O que fazer em Zadar na Croácia?

Como comentamos no post inicial da Croácia, tivemos bastante tempo para aproveitar cada um dos destinos que fomos e em Zadar não foi diferente. Ficamos cerca de 5 dias por lá – e foi muito – mas pudemos fazer com calma os passeios e também tivemos um tempinho para descansar e trabalhar aqui no blog. Ainda deu para fazer um bate-volta inesquecível até Split (que conto no próximo post). E hoje falaremos sobre o que fazer nessa cidade.

Localizada na região da Dalmácia – a mais visitada do País – Zadar é uma cidade litorânea “típica” croata, com praias de pedras, águas verdes translúcidas, ilhas e um centrinho histórico super charmoso.

Preparados para conhecer Zadar com a gente? =)

Tivemos a sorte – ou o azar, depende do ponto de vista – de conhecer a cidade MUITO tranquila, bem diferente da agitação que deve ser nos meses de alta temporada, leia: verão. Talvez por isso, alguns pontos turísticos estavam fechados e também algumas lojinhas e restaurantes que ajudam a dar o charme ao lugar não estavam funcionando.

Ainda assim Zadar é cheia de surpresas. E andar pelas ruazinhas despretenciosamente é um presente à parte que geralmente as cidades medievais dão aos visitantes que escolhem sair do circuito principal e deixar-se percorrer e se “perder” nas suas vielas.



Como chegar em Zadar?

Seguindo nosso roteiro, chegamos à Zadar de carro, após visitar o Parque Nacional dos Lagos Plitvice. A estrada de Jezerce – cidade onde estávamos hospedadas para ir ao parque – até Zadar foi bem tranquila, cheia de curvas suaves e muita paisagem bonita. Aliás o cenário é de encher os olhos! No finzinho da viagem, pegamos uma rodovia pedagiada onde usamos cerca de 24 kunas (ou aproximadamente 3 euros) para chegar ao nosso destino final.

Além da opção de chegar de carro, você pode ir à Zadar por avião (a cidade tem seu próprio aeroporto), barco ou ônibus. A cidade está conectada com toda a Europa e o mundo. Com cerca de 70 mil habitantes, Zadar oferece para o turista muitas opções de hospedagem, principalmente fora do centro histórico, e é a porta principal que liga Zagreb ao famoso litoral Croata.

Hospedagem em Zadar

Se puder ($$$) dê preferência para se hospedar próximo ao centro histórico, onde provavelmente você fará todos os passeios. Nós não ficamos tão próximas de lá e tivemos que usar o carro (cerca de 15 minutos) para chegar à Old Town.

Fizemos nossa reserva pelo Booking e, por uma questão da proprietária, não pudemos ficar no apartamento que havíamos alugado – ficamos sabendo disso só na véspera. A própria dona nos sugeriu um outro imóvel que ela tinha disponível e acabamos aceitando a mudança, então acabamos ficando ainda mais longe do que o previsto (mas ela foi fofa e no início da estadia nos deu um vinho e umas bolachinhas com chocolate maravilhosas). A sorte é que estávamos de carro e há um estacionamento próximo à entrada da cidade velha que custa cerca de 2 kunas a hora no inverno, foi lá que deixamos o carro nos dias de passeio.



História de Zadar

A história de Zadar é imensa e remonta há três mil anos, quando foi mencionada pela primeira vez como um povoado. Foram muitas e diferentes fases que a cidade passou. A cidade, localizada na costa leste do lindo Mar Adriático, possui igrejas, ruazinhas e ruínas que revelam a antiguidade em cada pedacinho do centro velho. Por isso se você gosta de história, senta, que lá vem história! Rs..

Cerca de 2,7 mil anos atrás, Zadar era um importante porto por onde passavam inúmeras viagens comerciais. Por ali moravam os liburnos, um povo que era famoso por serem marinheiros, e que se tornariam, mais tarde, os principais construtores do exércíto do Império Romano, que controlava o Mediterrâneo. Essa aliança com Roma foi ótima, porque manteve a área norte da Dalmácia sob o controle dos liburnos – que corriam perigo por conta das invasões gregas e dos dálmatas vizinhos. Durante esse período, houve a urbanização de Zadar, construindo inclusive o Fórum de Zadar – onde hoje podemos visitar suas ruínas.

