Começar um novo texto é sempre a parte mais desafiadora para mim. Não me entenda mal, voyajante, eu amo escrever sobre viagens, sobre o que fizemos, o que vimos e por onde passamos… Mas esse primeiro parágrafo de todo post sempre me é esquisito. Por onde começar? No momento que eu comecei a sonhar em conhecer as Terras Altas da Escócia? No momento em que o avião pousou em Edimburgo? Ou no momento em que finalmente começamos o nosso Roteiro Inverness e Highlands?
É diferente quando eu estou sentada na mesa de um pub – sim, as referências aqui são dublinenses, afinal, já são mais de dois anos morando por aqui – e eu posso ir e voltar e brincar com a linha temporal. Eu posso simplesmente sacar um então, lá na Escócia, e falar e falar e falar. Não existe uma cronologia, uma sequência de fatos. Eu vou, eu volto, eu desenrolo. Eu, enfim, me faço entendível – pelo menos eu acho, né?
Por que conhecer as Terras Altas da Escócia?
Queria dizer que eu comecei a sonhar em conhecer as Highlands (ou Terras Altas, em português) há algum tempo, mais precisamente quando comecei a acompanhar a série Outlander. Se você chegou neste post, você muito provavelmente sabe do que eu estou falando. Caso não, eu não poderia recomendar o suficiente. Minha primeira visita à Edimburgo e ao país, em 2018, deveu-se a este seriado. Na época, com outras prioridades, a gente não fez tudo o que eu gostaria de ter feito. No máximo uma excursão de 1 dia saindo da capital rumo à Glencoe e ao Castelo Leoch – e você pode ler sobre essa experiência aqui. E aquelas poucas horas despertaram o desejo de muito, muito mais. Desde aquele dia eu sabia que voltaria e vinha contando os dias para isso.
E se você não quiser dirigir na mão esquerda para conhecer as Terras Altas escocesas, não tem problema. Você pode sempre participar de uma excursão e ficar despreocupado dentro do ônibus ou da van, escutando todas as histórias do motorista-guia ou ir apreciando a vista. O Get Your Guide, parceiro aqui do blog, sempre tem opções. Dá um olhadinha aqui e, de quebra, ajuda a gente a crescer.
Visão geral
Ao todo, passamos quatro dias na Escócia. Chegamos na quarta-feira à noitinha e dormimos em um hotel localizado dentro do aeroporto de Edimburgo. Chama-se The Hamptons e pagamos € 101 na pernoite para duas pessoas por lá. Na quinta-feira de manhã, pegamos o carro de aluguel bem cedinho e partimos sentido Inverness, onde dormimos. Na sexta-feira, fizemos a viagem de volta sentido Edimburgo, onde encontramos a Jenifer e o Bruno. Jantamos juntos, fizemos um rolê bem interessante pelo mundo subterrâneo da capital escocesa. No sábado, conhecemos as principais atrações da cidade e fechamos com chave de ouro na experiência da Johnnie Walker, sim, a marca de uísques. Todos os detalhes dessas experiências você encontra neste post (já) atualizado aqui. No domingo, encerramos nossa viagem no inédito Castelo de Stirling. E, sim, também já tem matéria desta importantíssima fortaleza por aqui.
Logo, foram apenas dois dias pelas chamadas Highlands escocesas e o gostinho de quero mais ainda está na boca – e em breve. Fica aqui a promessa pública de voltar para a Escócia e ir então para as Ilhas de Skye.
Mas, Jeanine, por que de carro?
Confesso que eu e o Gian ficamos bastante indecisos. Afinal, são inúmeras opções. E cada escolha tem seus prós e contras. A primeira decisão foi em qual aeroporto descer. Tanto Edimburgo quando Glasgow recebem voos de Dublin e ambas as cidades estão localizadas quase que na mesma distância de Inverness, a capital das Terras Altas. Vale ressaltar que tem aeroporto por lá também, mas no nosso caso não compensava financeiramente já que teríamos que fazer escala.
