O que fazer no Vale de Aosta? Castelos e roteiro completo

Talvez você já tenha ouvido falar do Vale de Aosta, talvez não. De qualquer maneira, se você chegou nessa matéria aqui é porque o destino quis que vocês se conhecessem! Hahahaha, brincadeira… a real é que muita gente não sabe que a Itália também está repleta de castelos e que podemos fazer um roteiro de dias visitando castelos sem repeti-los. E foi o que fizemos. Hoje vamos apresentar para você a nossa viagem pelos castelos do Vale de Aosta na Itália, vem ver.

Bom, o texto vai iniciar dizendo que conhecemos uma nova região – para nós – da Itália e hoje te levo comigo para conhecer também! Em um feriado prolongado de quatro dias desse ano, fomos então para o Vale de Aosta, que fica no noroeste da Itália, pertinho da Suíça e da França. A única coisa que separa os três países são os Alpes e são eles o nosso cenário dessa viagem, nada mal, né?.

É uma região que sempre viveu essa “divisão”, já que por ali já passaram franceses e, voltando ainda mais para trás no tempo, houve uma presença grande do Império Romano. A posição privilegiada do vale contribuiu para o crescimento da região, já que estava na rota comercial entre a Suiça e a França, e isso ajudou o Valle d’Aosta a prosperar durante a idade média, deixando um rico patrimônio arquitetônico cheio de castelos que as grandes famílias construíam como demonstração de poder e também para se protegerem atrás das fortalezas.

Depois de ler tudo isso sobre essa região única, não tivemos dúvidas. E é para lá que nós fomos para desbravar mais uma região dessa Itália cheia de surpresas com um cenário único e montanhoso, com vista para algumas das montanhas mais altas da Europa: Mont Blanc, Matterhorn e Monte Rosa.

Ah e aproveito esse gancho para dizer que se você ama esportes de inverno, a região também é super propícia exatamente por ser extremamente montanhosa e com várias opções de pistas de esqui.



Como chegar ao Vale de Aosta?

Antes de tudo, o como chegar né? E dá para chegar no Vale de Aosta de trem e carro – e até de avião. Inclusive ir de carro na nossa opinião é o jeito mais fácil, já que é também a maneira mais confortável de circular por ali entre as várias cidades e castelos.

A região também possui um aeroporto regional, chamado Corrado Gex, mas é pouco usado. Então fica mais fácil você descer em Turim (cerca de 115km de Aosta) ou Milão (a 180km) e assim ter mais flexibilidade para montar o seu roteiro seja de trem como de carro – lembrando que, se puder, eu indico andar por ali de carro.

Hospedagem, deslocamentos e distâncias

Nos hospedamos em uma cidade próxima à Aosta, que é a capital regional do Vale de Aosta, e que é uma cidade maiorzinha, com muita história para contar. Muitos a chamam de Roma do Norte pois foi na Antiguidade um importante centro romano e são muitos os resquícios da civilização de Roma por ali. Por  esse motivo nós deixamos um tempinho – algumas horas foram suficientes– para conhecer também essa cidadezinha.

Sinceramente nós não amamos a nossa hospedagem principalmente pela distância – e também pelo atendimento da senhora que nos hospedou, mas isso talvez seja outra história hahahaha. Bom, em resumo, o Google Maps erra muito o tempo das distâncias para percorrer a região, e acabou que nossa pousada era no alto de uma montanha e só o percurso para subi-la ou desce-la levava mais de 40 minutos.

Isso impactava, claro, no nosso roteiro porque tínhamos que sair mais cedo do hotel de manhã e acabávamos chegando mais tarde à noite na volta, percorrendo boa parte da estrada na escuridão total (lembrando que é uma região montanhosa, cheia de curvas, e animais soltos na natureza).

E essa mesma dica das distâncias e tempo para percorrê-las vale para o caminho entre um castelo e outro: sempre coloque um tempo a mais nos seus deslocamentos por ali, afinal não estamos acostumados com as estradas e suas curvas, melhor ter atenção.

