Roteiro Manchester em 2 dias: o que ver na cidade que foi o berço da Revolução Industrial?

Eu confesso, voyajante, que fiquei bastante reticente em fazer este post com Roteiro de 2 dias em Manchester, na Inglaterra, já tem um roteiro aqui neste mesmíssimo blog. Então pensei: “vou fazer outra matéria sobre a cidade”? Bom, como você pode ver, sim. O lugar é o mesmo? É. Vi as mesmas atrações? Praticamente. Mas, não importa, foi uma experiência completamente diferente. E, é óbvio, vou explicar o porquê.

Diferenças entre Manchester (s)

Eu ia falar praticamente da diferença entre eu e o Gian como pessoas, de como a nossa bagagem adquirida e nossa situação atual afetaram a nossa percepção de mundo. Mas aqui não é o espaço para divagações filosóficas. Porém, é importante ressaltar que na nossa primeira visita, em 2018, a gente já estava em meio à Eurotrip, ou seja, dois estudantes com suas bagagens de mão fazendo economias onde podia para chegar até o dia 35 da viagem. Hoje, 2022, somos um casal que mora fora e estava passando um final de semana por lá. O cenário muda, não muda?

Outra coisa: dessa vez visitamos a cidade que foi um dos berços da Revolução Industrial no Verão e, acredite, foi bastante diferente da nossa experiência prévia em que estávamos no final do Outono. Também vale dizer que Manchester é como um organismo vivo. Ela pulsa. E a cidade que vimos antes não é, definitivamente, a mesma que vimos outrora. Ela estava movimentada. Deve ser o sol, ele dá dessas em países cinzentos como a Inglaterra e a Irlanda, onde atualmente moramos.

Roteiro de 2 dias em Manchester

Ah, Jeanine, mas você não ficou dois dias em Manchester. É verdade, não fiquei. Foi basicamente domingo inteiro e metade de segunda-feira. Tanto que, dessa vez, a gente não entrou na maioria das atrações como fizemos em 2018. Por isso, se você vai ficar dois dias completos na cidade, recomendo fortemente que você também acesse essa matéria aqui para ver, no detalhe, todas as informações dos pontos turísticos. Dessa vez, Gian e eu chegamos na sexta-feira à noite por lá e fomos apenas jantar. No sábado fizemos um bate e volta em York, no nordeste inglês. Aí explica o porquê de não ter ficado dois dias inteiros por lá.

Onde se hospedar em Manchester

Estávamos nostálgicos e decidimos refazer os mesmo passos de 2018 nesta visita. Mas, dessa vez nos hospedamos no HolidayInn Express Manchester Oxford Road, que tem uma localização bem bacana, bem pertinho de atrações como Teatro Palace de Manchester, a Biblioteca Central e a Galeria de Arte – não entramos em nenhuma delas novamente porque segundas-feiras são complicadas não só em Milão, como você pode ver neste post aqui, mas em Manchester também. Muitas atrações fecham neste dia e nós, que estávamos na vibe “vamos curtir a cidade” perdemos a chance de fazê-las novamente, hahahaha. Ali do hotel fizemos tudo a pé e foi bastante tranquilo – embora o sol estivesse insuportável para nossos parâmetros.

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Mas vale ressaltar aqui que no Reino Unido as temperaturas são geralmente amenas como é na Irlanda. Mas agora em 2022 tivemos semanas de uma chamada Heat Wave, ou onda de calor, que elevou e muito as temperaturas por aqui. Foi desafidor. Aquecimento global que chama, né?

Dia 1

Manhã

Após tomar o café da manhã no hotel, seguimos em direção à região chamada de Castlefield, considerada duplamente o berço da cidade de Manchester. Primeiro, porque é lá que você encontra as ruínas do Forte de Mamucium, um assentamento romano que existiu por ali por volta de 79 d.C. Segundo porque é ali, nas margens do rio Irwell, que foi criada toda uma estrutura – incluindo o Bridgewater Canal e engenhocas para transporte de carvão, o combustível das indústrias de algodão localizadas por ali.