O aluguel do carro era uma certeza já que era sem sombra de dúvidas a melhor forma de se lomover pelas Terras Altas e suas atrações. A gente só não sabia se alugaríamos a partir de Edimburgo ou de Glasgow, ou se ainda pegaríamos o automóvel apenas lá em Inverness – já que existe a opção de ir de trem até a capital das Highlands. Após inúmeras pesquisas, decidimos pegar o carro em Edimburgo mesmo e no aeroporto, porque ficava mais caro nas locadoras localizadas no centro da cidade. Para ganhar um dia de viagem, chegamos em Edimburgo na madrugada de quarta para quinta-feira, descansamos no hotel dentro do aeroporto e partimos – após café da manhã – no primeiro horário da quinta-feira.
Pegamos o carro então na quinta-feira de manhãzinha e devolvemos no domingo de noite, já que nosso voo sairia segunda de madrugada para Dublin. Novamente, dormimos no hotel dentro do aeroporto para já ficamos bem próximos e podermos descansar o máximo possível, já que trabalharíamos na segunda-feira. Para esses três dias, pagamos € 160 na reserva. Ao chegarmos na locadora para retirarmos o carro, por não termos cartão crédito, fomos obrigados a pagar mais um seguro na hora. Ao todo foram cerca de € 200.
Compensa alugar um carro para conhecer as Terras Altas?
Com toda a certeza do mundo, voyajante. Infelizmente, tanto da Escócia quando na Irlanda, muitas atrações turísticas – principalmente aquelas que envolvem belezas naturais, não são de fácil acesso para quem depende de transporte público. Você consegue chegar em Inverness de trem, por exemplo, e consegue chegar no Campo de Batalha de Culloden ou em Clava Cairns de ônibus. Um é do ladinho do outro, por sinal. Mas todo o restante que vi e visitei no caminho de ida e de volta, não. Você vai precisar fazer um roteiro de muito mais dias e muito mais elaborado.
Para Stirling, por exemplo, o carro realmente não era uma necessidade. Nós só utilizamos porque já estávamos com ele alugado e só devolveríamos no aeroporto depois, então nos foi cômodo. A estação de trem e o castelo não são exatamente vizinhos, mas a distância entre eles é percorrível à pé (mas tem uma bela subidinha, viu?). Se você quiser ir até o Monumento de Wallace, aí sim, um ônibus pelo menos será necessário. Ai, Jeanine, então não dá? Dá, voyajante, só estou defedendo aqui o porquê me foi útil o aluguel do carro da Escócia.
Mas, não é difícil dirigir na mão esquerda?
Assim como na Irlanda, na Escócia e em todo o Reino Unido, dirigi-se na mão esquerda, ou a chamada mão inglesa. Ou seja, fica-se à esquerda das vias. Tem um post completinho aqui sobre como é dirigir na mão contrária com dicas do Gian para quem estiver alugando o carro pela primeira vez. Como eu já disse em alguns posts por aqui e lá no nosso Instagram – aliás, já segue e gente por lá? É @voyajandoblog! – eu não sou a pilota do núcleo Irlanda não. Na real, entre os 4 integrantes do blog, eu sou a número 4. E isso faz de mim uma ótima co-pilota.
Roteiro Inverness e Highlands: 2 dias de road trip pelas Terras Altas
Alugamos o carro no aeroporto de Edimburgo e nosso destino no primeiro dia era Inverness, cidade considerada a capital das Terras Altas. No segundo, era dia de voltar para Edimburgo. Na ida passamos então por: Blackness Castle, Callander, Glencoe, Fort William, viaduto de Glenfinnan e Beauly Priory. Na volta, Castelo de Urquhart, Forte George, o campo de batalha de Culloden e Clava Cairns. Parece simples quando se coloca assim, tudo em um parágrafo. Mas, voyajante, foram quilômetros e quilômetros percorridos em dois dias. E o tempo de deslocamento foi alto também. Se eu fosse planejar essa viagem hoje, eu faria em pelo menos três dias de road trip. Ou mais, e incluiria as belas Ilhas de Skye – inclusive, tem excursão a partir de Inverness para a Ilha de Skye, achei interessante.
Bom, agora, vamos aos detalhes?
