Óbidos: guia para visitar a vila medieval em Portugal

Óbidos foi o segundo destino da nossa road trip por Portugal e o local escolhido para pernoitarmos durante duas noites – então é válido dizer que conhecemos a cidadezinha cercada por muralhas à tarde e à noite, já que na manhã do primeiro dia estávamos no Palácio de Mafra (que você pode ler mais sobre a visita aqui) e no segundo, no Arquipélago de Berlengas

Localizada a pouco mais de uma hora de Lisboa, Óbidos é também uma ótima opção de bate e volta a partir da capital portuguesa – e por isso, recebe muitas excursões, ficando bastante cheia. A gente acabou curtindo muito mais o lugar depois do anoitecer, quando ficamos com Óbidos só para a gente. E sim, eu sei o quão hipócrita eu estou soando agora. Mas, é verdade. Que turista não gosta de ter o ponto turístico só para você e sem outros turistas?



História e contexto

Mas, vamos começar do começo. Embora Óbidos tenha raízes romanas, ela só ganhou relevância na Idade Média. Foi ocupada pelos árabes durante a sua presença na península Ibérica. Reza a lenda que eles são os responsáveis pelas muralhas que ainda hoje circundam a cidade. Embora elas tenham sido fortificadas depois, no século XII, quando Óbidos foi reconquistada por D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal

No século XIII, D. Dinis ofereceu a vila à rainha Santa Isabel, iniciando a tradição de ser então um Presente das Rainhas – um dote real que fez de Óbidos um centro cultural e religioso privilegiado por séculos. E talvez aí a explicação de porque é tão preservadinha. 

Óbidos, Portugal

Um dos principais pontos de atenção em Óbidos é o seu castelo, hoje convertido em pousada histórica. Ou, no linguajar popular, um hotel de luxo. Quem vê o preço da pernoite ali não imagina que o local foi palco de batalhas, encontros e tantos outros acontecimentos importantes da história portuguesa. Um exemplo? D. João I passou por ali no seu caminho para a Batalha de Aljubarrota (que você pode lembrar do que se trata lá no final da matéria da road trip, não vou repetir a contextualização aqui não. Combinado?). 

No século XX, foi classificado como Monumento Nacional e passou a ser preservado como um dos maiores símbolos da herança medieval portuguesa. Ali do seu ladinho, hoje em dia, acontece uma feira medieval. A gente não esteve por lá nos dias de celebração, mas aproveitamos que estava tudo montado para fazer umas fotos e desbravar os entornos. Foi bem legal e você vai ver mais detalhes aqui mesmo neste texto. Prossiga, por favor.



Nosso roteiro em Óbidos

Não tem como não se maravilhar com as muralhas medievais que circundam a cidade – elas são, sem sombra de dúvidas, a grande atração da cidade. Eu já comentei no texto da road trip que fiquei chocada com o acesso que nos dão a elas, sendo possível subir e descer em diferentes alturas, e grande parte delas não possuir nenhum tipo de corrimão ou cerca. Ao mesmo tempo, é isso que as torna tão legais.  

Mas, resistimos à nossa vontade de subir das muralhas logo de cara. Primeiro, porque eu estava com uma rasteirinha (e eu já estava com dificuldades de andar nas ruas de pedras, não quis arriscar as muralhas e um acidente logo no primeiro dia de viagem. Depois, estava muito quente, então esperamos o sol abaixar um pouquinho. Logo, fomos andando da Porta da Vila até o Castelo de Óbidos. E vou ter que entrar no detalhe de cada um deles. Vamos lá?

Porta da Vila

É a entrada principal de Óbidos e muito provavelmente você vai entrar na cidade por ela. Quando chegamos já no meio da tarde, ela estava bastante movimentada e com artistas de rua ali, usando o eco da estrutura para ampliar suas vozes. Foi bem bonito de ver. Até porque, atrás deles, um oratório de azulejos azuis e brancos datados do século XVIII retratando cenas da paixão de Cristo. O pescoço até dói tentando focar nos detalhes. 

Como pernoitamos na cidade, tivemos a sorte de pegar a Porta da Vila só para a gente de manhãzinha, antes de partirmos para o Arquipélago de Berlengas (segundo dia) e Nazaré (terceiro dia). Então fica aqui mais um motivo para você dormir por lá, hahaha.

Castelo de Óbidos

Andamos pela rua Direita até o Castelo de Óbidos (que é a da esquerda quando você vem da Porta da Vila). Fomos andando e fotografando a cidade, toda charmosa e colorida por flores, até a nossa primeira parada no meio do caminho (e foram três, já te adianto). A primeira foi beber uma Ginjinha de Óbidos no IBN ERRIK REX. 

IBN ERRIK REX

Vou ter que abrir um adendo aqui mas vou tentar não me alongar muito, afinal, já falei sobre a Ginjinha no geral sobre a road trip de Portugal – e se você leu lá, não vai querer que eu me estenda por aqui também, não é mesmo? O que eu quero falar aqui é sobre esse bar, inaugurado como antiquário em 1956, e que mantém seus ares medievais até os dias de hoje. Se você bebe álcool, não deixe de visitar para experimentar a Ginja de Óbidos – uma delícia, tanto que voltamos mais uma vez durante o nosso passeio pela cidade, logo após o jantar. 