Depois, seguimos sentido ao Museu da Ciência e da Indústria, que estava aberto para visitação – porém em reformas, e passamos em frente a The John Rylands Library, uma das bibliotecas mais bonitas que eu já tive a oportunidade de conhecer – fora que, em 2018, quando entramos na construção, tivemos a oportunidade de ver a mostra Mulheres que Moldaram Manchester e, ali, descobri que Manchester foi também o lar das sufragistas, grupo de mulheres que lutaram pelo direito ao voto.

Seguimos sentido o centro da cidade até chegarmos na Catedral de Manchester que, por sua vez, estava em horário de missa. É válido dizer que as igrejas pedem respeito aos turistas e evitam a entrada de passantes durante as eucaristias. É questão de respeito, né? Ninguém quer ir rezar e ser fotografado durante o processo. Faz sentido.

O templo é quase que vizinho do Museu Nacional do Futebol, uma experiência bastante interessante aos amantes do esporte, já que conta com algumas áreas interativas (e um tanto quando tecnológicas) que testam suas habilidades com a bola no pé.

É ali o centrinho nervoso de Manchester e nós já aproveitamos para parar no Banyan Corn Exchange para tomar uns belos drinks e petiscar no nosso almoço. Enquanto eu enchia a minha cara na promoção do lugar de 2 drinks por 1, o Gian estava no nosso parceiro, o Get Your Guide, comprando passeio de barco para o mesmo dia e, tãntãntãn, um tour guiado pelo estádio do Manchester City para o dia seguinte, o Etihad Stadium (insira aqui o seu emoji de palhaço).

Brincadeiras à parte, o final de semana em Manchester era em celebração ao aniversário do Gian então ele tinha os direitos e votos de Minerva em relação aos passeios. Como éramos apenas dois na viagem, ela não foi democrática, hahahahahaha. Ah, outra coisa importante nesse adendo: a gente visitou o Old Trafford, estádio do rival Manchester United, em 2018. Daí a preferência pelo time azul. Agora, acho que posso voltar para Manchester tranquila de que não vou entrar em mais nenhum estádio hahaha.

É legal falar ainda que toda essa região tem como epicentro um centro comercial – shopping, né? – chamado Arndale. É gigante e é uma boa parada para banheiros, vale dizer. Lá dentro você encontra lojas como da Apple, Build-a-Bear (uma gracinha), Lego, Sports Direct (boas promoções de roupas esportivas) e a minha amada TK Maxx (um saldo de marcas variadas).

Passeio de barco

Depois dos drinks e de comprar um remédio para dor de cabeça (por causa do sol, eu juro), seguimos para o ponto de embarque do passeio de barco pelo rio Irwell. E se você quiser fazer o mesmo passeio, o link está aqui. Saldo: foi muito bacana, mas deve ser mais bacana ainda quando não estiver com um sol tão forte e/ou tão quente. Mesmo o vento proveniente da navegação não foi o suficiente para mascarar o quão abafado estava no dia. Eu queria sentar dentro para me proteger um pouco do calor. Mas o Gian queria era sentar do lado de fora. Acabou que achamos um cantinho que combinou o melhor dos dois mundos. O problema é que não tinha alto-falante lá e não tivemos a parte “guia” do passeio. Então fica a dica.

Outra coisa é que dentro do barco existe um bar. Legal, né? Eeer, depende. O dia estava tão quente para os padrões locais que as bebidas estavam sendo servidas quentes. Mas, chega de reclamar, vamos aos lados bons: o passeio é barato (cerca de 12€) se você levar em consideração que demora quase 1 hora; ver Manchester de outro ângulo foi bastante especial, principalmente por passar embaixo de pontes históricas;

O que eu mais gostei foi chegar em uma parte de Manchester que eu não conhecia: o Media City. Na verdade, Grande Manchester, já que o barco vai dar uma volta em Trafford (passamos pelo Old Trafford no caminho), mais especificamente nos arredores do Imperial War Museum North, um dos cinco museus imperiais de guerra da Inglaterra.