Midhope Castle
Saímos do aeroporto de Edimburgo e pegamos a M9 até a nossa primeira parada: Midhope Castle. Quer dizer, seria a nossa primeira parada, mas não pudemos descer nem do carro, hahaha. O local está fechado, por um tempo já, para reforma e revitalização. Fomos bem cedinho e já havia uma pessoa por lá mandando a gente voltar por onde havíamos vindo. Tudo bem. Não deu para tirar foto ou gravar para o canal – aliás, já segue a gente no YouTube? – então o vislumbre fica na memória. Mas, o que é o Midhope Castle? Bom, ele fez algumas aparições no seriado Outlander. Lembra-se de Lallybrooch? Ou melhor, a residência do clã Fraser? Pois então. Quem sabe você tem melhor sorte do que eu, voyajante, quando estiver em terras escocesas.
Blackness Castle
A 15 minutos de distância do Midhope Caste está o Blackness Castle. Essas ruínas foram a inspiração – não digo nem locação porque são ruínas mesmo hahaha – do Fort William também da série Outlander. Caso você não se lembre, eu explico. Foi nessa prisão – ou fortaleza – que Jamie Fraser foi torturado nas mãos de Jack Randall. Mas, mesmo se você não acompanha o seriado, vale incluir o local no seu roteiro. Afinal, a construção está envolta de água e de lá tem-se uma bela vista das pontes que cruzam o Rio Forth.
Blackness Castle é apelidado de navio que nunca partiu pelo seu formato de navio e pela sua localização à beira do rio. Foi construído no século XV como residência de uma poderosa família e, com o passar dos anos, teve diversas funções. Foi uma fortaleza, uma prisão e um depósito de armas.
Nós não entramos. Aliás, quando estivemos no terreno da fortaleza, ela ainda estava fechada. Mas é legal ressaltar que você pode visitar dentro da construção. Os tickets custam cerca de 7,50 libras.
Glencoe
Depois, foi hora de “bater o câmbio” como diria meu pai. Foram duas horas e meia de estrada até Glencoe, um vale localizado bem no meio das Highlands – ou Terras Altas. Glen em gaélico pode ser traduzido como um vale profundo e Coe é o nome de um rio que passa por ali. A combinação dos dois é uma paisagem exuberante que tornou-se um destino popular de montanhismo e hiking. E claro que não poderia ficar de fora do nosso roteiro Inverness e Highlands.
Fiz montanhismo e hiking por ali? Fiz não. Foi só uma paradinha. Mas confesso que até fiquei com bastante vontade de perambular pela paisagem, mas com o nosso cronograma apertado e com a senhora chuva que nos abençoava naquele fatídico dia 16 de fevereiro, só fomos ali “ter a vista” e tentar energizar naquela imensidão natural. E valeu cada minutinho fora do aquecimento do carro.
Fort William
Voltamos para o carro e percorremos mais 30 minutos até chegarmos em Fort William. Não, não a prisão de verdade mostrada em Outlander. Falo da cidadezinha de Fort William que é onde eu e o Gian paramos para almoçar. Ela é considerada a capital do “ar-livre” de todo o Reino Unido, já que serve de ponto de partida para todas as númeras áreas de hiking e montanhismo, como Glencoe, que tem ali na região. Aliás, Ben Nevis, a maior montanha do Reino Unido fica ali.
E onde comemos?
Em um pub da rede Wheterspoon. A gente frequenta bastante essa rede que é reconhecida pelos preços bons e praticidade – é bem forte (ó o trocadilho) no Reino Unido, mas anda crescendo aqui na Irlanda também. Em Fort William, o pub chama-se The Great Glen e está localizado na High Street. Não é exatamente uma experiência gastronômica, mas a gente gosta que o serviço é sempre rápido. E como estávamos com o cronograma apertado, fazia sentido para a gente ir para o pub.
Glenfinnan Viaduct
Depois do almoço, a nossa parada foi no viaduto de Glenfinnan. E se achou que essa atração aqui tem alguma coisa a ver com Outlander, achou errado, hahaha. Esse lugar aqui entrou no roteiro porque tanto eu quanto o Gian somos fãs de Harry Potter. É em cima desses arcos que passa o Expresso 3/4 de Hogwarts. Sim, passa, no presente. Se você se programar direitinho, você consegue assistir a locomotiva atravessar o viaduto ainda nos dias de hoje em dois horários distintos, uma pela manhã (por volta das 10h) e outra à tarde (cerca de 15h).
