Férias na montanha: nossa primeira vez na neve em Forni di Sopra na Itália

Quando pensamos em natureza, muitas vezes pensamos em verde, né? Pelo menos nós aqui do Voyajando quando falávamos sobre essa matéria, sim. Pensamos em parques, em reservas naturais, em imensidão e muito verde – tal e qual temos na nossa natureza brasileira. Mas no último inverno nós conhecemos um outro tipo de natureza, uma que não estávamos acostumados e que talvez você também não esteja. Hoje vamos contar como foi nossa primeira vez nas montanhas com neve da Itália.

Deixa eu te contar o contexto. No fim do ano passado fomos convidados por amigos a passar a virada de 2021 para 2022 na casa da família deles. Eu e Bruno, sem família aqui em Milão, topamos. E fomos viver nossa primeira aventura na neve – que você já viu lá nosso canal no YouTube, e se não viu, se inscreve e acompanha a gente por lá também.

Já deixando claro aqui – antes que eles briguem com a gente por passar informação errada hahaha, alô Léo e Martina, um beijo procêis – que nós nos hospedamos na cidade vizinha, chamada Forni di Sotto, mas passávamos o dia passeando por Forni di Sopra. Ok? – Espero ter acertado dessa vez, porque a gente errou umas 29381727 vezes hahahaha.

Como chegar a Forni di Sopra?

Bom, nós chegamos de carro. E acredito que seja uma boa ideia você cogitar alugar um (link afiliado) também. Lembre-se que para circular com carros pelas estradas da Itália no inverno, é preciso ter correntes no porta-mala e/ou pneus propícios para o inverno – ou o pneu quatro estações, que era o que tínhamos.

O trajeto que fizemos de Milão para lá durou aproximadamente cinco horas e foi feita quase inteiro por rodovias, e 100% do trajeto foi feito por ruas asfaltadas, então não fique preocupado – como eu fiquei – se o seu carro não é um 4×4 daqueles gigantão. Lembrando ainda que a estrutura da cidade é boa, e você provavelmente conseguirá circular por ali sem precisar necessariamente dirigir sobre a neve. Outras opções de cidades, mais perto, que podem ser mais confortáveis para você chegar ali, por exemplo, são: Veneza, Trieste, Treviso.

A cidade fica localizada então na região italiana de Friuli Venezia-Giulia, na parte nordeste da Itália, que faz fronteira com a Áustria e a Eslovênia. É ali, como comentei, que estão os picos das Dolomitas, a famosa cadeia de montanhas patrimônio da UNESCO. Além disso, a região é famosa também pelos seus vinhos brancos.

Forni di Sopra

Nosso destino foi Forni di Sopra, uma cidade no norte da Itália, emoldurada pelas mundialmente famosas cadeias de montanhas chamadas de Dolomitas, que são inclusive Patrimônio Mundial da UNESCO. Forni di Sopra está localizada na parte oriental do Parque Natural Friuliano Dolomitas e conforme fomos chegando – ou seja, subindo a montanha – fomos percebendo a imensidão BRANCA que teríamos como companhia por alguns dias.

Para quem não cresce acostumado com a neve, a paisagem impressiona e não enjoa. A gente passou alguns dias por ali e nos divertimos muito AINDA que a gente não saiba esquiar. Esse ponto é importante porque muita gente pensa que só quem é adepto aos esportes de inverno terá coisas para fazer em um lugar remoto assim, e não é verdade. Hoje vou te mostrar o por quê.

Bom, primeiramente, e continuando a falar sobre Forni di Sopra, a cidade aos pés das Dolomitas é uma das áreas mais vastas dos Alpes italianos. O centrinho da cidade está a quase 900 metros de altitude e por ali existem vários tipos de lojinhas, mercado e restaurantes. Repare também na arquitetura do centrinho, com casas antigas de habitação e celeiros, que têm a parte debaixo em pedra e a de cima em madeira, além de ter escadas e varandas do lado de fora.

A Piazza del Comune está no coração desse centrinho, e ali em volta está cheio de predinhos antigos coroados, no meio dela, por uma fonte de pedra. Por ali, então, existe uma estruturinha bacana para você se hospedar e passear por esse centrinho à noite (se o frio permitir) ou também durante o dia quando o sol esquenta um pouquinho e reflete o branco em volta, e você se enche de vontade de explorar a região.