Coloque Zadar, na Croácia, no seu roteiro pelo país

Já na Idade Média, Zadar se transformou no município livre mais importante da Dalmácia no Império Bizantino, com força e desenvolvimentos comparados à Veneza, com quem disputou continuamente várias guerras – a vizinha, hoje italiana, não via com bons olhos o crescimento e a importância de Zadar. Mais tarde (1409), no entanto, Zadar acabou sendo vendida para Veneza, e passou a ter um desenvolvimento controlado. No final do século XIV que a Ordem dos Frades Pregadores fundou a primeira universidade da Croácia por ali. A situação muda entre os séculos 16 e 17, quando a cidade ganha um novo sistema de fortificações e paredes, se tornando a maior cidade-fortaleza da República de Veneza, para se proteger do crescimento do Império Otomano.

A partir daí, as mudanças de poder foram cada vez mais rápidas. Com a queda de Veneza no fim do século 18, a cidade é anexada à Áustria. E, 1806, a cidade fica sob o domínio da França de Napoleão, que em sete anos de domínio, buscaram mudar significativamente a realidade da Dalmácia. Com a queda de Napoleão, o exército austríaco volta à cidade, governando e desenvolvendo a cidade até o final da Primeira Guerra Mundial.

Após o fim da primeira guerra, Zadar é anexado à Itália e só no fim da Segunda Guerra Mundial – após ser destruída por bombardeios da guerra – a cidade passa a fazer parte da Croácia – ou seja, da Iugoslávia na época, que reconstrói totalmente a cidade e industrializa seus arredores.

A partir de 1991, Zadar finalmente passa a fazer parte da República da Croácia, formada após a Guerra da Independência e separação da Iugoslávia.

Veja mais da história de Zadar no site oficial da cidade.

Pontos turísticos

Com tanta história, claro que o Old Town de Zadar é um museu a céu aberto. Andar pelas ruazinhas é um passeio mesmo se você não vai conhecer nenhum ponto turístico diretamente. Tem ruínas romanas, tem muralhas, tem igrejas e ainda tem monumentos modernos, como é o caso do painel solar que se ilumina à noite e o órgão do mar.

YouTube video

Ah, mais uma coisinha. A ordem dos pontos turísticos a serem visitados depende muito do portão por onde você adentrou na cidade velha. Mas você percebe por ali que tudo é muito perto e muito tranquilo de fazer a pé.

Zadar tem bastante coisa para fazer, mas é tudo muito rápido de ser conhecido. Poucos dias na cidade – tem gente que recomenda apenas um ou dois, vai do seu ritmo de viagem – são o suficiente para conhecer praticamente tudo. Aqui embaixo, listamos os pontos turísticos que conseguimos visitar – alguns estavam fechados por conta do Covid-19 e/ou da temporada de outono/inverno deles (visitamos a Croácia em outubro de 2020) – e alguns outros, para que você possa se planejar antes de ir.

O clima de meia estação estava ótimo para conhecer a cidade – mas não tão bom para as praias e ilhas

Muralhas de Zadar – Muraj

Como dissemos ali em cima, as muralhas de Zadar protegeram a República de Veneza dos ataques de invasores, fornecendo um refúgio seguro para quem morava ali. Foram construídas nos séculos 12 e 13, e reforçadas no século 16. Desde 2017, as famosas muralhas Muraj são parte do Patrimônio Mundial da UNESCO como bem cultural.

Junto às muralhas, foram construídos três portões. Um deles é o famoso Portão do Continente, ou Portão do Leão, ou Land Gate – o croata é uma língua muito distante da nossa, então a impressão que tivemos nessa viagem é que as pessoas traduzem de várias maneiras, rs.

Portão do Continente

Foi por esse portão que entramos na cidade velha. Deixamos o carro em um estacionamento ali pertinho, que custou cerca de 2 kunas a hora (no outono/inverno o estacionamento é mais em conta), cruzamos o parque e chegamos à Foša (não me pergunte a pronúncia), rs. Que é um porto municipal de Zadar que também virou um dos símbolos da cidade – e vai da Universidade de Zadar até ao Portão do Continente.

Aí surge ele: o imponente Portão do Continente, considerado uma obra-prima da arquitetura renascentista, construído em 1543. Erguido acima do nível do mar, possui a figura esculpida de San Grisogono a cavalo e um leão de San Marco, o brasão de armas que é símbolo da República de Veneza.

