O que fazer na região do Salento na Puglia, as Maldivas da Itália

Pensar nas Maldivas é pensar em água azul-turquesa, areia branquinha e quase quase a nossa definição de paraíso. Rica em natureza exuberante como a Itália é, com certeza por aqui também haveria algo parecido com essa definição aí em cima, e esse lugar fica no sul do País, e se chama Salento na Puglia.

Como disse ali em cima, o Salento é uma parte da região da Puglia (ou Apúlia, em português), que é banhada por dois mares: o Mar Jônico e o Mar Adriático. E são esses mares que ganham um tom turquesa azulado lindíssimo e que presenteiam os milhares de turistas que enchem suas praias de areia ou de pedras todos os anos com uma natureza única.

Além disso, ter dois mares significa que a região da costa é grande e tem muito o que ver/fazer por ali. O leque de opções é grande: desde praias com areia branquíssima até as comuns praias de pedra. Algumas com um ar mais “selvagem” e outras mais tranquilas. E também tem as praias particulares – que você paga um valor por um período de tempo ou dia para utilizar a estrutura dos chamados “lidos” – e as praias de acesso livre, gratuitas.

Com o objetivo de curtir as praias da Puglia, foi em Lecce que ficamos a maior parte dos nossos dias pela região com o foco, claro, de aproveitar a chamada “Maldivas do Salento”.

Deixei o mapa aqui embaixo para vocês nos acompanharem na viagem e poderem planejar a de vocês. Imaginem o mapa da Itália, a Puglia fica no calcanhar da bota e a região do Salento fica exatamente no salto da bota. Veja que em poucos dias conseguimos explorar um pouco mais a região onde tem as praias mais bonitas – na nossa opinião – da Puglia.


Costa Leste do Salento

Começamos falando da costa leste que é banhada pelo Mar Adriático. Foi por ali que decidimos começar a explorar a região. Então embarcamos no nosso Metapod (nome do nosso carro Yaris, quem nos segue no Instagram já sabe, segue lá!) e seguimos rumo à nossa primeira parada:

Grotta della Poesia no Salento, na Puglia
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Grotte della Poesia

Considerada a “pérola” do Salento. Ao lado dos trulli de Alberobello, talvez seja uma das fotos que você mais vai ver quando pesquisar uma viagem para a Puglia. E a nossa foto aqui embaixo acho que justifica o por quê dessa fama, né? É um lugar lindo, uma das piscinas naturais mais bonitas do mundo e que vale seu check quando estiver pela Itália.

Seu formato único dá a impressão de ser mesmo uma piscina. O mar entra nessa gruta por baixo, ligada por um pequeno canal (que os mais corajosos foram ali explorar). Nós mostramos toda a dinâmica desse dia lá no Instagram do Voyajando mas, basicamente, resolvemos chegar bem cedo – e indico que você faça o mesmo – para poder pegá-la mais vazia. Tem um estacionamento ali perto que pagamos cerca de 5 euros o período. Deixamos o carro lá e pagamos também para entrar no complexo da gruta (3 euros por pessoa).

São duas as prováveis origens do nome “Poesia”, uma delas se refere a uma palavra de origem grega parecida, que significaria “água doce”, em referência a uma fonte que havia no local e que hoje não existe mais. A outra história, é que reza a lenda que uma menina bonita costumava nadar no local, e sua presença despertou a admiração de homens que a olhavam enquanto nadava (achei péssimo e bizarro). Mas enfim, a questão é que sua beleza encantava esses homens e eles compunham versos para ela (bizarro 2).

A presença humana no local, no entanto, é confirmada. Existem inscrições gregas, latinas e até mais antigas, que foram encontradas nos paredões. Por ali também existem os restos da torre do vigia do século XVI, uma mansão com vista para o mar e um santuário (Madonna di Roca), do século XVII.

