O Pais de Gales é famoso por sua música, suas lendas e pelo rúgbi, aquele esporte que “parece” futebol americano mas sem o uso de equipamentos de proteção. E Cardiff, por sua vez, é a sua capital e uma das maiores cidades do Reino Unido. Ah! E é a cidade onde foi gravado – algumas cenas, na verdade – o seriado Doctor Who. Isso é importante? Para mim, não. Para o Gian, sim, já que ele insistiu em uma experiência diferente dentro do Castelo de Carfiff por causa da série. Mas vamos chegar lá.
E vale lembrar que Cardiff corresponde ao dia 13 da Eurotrip. Chegou agora? Não tem problema, deixa eu explicar: em 2018, eu e o Gian fizermos uma viagem de 35 dias para celebrar o fim do nosso intercâmbio em Dublin, na Irlanda. Antes de chegar na cidade, passamos pela Escócia (onde conhecemos Edimburgo e fizemos uma excursão de 1 dia pelas Terras Altas do país) e pela Inglaterra, onde visitamos Liverpool, Manchester (e o Old Trafford), Chatsworth House, Londres, Bath e o Stonehenge. Já tem post de todos esses lugares aqui no blog.
Como chegar em Cardiff?
Eu e o Gian deixamos a cidade de Bath, na Inglaterra, por volta das 15h35. Isso porque de manhã fizemos uma excursão até Stonehenge e você pode conferir como foi neste link aqui. De Bath Spa até a estação central de Cardiff foi 1 hora e 20 minutos pela Great Western Railway. Bem rápido, né? Chegando lá, fomos pegar as chaves da nossa acomodação pelas próximas duas noites. Como chegamos no meio da tarde, deixaríamos as principais atrações para fazer no dia seguinte. Na primeira noite foi só perambular, jantar, lavar roupa (rs!) e dormir.
O que fizemos em Cardiff?
Percebemos que muitas atrações, principalmente os castelos que tanto se fala – Cardiff é chamada “Cidade dos Castelos” – ficam fora da área central. Só o Castelo de Cardiff mesmo que fica por ali. E, como foi por causa dele que decidimos parar na capital do País de Gales, sabíamos que ficaríamos dentro da fortaleza durante um bom tempo. Eu já falei em outros posts que eu AMO um castelo e um palácio, e ali eu tinha o encontro dos dois. E que dois, diga-se de passagem. Não tinha como deixar de fora, né?
Queen Street
Mas, vamos do início? Eu e o Gian ficamos hospedados bem pertinho da Queen Street. Trata-se de um grande calçadão comercial que termina bem em frente ao Castelo de Cardiff. Ali a gente encontrou de tudo e, o mais importante, lojinhas de souvenires. Hahahaha. É bem movimentada tanto de dia quanto de noite.
Castelo de Cardiff
É a principal atração da cidade, quiçá do país. E não é á toa, o Castelo de Cardiff tem mais de 2.000 anos de história. Há indícios de que tudo começou com os romanos – é claro! – que construíram o primeiro forte ali por volta de 1 d.C. No século XI veio a construção do Castle Green pelos normandos, que pode ser visitado ainda hoje. E aí, mais “recentemente”, chegaram os Bute, uma família que não deixou sua marca só no castelo, mas em toda a cidade. Foram eles que assinaram o estilo gótico vitoriano do luxuosíssimo e opulento palácio. Ah, e tem também os túneis localizados dentro das muralhas que serviram, durante a Segunda Guerra Mundial, como abrigos para defender a cidade dos ataques aéreos nazistas. É muita coisa, certo? Por isso eu e o Gian ficamos ali uma manhã inteira.
E vale ressaltar que não ficamos ali o período todo somente pela visitação do castelo que, por si só, já tem bastante coisa. Mas porque excepcionalmente em Cardiff fizemos um upgrade. Um o quê? Existem algumas opções de tours guiados adicionais aos ingressos tradicionais (que já vem com áudio-guia). Eu queria ter feito o Clock Tower Tour, que mostra as salas mais únicas criadas pelo terceiro Marquês Bute e seu arquiteto, William Burges (você vai entender mais adiante). Mas, Gianzinho, quis o Film Location Tour, que mostra os cenários utilizados pelas produções dentro do Castelo. Entre eles, Doctor Who e Sherlock Holmes. Ambos os passeios passam por locais “exclusivos” que vão além da visitação normal. Ai vai de você, leitor. Ir ou não ir, eis a questão. E é só isso que eu sou capaz de dizer porque não assisti ao seriado.