São mais de dois mil leitos espalhados pela cidade, distribuídos em apartamentos, campings e hoteis à disposição dos turistas, dos atletas de inverno, dos aventureiros e dos amantes da montanha. Se você não pratica esportes de inverno e está indo para turistar, seria legal deixar pelo menos dois dias inteiros para explorar a região, já que pelo menos em um dos dias você provavelmente vai querer subir a montanha e ver tudo do alto.

Se você pratica esqui ou snowboarding, ou quer começar a praticar, saiba que ali também existe a possibilidade de contratar professores/instrutores e alugar o equipamento. Além disso, segundo o site da cidade, um ônibus de esqui gratuito é oferecido para conectar as áreas de esqui com hotéis e as principais ruas da cidade. Nessa caso, se você se reconheceu como um atleta de esportes invernais, então talvez você precise de mais que dois dias para aproveitar bem sua estadia na montanha por ali.

Você quer brincar na neve?

Inverno em Forni di Sopra

Eles consideram que Forni di Sopra tem um bom grau de cobertura de neve: ou seja, se é neve que você quer, provavelmente é neve que você vai ter. Claro que o ideal é você ficar de olho na webcam da cidade (aliás, a maioria das pistas de esqui tem webcam ao vivo para você acompanhar a cobertura de neve) e também a meteorologia para não ter surpresas.

A pista de esqui que visitamos se chama Varmost e é dela que tiramos a maioria das fotos desse post. Por ali, podemos chegar a 1200 metros de altura no pico Crusicalas, que é o mais alto da região. E, de frente para ele, podemos ver as lindas Dolomitas Friulianas. É legal saber também que são no total 15km de pistas de esqui e mesmo se não nevar tanto assim: eles produzem neve para que a diversão seja garantida. A pista de Varmost – e aqui falando para os esquiadores de plantão – oferece também uma das descidas mais longas da parte nordeste da Itália: são sete quilômetros e 1100 metros de altitude.

Bom, foi pesquisando para contar para você sobre Forni di Sopra que descobri o que esqui cross-country, que é tipo uma modalidade de esqui que se compara a uma “maratona na neve”, ou seja, nele você percorre grandes espaços planos com os esquis impulsionados por bastões. Dizem também que é um dos mais exigentes esportes de inverno, já que tem que te ruma boa resistência física – parabéns para quem pratica!

Então, Forni di Sopra tem também uma pista de esqui cross-country de 13km, imersa em uma paisagem de bosques e clareiras. Por ali podem rolar até competições internacionais da modalidade, legal né? Além disso, rola também ali na cidade patinação no gelo, e outros tipos de excursões na montanha, onde você pode encontrar até cachoeiras de gelo (!), além da possibilidade de passear pelo Parque Nacional Friuliano Dolomitas.

Esportes em Forni di Sopra

Inverno: bom, falando mais sobre os esportes então, óbvio que fui procurar que tipo de esportes de inverno você pode praticar por ali. E aqui estão eles: as pistas cobertas de neve são propícias para esqui cross-country, esqui alpino e snowboard seja lá o que cada uma dessas palavras significa hahahaha. Além disso, também rola diversão para as crianças – sim, crianças já são cheias da malemolência do esqui logo cedo e é super fofo vê-las esquiando.

Verão: e se você pensa que só de neve se fazem as férias na montanha, você está enganado. No verão Forni di Sopra ganha vida para os montanhistas e suas protagonistas se tornam propícias para moutain-bike, caminhadas e diversas outras atividades, com uma ampla variedade de itinerários.

Também rola por ali, segundo o site da região, alguns outros esportes que nós estamos mais familiarizados hahaha sempre falo por mim, gente. E são eles: campos de futebol, de tênis, boliche, patins, patinação no gelo, além de um ginásio para esportes coletivos como volei e basquete. A cidade também desfruta de um centro de bem-estar com saunas, salas de massagens, e hidromassagem. Ou seja, opção não falta, né?