Outra coisa importante: evitem a estrada pedagiada se quiserem economizar. Tanto no Google Maps quanto no Waze você pode ativar a opção de evitar pedágios e nós fizemos isso durante toda a viagem. Isso porque os pedágios por ali são bem caros, mesmo para distâncias curtas – essa foi até uma dica reforçada pelo pessoal da hospedagem que ficamos.


Nosso roteiro pelo Vale de Aosta

Vou deixar nosso roteiro resumido aqui e detalhado embaixo. Assim consigo ajudar você a separar melhor os seus dias, tá bem? Outra coisa, o melhor jeito de você planejar melhor a sua viagem é levando em consideração que todos os castelos têm visitas guiadas – em italiano -, ou seja, de aproximadamente 40 minutos cada visita – com exceção do Fort de Bard (guarda essa informação, isso será importante mais tarde).

Vem com a gente nesse roteiro pelo Vale de Aosta!

Dia 1

  • Chegada à região saindo de Milão
  • Fort of Bard
  • Castel Savoia
  • Cidade de Aosta

Dia 2

  • Fenis Castle
  • Castle Sarriod de La Tour
  • Castello Reale di Sarre

Dia 3

  • Courmayeur

Dia 4

  • Verrès Castle
  • Issogne Castle
  • Volta à Milão


Aosta

Aosta foi nossa cidade-base – na verdade, como disse ali em cima, uma cidadezinha minúscula vizinha de Aosta foi nossa base -, então o tempinho que passamos por lá foi suficiente – apesar do hotel ficar longe do centro, estávamos de carro e facilitou muito o deslocamento e o estacionamento na região não foi tão complicado.

As ruínas da época do império romano estão lá e aproveitamos um fim de tarde para caminhar despretensiosamente pela cidade e conhecê-la sem grandes expectativas. Foi bem legal visitar as lojinhas, ver os locais que se misturam com os turistas, uma vibe bem de acordo com esses centrinhos históricos italianos.

Ah e um adendo aqui: se você gosta do assunto império romano, um dos destaques vai para o Arco de Augusto, erguido em homenagem ao imperador para contar uma vitória romana de guerra, o Teatro Romano, antigas ruínas das muralhas da cidade e as torres (Bramafan, Lebbroso, Fromage e Paileron). Nós não o conhecemos porque não era o objetivo da viagem e também porque sempre que passamos por ali depois de um dia inteiro de castelos, era mais para procurar um restaurante para jantar hahahahaha.

Falando nisso então, Aosta é uma cidade grande – para os padrões italianos – então dá para achar desde redes de fast-food (Mc Donald’s, Rossopomodoro e etc) até restaurantes mais tradicionais, onde em um deles nós aproveitamos para provar um pouco da comida da montanha. Foi bem interessante a experiência de andar ali no centrinho e achar o nosso restaurante. Gostamos bastante dele então deixamos aqui o nome: Trattoria Praetoria (se você for lá, depois nos conte o que achou).

Roteiro: Castelos do Vale de Aosta

Todos esses castelos no mesmo lugar foi o motivo pelo qual decidimos desbravar essa região da Itália. Afinal, são vários castelos reunidos em uma mesma região (só no roteiro resumido já deu pra ver)! E a gente aqui ama um castelo, não sei se você já percebeu hahahaha. Vale dizer que nós ainda acabamos deixando alguns de fora e outros estavam ainda sendo reformados para serem disponibilizados para a visita do público.

Que doido pensar né? Nós já explicamos no Instagram (segue lá) e também aqui no blog, que compramos o Abbonamento Musei para ter acesso aos principais museus da Lombardia e do Valle d’Aosta por um ano. Por isso decidimos usar a entrada gratuita (para portadores do cartão) para conhecer tudo por ali.

Os castelos do Vale d’Aosta ficam ao longo de um rio chamado Dora e boa parte deles foi construída – veja vocês – por uma família que governou a região durante cerca de setecentos anos! A família chamada Challant ficou por ali nos sete séculos e deixou de herança para nós, turistas, diversos castelos que podem ser visitados, inclusive, por dentro.