Depois de toda esse contexto histórico e de admirar bem a paisagem do local, você pode seguir para a gruta em si. Aí as escolhas são duas: você pode admirar o local e se divertir com as pessoas que pulam no buraco, no mar lá embaixo; ou você mesmo pode ir lá e pular. Eu pulei. O Bruno, não. Eu recomendo que você saiba nadar um pouco ao menos e escolha o local mais seguro para pular. Aliás, pulando é o único modo de chegar lá embaixo, porque a escadinha que tem beirando a gruta é só para subir de volta. Pulando ou assistindo, a diversão é garantida.

Praia de Torre dell’Orso

Banhada pelas águas do Adriático, as praias de Torre dell’Orso estavam LO-TA-DAS. Nós passamos só para dar uma olhadinha, mas as praias de areia são bem disputadas por aqui no verão Europeu (existem várias praias de pedras também) e essa é uma delas. Por isso muita gente resolveu aproveitar o dia em Torre dell’Orso nesse dia. A praia já foi premiada pela Bandeira Azul da Europa, por ter uma água transparente e limpa (graças a uma corrente do Canal de Otranto). Tem vááários lidos (tipo beach clubs particulares) para você aproveitar a estrutura, e também há faixas de praia livre (ao meu ver, com pouco espaço).

A baía é grande e existem também as Le due Sorelle, que são pedras que podem ser vistas de um mirante. O cenário é bonito, vale a visita se tiver tempo/vontade. Segundo a lenda, duas irmãs queriam fugir da rotina e se aventuraram ao mergulhar do penhasco para o mar que estava agitado no dia. Elas não conseguiram chegar então à costa e os deuses, movidos pela compaixão, transformaram elas nessas duas pedras para que ficassem ali juntas.

Otranto

A nossa ideia era continuar seguindo pela costa mas a previsão era de chuva para o período da tarde. Então resolvemos conhecer a cidade de Otranto. E que escolha acertada! Também situado na costa adriática, Otranto é a cidade mais oriental – ou mais à leste – da Itália. Estima-se que o local é habitado desde os tempos do paleolítico e foi povoada por uma linhagem descendente de gregos. Foi inclusive conquistada por gregos durante um tempo até ser passada para as mãos dos romanos mais tarde.

Toda essa influência, claro, está por ali para ser visitada e dependendo até escutada – já que o dialeto otrantino tem palavras de origem grega ainda hoje. E foi uma agradabilíssima surpresa andar pelas ruazinhas de Otranto. Deixamos o carro em um estacionamento mais ou menos próximo da entrada principal da cidade e caminhamos até ela, entrando pelas muralhas e explorando tudo por ali a pé.

Andar pela cidade já é super bacana, você vai passando pelos pontos principais e acha tudo bem fácil a pé. Nós não tínhamos nenhum roteiro programado por ali, mas me parece que entrar no Castello Aragonese pode ser bem bacana (nós não entramos, quem sabe em uma próxima?). Também por lá conhecemos a Basilica bizantina di San Pietro. Rodamos toda o centrinho histórico a pé e ainda aproveitamos para tomar um bello gelatto enquanto admirávamos a paisagem do mar adriático, as pessoas se divertindo um na praia urbana e as várias lojinhas cheias de artesanato. Depois disso, resolvemos seguir viagem e voltar para Lecce no fim da tarde.

Quando chegamos em Lecce no fim do dia, jantamos por ali em um restaurante que reservamos pelo The Fork (se for reservar pela primeira vez no aplicativo, usa o código 8258C6DC para se inscrever e você ganha 20 euros para usar no app).

Otranto na região do Salento na Puglia é uma cidade que vale conhecer


Costa Oeste do Salento

Hoje foi dia de pegar o carro e seguir para a costa oeste do Salento. Conhecemos primeiramente a Praia de Ponta Prosciutto e amamos. Primeiramente porque era de areia (sim, isso é um ponto positivo por aqui, não se esqueça), e depois porque tinha um mar super calmo e a praia livre. Caminhamos um pouco por ali e seguimos para Porto Cesáreo, onde rodamos um pouco pelo centrinho antes de almoçar por ali mesmo em um restaurante que encontramos e que nos serviu um menu degustação super delícia (fotos aqui embaixo).