Eu sei que estou repetitiva, mas digo isso de todo o coração. Acho. Mesmo se Harry Potter também não fazer nenhum sentido para você, é bacana incluir o viaduto de Glenfinnan no seu roteiro. Primeiro, porque a paisagem ao redor do viaduto é lindíssima – são as Highlands, né? E você já deve ter percebido isso. Além de repetitiva, estou reduntante. Depois, os arcos foram construídos em meados de 1890 e são considerados uma obra da época vitoriana. O contraste desses 21 arcos com a natureza não passa despercebido, mas de alguma forma, orna.
Segundo motivo é porque ali do ladinho você encontra o Monumento Glenfinnan, construído em 1815 como uma homenagem aos highlanders – os homens que viviam nas Terras Altas – e morreram pela causa jacobita. É possível comprar um ticket e subir no alto de seus 18 metros. A gente não fez, já que estávamos ainda com uma bela estrada pela frente até Inverness. Mas, a vista lá de cima parece incrível, vale conferir.
Beauly Priory
Construída por volta de 1230, Beauly Priory é o descanso final de importante famílias locais como os Frasers de Lovat and os MacKenzies desde 1479. Nasceu como um mosteiro que acabou-se em 1632. O nome francês se deu com os monges que viviam ali eram de origem, a-hã, francesa. Beauly vem do francês beau leu que significa lugar bonito. Hoje, são ruínas, mas continuam muito bonitas.
Bonitas de um jeito diferente. Confesso que o local entrou no roteiro por sua aparição em Outlander – o que não é surpresa nenhuma, se você chegou até aqui tópico por tópico. Aparição rápida, por assim dizer. Talvez você não reconheça, mas ali foi o local onde Jamie e Claire foram visitar o túmulo do avô do Fraser, assim como umas crianças… Enfim, sem spoilers aqui. É interessante que ali realmente existem túmulos de Frasers por ali.
Castelo de Inverness
Seu marco inicial é no século 11 d.C., mas como a maioria das fortalezas, castelos e palácios desse período, teve que ser reconstruído e ampliado por diversas vezes durante o passar dos anos. As duas mais recentes revitalizações ocorreram no século XVIII, sendo a primeira após o Levante Jacobita e a segunda cerca de 10 anos depois, quando o castelo ganhou esse toque neo-normando visível em sua fachada. Até 2020, ele funcionava como Palácio da Justiça, ou Fórum, não sei a melhor tradução para court, mas agora é unicamente uma atração turística. Tanto que quando fomos ele estava, mais uma vez, passando por uma restauração. Se você conseguiu visitá-lo, me conta aqui nos comentários o que achou!
Apesar dos tapumes ao redor da construção, tivemos uma vista bastante especial do Castelo de Inverness: do nosso hotel da vez. Na verdade, foi uma pernoite com café da manhã em um Bed & Breakfast chamado Ardentorrie Guest House. E tivemos uma boa experiência no local. O café da manhã foi mega agradável e prático já que escolhemos o horário em que gostaríamos que ele fosse servido e o que queríamos enquanto pegávemos as chaves. Muito planejados!
Booking.comÀ noite, depois do check-in, fomos dar uma volta na cidade de Inverness e conhecer as principais atrações do lugar. Pelo horário, só andamos pelas ruas e vimos as principais atrações pelo lado de fora, como a Falcon Square, o Victoria Market (uma espécie de shopping inaugurado nos anos 1890) e a Abertarff House, a casa mais antiga de Inverness. Foi construída no século XVI e hoje é um patrimônio tombado e protegido. La dentro existe uma amostra que mostra como era a vida do highlander durante o Levante Jacobita.
Outro parceiro do Voyajando que tem muitas opções de passeios por Inverness é a Civitatis. O diferencial deles é que você encontra coisas em pt-br. Isso mesmo, caro leitor, eles tem uma base gigante de fornecedores que falam a sua língua. Seus problems acabaram, ou melhor, are over now!
Em tempo, é legal de dizer que Inverness deriva da palavra gaélica que significa boca do Rio Ness. É considerada a capital das Terras Altas escocesas – as Highlands.