Montando esse roteiro já parti do pressuposto que, como em praticamente todas as viagens, vai ser impossível fazer tudo. Lidando com isso da melhor maneira possível hahaha, escolhi esses lugares aqui embaixo para visitar.

Fort of Bard

Calma lá jovem viajante, eu sei que não é um castelo. Mas está no nosso primeiro item da lista ali por que nós começamos por ele. Foi uma boa escolha começar por ali porque ele está na estrada entre Milão e Aosta (para quem não pega a estrada pedagiada). Ao mesmo tempo, foi uma má escolha porque deixamos pouco tempo para visitá-lo.

Ele foi o único dos que visitamos que não teve visita guiada. Então pudemos fazer tudo no nosso tempo e nosso tempo foi mais longo do que prevíamos hahahaha. Além disso, almoçamos uma salada rápida no restaurante que fica dentro do próprio Forte mas logo saímos porque precisávamos seguir para o próximo castelo, que tinha hora marcada.

O Forte di Bard não é castelo, mas a visita é super recomendada!

Falando do Forte então, é uma visita must-have. A estrutura por si só já é muito bacana, super bem conservada, e tem vários museus ali dentro muito bem organizados e tecnológicos, explicando a história do Forte, a história do Vale de Aosta e também porque a região é/era tão estratégica na divisa entre os três países Itália, França e Suiça. Nós gostamos muito.

O Forte de Bard está assim, bonitão, desde que foi reconstruído. Claro que ali já existiram outras construções antes, mas desde meados do século XIX, quando ele foi construído da maneira como ele é hoje, ele permanece intacto. São três edifícios principais com diferentes níveis, compostos de quartos, prisões e, claro, muros com o intuito de defesa de ataques de inimigos.

Sua localização é super estratégica, então desde os tempos pré-romanos existe uma fortificação por ali, a primeira menção nesse sentido é datada de 1034. Mais tarde, em 1242, passou ao domínio dos Savoia que investiram no local ao longo dos anos e fez crescer a artilharia por ali – transferindo de outros castelos da região e concentrando suas forças em Bard.

Muitas foram as mudanças e intervenções ao longo dos séculos para aumentar e melhorar a estrutura defensiva da fortaleza. Uma das participações mais famosas da fortaleza foi em meados de 1800 quando 40 mil homens de Napoleão Bonaparte conseguem vencer – depois de muitos dias de batalha – a defesa do Forte, destruindo-o.

Felizmente, o Forte foi reconstruído pouco tempo depois e em 1830 já havíamos o Forte de Bard como podemos conhecê-lo hoje.

E para quem é fã de Marvel, saiba que ali foram também gravadas algumas cenas de um dos filmes da série .

Vale de Aosta
A vista do Forte di Bard entra na lista de argumentos do porquê visitá-lo!

Castel Savoia

Saímos correndo do Forte de Bard porque havíamos um outro compromisso logo em seguida – que já vou dizendo que chegamos correndo e meio atrasados, mas deu certo porque havíamos reservado antes e não estava tão cheio. Fomos conhecer a residência de verão da rainha Margherita di Savoia.

Chegamos atrasados não só porque saímos tarde do Forte de Bard, mas também porque o caminho para o Castelo de Savoia é um pouco sinuoso. Essa dica, inclusive, foi dada pela funcionária por telefone, quando estávamos na bilheteria trocando nosso bilhete online: pode colocar mais meia hora no tempo estimado pelo GPS. Quem avisa amigo é, tá?

Trocados os bilhetes, conseguimos entrar no tour que sairia dali a um tempinho então tivemos uma folga para admirar, finalmente, o castelo por fora. O Castelo de Savoia, como disse ali em cima, foi construído porque a então rainha da Itália queria uma casa de verão naquela região, que chamaram de Belvedere (em uma tradução simplista e ruim: bela vista). E pudera, a vista das principais janelas do castelo dão, simplesmente, para as belíssimas montanhas que circundam todo o vale – muitas das quais permanecem cobertas de neve ainda no verão.

