Um oásis de tranquilidade e beleza a três quilômetros do centro de Dublin. É assim que o Jardim Botânico (The National Botanic Gardens of Ireland) pode ser definido. Além de ser lar de uma grande variedade de espécies de plantas do mundo inteiro – e das bumblebees, umas abelhas grandinhas – os jardins são famosos por suas icônicas casas de vidro vitorianas, datadas dos anos 1800.
Ah, e o melhor de tudo? Ele fica aberto o ano inteiro (com exceção do Natal) e a entrada para este pequeno paraíso florido é gratuita. Só fique atento aos horários de visitação que mudam de acordo com as estações do ano. No verão, o Jardim Botânico de Dublin fica aberto das 10h às 17h nos dias de semana e das 10h às 18h nos finais de semana. Já no inverno é das 10h às 16h30 todos os dias.
Como chegar no Jardim Botânico de Dublin?
O Jardim Botânico de Dublin está localizado no bairro Glasnevin, a três quilômetros do centro da cidade. Você consegue chegar lá andando, de carro, de bicicleta e de ônibus. Caso opte por caminhar, você levará cerca de 40 minutos. De carro não dá nem 10 minutos, mas vale ressaltar que o estacionamento do Jardim não é grande e é pago (1 euro/hora para as duas primeiras horas, depois 2 euro/hora). Se for de bike, que levará cerca de 20 minutos, não se esqueça que é proibido andar com ela lá dentro. Eles tem um lugar para você prender a sua bicicleta durante a visita. E, de ônibus, quatro linhas passam perto da entrada: 4, 9, 83 e 155. Para saber qual é a melhor para você, sugiro fazer o download do app para celular Moovit ou Dublin Bus.
O que ver no Jardim Botânico de Dublin?
O Jardim Botânico de Dublin reúne uma coleção de aproximadamente 17 mil espécies de plantas de todo o mundo. E se você não é um botânico, biólogo ou qualquer outro profissional – ou amador, por que não? – apaixonado e entendido por este universo, talvez seja interessante para você participar do tour guiado oferecido pelo lugar. Neste passeio, você conhece as principais casas de vidro e jardins enquanto aprende mais sobre a história do lugar que possui cerca de 50 acres de extensão. Os tours saem do Visitor Centre (Centro de Visitantes) e possuem uma taxa para os dias de semana (e é preciso agendar). Aos domingos eles possuem saídas gratuitas, às 12h e às 14h30.
Mas, se você não quer ficar preso a horários pré-determinados ou a dias da semana específicos, o Jardim Botânico disponibilizou ainda, por meio do Guidigo App, áudio-guias para download. O quão legal é isso? Fiquei admirada! É baixar o aplicativo – disponível tanto para iOs quando para Android – e selecionar a rota que você deseja: amarela (yellow), vermelha (red) ou verde (green). Não há custo algum. Você pode fazer o tour da sua casa (link para tour virtual) ou seguir as placas indicativas no Jardim e ir caminhando no seu próprio ritmo.
- Rota Amarela (The Yellow Tour) – dura de 40 a 60 minutos e tem como foco a história do Jardim Botânico, fundado em 1795. Entre seus destaques estão a casa georgiana onde mora o diretor do Jardim e a última rosa do verão (The Last Rose of Summer), que inspirou o escritor irlandês Thomas Moore a compor o poema que leva o mesmo nome. Segue link para download direto do áudio.
‘Tis the last rose of summer
The Last Rose of Summer, Thomas Moore, 1805
Left blooming alone;
All her lovely companions
Are faded and gone;
No flower of her kindred,
No rosebud is nigh,
To reflect back her blushes,
To give sigh for sigh.
I’ll not leave thee, thou lone one!
To pine on the stem;
Since the lovely are sleeping,
Go, sleep thou with them.
Thus kindly I scatter,
Thy leaves o’er the bed,
Where thy mates of the garden
Lie scentless and dead.
So soon may I follow,
When friendships decay,
From Love’s shining circle
The gems drop away.
When true hearts lie withered
And fond ones are flown,
Oh! who would inhabit,
This bleak world alone?