Nossa primeira experiência na neve, em Forni di Sopra
Nossa primeira experiência na neve, em Forni di Sopra

Nossa experiência em uma Pista de Esqui – sem esquiar

Contando um pouco mais então sobre a nossa experiência: foi única. Estávamos super animados com a possibilidade de subir na montanha. Para quem se lembra, não foi a nossa primeira experiência com neve porque fizemos o reconhecimento da cidadania italiana em uma cidadezinha do Piemonte durante o inverno, e nevou MUITO. Mas dessa vez em Forni di Sopra seria a primeira vez que estaríamos na neve à turismo: e acreditem, isso muda tudo.

Bom uma das principais vantagens é que você está ali por causa da neve, e não apesar dela. Então facilita não ter que fazer compras no mercado evitando escorregar na neve derretida, ou ter que lidar com o derretimento e poças de água por todo lado, ou com a neve suja da poeira e poluição das ruas… bom você já entendeu.

Estávamos ali para brincar na neve, literalmente. Então compramos o nosso belo bilhete de ida e volta – atenção aqui, veja qual é o melhor bilhete para você e lembre-se que bilhete “só de ida” significa que você teria que descer esquiando, que absolutamente não era o nosso caso – e subimos. Nesse vídeo que fizemos para o nosso canal no YouTube dá para ver como foi. O teleférico funciona em formato de trilho e os bancos nunca param de girar, então você precisa ficar atento, se posicionar bem, e quando os bancos passarem por você, você senta. Prontinho, já tá sentadinho – muito bem preso, por favor – e já pode curtir a vista.

A subida foi bem íngreme e a gente aproveitou para curtir bem o passeio naquela imensidão branca infinita. Tivemos duas paradas em Vermost, e ambas com restaurantes e pontos de apoio para os esquiadores – que passam por você o tempo todo caminhando ou deslizando, então dê passagem porque eles são prioridade ali.

Pezinhos subindo e descendo de teleférico 🙂

Se der, pare um pouco também para curtir o visual em silêncio. As vezes na empolgação a gente esquece de contemplar: e isso é uma das melhores coisas que podemos fazer quando estamos em contato com uma natureza tão imensa!

Outra coisa importante, fique atento ao horário de descida: não se esqueça que muitas pistas de esqui fecham de tardezinha, porque escurece rápido no inverno da Europa. Isso quer dizer que: o teleférico para de funcionar ANTES do fechamento da pista de esqui – porque a maioria das pessoas são esquiadores, que descem esquiando, e que não vão precisar do teleférico para descer, vero? Pois. A nossa última descida era por volta das 16h30 / 17h. Então nos apressamos para almoçar com calma e para poder curtir a vista tranquilamente enquanto descíamos pelas duas paradas.

O que vestir nas férias na montanha no inverno?

Eu sei que tem gente que pode revirar os olhos nessa parte aqui, mas eu tô considerando que talvez seja a sua primeira vez na montanha no inverno – ou uma das suas primeiras. Então vamos tratar do óbvio – para quem já tem mais tempo de neve.

O inverno na Europa, em geral, é úmido. A neve: veja você, é água. Isso quer dizer que as suas melhores amigas vão ser aquelas peças que vão proteger você do combo: frio + água (neve, chuva) + vento. Dito isso, preciso que você considere então o efeito cebola: a gente aqui se veste em camadas por dois motivos: se proteger do trio de ouro ali, os dito cujos ali que falei, e porque você consegue controlar seu conforto térmico se, de repente, você entrar em algum lugar aquecido e sentir calor para tirar as camadas de cima. Ou também, porque cada peça de roupa tem uma tecnologia e uma função diversa nessa vestimenta.

Não vou me alongar muito nesse discurso (se interessa esse tipo de assunto aqui, avisa a gente), mas lembre-se então que se você quer por na mala, ou até investir, em roupas que vão ajudar realmente você a passar essa temporada na neve, lembre-se de sapatos e casacos impermeáveis, segundas peles (calças e blusas), meias mais grossas, de lã preferencialmente. Lembre também que tecidos sintéticos fazem a gente suar, e se você suar, aquele suor vai ficar preso em você “graças” ao tecido sintético, e aquilo vai congelar você, acredite em mim.