Castelo de Urquhart
Durante o inverno, o Castelo de Urquhart abre por volta das 9h30 da manhã, então tomamos café da manhã e já fomos para lá, porque a ideia era fazer o segundo dia – ou o dia da volta – o mais aproveitável possível. Para ser bem sincera, voyajante, a gente queria mesmo era ter encaixado essa atração no primeiro dia, mas como a Escócia é um país bastante ao norte, escurece ainda mais cedo no inverno. Logo, as atrações acompanham a luz solar e fecham também mais cedo. A última entrada por lá é 15h45. Enfim, não daria tempo. Mas, tudo bem. Até porque São Pedro fez a parte dele no dia seguinte.
Se tivessemos ido no dia anterior, teríamos visitado este que foi um dos maiores castelos da Escócia e que possui mais de mil anos de história embaixo de chuva. Teríamos visitado suas ruínas localizadas estrategicamente à beira do famoso Lago Ness (ou Loch Ness) molhados. Não que não tenha chovido durante a nossa visita, mas também teve sol. E que sol! Foi uma loucura, de sol a chuva em uma velocidade mais impressionante do que já vi aqui na Irlanda.
Visitando o Castelo de Urquhart
Nós fomos, literalmente, os primeiros a entrar no centro de visitantes do Castelo. Sabe quando você entra em um lugar e todo mundo olha para você? Foi essa a sensação. Estávamos com os tickets comprados, então nossa passagem pela bilheteria foi bem rápida. A moça que estava por ali apenas validou o ingresso e já entramos. Depois, fomos abordadas por um funcionário que nos convidou a ir para a sala de vídeo, onde eles exibem um filme que dá uma explicação bem breve e resumida dos mil anos de história do local. Vou só abrir um parêntese para falar de como o moço que trabalha lá foi fofo. Muito, mas muito fofo. Um casal que entrou logo depois da gente não queria assistir o filme porque não entendia inglês. Ele então perguntou de onde eles eram e descobriu que ambos vinham da Espanha. Ele então se virou para mim e para o Gian e perguntou se por nós o inglês era um problema. Falamos que não. E então ele colocou legenda em espanhol no filme. E, nossa, a cabeça foi a milhão. Hahahaha. O áudio em inglês e a legenda em hermano, foi uma experiência curiosa, eu diria.
Depois que o vídeo acaba, eles abrem as cortinas e temos uma vista incrível das ruínas do castelo pelo vidro. De lá, caminhamos menos de dez minutos até a fortaleza. E mais um atencioso funcionário nos parou e perguntou se queríamos ajuda com fotos. Sério, gente. Como lidar? Até ali – e spoiler, durante toda a viagem – fomos muito bem tratados. Pessoas incríveis contribuem e muito com a experiência no país, definitivamente. Saímos do centro de visitantes com sol. Chegamos no castelo com garoa. Ai choveu. Ai fez sol. Ai ventou bastante o que destruiu meu cabelo. Ai fez sol e a gente tirou os casacos. Ai choveu de novo. Todas as fotos aqui presentes foram feitas no mesmo dia em um intervalo de duas horas. Hahahahaha.
História do Castelo de Urquhart
O castelo tem as suas origens, reza a lenda, no século XIII, e foi construído como uma fortaleza estrategicamente localizada às margens do Lago Ness. Teve papel fundamental não apenas na história das Terras Altas, mas de toda a Escócia, principalmente durante os conflituosos períodos de guerras pela independência travadas com os ingleses no decorrer dos séculos XIII e XIV. Foram muitas ocupações, cercos, saques e invasões durante toda a sua história – até os vikings chegaram a tocar o terror por ali.
Nossa, Jeanine, mas e ele é tão importante, por que não restauraram o castelo? Porque as ruínas fazem tão parte da história dessa construção quanto o que a fortaleza foi um dia. Em 1692, os escoceses que residiam ali colocaram fogo propositalmente na pólvora armazenada dentro das muralhas do castelo porque queriam destruí-lo. Por que? Para que a fortaleza não caísse em mãos jacobitas – vai ter uma explicação um pouco mais decente sobre a causa mais adiante, quando visitarmos Culloden juntos.
E Loch Ness, Jeanine?