O tour é todinho em italiano, mas não quer dizer que se você não fala a língua, não vale a pena. Você terá a oportunidade de ver por dentro a residência da rainha, e só pelas fotos aqui já dá para saber que ela tinha um bom gosto, né?

O castelo foi construído em pouquíssimo tempo, cinco anos, e após a conclusão da obra em 1904, ele abrigou a rainha por muitos verões, até 1925.

Nós não podemos visitar todo o castelo – todos os pisos – porque não estão abertos à visitação, mas pelo pouco que conseguimos já é possível ver que ele foi construído com muita tecnologia – para a época. Isso quer dizer que havia eletricidade, sistema de comunicação, sala em estilo “open space” com tudo integrado e muito mais que vai sendo relevado ao longo do tour.

Vale a visita? Na minha opinião, sim. Além de super bem conservado, gostei que foi o primeiro que visitei porque assim já pude aprender um pouquinho mais sobre a casa Savoia, reis da Itália na época, enquanto conseguia imaginar andando pelos aposentos como eram cada um deles – na visita podemos ver inclusive fotos originais.

Fenis Castle

E já estamos no nosso segundo dia no Vale de Aosta, que foi totalmente dedicado à visita aos castelos. Começamos pelo Castelo Fenis, que já de fora dá para ver que seu estado de conservação também é admirável. Esse foi um castelo com mais cara de “castelo” mesmo por fora, e não tanto de mansão como foi o caso do Savoia.

O trâmite para a entrada no castelo foi o mesmo (e não vou repetir nos próximos mas foi em todos assim), trocamos na bilheteria os vouchers que geramos online e esperamos fora para sermos chamados para o tour guiado – também em italiano.

Entramos nas muralhas e chegamos primeiramente à uma área entre as muralhas e a parede do castelo. Dali, entramos e o guia nos pede para não pararmos no pátio interno, pois passaremos por ali no final. Nesse dia nosso guia, infelizmente, não estava tão animado. Mas foi interessante descobrir várias curiosidades sobre como as pessoas viviam nesses lugares – que não serviam apenas para defesa (como geralmente são os castelos) mas também como moradia nesse caso.

O Fenis não tem defesas naturais (como estar acima de uma montanha, ou perto de um rio ou córrego), então tiveram que fortificar ao máximo a residência dos nobres da família Challant que ali viviam. Para mim, foi super interessante percorrer o castelo e ir aprendendo, por exemplo, que as camas da época são pequenas porque os nobres – além de terem uma estatura menor que a que temos hoje – dormiam quase sentados para respirarem melhor, já que conforme a noite chegava, as lareiras para aquecimento iam se apagando e a fumaça ia tomando parte dos aposentos do quarto.

Além disso, também há bancos de pedra perto de praticamente todas as janelas, para aproveitar melhor a luz solar para leitura e para escrever cartas – já que a luz artificial não existia na época.

Estamos falando então de um castelo que passou por várias construções, reformas e adequações, mas que existe por ali desde meados do século XIII servindo principalmente de moradia para os nobres. Outra curiosidade é que vimos que algumas janelas do castelo apontavam diretamente para o castelo seguinte ou anterior, para que pudessem ficar sabendo de ataques aos vizinhos e se prepararem antecipadamente.

Foram várias as curiosidades que aos poucos nos foram sendo apresentadas e o saldo final é que gostamos muito de conhecer o Castelo Fenis. Outra vantagem é que o acesso à ele é mais rápido e fácil – não tem barreiras naturais, lembra? – Então eu recomendo que você o inclua no seu roteiro.