Uma coisa que é muito válido dizer é que, além de ler os sites oficiais das cidades e as resenhas de viagens em outros blogs, eu tenho como hábito procurar por documentários relacionados aos pontos turísticos que eu pretendo visitar. E com o Castelo de Cardiff não seria diferente. Na Netflix existe um programa que se chama Secrets of Great British Castles, apresentado pelo historiador Dan Jones, que mostra a cada episódio as histórias – e segredos – por trás de algumas fortalezas do Reino Unido. Vou deixar o link aqui para caso você queira dar uma olhada. É sensacional. Muitas das informações presentes aqui foram tiradas dele.
História
Lembra do Guilherme, o Conquistador, responsável pela construção da Tower of London? Então, olha ele aqui de novo! Uma das formas que ele usou para colonizar a Inglaterra – ou conquistar – foi por meio de castelos. Ele espalhou fortalezas por todo o seu território, até chegar no Pais de Gales. E, uma vez no país, sua lógica foi a mesma: construir um que causasse medo em seus inimigos e mostrasse para os galeses que ele estava – e dominava – ali. E é aí que entra o Green Castle, que está bem no coração do Castelo de Cardiff.
Outro adendo importante: o Castelo de Cardiff foi construído no século XI pelo rei Guilherme I – ou Guilherme, o Conquistador – em cima das ruínas de um forte romano que existiu ali em 1 d.C. Dá para ver vestígios desta ocupação ainda hoje nas muralhas que circundam o castelo. Se você reparar, os tijolos das paredes são diferentes em alguns pontos, na cor e no alinhamento.
Green Castle
Na Idade Média, o Green Castle era muito provavelmente construído de madeira. Sua posição estratégica – acima do nível do terreno – aumentava as chances de defesa. Era ali que ficava também a realeza quando um membro da família estava em Cardiff. E, é claro, o castelo teve seus dias de prisão… Ironicamente, um dos aprisionados era filho e irmão de rei: Robert, primogênito de Guilherme I, não herdou a coroa – incitou até rebelião – e viveu, envelheceu e morreu trancafiado dentro do castelo. Hoje, ele tem escadas. Muitas escadas. Hahaha. Então, queridx leitxr, não esqueça o calçado confortável no dia em que visitá-lo.
O terreno
O gramado ao redor do Green Castle não era um gramado antigamente. Você deve imaginar isso. Eram ali que ficavam os estábulos, a capela e outros “prédios” essenciais para a vida dentro da fortaleza. Mas, assim como os outros castelos que visitamos no decorrer na viagem, este aqui também passou por ampliações, reformas e modificações ao longo dos anos. Uma delas é o caminho que uniu o Green Castle às muralhas externas do castelo. Hoje ele não existe mais, mas é possível enxergá-lo pelos vestígios que sobram no terreno. Outra é a construção do palácio para servir de residência aos nobres ingleses que passaram a viver ali desde o século XIV. Isso mesmo, eu não escrevi galeses. Foram séculos – ou são séculos – de dominância da Inglaterra no País de Gales. E isso não foi nem um pouco pacífico, houveram muitos conflitos no decorrer do tempo.
O Palácio Bute
Se você está acompanhando os posts do Roteiro Reino Unido já viu que andei visitando alguns palácios por aí. Dois deles – Buckingham Palace e Holyrood House – pertencentes à própria Rainha Elizabeth II. Mas, gente, nenhum deles chegou aos pés do Palácio Bute em luxo. Nem Chatsworth House – que inspirou a Pemberley do Mr. Darcy – era tão rico em detalhes e ornamentações como a residência localizada em Cardiff. Ostentação é palavra. E tudo isso foi obra do terceiro Marquês de Bute. Ele foi considerado, no século XIX, um dos homens mais ricos do mundo. E seu lar doce lar tinha que ser um espelho disso, não é mesmo? Bem como a cidade do seu lar doce lar.