Desculpa, voyajante, empolguei-me com o Castelo de Urquhart que não falei da estrela que é o Lago Ness. Ou melhor, Loch Ness, que é como os escoceses o chamam. Os rumores que um monstro vive nas profundezas deste lago começaram em 1933 quando a primeira fotografia surgiu. De lá para cá, cerca de 1000 pessoas afirmam de pé junto terem visto Nessie. Mas não é só porque tem um monstro vivendo na profundeza de suas águas que o Loch Ness é famoso. Reza a lenda que ele possui mais água que todos os lagos da Inglaterra e País de Gales juntos! E olha que ele nem é o maior da Escócia – é o segundo, atrás do Lago Lomond.
Mas porque não colocam um aparelho tecnológico de nome difícil lá e descobrem de uma vez por todas se tem monstro ou não? Porque não dá. Já tentaram, voyajante. Em alguns pontos o lago chega a ter 230 metros de profundidade. Suas águas são ainda escuras, o que diminui a visibilidade. Isso se dá não por poluição, mas por conta da alta concentração de um musgo chamado Turfa que é bastante comum ali naquela região.
Fort George
Um forte gigantesco e imponente do século XVIII construído logo após o Levante Jacobita de 1746, quando os escoceses perderam a batalha de Culloden. Foi erguido como um lembrete do que aconteceu e que Londres, e a monarquia inglesa, embora longe fisicamente, estava por ali, firme e forte. Por estarmos com o cronograma apertado, não entramos no local para visita – isso e o valor do ticket ser 9,50 libras. Já paguei mais caro em muita atração, eu sei. Mas é que eu amo entrar em locais mais históricos – ou velhos, se é que você me entende. Não que o Fort George seja um mocinho, mas eu escolhi investir meus suado dinheirinho e tempo (já que voltaríamos a Edimburgo ainda neste dia) nas atrações a seguir. De qualquer forma, eu gostei de ter ido até lá pelo menos para a foto. É inegável que local está muito bem localizado – chega a ser bonito com toda a água ali de plano de fundo, apesar da monstruosidade do forte.
Culloden Battlefield
Se você assistiu ao seriado Outlander, você deve se lembrar desde local ou, pelo menos, desta história. Aqui, em 16 de Abril de 1746, morreram cerca de 1.500 pessoas, entre escoceses e ingleses, muito mais escoceses, conhecidos como jacobitas. Eles defendiam a volta de um Stuart (rei católico) ao trono e pereceram diante do exército inglês, os casacas vermelhas da série. A luta, que durou menos de uma hora e foi considerada o último grande embate corpo a corpo da história do Reino Unido. E um dos mais sangrentos. E após essa derrota, sanções severas foram aplicadas a todos os escoceses. Os famosos clãs, por exemplo, deixaram de existir. Muitos chefes, aliás, perderam a vida nessa luta. Seus descendentes – e familiares – ficaram proibidos de usar o tartan, aquele xadrez típico das Terras Altas onde cada padronagem e cor identifica uma família, e o kilt.
A visita por ali é bem interessante, e silenciosa. Existe uma exposição no começo que explica como cada um dos lados caminhou até o grande dia, quais os acontecimentos que levaram ao embate e quem foram os envolvidos nessa batalha. No final, existe uma sala com projeções nas quatro paredes que colocam você, espectador, no centro da luta. É uma experiência bem intensa, na minha humilde opinião. Depois, você tem uma escolha: juntar-se ao grupo para um tour guiado de exatamente 40 minutos ou andar por si só no terreno da luta. Eu e o Gian, por conta do cronograma, fomos sozinhos. Apertamos os passos e fomos lendo todas as placas explicativas do caminho. Afinal, 40 minutos por ser curto ou longo, dependendo da sua percepção de tempo. Para um tour, pode ser bastante. Para uma batalha, é muito pouco. E sim, voyajante, eles preparam um tour guiado com o mesmo tempo de duração da batalha de Culloden. Em 40 minutos, cerca de 2.000 homens perderam a vida.
Ah! E foi ali nos terrenos de Culloden que finalmente encontramos as simpáticas vacas escocesas. Ou, Hairy Coo, como são carinhosamente apelidadas pelos locais. Em tradução seria, literalmente, vaca cabeluda. Hahahaha. Elas possuem essas pelagens por conta do clima frio presente nas Terras Altas, assim os animais conseguem sobreviver durante os períodos de baixas temperaturas como o rigoroso inverno escocês. Após muitas fotos dos bichinhos, que fizeram bastante sucesso lá no nosso Instagram (aliás, já segue a gente por lá?).