- Rota Vermelha (The Red Tour) – também dura de 40 a 60 minutos, dependendo do seu ritmo. Essa rota leva você até o rio, focando na fauna e na flora no Jardim Botânico. Em especial, pássaros como o gavião-da-europa, (sparrowhawk) e martim-pescador (kingfisher). O áudio-guia aborda ainda a chamada era de ouro do estudo e coleção de plantas, quando espécies provenientes da China tornaram-se popular a Europa. Segue link para download direto do áudio.
- Rota Verde (The Green Tour) – com 12 paradas, explore entre 40 e 60 minutos as casas de vidro históricas do Jardim Botânico (Great Palm Tree House e Richard Turner’s Curvilinear) bem como as plantas exóticas que nela habitam. Como por exemplo, plantas que comem pássaros (e até ovelhas) e árvores sem folhas. Segue link para download direto do áudio.
- The Great Palm Tree House: foi inaugurada em 1884 e, com 20 metros de altura, é a construção mais alta do Jardim Botânico de Dublin. Dentro dela (que foi recentemente restaurada) você encontra uma coleção de plantas tropicais de diferentes partes do mundo, incluindo palmeiras, bromélias e bananeiras.
- Richard Turner’s Curvilinear: Richard Turner foi um célebre ferreiro dublinense. Ele construiu essa estufa em meados de 1849 com ferro fundido, Ela chama atenção pelo seu telhado curvilíneo, daí o nome. Dentro dessa casa de vidro célebre você encontra dois tipos de coleções: na ala ocidental, plantas das montanhas do sudeste da Ásia, e na asa leste estão plantas do hemisfério sul, demonstrando as ligações entre as floras australiana, sul-africana e sul-americana.
as estufas do Jardim Botânico de Dublin (as casas de vidro)
Além das duas icônicas estufas – The Great Palm Tree House e Richard Turner’s Curvilinear – que são premiadas por suas conservadas estruturas, existem mais cinco estufas que dentro do Jardim Botânico que merecem sua atenção. A The Teak House, expõe orquídeas e bonsais; a The Alpine House, que conta com plantas – ta dáááá – alpínias, uma espécie tropical; a The Cactus and Succulent House, que também é bem explicativo, trata-se de uma estufa com cactos e suculentas; The Orchid House, que possui orquídeas, orquídeas das mais variadas cores, tipos e proveniência; e por último, e não menos importante, está a The Victoria Waterlily House, construída em 1854. Ela foi erguida para expor uma sensação da época. Adivinhe só? Vitórias-régias! Sim, a nossa Amazônia se faz presente na Irlanda.
Os jardins
Além das casas de vidro, você encontra a céu aberto alguns jardins que valem a sua visita. Como por exemplo, o Jardim das Sensações (The Sensorial Garden), criado por Joan Rogers em 2002. Ele tem como objetivo aguçar cada um dos sentidos humanos: tato, audição, paladar, olfato e, é claro, a visão. Já o The Rockery foi construído no final da década de 1880 e trata-se de um jardim feito de pedras (rock, em inglês). O Jardim das Rosas (The Rose Garden) é explicativo, né? Tão lindo, me lembrou muito o Rosedal de Buenos Aires, na Argentina. Guardadas suas devidas proporções, é claro! Tem também a Horta (The Fruit and Vegetable Garden), que conta com frutas e vegetais semeados com técnicas de cultivo orgânico.
Além das plantas
Pois sim, voyajante, há algumas atrações no Jardim Botânico de Dublin que vão além das plantas. Em seus 50 acres de extensão você encontra também relógios de sol, diferentes esculturas e exposições permanentes. Vamos a elas?
?What is Life?
Não, não é um erro do blog ou de digitação. Esse é o nome da escultura. ?What is Life? (ou ?O que é Vida?, em tradução literal) é uma escultura que pergunta “onde, quando e como a vida se formou pela primeira vez?”. Profundo, né? Criada por Charles Jencks, a obra une temas como a seleção natural de Darwin e a estrutura do DNA.
Relógios de Sol
São dois relógios de sol dentro do Jardim Botânico de Dublin. O primeiro deles está na frente da The Great Palm Tree House e foi construído em meados do século XVIII. Sua peculiaridade é ter uma escala de tempo graduada em minutos individuais e trazer nomes de outras cidades do mundo, como Bombaim e Rio de Janeiro. O segundo está próximo ao Jardim das Rosas e ao Rio Tolka, e dá as horas de acordo com a sombra projetada do sol, conforme o astro cruza o céu.