A família Bute – que era escocesa – já era importante, mas conquistou e acumulou riqueza por conta do carvão. Foi o segundo marquês de Bute que investiu na extração do mineral durante o século XIX. Eles eram os donos dos terrenos em Cardiff onde estavam as jazidas e, vale lembrar lá do post de Manchester, que o insumo foi o grande combustível da Revolução Industrial. Por isso ele valia tanto. O dinheiro proveniente do “ouro negro” não serviu apenas para redecorar e reformar o Palácio Bute dentro do Castelo de Cardiff, ele tornou a cidade um centro industrial. A família foi responsável também pela construção das docas, uma das maiores e de maior tráfego na época. E isso atraiu milhares de habitantes para morar no local.
E o Palácio em si é um capítulo – ou parágrafo – à parte. Segundo o programa Secrets of Great British Castles, o marquês tinha uma renda anual de 300 mil libras. Em valores atuais isso chegaria na casa dos milhões. Então o céu era o limite para ele e para o seu arquiteto, William Burges. Cada sala, quarto e cômodo da casa é uma explosão de informações e possui um tema especial. Fora a modernidade. O banheiro, por exemplo, já tinha encanamento e descarga. O palácio contava com aquecimento central e energia elétrica. Minha dica? Vá com tempo para admirar o que foi feito ali porque, sem dúvida, é único.
Hoje o Castelo de Cardiff e o parque pertencem à cidade. Foi um presente do quinto marquês de Bute à Cardiff encerrando assim os 181 anos de conexão entre a família e a capital do País de Gales.
Essa aí é a Torre do Relógio (Clock Tower) que tem um tour específico para conhecer
Túneis
Dentro das paredes medievais (e em parte, romanas) foram feitos abrigos para proteger a população de Cardiff dos ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial. A cidade foi um alvo dos nazistas por causa do seu porto e docas. Quando tocava a sirene, as pessoas corriam para se proteger dentro do castelo que é – e sempre foi, historicamente falando – muito bem localizado. É possível percorrer os túneis durante a visita ao castelo. Os corredores são frios, úmidos e arrepiam a espinha. Para deixar a experiência mais crível, existem alto-falantes por lá que recriam o som das sirenes, das bombas, dos tiros e dos militares.
Cardiff Market
É um mercadão! Ele está dentro de uma bela construção datada de 1891 em estilo vitoriano. É fechado e lá dentro você encontra diferentes tipos de produtos, principalmente para comer. Eu e o Gian almoçamos por lá, no segundo andar. Não foi um “nossaaaaaa, que prato incrível”, até porque eles não eram nem bonitos, como você pode ver nas fotos. Mas estava gostoso e foi bem local e barato. Hahahaha
Estádio PRINCIPALITY (ex-Millennium)
Eu nunca tinha ouvido falar deste estádio, mas o Gian ficou empolgado em vê-lo da janela do nosso Airbnb (sim, estávamos muito bem localizados dessa vez, amém!). O Principality Stadium foi inaugurado em 1999 e ficou famoso – segundo o marido – por ter recebido a final da Champions League de 2017. Ele está à margem do Rio Taff, que era o nome do assentamento romano onde hoje está o Castelo de Cardiff. Ah! Além de futebol, ele recebe jogos de rúgbi, o principal esporte dos galeses.
Bute Park
Eu e o Gian fomos encerrar o dia no Bute Park, que é considerado o maior da cidade. Ele fica do lado do Castelo de Cardiff e dá para tirar umas fotos bem bonitas do castelo de um outro ângulo. O Rio Taff corta o parque.
E assim terminou o 13º dia da nossa Eurotrip. Depois de Cardiff, no País de Gales, nosso objetivo era voltar para a Inglaterra para pegar o voo para o Marrocos, no norte da África. Mas, não é todo dia que tinha voo para lá a partir de Londres. Por isso, eu e o Gian decidimos passear em outra cidade ali do oeste inglês: Bristol. Fica comigo que vai ser tema do próximo – e último! – post do Roteiro Reino Unido. Depois vem o restante da Eurotrip, é claro. Hahahaha. Até lá!
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