A ideia é: impedir que a água chegue em você com produtos impermeáveis (sapato, calças e blusas, luvas), e se manter aquecido por baixo dessa camada impermeável, e aí entram a lã, o pile (tecido felpudinho), e assim por diante. Espero ter ajudado você a ficar mais quentinho nessa sua aventura, pois acredite: o conforto térmico muda toda a experiência.

Bom, falei tudo isso mas não falei o principal. Como em casa de ferreiro o espeto é de pau: a gente não tinha roupa. Eu e Bruno. Esse macacão belíssimo que estou usando nas fotos foi emprestado pela nossa amiga, assim como o meu tênis. Bruno conseguiu emprestar um tênis também. E foi isso que nos salvou. Então, fica aqui o meu apelo: não faça como nós.

O que mais tem para fazer em Forni di Sopra?

Comer! Pois sim, não ignorem se puderem a comida da montanha. Ela é mais pesada, para ajudar você a aguentar o frio: mas absurdamente deliciosa. Uma das iguarias que adoramos em Forni di Sopra foi o frico um queijo típico da região de Friuli Venezia Giulia, e que comemos várias vezes por ali. Além disso, também fomos na tradicional polenta, também muito servida por ali.

Além disso, claro que tem mais! Bom, como estávamos na casa de amigos, acaba que não fizemos o nosso turismo exploratório como geralmente fazemos, para mostrar tudo o que você pode explorar por ali. Mas como a gente aqui não te deixa na mão, vou listar aqui embaixo mais algumas coisinhas que você pode ver se quiser quando estiver em Forni di Sopra.

A primeira delas é visitar o povoado de Cella, ali pertinho. Lá, você vai encontrar a igreja paroquial de Santa Maria Assunta e uma outra igreja dos anos 1500, de San Floriano. Segundo o site da região, nessa segunda igreja, você vai poder conhecer a obra de Andrea di Bortolotto, chamada de “il Bellunello” de 1480, que representa o santo, além de ser decorada com afrescos de Gianfrancesco da Tolmezzo.

Quer mais? Tem mais. Uma outra forma de ver a arquitetura local é ir até a aldeia rural de Andrazza – uma das três aldeias históricas por ali. Você vai poder ver mais exemplos de casas em pedra e madeira, com celeiros e estábulos anexos. Nos entornos dessa aldeia, ainda rola ver os restos de um castelo do século XIII – que está passando por uma restauração, pois passou por um incêndio no fim dos anos 1200.

E por fim, mas absolutamente não menos importante, conheça quando estiver por ali o Rio Tagliamento. É um rio que corre no sentido do Mar Adriático, e é considerado um dos rios mais bonitos do mundo e um dos últimos verdadeiramente naturais, presentes na Europa. Ele corre por 178km das Dolomitas de Friuli Venezia Giulia até o mar, por isso é também chamado de “o rei dos rios alpinos” por ali.

Viagens por Escrito

Esse post faz parte do nosso grupo de blogagem coletiva chamado Viagens por Escrito, cujo tema desse mês foi “Natureza“. Se você quer explorar mais sobre a natureza e tudo que ela tem para nos oferecer ao redor do mundo, veja aqui embaixo as outras matérias super bacanas que o pessoal lá do grupo fez. E para ver todos os posts aqui do Voyajando que já escrevemos para o Viagens por Escrito, clica aqui!



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4 Comentários

  1. Patrícia Veludo

    Já fui algumas vezes a Italia mas sempre no Verão. Depois de ler o vosso post fiquei com imensa vontade devisitar no Inverno e Forni di Sopra parece encantador.

    Responder
    • jenifercarpani

      É verdade que a Itália é mais conhecida pelas praias e destinos de verão. Mas essas férias na neve foram surpreendentes para nós – que crescemos longe de invernos assim tão rigorosos!

      Responder
  2. Barbara Cortat

    Eu sou louca para conhecer as Dolomitas, no inverno elas devem ficar ainda mais lindas. Que vontade de ter amigos que moram em forni di sopra tb!!!

    Responder
    • jenifercarpani

      Hahaha sim, fomos sortudos em poder conhecer esse lugar incrível à convite! A gente super recomenda a cidade, está fora do circuitos mais badalados e ainda tem as Dolomites de cenário!

      Responder

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