(Um adendo inútil mas que quero fazer: se você assistiu ao filme Encanto, da Disney, depois me conta se o pátio aqui embaixo não parece o pátio interno da Casita hihihi)

Castle Sarriod de La Tour

Saindo do Castelo de Fenis, paramos para almoçar em Aosta e depois seguimos para o nosso próximo destino: O Castelo Sarriod de La Tour. Esse também é um castelo bem pertinho da estrada estadual, então é fácil e rápido de chegar. Ele fica às margens do Rio Dora, que falamos ali em cima, então da entrada do castelo temos uma bela vista para o rio e para parte do vale. A família Sarriod tinha laços políticos com os senhores de Bard (aqueles do forte). Eles estavam por ali desde o século XII mas as fortificações são ainda mais antigas e não se sabe ao certo quais as origens do castelo – mas se sabe que a torre quadrada central é típica dos séculos X e XII.

Como nos outros castelos, o tour aqui também foi guiado (em italiano). Só que esse tour começa com um vídeo que ilustra parte das histórias e informações que veremos a seguir, durante a visita.

É também um castelo bem cara de castelo – daquelas fortalezas que imaginamos. O tour nos leva para cada uma das salas e ela no explicou e mostrou algumas outras particularidades do lugar. Uma das salas mais curiosas é onde aconteciam os bailes e reuniões familiares. Com várias cabeças de figuras mitológicas e cheias de significados, ficamos um tempo ali a desbravar essa sala toda decorada com o teto de madeira.

Embora o castelo tenha essa sala super diferente, eu diria que se você tem pouco tempo no Vale de Aosta, não vale tanto incluir esse castelo no roteiro. Talvez você possa fazer algumas fotos por fora mas, se comparamos aos outros, por dentro ele não entrega tanto – em questão de decorações e até conservação. Apesar de ser uma das melhores guias que encontramos – na minha opinião – a visita deixou um pouquinho a desejar, se comparado aos outros.

Agora, fizemos uma paradinha rápida para um cafézinho da tarde e seguimos para o outro castelo.

Castello Reale di Sarre

E se no dia anterior visitamos o castelo da rainha, agora havia chegado a hora de visitar o castelo do rei. E antes que vocês pensem que eu enlouqueci – já que as residências reais italianas não eram em Vale de Aosta – o que eu quis dizer com castelo do rei nada mais é do que o Castelo Real de Sarre, mais especificamente: a casa de caça do rei.

Localizado super perto do castelo anterior, e com um acesso bem melhor do que o castelo da rainha, nós demos sorte que nesse não chegamos atrasados. Explico: ali sim tinha bastante gente para visitar então ficamos com medo de perder o ingresso caso chegássemos atrasados. Não aconteceu. A guia (também em italiano) nos conduziu pelo castelo – posso dizer que é mais uma mansão, mas ok – e nos apresentou cada um dos cômodos, muitos ricamente decorados com móveis da época.

O castelo foi construído em 1710 sobre os restos de uma casa que existia ali desde 1242. Várias mudanças e reformas depois levaram a 1869, quando o rei da Itália, Vittorio Emanuele II resolve comprar a casa e usar como residência de caça em suas viagens pelo Vale de Aosta.

Enquanto servia como residência de caça aos reis Savoia, o castelo passou por mais algumas reformas e reestruturações importantes e ficou com a família até o referendo que transformou a Itália em uma república em 1976 (sim é muito recente). A família real então segue para viver em Portugal (pois sim).

Vale bastante a visita porque os aposentos são bem conservados, o tour é interessante e, claro, passamos pelas salas de caça que – ali sim – não me senti 100% bem – apesar de ter ouvido e entendido quando a guia falou que devemos tentar não julgar o que era um costume da época. Recomendo que você, se quiser, visite e julgue com seus próprios olhos (e por algumas fotos que resolvemos colocar aqui).

Finalizado o nosso segundo dia de passeios, jantamos em Aosta e subimos a montanha rumo ao nosso hotel para nos preparamos para a aventura do dia seguinte que seria em Courmayeur (deixei as informações sobre esse dia ali embaixo para aqui continuar falando sobre os castelos).

Verrès Castle

Depois de um dia inteiro em Courmayeur, o nosso último dia na região do Vale de Aosta foi, novamente, dedicado aos castelos. Dessa vez, deixamos os castelos mais longes de onde estávamos hospedados, já no sentido de ir embora para Milão, que foi o que deveríamos fazer também naquele dia já que nosso feriado prolongado estava acabando.