Porto Cesáreo

A cidade faz parte da província de Lecce, onde nos hospedamos, e fica a cerca de 30km da cidade. Por ali também passaram os romanos, porém desse período não restaram muitos vestígios na cidade além de colunas de mármore, imersas no mar. Não por isso é menos interessante! Porto Cesáreo foi invadida por piratas e isso deixou a cidade completamente abandonada por muito tempo, até que por volta dos anos 1000, monges construíram uma abadia e por ali permaneceram até o século XV.

A cidade era ainda usada como porto para o comércio de petróleo e trigo (sentido Sicília) e por isso sentiram a necessidade de construir torres costeiras para protegê-la (Torre Cesarea, Torre Lapillo e Torre Chianca – havia mais uma, mas foi demolida durante a Segunda Guerra Mundial).


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Gallipoli

Saindo de Porto Cesáreo, pegamos estrada e chegamos em Gallipoli, que era nossa próxima parada. Estava tão quente que não conseguíamos andar na cidade histórica e conhecê-la como se deve – ou como gostaríamos. Chegou um momento em que desistimos, e chegamos até a entrar no mar e ficar um pouquinho ali na praia urbana – não é linda, mas resolveu a questão do calor. Ficamos por ali um tempo e depois seguimos no carro de novo, pois havíamos um outro destino para ver o pôr-do-sol.

A cidade fica a beira do mar Jônico e é dividida em duas partes por uma porte que separa o centro histórico e a parte moderna da cidade (onde conseguimos lugar para deixar o carro). Caminhamos por essa ponte e chegamos à ilha onde está a parte histórica, ainda com suas muralhas de defesa ao longo de 1,5km com o intuito de defender a cidade dos ataques inimigos que poderiam vir do mar.

Se você tiver mais sorte que a gente em termos climáticos, hahaha, ou estiver visitando a cidade em um clima mais ameno, pode conhecer a Catedral de Santa Agata, a Igreja de Santa Maria degli Angeli e até uma fonte grego-romana.

Santa Maria di Leucca

Essa deixamos para o fim do dia seguindo a indicação de um amigo. Ele viu o pôr-do-sol por ali e nos contou que é inesquecível – e foi mesmo. Por isso repasso com alegria essa dica para você. A cidade de Santa Maria di Leucca é um pouquinho mais longe de Lecce (cerca de 70km), mas vale a visita mesmo assim. Chegando na cidade de carro, o lugar para onde o GPS deve te levar é para a Basílica e o Farol da cidade.

Com quase 50 metros de altura, o farol está localizado junto com a basílica em um ponto alto da cidade, a 102 metros acima do nível do mar. A cidade fica logo abaixo e ali conseguimos “ver” os dois mares: a união do Adriático (a leste) e do Jônico (a oeste).

Além de um ótimo lugar para ver o pôr-do-sol e admirar a vista (chegue cedo porque fica cheio no verão, e fique atento ao horário que o sol vai se pôr nesse dia), a cidade também tem história pra contar. Reza a lenda que foi por ali que o apóstolo Pedro chegou nas terras onde hoje é a Itália, e depois seguiu para Roma para fundar a igreja. Inclusive a coluna no meio da praça da Basílica, erguida em 1694, também celebra a passagem de São Pedro por ali.

E foi praticamente ali que encerramos o nosso turismo pelo Salento já com a promessa de voltar! No dia seguinte voltamos para a praia de Ponta Prosciutto (não falei que havíamos gostado?), com o intuito de curtir um pouco mais o verão, o calor e a praia. Já contei um pouco mais dessa experiência por aqui no blog.


A parte do Salento acabou mas ainda tinha mais viagem pela frente. Depois de passar um dia descansando na praia de Ponta Prosciutto, nos preparamos para seguir viagem e conhecer nosso segundo destino na Puglia: Polignano a Mare e região. Mas essa história fica para o nosso próximo post! Então já segue a gente aqui e fica de olho!


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