descobrimos que Chatsworth House tinha um guarda-volumes próprio, já que não permite a entrada de bolsas grandes ou de mochilas na casa. Então, levamos as belezinhas com a gente. Deu certo, mas tivemos sorte. Principalmente porque chegamos cedo. Percebemos que a maioria dos armários do Left Luggage pertinho da entrada da casa eram pequenos, tamanho ideal para mochilas mesmo. Apenas alguns comportavam uma mala de bordo.
Visitando Chatsworth House
A visita à Chatsworth House pode ser divida em partes e saber quais atraem mais você é essencial, já que vai afetar diretamente no valor do seu ingresso na bilheteria. Você pode escolher entrar na casa e nos jardins, só nos jardins ou só na fazendinha e parquinho (para quem estiver com crianças). Tudo vai depender da sua disponibilidade de tempo. Como era algo que eu sonhava desde sempre, nós reservamos o dia inteiro para ficar por lá. A partir daí, é só fazer a sua combinação. Nós compramos nossos ingressos para a casa e para os jardins no dia, em um mundo pré-Covid 19. Hoje é altamente recomendável que você garanta o seu bilhete com antecedência pelo site.
A casa
É importante saber que Chatsworth House é a residência do Duque e da Duquesa de Devonshire e já está há 16 gerações na família Cavendish. Até porque você vai ver diversas referências a eles nos cômodos e nas obras de arte espalhadas pela casa que, por sinal, é luxuosíssima – suas janelas laminadas a ouro não deixam mentir. Só para você ter uma ideia, têm estátuas romanas e egípcias bem como quadros de Rembrandt, Reynolds e Veronese. Ao todo, na visita turística são 25 salas para percorrer. A minha favorita? Impossível escolher uma só. Mas gosto do Painted Hall e da Sculpture Gallery, que aparecem na versão de 2005 do filme Orgulho e Preconceito.E eu fico toda arrepiada só de lembrar! Hahahahaha
E como já falei no post #TuristandoNaQuarentena – Chatsworth House (Pemberley), existe um documentário na Netflix chamado Secrets of Chatsworth (2013) que conta as histórias e os segredos do lugar e da família Cavendish. Seus 300 quartos, 17 escadas e 350 portas fazem a residência receber o status de “maior casa particular da Inglaterra”. E não é à toa! Seu terreno equivale ao estado de Washington, a capital dos Estados Unidos.
A visita na residência em si é muito rápida. Não existe um guia e nem um áudio guia para acompanhar o passeio. E para ninguém ficar tão perdido, em cada cômodo existem placas explicativas onde o visitante retira na língua de preferência, lê e põe de volta. Achei a dinâmica interessante. Lá fora, nos jardins, você pode participar de algumas atividades dentro do terreno que são gratuitas e guiadas, como walking tour ou subir no telhado. Para participar, basta retirar uma fichinha e aparecer no horário marcado (lembre-se da pontualidade britânica!). A gente fez o passeio em cima da casa. E apesar do vento, foi muito legal ter a visão de Chatsworth House lá de cima.
Os Cavendish
Era desejo de Elizabeth Talbot, a condessa de Shrewsbury morar na região de Derbyshire, onde nasceu. Quando casou-se pela segunda vez, com William Cavendish, um dos comissários do rei Henrique VIII, compraram Chatsworth. O ano era 1549. De lá para cá, a residência passou por inúmeras expansões, revitalizações, reformas e reformulações. Cada novo duque e/ou duquesa acrescentava ou destruía algo, deixava a sua marca, o seu legado. Alguns fizeram melhorias nas artes, outros nos jardins. Mas independente de tudo, o que permaneceu na linhagem foi o poder e a riqueza dos Cavendish. Seria muita presunção minha tentar resumir a história da família que, só em Chatsworth, remonta ao século XVI.
Mas, é claro, existem alguns destaques. Elizabeth Talbot mesma, por exemplo, além de ser a responsável pela compra de Chatsworth e pelo início da linhagem Cavendish ali, era riquíssima e poderosíssima e todos os -íssima possíveis. Reza a lenda que ela era segunda mulher mais influente da Inglaterra, abaixo apenas da rainha Elizabeth I. Ela, inclusive, aprisionou – por ordem de sua soberana – por diversas vezes a rainha escocesa Mary Queen of Scots em sua casa. Existe até uma ala por lá que se chama Queen of Scots Apartments. Outro destaque foi Lady Georgiana Spencer, casada com o 5º Duque de Devonshire. A história dela foi retratada no filme A Duquesa (The Duchess, 2008), que por sinal também foi estrelado pela atriz Keira Knightley. E gravado em Chatsworth House.
Os Jardins
Assim como a casa, os jardins de Chatsworth House também possuem feitos de cada um dos duques e duquesas que viveram na residência. Na verdade, novas instalações continuam a ser feitas hoje com a geração atual dos Cavendish, que incluem desde reformas até novos monumentos e obras de arte. Para cuidar de tudo isso, existe um time de mais de 20 jardineiros e 50 voluntários! Mas também, este belíssimo espaço verde conta com árvores raras, arbustos, riachos, lagos, estufa, cascata, fonte… Ufa! Isso tudo sem contar as ovelhas que ficam zanzando pelo terreno sem – qualquer aparente – restrição.
E no dia em que visitamos a casa, teria um casamento mais tarde. Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por existir a possibilidade das pessoas casarem no lindo jardim de Chatsworth House Triste porque as tendas do evento atrapalharam minhas fotos e a minha visão da casa do Mr. Darcy.
Mas, e cadê Pemberley? Cadê Jane Austen?
Infelizmente, Pemberley não existe. Mas alguns fãs e estudiosos acreditam que Jane Austen realmente tenha se inspirado em Chatsworth House para descrever a casa de Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito. Há boatos que a escritora tenha visitado a casa em 1811, dois anos antes de lançar a sua obra. Logo, só o pensamento de estar andando no mesmo lugar onde ela possivelmente andou já é de uma emoção sem tamanho.
E não é a toa que o diretor Joe Wright escolheu o local para gravar cenas de Elizabeth Bennet (Keira Knightley) e Mr. Darcy (Matthew MacFadyen) na adaptação cinematográfica de 2005. Mas, nem todas as cenas de Pemberley foram gravadas lá porque durante as filmagens a casa estava passando por mudanças e outro local – Wilton House, em Salisbury – serviu de cenário para as filmagens internas. No filme, é possível ver Chatsworth House quando Lizzie passeia por entre estátuas, como já falamos ali em cima, e quando ela corre ao ser descoberta pelo proprietário na área externa.
Por isso, enganam-se aqueles que pensam que a casa é temática e que existam lá dentro inúmeras referências ao livro de Jane Austen. Infelizmente, não. Afinal, Chatsworth House é uma residência privada e pertence à família Cavendish. Logo, as únicas referências à Orgulho Preconceito e ao Mr. Darcy estão nas lojinhas e no filme gravado no seu coração.
E assim terminou o sexto dia da nossa Eurotrip. Retornamos de ônibus para Sheffield com nossas malinhas para pegar o trem com destino a Londres. E se você chegou aqui por causa da Jane Austen, continue com a gente para as cenas dos próximos capítulos. Porque depois de alguns dias na capital da Inglaterra, seguimos para Bath. Outro ponto alto da viagem para janeites. É lá que fica o Jane Austen Centre Bath, por exemplo.
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