Começamos pelo Verrès Castle, que de longe mais parece uma torre. Ele é quadradão e tem aquela cara de castelo antigo. Foi mencionado pela primeira vez em 1287, mas foi só em 1390 que os Challant iniciaram os trabalhos que fizeram o lugar ter a cara que é hoje. Ao longo dos séculos ele foi ganhando mais reforços e um sistema defensivo muito interessante que a guia foi nos explicando conforme vamos andando pelo castelo.

Por exemplo, a primeira sala por onde entramos, tem todo um sistema de defesa onde a porta que dá acesso ao resto do castelo se fecha e existem espaços para atirar flechas para ali dentro, derramar óleo quente e muito mais. Já as escadas são feitas desníveis e em formato circular para facilitar as pessoas a lutarem com espadas enquanto sobem de costas (e claro o inimigo ainda que esteja de frente, está mais embaixo e é mais fácil de ser atingido). A muralha ainda ganhou canhões, torres ofensivas, ponte levadiça, ante-porta e muito mais. Eles não brincaram em serviço.

No entanto, ainda que não tenha sido conquistado, a fortaleza foi confiscada pela família Savoia em 1661, porque na época o último dos Challant não teve herdeiros do sexo masculino (também estou revirando os olhos, mas lembramos do conceito de época, pessoal). A família até recupera o castelo mais tarde, mas ele já estava abandonado há séculos e a única coisa que fizeram foi destruir o telhado para evitar o pagamento de impostos, deixando os andares superiores a mercê da ação do tempo e cheio de ervas daninhas.

Mais tarde houve um resgate e profunda restauração desse castelo, assim como aconteceram com outros da região, até que se tornaram locais para visitação do público.

Issogne Castle

Depois do almoço, foi o momento de seguirmos então para o Issogne Castle, mais um dos castelos que foi propriedade da notável família Challant – dona da p* toda por ali. Desculpe o francês. Como a maioria dos seus irmãos castelos, o Issogne começou como uma fortaleza que, aos poucos, foi sendo ampliado, reformado e unificado para que entre os anos de 1490 e 1510 passasse por uma transformação radical para abrir um dos filhos do Challant da época. Foi nessa reforma aí que o castelo se tornou o que é hoje, com uma estrutura em forma de ferradura, com um grande pátio e um jardim italiano.

A guia nos explicou que esse era uma castelo feito para moradia realmente. Que se os Challant quisessem se proteger, eles seguiam para o Castelo Verrès, que visitamos de manhã. Por esse motivo, é um dos castelos mais coloridos, cheios de afrescos que serviam para decorar e contar histórias. E elas já começam no pátio de entrada e continuam por praticamente toda a mansão, inclusive na capela onde a família rezava e onde recebia os peregrinos viajantes.

Esse último é o castelo preferido da senhora que nos hospedou. Eu, passado alguns meses desde que fiz essa viagem, ainda não consigo escolher o meu. Achei super interessante como todos se complementam à história contada sobre o Vale de Aosta e como cada um tem uma peculiaridade, uma exclusividade que o torna diferente dos demais. Foram cinco castelos em poucos dias? Foram. Mas revendo cada uma das fotos, eu não sei qual foi mais interessante ou qual eu deixaria de lado. Se você fizer esse roteiro, me conta se você compartilha dessa opinião e de qual gostou mais? Te espero!

Courmayeur

Esse está no guia dos amantes dos esportes de inverno – pelo menos eu acho, pelas pesquisas que fiz, que sim hahahaha. Não somos esse tipo de pessoa, mas mesmo assim o local muito me interessou, já que suas montanhas são destino de turismo o ano todo (fomos na primavera conhecer o local (abril 2022) e mesmo assim valeu muito a visita, como pode ver pelas fotos!).