Fim de tarde

Depois do passeio de barco, andamos sentido o Chinatown. É o segundo maior bairro chinês do Reino Unido e o terceiro da Europa. Por lá você encontra um portal super legal e diversos bares e restaurantes. Eu e o Gian decidimos que o nosso jantar ia ser por ali mesmo – embora a gente tenha ido de japonês, ao invês de chinês.

Mas, antes de entrar no restaurante, esticamos até o Gay Village, o bairro que, como o nome já diz, pertence à comunidade LGBTQIA+. É lá dentro que fica o Alan Turing Memorial, que homenageia o matemático britânico considerado o pai da computação. Se você assistiu o filme O Jogo da Imitação já conhece sua história. Ele ajudou os Aliados a quebrar o Enigma, um sistema criptográfico criado pelos alemães nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Roteiro de 2 dias em Manchester

Mas, Jeanine, por que tem um memorial do Alan Turing no meio da Gay Village? Porque ele era gay e, infelizmente, viveu durante um período em que ser homossexual era um crime no Reino Unido. E não faz muito tempo não, viu? Foi em 1952 que ele foi descoberto e condenado. Para evitar a prisão, ele se submeteu a injeções de estrogênio sintético para controlar a sua libido por mais de 1 ano (cruel demais!). Alguns meses mais tarde, foi encontrado morto por ingestão de cianeto.

Mas, vamos falar de coisa boa. A Gay Village é uma animação só e, desta última vez, estava ainda mais. No parque onde está o memorial de Alan Turing estava tendo uma espécie de evento com a comunidade LGBTQIA+, com shows e músicas e pessoas super super-produzidas. Foi bem bacana de ver. Fora os bares da região que estavam lotados.

Jantar

Daí voltamos para a Chinatown para comer. O escolhido da vez foi o restaurante Whazuzhi. Nele você podia pedir a la carte ou sentar na marge da esteira e ir ‘pescando’ os sushis que lhe apetecerem. Eu e o Gian, que não temos limites quando o assunto é comida japonesa, pedimos cada um um super combo e veio, nossa senhora, comida demais. Pratos quentes, frios, sushis e sashimis. Foi uma fartura. E a gente que não joga comida fora saímos de lá quase que rolando. Na verdade foi passando mal mesmo. Mas, sinceramente? Faria de novo. Estava uma delícia.

Dia 2

Manhã

Foi dia de fazer o check-out do hotel, deixar as mochilas por lá e ir para o destino da vez: o estádio do Manchester City. Pegamos o Metrolink, uma espécie bonde elétrico/metrô de Manchester e seguimos do centro da cidade até a entrada do estádio. A viagem foi muito rápida, não demorou nem vinte minutos. E é muito bacana que você pode pagar a tarifa com o cartão contactless. É só dar o tap na entrada e nada saída e prontinho.

Existem vários tipos de tours no estádio do Manchester City. A gente fez o mais básico que é o tour apenas no estádio, mas você pode ir além, caso seja um torcedor do time, e conhecer a academia do time, tem uma experiência vip, pisar no gramado em um dia de jogo (antes da bola rolar), passear por lá com uma lenda do clube e assim por diante. O céu é o limite.

Como é o tour?

Devo dizer que é muito parecido com todos os outros tours em estádios de futebol. Mas, devo dizer também, que é um tiquinho diferente. No começo a gente recebe uma espécie de áudio guia na língua de sua preferência e tem acesso a uma mostra interativa com a história de como o time foi fundado. Logo depois, o guia se apresenta, pergunta de onde somos e, obviamente, quais os nossos times de coração. Já começa com algumas piadas contra o Manchester United e, pronto, somos levados para uma sala de exibição onde assistimos um vídeo rápido que já coloca você na vibe City de ser.

