Roteiro Reino Unido: 1 dia em Liverpool, a cidade do The Beatles

Também conhecida como a Capital Europeia da Cultura, a cidade de Liverpool, na Inglaterra, não poderia ficar de fora da nossa Eurotrip por um único motivo: The Beatles. Sim, Gian e eu somos fãs da banda desde antes de nos conhecermos. Ela foi, na verdade, o assunto da nossa primeira conversa. Eu estava vestindo uma camiseta do Yellow Submarine e ele falou alguma coisa a respeito (não me lembro mais o quê). Hoje, já fazem mais de 10 anos desse papo-cabeça. E antes que esse post vire uma declaração pública – e você já entendeu porque precisávamos incluir Liverpool no nosso roteiro – vamos ao que interessa: o que vimos em um dia na cidade berço do Fab Four.

E se você chegou neste post e não está entendendo a Eurotrip, deixa eu explicar! Em 2018, eu e o Gian fizemos um intercâmbio de estudo e trabalho em Dublin, na Irlanda. Economizamos bastante na Ilha Esmeralda para fazer uma viagem de um mês pelo continente no fim. Foram 35 dias direto por diferentes cidades e países. Antes de Liverpool, estávamos em Edimburgo, na Escócia.

Chegando em Liverpool

Deixamos Edimburgo, na Escócia, de manhã e chegamos em Liverpool, na Inglaterra, no horário do almoço. Vale lembrar que ambos os países fazem parte do Reino Unido e não foi preciso passar por nenhum controle de imigração no caminho. Nós fizemos o trajeto de trem pela companhia Virgin West Coast junto com nossas malinhas de bordo e mochilas. Foram 3 horas e 30 minutos de viagem – lembre-se da pontualidade britânica – de Waverley Bridge até Liverpool Lime Street.

Mas, Jeanine, por que você fica falando toda hora da malinha de bordo? Porque da mesma forma que ela era uma benção por ser pequena e facilitar o trânsito entre cidades e países, em nossa Eurotrip ela era um estorvo para passeios como o de Liverpool, onde não nos hospedaríamos. Logo conhecemos o Stasher que, nada mais é, do que um site para encontrar locais confiáveis para deixar suas malas – e, geralmente, com preço melhor do que nas estações de trem. Na plataforma é só colocar onde você está e aparecem as opções mais próximas. Daí é só colocar a quantidade, horário que vai deixar e retirar depois, e voilà.

O que ver e fazer em Liverpool?

Nós paramos em Liverpool com um roteiro beatlemaníaco muito específico. Ao largar nossa bagagem, já fomos direto para a Mathew Street para entrar no icônico The Cavern Club. Dali, seguimos para o museu The Beatles Story e já aproveitamos para conhecer o Royal Albert Dock. Depois, voltamos para a estação de trem para seguir nossa viagem. Dormiríamos em Manchester, cidade super próxima – 1 hora e 5 minutos de trem – adiante.

Dito isso, deixamos – de forma proposital – muitas coisas a serem vistas e feitas na cidade. No site Visit Liverpool tem todas as atrações disponíveis por lá.

The Cavern Club

Se você gosta de The Beatles, já deve ter ouvido falar deste clube sexagenário. Sua história é uma montanha-russa, como o próprio site oficial define, mas é inegável a sua participação na história do Fab Four. Nós chegamos lá antes do horário do almoço e como não pernoitaríamos na cidade era entrar ou entrar. E, se você gosta da banda, não tem como não se emocionar. Até porque não tem outra trilha sonora possível lá dentro. Foi ao som de Hey Jude que eu desci as escadas e me teletransportei para os anos 60.

Hoje você pode visitar o Cavern Club (5 libras a entrada), o subsolo dos shows; o Cavern Live Lounge, que tem a entrada pelo clube, mas é uma área mais VIP nos fundos, onde seria o antigo backstage; e o Cavern Pub, que fica do outro lado da rua e é um bar mesmo para beber, petiscar e escutar música boa. A entrada é grátis! É legal ressaltar que no site oficial do The Cavern Club tem uma aba destinada aos fãs dos The Beatles com opções de tours na cidade e no clube para quem quer se aprofundar mais na história da banda em Liverpool.

Breve História do Cavern Club

O The Cavern Club foi inaugurado em 16 de janeiro de 1957 em um depósito na 10 Mathew Street – no Reino Unido, o número do endereço fica na frente do nome da rua – como um Clube de Jazz. Foi o primeiro estabelecimento de Liverpool dedicado à música popular ao vivo. Não demorou muito para grupos de Skiffle, música folclórica com influência do rock’n’roll começassem a se apresentar por lá. Nem que as bandas de Beat Music, que explodiram nos anos 60, também tocassem ali. Foi nessa década, aliás, que surgiu o Fab Four.

A primeira vez do The Beatles no The Cavern Club aconteceu no dia 9 de fevereiro de 1961. Na época, a formação era John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Stuart Sutcliffe e Pete Best na bateria. A partir daí eles tornaram-se figurinha carimbada por lá. Foi no clube, inclusive, que conquistaram seu primeiro empresário e que Ringo Starr se juntou à banda. A última apresentação do The Beatles na casa ocorreu em 3 de agosto de 1963 – nascimento de nossa mãe, Rosa – quando completaram 292 apresentações. Aí, partiu mundo!

Fila básica para acessar o clube

Depois deles, não teve jeito: todos queriam tocar no The Cavern Club. Mas, apesar do sucesso do lugar, ele não era financeiramente estável. Seu proprietário faliu e o icônico local reabriu sob nova direção e reformado. Ele manteve a atmosfera original do subsolo, onde aconteciam os shows, com tijolinhos aparentes e arcos no teto, mas o clube ficou maior, ganhou uma nova entrada, cafeteria, loja e restaurante.