Claro que não quisemos perder essa oportunidade, então pegamos um dos dias do nosso roteiro e lá fomos nós conhecer o ponto mais alto da Europa ocidental, ainda que um pouquinho de longe. Explico. Acabamos usando a estrutura Courmayeur, que é a mais próxima do centro da cidade – eu não sabia na época então subimos na “errada” que valeu da mesma forma.

Fomos bem cedinho para a cidade e seguimos direto para a estrutura super moderna e bem organizada. Dá para imaginar que nos meses de inverno fica lotado, então recomendo que você se planeje com antecedência. Além disso, já vale dizer aqui que mesmo subindo pela Courmayeur, não me arrependi. Porque subindo na outra, nós pudemos VER o Mont Blanc, ao invés de estar nele. É como subir na Torre Eiffiel em Paris, é legal, mas falta na paisagem a própria torre hahahaha; ou subir no Cristo Redentor e perder ele de vista na paisagem do Rio de Janeiro. Enfim, você entendeu a lógica.

Agora, se você quer falar que pisou realmente no ponto mais alto da Europa Ocidental, a estrutura que você procura – pelo que entendi – se chama La Palud. Ali sim você terá a possibilidade de subir para a travessia de Mont Blanc de verdade, com 4,8 mil metros de montanha – a mais alta da Europa.

Para nós só a experiência de subir no teleférico do Courmayeur estava mais do que bom. Então descemos e fomos procurar onde almoçar no centrinho da cidade. Aproveitamos também para conhecê-lo o que chamam de “a Suiça na Itália“, com a vantagem de ter as comidas – e os preços – da nossa terra da bota hahaha. Outra coisa, a Via Roma é o “centrinho nervoso” do local. Cheio de restaurantes, lojas grifadas e residências no estilinho das casas de madeiras dos Alpes.

O que mais dá pra fazer no Valle D’Aosta?

Tem mais tempo que nós tivemos? Perfeito! Então aproveite e conheça e explore ainda mais essa região! Uma das opções é conhecer o Parque Nacional Gran Paradiso, que é o mais antigo parque nacional italiano, com 70 mil hectares! É tão grande que pega duas regiões italianas: uma parte no Piemonte e uma parte no Vale de Aosta! Por ali você pode conhecer toda a fauna local e, claro, a natureza em todo seu potencial.

Dentro desse parque, por exemplo, existe o Gran Paradiso, o maior pico (4 mil metros!) totalmente dentro da Itália. Além disso, por ali também pode conhecer se der sorte o Ibex Alpino, um animal que é símbolo do parque e que quase foi extinto durante a Segunda Guerra Mundial – restaram cerca de 400 animais dessa espécie apenas, e todos os animais dentro do parque.

O Vale de Cogne é outro dos atrativos do Gran Paradiso. Por ali, você vai poder conhecer além das casinhas típicas de madeira e a paisagem super verde e acolhedora, os vales lindíssimos onde ficam as cachoeiras de Lillaz. É a natureza em um dos seus maiores esplendores, já que as cachoeiras mudam conforme as estações do ano – e chegam a congelar no inverno. Eu falei que tem rolê para todo o ano por ali, né?

Essas cachoeiras, que estão entre os locais mais visitados do Parque, têm três níveis e é possível admirá-los a partir de trilhas super simples. Tá sem tempo? Vai pelo menos no mirante mais baixo, ali já dá para ter uma real noção da dimensão.

Outra opção é subir em Pila, uma montanha pertinho de Aosta que você pode pegar o bondinho e chegar lá em cima de um modo super rápido e fácil. Se você não teve tempo/não quis ir a Courmayeurou mesmo se foi mas quer esquiar de novo – essa pode ser uma boa opção.


A conclusão, se é que você esperava por uma, é que o Vale de Aosta tem vários atrativos e apesar de ser uma região desconhecida por boa parte dos brasileiros, fica aqui como sugestão caso você queira explorar um pouco mais o norte da Itália. Foi uma viagem surpreendentemente bacana para nós, perto de Milão, e que com certeza nos rendeu lembranças que conservaremos para sempre, como toda viagem tem que ser né? Até a próxima voyajante!


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