No caminho para o carro, pegamos uns sanduíches na lojinha do centro de visitantes e levamos para comer no carro. E comemos no estacionamento da próxima atração, localizada a menos de 10 minutos de Culloden. Mas, por que comeram no carro, Jeanine? Primeiro, porque estava chovendo. Depois, Clava Cairns estava vazio, exceto por uma viajante solitária que percorria o terreno na chuva. Deixamos ela ter esse momento para ela – e quando ela saiu, foi a nossa vez, e fomos já alimentados (o que e importante e sempre melhora a experiência como um todo, não é verdade??)
Clava Cairns
Datado de cerca de 4000 anos atrás, esse monumento é muito provavelmente proveniente da chamada Era de Bronze. Acredita-se que o local é uma espécie de cemitério pré-histórico e chama atenção o quão bem preservado essas pedras se encontram. É surreal. Reza a lenda que aqui também foi o local de inspiração para a pedra de Outlander que levou a protagonista, Claire, para sua viagem no tempo, embora as gravações não tenham ocorrido por ali, vale dizer.
A entrada da Clava Cairns é gratuita. Só abrir o portãozinho e pronto. Acho legal trazer para cá que da mesma forma que nós esperamos a viajante ter o tempo dela com a atração, os dois carros que chegaram depois da gente também nos deram um tempinho para finalizar a nossa visita em paz. Achei curioso e muito legal. E foi assim que se encerrou a nossa road trip pelas highlands escocesas. De lá nós pegamos a estrada direto para Edimburgo, mais especificamente o aeroporto, para buscar a @jenifercarpani e o Bruno que estavam chegando para conhecer a Escócia pela primeira vez. O que fizemos por lá você encontra neste post aqui.
Recomendo o Roteiro Inverness e Highlands?
Com toda a certeza do mundo. Foi uma das minhas melhores celebrações de aniversário até o momento em que escrevo este post. Eu nunca imaginei que comemorar a minha vigésima nona primavera tomando chuva na cabeça e sentada em uma longa road trip fosse me fazer tão feliz, tão satisfeita. Faria algumas coisas diferentes? Talvez. Talvez colocaria pelo menos um dia a mais para ter mais folga entre uma atração e outra, e talvez planejar algo do tipo no verão quando o tempo de exposição solar é maior e é menos frio, faria sentindo. De qualquer maneira: foi muito especial. E acredito que todos deveriam, se a chance surgir, dar uma passadinha nas imensidões escocesas. É impecável.
Viagens por Escrito
E se você chegou até aqui, saiba que esse post sobre o que fazer nas Terras Altas da Escócia participa do Viagens Por Escrito, um grupo de blogs de viagem que se reúnem mensalmente para falar de um assunto em específico. Se você estiver procurando por inspirações do que fazer nas suas próximas férias, essa é a recomendação. Vai por mim, tem bastante conteúdo bacana nesse mundão da internet. Como por exemplo, O que fazer em Ouro Preto, do Mundo Viajante, ou O que fazer em Fuengirola, a bela cidade costeira espanhola, pelos olhos do Descobrir Viajando. Veja também O que fazer em Andorra? do Dicas pra Tudo e O Que Fazer em Valência: 11 Experiências Imperdíveis na Joia da Costa Leste Espanhola do De Lugar Nenhum.
Muito obrigada pela sua leitura e visita! Alguns dos textos aqui do Voyajando.com podem ser um tanto quanto pesados, eu sei. Especialmente os meus. Mas a cada mensagem recebida, seja aqui, no e-mail, no Instagram ou no canal, eu me encho de amores e deixa o coração quentinho, a sensação de dever cumprido. Logo, fiz aqui o meu agradecimento. E se esse roteiro ajudar você de alguma forma, por favor, ajude a divulgar o nosso blog ou, quem sabe, fechar um hotel ou um passeio usando um dos nossos links afiliados. Na grande maioria das vezes, não há nenhum custo adicional e você ajuda a gente a crescer. Um beijo! E tchau!
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