Coreto
Sim, existe um coreto dentro do Jardim Botânico de Dublin. Ele foi construído em 1894 e, curiosamente, nunca foi usado com finalidade musical. Segundo informações oficiais, ele serviu como abrigo no sentido literal da palavra: um teto, cobertura. Vai entender, né não?
The Chaintent
Não existe uma tradução para The Chaintent porque é o nome que o jardineiro-chefe, Ninian Niven, deu para a pérgola que ele construiu em meados de 1834.
Socrates
O Gian pediu para salientar aqui que não é o jogador do Corinthians (brincadeira, ele nem viu este texto sendo escrito). Socrates aqui é uma escultura de mármore do filósofo grego que chegou ao Jardim Botânico em 1959 e foi esculpida por William Wetmore Story.
Craobh
Foi esculpido por Gerard Cox em comemoração ao bicentenário do Jardim Botânico. Craobh é a palavra irlandesa para galho. Foi feita a partir de um tronco de um carvalho húngaro.
The Viking House (A Casa Viking)
Foi construído em 2014 pelo mestre artesão Eoin Donnelly e coberto com palha por Peter Compton para marcar o milênio da Batalha de Clontarf em 1014. Mas, por que uma casa viking no meio do Jardim Botânico? Pois bem, vou -tentar, de forma bastante breve – explicar! A cidade de Dublin tem origem viking. Já falei sobre isso no post O que fazer em Dublin, na Irlanda?. Até seu nome vem da palavra gaélica dubh linn, que quer dizer “black pool”, ou piscina preta. É referência a uma área de água escura proveniente do encontro entre o Rio Liffey – que corta a cidade – e o córrego Poddle.
Visitor Centre (Centro de Visitantes)
Embora seja o ponto de apoio dos turistas e visitantes do Jardim Botânico, o Centro de Visitantes também tem sua atração. No caso são 12 porta-retratos feitos por Anna O’Leary que mostram cientistas e inovadores associados ao desenvolvimento da botânica. São eles: Carl Linnaeus, Charles Darwin, Gregor Johann Mendel, Robert Loyd Praeger, David Moore, William Henry Harvey, Augustine Henry, William Robinson, Sir Frederick Moore, Walter Wade, Richard Turner e John Foster.
HIstória do Jardim Botânico
Fundado em 1795, o Jardim Botânico nasceu com o objetivo de promover uma abordagem científica ao estudo da agricultura. Em seus primeiros anos, assuntos como alimentação animal e humana, remédios e tingimento que ganhavam espaço nas pesquisas desenvolvidas por ali. Somente na década de 1830 que esse propósito foi enfim superado pela busca pelo conhecimento botânico – impulsionado pela chegada de plantas de todo o mundo e pelo contato mais próximo com os grandes jardins da Grã-Bretanha.
Regras do Jardim Botânico de Dublin
Antes de tudo, até mesmo do turismo, é preciso lembrar que o Jardim Botânico é uma instituição científica que promove pesquisa. Sua missão é estudar, entender e preservar, bem como compartilhar, o conhecimento sobre a importância das plantas. Só para você ter uma ideia, dentro da coleção do Jardim Botânico estão cerca de 300 espécies de plantas ameaçadas de extinção e outras seis que já não existem na natureza selvagem.
Por isso, para manter o jardim protegido – e impecável – existem regras para visitação. Não são permitidos animais de estimação (com exceção de cães-guias), bolas, piqueniques, corridas, jogging, bicicletas, triciclos, scooters, skates e por aí vai. Essa é uma regra que você vai encontrar nos jardins botânicos de todo o mundo. Ah, e nem instrumentos musicais (sim, isto está bem salientado no site oficial do lugar).
Bônus: The Garden Tearoom
Eu não sei você, mas eu sou do time que para para tomar café em qualquer lugar. A frase “vamos tomar um cafezinho?” é tão natural para mim quanto a luz do dia. E é claro que eu não perderia a oportunidade de indicar o The Garden Tearoom para você, que é o café que fica dentro do Jardim Botânico de Dublin. Quando fomos estava bem cheio e dividimos a mesa com uma senhora e uma criança, e foi tudo bem (alô mundo pré-Covid!). Eles servem em um esquema de “buffet”. Você pega o seu pratinho e pega o que quer comer, pedindo a bebida no final. Fora a vista, né?
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