NATA LISBOA

A segunda parada foi em um lugar chamado Nata Lisboa. Primeiro, porque queríamos comer algo leve, para ter fome para jantar. Depois, foi o único lugar mais ou menos vazio que encontramos – e tomamos ali um café com pasteis de nata. Preciso fazer um mea culpa e dizer que já era fim de tarde, então não posso esperar que a comida estivesse fresquinha quando o estabelecimento já estava com cara de fechar. Mas, foi isso, já estava com cara de fim de expediente, sabe? Não tinha muita opção no balcão e as poucas que tinham estavam com aquela carinha de fim de festa. O preço praticado ali também acima do que experienciamos durante nossa viagem por Portugal. Mas, de novo, devo ser justa: é colado com o Castelo de Óbidos.

E a nossa terceira e última parada foi no hotel da vez. Hora de trocar a rasteirinha pelo par de tênis – o que facilitou e muito a minha locomoção por Óbidos. 

IGREJA DE SANTA MARIA

E agora é o castelo, Jeanine? Não! Hahahahaha. No roteiro até seria, mas eu não posso ver uma porta de igreja aberta que eu entro. E entramos na Igreja de Santa Maria. E que templo mais lindo. Foi ali que casaram-se D. Afonso V e a Princesa D. Isabel em 1441, quando eram duas crianças basicamente. Coisas que normalizavam na Idade Média, não é mesmo? O lugar é repleto de azulejos e pinturas – e dou destaque aqui à mulher que cantava fado lá dentro, naquela acústica. Foi de emocionar, sinceramente. 

Agora sim, chegamos ao Castelo de Óbidos, que nada mais é do que uma visita externa. Infelizmente (ou felizmente, não é mesmo, pela preservação e tals), o lugar hoje é um hotel de luxo. Então só podemos ver a construção datada do século XII por fora mesmo. 

Tivemos sorte de, na época visitada, estarmos bem próximos ao Mercado Medieval Óbidos, uma feira que, bom pelo nome você já deve imaginar, transporta você para a Idade Média. Tem feira com comes e bebes, encenações de momentos históricos, banquetes, torneios de cavaleiros, danças, figurinos de época e etc. Estávamos em Óbidos no final de Junho, e a feira que estava agendada para Julho, já tinha montado grande parte da estrutura com antecedência. Então entramos nos terrenos ao lado do castelo, tiramos fotos em tronos… Foi legal! Hahaha

Muralhas de Óbidos

Por fim, foi o momento de passear pelas muralhas de Óbidos. Acessamos-as perto do castelo e andamos sentido a Porta da Vila – do outro lado da vila medieval. E legal ver a cidade além fortificação – e a gente sai com aquela sensação de que “fez sentido” já que as vistas do entorno são privilegiadas, logo qualquer um de posse em Óbidos poderia enxergar os inimizados com alguma antecedência. 

Como não possui qualquer tipo de proteção, sugiro andar com batente cautela e bem próximo da muralha. Eu geralmente não tenho problemas de altura, mas fiquei um pouco nervosa em alguns trechos – principalmente quando alguém passava pela gente, já que alguns pedaços não são exatamente largos o suficiente para dois corpos. Também tivemos a ideia de jerico de subir mais. Tem uma parte, bem perto da Porta da Vila, onde você consegue ir além, perto de uma cruz. Mas é uma senhora escada, também sem proteção alguma e mais sinistra que todo o caminho da muralha.

O único lado positivo dessa senhora subida foi poder ver a extensão do Aqueduto da Usseira, localizada fora das muralhas de Óbidos. Pela sua fundação romana, a associação automática com a época é quase que instantânea. Porém, não é bem assim. Foi construído na realidade em 1573 a mando da rainha D. Catarina da Áustria. 

No fim do dia, foi o momento de jantar. Escolhemos a Real Casa do Petisco e foi tudo muito gostoso, da comida ao ambiente – mesmo eles não tendo o atum que eu pedi, hahaha. Acabei comendo um bacalhau e o Gian foi para um risoto de polvo. Ambos os pratos, muito bons. Saímos satisfeitos. 

Aliás, já vou falar do jantar do segundo dia, já que também foi em Óbidos. Nós pernoitamos na cidade duas noites, já que ela nos serviu de base para visitar o Arquipélago de Berlengas no dia seguinte, a partir de Peniche.

Mais uma vez, eu mirei no atum, e o restaurante da vez, chamado Realmente, não tinha. E tá tudo bem. O Gian foi de risoto de frutos de mar e eu de tomate, com bolinhos (pasteis) de bacalhau. Eles estavam muito gostosos. 

E assim termina a nossa aventura por Óbidos, uma das minhas cidades preferidas de Portugal sem sombra de dúvidas. Eu amei e não poderia indicar mais. Novamente, se tiver a oportunidade de dormir por lá, foi uma benção ter a cidade mais vazia – uma experiência super gostosa e que, se conseguir, repetirei com toda a certeza. Porém, meio período é mais do que o suficiente por lá, caso um bate e volta a partir de Lisboa seja o que você pode encaixar no seu roteiro. 

Até o próximo destino! 

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