Daí trocamos de prédoi e finalmente entramos no estádio. A gente visita instalações dos times visitantes e, depois, do time da casa. O guia vai mostrando as diferenças, o porquê de ser de cada coisa, o que Pep Guardiola – o atual técnico do time modificou. Vale lembrar que o estádio do Manchester City é bem novo e moderno quando comparado a muitos outros – como o do próprio United – e então esse era um ponto bastante recorrente no tour. Após vestiários, visitamos o campo, as arquibancadas, a sala de imprensa. Enfim, um roteiro usual de visita de estádio.

O que não é usual é que na sala de imprensa eles preparam uma espécie de experiência onde você faz parte do time e é um dos jogadores presentes na coletiva de imprensa. O guia pede por voluntários e, quando não há interessados, ele convoca mesmo. Como um técnico, hahahaha. Daí forma-se um pequeno teatro e, por meio da tecnologia, eles colocam o próprio Pep na mesa. O resultado é bem engraçado.

Ah, dica amiga! Se você for comprar algo na loja, compre depois do seu tour. Vai ter uma porcentagem de desconto. Roteiro de 2 dias em Manchester te ajuda a economizar também! Hahahahaha

Depois, pegamos o Metrolink de volta para o centro da cidade de Manchester e fomos almoçar. Afinal, era segunda-feira e, infelizmente, muitas das atrações que “faltaram ver” não funcionam neste dia, como a Galeria de Arte. A única que estava aberta e mesmo assim não conseguimos entrar (fomos até a porta ver se não dava mesmo) porque no site os ingressos estavam esgotados, foi a Biblioteca de Chetham’s, a mais antiga do mundo. Mas não é só por ser antiga que ela é uma atração turística. Foi em meio aos seus livros que Engels e Marx escreveram o Manifesto Comunista após de depararem com as condições de trabalho dos operários da cidade durante o período que estudamos como Revolução Industrial.

Escolhemos almoçar dentro do The Seven Stars, um pub da rede Whetherspoon – já nossa conhecida aqui em Dublin, na Irlanda – que oferece opções de comidas e bebidas por preços bem interessantes. Esse pub, por sua vez, está localizado dentro do histórico Printworks. Sim, histórico. Hoje ele é considerado um local de entretenimento e lazer por conta de seus restaurantes e bares. Mas, no passado, por volta dos anos 1873, a construção foi fundada como uma gráfica. E assim o foi durante mais de 100 anos. Ali rodaram muitas edições do Manchester Evening Chronicle e do Daily Mirror. Durante nossa visita em 2022 o local estava passando por uma bela restauração. Já curiosa para como ficará no futuro.

Depois de mais uma volta pelo centrinho nervoso de Manchester, fomos andando até o hotel recuperar as nossas mochilas e seguir para a estação de trem. Da estação Oxford até o Aeroporto de Manchester foram cerca de 30 minutos e cada ticket custou por volta de 5€. Quando eu digo por volta de é porque, por lá, você precisa prestar atenção para ver se você está adquiriando uma passagem que te permite viajar no “horário de pico” ou não.

Extra-extra:

O extra da vez vai ser dica de restaurante. O foco dessa matéria foi domingo e segunda-feira, daí o Roteiro de 2 dias em Manchester. Mas, como explicamos lá em cima, nós chegamos na sexta-feira à noite na cidade e fomos jantar para celebrar o aniversário de Gianzinho. Escolhemos um restaurante mais fino bem pertinho do hotel e, como você já sabe, o nosso lema é recomendar se o negócio é bom. E foi. Não foi barato, não foi. Mas como era uma data especial a gente quis celebrar. Aqui vos apresenta o The Refuge.

A ideia do lugar é apresentar pratos de diferentes lugares do mundo preparados com ingredientes do noroeste inglês. A ideia é dividir, então eles servem esses small plates e sugerem de 3 a 4 pratos para cada pessoa. Como eu e o Gian já estávamos de olho nas sobremesas, pegamos apenas quatro pratos, mais os drinks e as cervejas. E, olha, estava tudo muito gostoso.

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