Praça Petar Zoranić

Pertinho da entrada do Portão do Continente e das muralhas está a Praça Petar Zoranić, que leva o nome de um famoso poeta e romancista da Renascença. Percebemos que por ali rolam alguns eventos e shows da cidade – provavelmente no verão, porque no inverno o que estava rolando mesmo é o fervo habitual do café da manhã dos croatas (vai ter matéria disso aqui, fiquem ligados).

Ali dá para ver alguns resquícios romanos, como uma coluna romana (encostadíssima em um dos cafés da praça), e também ruínas abaixo do nível do chão, que podem ser vistas por meio de vidros.

Praça dos Cinco Poços

Do ladinho da praça Petar aí de cima está a Praça dos Cinco Poços. Da época do renascimento, ela está rodeada pelas muralhas medievais e pela Torre do Capitão – essa com 26 metros de altura. Do outro lado, há a entrada para um parque da cidade.

Essa praça foi construída em 1574, durante um cerco do Império Otomano. Nesse local foi construída uma grande cisterna para água potável, com cinco poços. Partes do aqueduto que traziam a água diretamente de um lago chamado Vrana, também foram preservadas.

Piazza del Popolo

Resumidamente: a praça do povo. Essa praça é importante para Zadar desde o período medieval pois é o centro da vida pública – e atualmente, é também o centro da administração da cidade com a prefeitura. É ali que as pessoas se reuniam para discutir os assuntos mais importantes da cidade. Já o relógio da torre que você pode ver em um dos lados da praça, foi construído em meados do século XVI e opera continuamente desde 1803.

Dali da Piazza del Popolo também você consegue ir em todas as direções da cidade velha, seguindo pela Kalelarga, para a costa, para a praça dos cinco poços ou para o mercado de peixes.

Kalelarga

É a principal rua do centrinho histórico – e ela é a principal rua desde os tempos antigos! Você encontrará ela facilmente, vai por mim. Passamos por ela várias vezes indo e voltando. Pode ser conhecida também como Via Magna, Strada Grande ou, em croata, Široka ulica. Aqui também estava o ‘fervo’ noturno quando visitamos a cidade histórica à noite e vários cafés ao ar livre, onde os croatas se reúnem para tomar um bom kava e conversar.

Fórum Romano de Zadar

Assim como aconteceu em Roma, senti que precisava de uma boa imaginação para entender melhor o que foi o Fórum Romano de Zadar, hahahaha. Mas ainda assim, nas ruínas, é possível ver a divisão dos espaços – que hoje são usados para as crianças brincarem e escalarem a exaustão (@jeaninecarpani disse que sempre que olhávamos, tinha uma criança brincando nas ruínas romanas, rs).

Inscrições de pedra mostram que o Fórum de Zadar foi fundado pelo imperador romano Gaius Julius Caesar Octavian no século III, quando a construção foi concluída. Desde o século I a.C., os soldados romanos, religiosos e oficiais da República e do Império, se reuniam ali na antiguidade.

Igreja e Convento de Santa Maria

Praticamente na frente do Fórum Romano, ao lado do Museu Arqueológico, está a Igreja e Convento de Santa Maria. Com três naves, a igreja foi construída em 1091, no início do estilo romântico – assim como sua torre de sino. É possível visitar uma Exposição Permanente de Arte Sacra – Ouro e Prata de Zadar, dentro do convento (nós optamos por não fazer esse passeio), que possui cerca de 200 objetos que datam do século 8 ao 18.

Igreja de San Donato

Essa é fácil de reconhecer. Chegando na área do Fórum Romano, você consegue ver a igreja redondinha no cantinho. Pagamos 20 kunas para fazer a visita à esse local que, de igreja, hoje só tem o nome. Há um tempo ela perdeu a sua função “sacra”, e durante um bom tempo (do fim do século XIX até 1954) ela foi usada até para abrigar o Museu Arqueológico de Zadar. Depois, graças às suas excelentes características acústicas, hoje é utilizada para apresentações musicais.

Construída no século IX, seguindo a arquitetura bizantina, a Igreja de San Donato era dedicada originalmente a SS. Trinità, mais tarde passou a ser chamada de San Donato, em homenagem ao bispo que foi responsável pela sua construção.