Mas sua já história de sucesso não impediu que a British Rail – companhia de trens do Reino Unido – quisesse passar por ali. Em 1973, o The Cavern Club fechou suas portas – seus armazéns foram demolidos e seu subsolo tomado por entulho e lixo – e mudou-se para outro endereço na mesma rua: 7-15 Mathew Street. Mas, ironicamente, as obras da ferrovia nunca foram concretizadas e escavações anos mais tarde mostraram que o porão continuava com parte de suas estruturas – com tijolinhos aparentes e arcos no teto – firmes. Não deu outra: The Cavern Club precisava voltar para seu lugar de direito. Foi feita uma campanha gigantesca para revitalizar o lugar com direito a venda dos tijolinhos – por 5 libras, cada – que tiveram que ser retirados dali.

Nana na na nanana, hey juuuuude….

Nos anos 80, o clube voltou para 7-10 Mathew Street e passou de administração para administração até enfim se firmar. E lá está até os dias de hoje.

Cavern Wall of Fame

Foi inaugurada na comemoração de 40 anos do The Cavern Club. O Cavern Wall of Fame, ou “parede da fama” em tradução livre, cobre toda a fachada do Cavern Pub é uma homenagem aos artistas que se apresentaram no clube. De 1957 até os dias atuais. Ali, encostada nos tijolinhos, há também uma estátua de John Lennon para fotografar.

Ah, e só para você saber, além do The Beatles, passaram pelo The Cavern Club: The Rolling Stones, The Who, Stevie Wonder, Queen, Elton John, Rod Stewart, Oasis, Artic Monckeys, Adele, Jessie J, The Wanted… e muito mais!



The Beatles Story

A maior exposição sobre o The Beatles do mundo. É assim que o The Beatles Story se descreve. E, realmente, dá para ficar um tempo por lá. Após comprar o bilhete, você recebe o áudio guia (com opção em português) e faz o percurso no seu próprio ritmo, escutando ou não todas as informações que o local oferece. E tem muita história! Não somente a vida dos integrantes do Fab Four como também do contexto geral. Como estava o mundo – culturalmente e socialmente – quando a banda de Liverpool tornou-se um fenômeno.

Vídeo disponível no site oficial da atração

O mais bacana é que você vê – e sente! – cada uma das fases da banda. Não é só uma exposição de objetos e roupas. Você literalmente entra em ambientes que foram de importância para a trajetória da banda. Vemos a vitrine da loja de instrumentos musicais de Liverpool, o bar onde a banda começou, entra em uma réplica do The Cavern Club, tem uma ideia do que foi a chegada da banda na América e pode até entrar no Yellow Submarine. E saír de lá cantarolado que we all live in a yellow submarine, yellow submarine, yellow submarine

É muito bonito ver o respeito com que mostram a curta, mas de sucesso, trajetória do The Beatles. Não é à toa que a cidade de Liverpool respira música e é pano de fundo para muitas das criações da banda. Na cidade mesmo, como já mencionei lá no The Cavern Club, tem muitas experiências envolvendo o Fab Four.

Albert Dock

Considerado um Patrimônio Mundial da UNESCO, o Albert Dock é um “tem-que-ver” da cidade, independentemente de quais motivos levarem você a ela. Seu nome foi uma homenagem ao Príncipe Albert, filho da Rainha Victoria. E as docas são hoje um lembrete da importância e imponência de Liverpool. No sábado em que estávamos por lá, era vibrante! Cheio de gente e coisas para se fazer.

Mas, o que é o Albert Dock?

As docas de Liverpool dominaram o comércio global do século XIX. Só daí já dá para sentir a importância do lugar para a história da cidade, né? O Albert Dock foi inaugurado em 1846 e mudou para sempre tudo o que se entendia por docas até o momento. Seus armazéns eram à prova de fogo e seguros, e guindastes hidráulicos transportavam as cargas pesadas, diminuindo pela metade o tempo usado para descarregar um navio. Seu tamanho também impressiona – não é à toa que tem tantas atrações lá dentro – já que só suas águas podem ser comparadas a três campos de futebol. Sua construção valeria hoje o equivalente a 41 milhões de libras. Está pouco ou quer mais, @? Hahahaha

Mas, nem sempre foi assim. O Albert Dock foi alvo durante as guerras e também sofreu com assoreamento. Nos anos 80, a Câmara Municipal de Liverpool considerou o lugar como Área de Preservação para salvar as docas da demolição iminente. A partir dai foram feitas campanhas para revitalização e restauração do patrimônio. Estima-se, segundo o site oficial, que foram investidos mais de 100 milhões de libras para este objetivo.

E porque em alguns lugares é Royal Albert Dock?

Porque ele ganhou o status de real em 2018 em reconhecimento ao seu papel fundamental não somente para a cidade de Liverpool. Vale lembrar da importância das docas para a expansão do Império Britânico e que foi dali que saíram milhares de ingleses em busca de uma nova vida nas colônias, na América.

Oi! <3

Atrações dentro do Albert Dock

Dentro do Albert Dock – além do The Beatles Story – você pode ver e visitar: Tate Liverpool, que é uma galeria de arte; Merseyside Maritime Museum e International Slavery Museum, que conta história do passado marítimo da cidade e os horrores da escravidão; e ver um carrossel da era Vitoriana, que parece ter saído de um filme de fantasia de tão bonito.

Olha que coisa mais linda!

E assim terminamos o nosso sábado em Liverpool, na Inglaterra. Jantamos na cidade, pegamos nossas malinhas na loja de conveniência perto da estação de trem e fomos seguir nossa Eurotrip. Próximo destino: Manchester – uma das cidades-motores da Revolução Industrial – e do Old Trafford, o estádio do Manchester United. Até lá!


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