Catedral de Sant’Anastasia

Essa catedral é super bonita por fora e também bem legal por dentro. No primeiro dia não pudemos visitá-la internamente – e até agora não sabemos porquê – mas foi bacana poder conhecê-la depois. O edifício é no estilo romântico, e foi visitado por dois papas: Alexandre III (1177) e Papa João Paulo II (2003), que reverenciaram a mártir Santa Anastasia, à quem a igreja é dedicada.

A catedral foi construída duas vezes, nos séculos XII e XIII. A basílica inicialmente foi dedicada à São Pedro, o apóstolo, mas no início do século IX, o bispo de Zadar, Donato, recebeu relíquias da mártir Santa Anastásia, foi quando a igreja recebeu o seu nome.

Riva

Em paralelo à Kalelarga está a Riva de Zadar, um nome que você vai ver em várias cidades litorâneas da Croácia. É a orla deles. A Riva da cidade histórica de Zadar vai da Universidade de Zadar até um pouco depois do Greating the Sun, ou seja, é bem grandinha. Dizem que no verão fica cheia, com o pessoal apreciando as cores do mar e um por do sol de tirar o fôlego.

A origem dessa Riva é de meados de 1868, quando a cidade já estava sob o domínio do império austríaco, e perdeu o estatuto de cidade fortaleza. Em seis anos as muralhas da cidade foram derrubadas por ali, e Zadar começou a se abrir para o mar, ganhando a partir do século XX edifícios, cais para navios de passageiros, parques e passeios públicos.

Ah, e pelo que pesquisamos, no verão- além de ser mais agitada – também é possível partir da Riva para conhecer algumas ilhas e o mar aberto.

Saudação ao Sol

Aqui está um dos símbolos da Zadar moderna ao lado da antiga. Na ponta da península, o The Greating to the Sun é fácil de ser encontrado e foi o motivo de voltarmos à cidade antiga à noite. Já tinha visto na internet e em vídeos no Youtube essa moderna instalação, mas ao vivo foi diferente. Fomos durante o dia conhecer os 300 painéis com múltiplas camadas de vidro que formam um círculo com diâmetro de 22 metros. Até aí, beleza. Durante o dia, ele coleta a energia do sol, mas é a noite que a coisa se transforma.

Quando escurece, ele passa a consumir em forma de eletricidade, a energia que ele coletou durante o dia para se transformar em cores e desenhos. É bem bonito de se ver, as projeções e luzes vão mudando conforme passa o tempo em uma espécie de uma “dança”. Ao fundo, você escuta o som produzido pela outra atração turística ali daquele lugar: o Órgão do Mar.

Órgão do Mar

Esse fez sucesso no nosso Instagram (segue a gente lá, mostramos tudo o que acontece nas nossas viagens em primeira mão)! O Órgão do Mar é uma mistura de arquitetura e música que resultam em um ponto turístico memorável. Localizado pertinho da Saudação ao Sol, é simplesmente um órgão tocado pelas ondas do mar.

Composto por 35 tubos de vários comprimentos, diâmetros e inclinações, que se estendem por cerca de 70 metros na costa de Zadar, o Órgão do Mar produz o som conforme as ondas e marés batem nos tubos. O resultado é lindo e muita gente senta nos degraus ali da estrutura para apreciar o mar e ouvir a sua “música”.

Museus de Zadar

No site de turismo de Zadar (link aqui) você pode ver melhor quais são os museus da cidade e escolher se quer visitar algum e qual/quais. Nós optamos por, dessa vez, não irmos a nenhum museu de Zadar. Até porque, em um dos nossos dias livres e sem chuva, fomos até Split em um bate-volta que contaremos no próximo post.

Ainda assim, a cidade tem opções bem bacanas para serem visitadas, como o Museu Arqueológico, o Museu Nacional e o Museu da Cidade de Zadar. Há também algumas atrações que podem ser encontradas em outras cidades da Europa, como o Museu das Ilusões. E outros como museu de vidro, do ouro e da prata e muito mais. Confira todas as opções aqui.

E essa foi a nossa passagem por Zadar que, apesar de muitos verem a cidade apenas como a porta de entrada do litoral e/ou passagem entre Zagreb e as cidades litorâneas mais famosas, nós gostamos bastante de fazer base aqui e conhecer um pouco mais e com calma o centrinho histórico. Também achamos bem viável nosso bate-volta para Split partindo daqui, apesar de achar que a cidade de Split merecia um tempinho maior.



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