Bate e volta de Galway: excursão de 1 dia por Connemara e Abadia de Kylemore

Existe um núcleo aqui no Voyajando Blog que é fã das excursões – vou falar de Connemara e Abadia de Kylemore depois dessa introdução mais ou menos, juro! Se você acompanha a gente há algum tempo já sabe qual é a dupla adepta aos tours. E se chegou agora já deduziu por meio desta introdução bem mais ou menos que estou falando de mim mesma (Jeanine aqui, prazer!) e de Gian (aka marido). Já falei em alguns momentos quais os motivos que nos levam a optar pelo ônibus de turismo ao invés de aluguel de carros em diferentes ocasiões. Mas, dessa vez, a estrela do post é a região de Connemara e a Abadia de Kylemore, no oeste irlandês. E, dessa vez a excursão foi a partir de Galway.

Mas, antes, onde você escolhe as excursões?

No Get Your Guide. Sim, resposta é bem simples. O Get Your Guide é uma plataforma que reúne diversos operadores de turismo e por lá você encontra muitos tipos de tours e de diferentes preços. Por mais que o app (tem website também, caso não queira fazer o download no seu celular) seja um parceiro do Voyajando, isso aqui não é um publi. Eu sou usuária do Get Your Guide muito antes do blog existir. Eu usei ele na Islândia, por exemplo, durante a Eurotrip, aquela viagem de 35 dias que eu e o Gian fizemos para encerrar o nosso intercâmbio na Irlanda em 2018 (e você pode ler mais sobre essa experiência aqui).

A excursão da vez não foi diferente. Eu já estava indo para Galway, no oeste irlândes, de qualquer jeito para prestigiar o casamento de uma amiga (salve, Su!) e já estendi a minha estadia – ó o trocadilho ruim – para o final de semana fazendo então o tour para Connemara e Abadia de Kylemore no sábado e andando pelo centrinho de Galway no domingo. À noite, pegaríamos o ônibus então de volta para Dublin, nossa casa.

Conne, quem?

Connemara – ou Conemara – é uma região à “noroeste” do condado de Galway, no oeste da Irlanda, reconhecida por suas belezas naturais. E por que as aspas, Jeanine? Porque para muitas pessoas não existe muito bem uma delimitação geográfica de onde começa ou onde termina Connemara. Só se sabe que é ao Oeste e que fica na costa da Ilha Esmeralda banhada pelo Oceano Atlântico. E que Connemara vem do gaélico Conmahaícne Mara, que é grosseiramente falando a terra de um cara chamado Con Mhac, um líder de um clã que vivia por ali perto do mar.

Conemmara é hoje a maior região da Irlanda a falar gaélico e foi descrita pelo escritor irlandês, Oscar Wilde, como uma beleza selvagem. Uma referência às belezas naturais do local. Uma espécie de beleza natural em todo o seu esplendor. E, olha, ele não estava errado.

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De Galway: Connemara e Abadia de Kylemore

É, voyajante, o nome do tour escolhido para o dia é De Galway: Connemara e Cong em 1 dia. Com 8 horas de duração, o ônibus saia às 10h da manhã de um ponto de encontro localizado ao lado da Eyre Square, no centro de Galway. E mais detalhes sobre essa praça você encontra nesta matéria aqui, com as principais atrações da cidade, que escrevi na outra excursão que eu fiz, em 2018, a partir de Dublin. Desta vez, cada ingresso foi € 35. Ah! E compre-o com antecedência pelo Get Your Guide ou a forma que achar melhor. Quando chegamos no ponto de encontro para pegar o nosso ônibus percebemos que a cidade estava lotada (afinal era Julho, ápice do verão europeu) e o nosso ônibus foi cheio-cheio, com pessoas que chegaram “um pouco depois” e que tiveram que sentar separadas do seu grupo dentro do transporte.

E importante dizer que os tickets não estão inclusos no valor da excursão – que pensando bem deveria se chamar Connemara e Abadia de Kylemore. Por fazer parte de uma, você compra os bilhetes com valores reduzidos, mas mesmo assim existe um valor a mais. O ingresso para a Abadia de Kylemore, por exemplo, é de €15 por pessoa no site. Na mão do motorista – que aceitava cartão – nos pagamos €12, cada.

E como chegar em Galway?

Dessa vez fomos para Galway de ônibus – embora o trem também fosse uma possibilidade. O tempo de viagem com ambos é parecido, 2 horas e 30 minutos, mas escolhemos o ônibus porque o ponto de embarque nos era mais prático do que irmos até a estação de trem – fica ali perto do Rio Liffey, mais especificamento no Aston/Crampton Quay. Viajamos com a companhia Citylink e compramos os bilhetes com antecedência pelo site. Dica: sai mais barato do que comprar direto no ônibus, uma economia de cerca de €4 por bilhete! Pagamos €25 para o ticket de ida e volta. Fomos na sexta-feita de manhã e voltamos no final da tarde do domingo.

Bônus: o nosso café da manhã

Como o tour começava às 10 horas, eu tinha tempo para tomar um belo café da manhã antes de ir para o ônibus. E, na verdade, eu recomendo você ter uma alimentação reforçada (se você não é desses que passa mal em ônibus de viagem, claro) antes do tour começar. Isso porque o tempo é sempre um grande empecilho durante as excursões. Temos o tempo contado em cada uma das atrações e “perder tempo comendo” por ser um tiro no pé dependendo o quão cheio ou o quanto de fila se tem em cada lugar. Isso é geral, tá bom voyajante? Nessa viagem em específico, tanto na Abadia de Kylemore quanto no vilarejo de Cong a gente encontro muitas opções de comida.

Ah, e não adianta fazer aquela mochila da alegria para viajar não, viu? Esses tours não permitem que você coma dentro do ônibus. Alguns motoristas implicam até com café. Então, fica aqui a dica amiga para você não se frustrar. Você pode, é claro, fazer o seu piquinique no lugar de destino. Só dentro do veículo em movimento que eles pedem sempre para não consumir comes e bebes.

Já me alonguei demais em um tópico que seria apenas para falar onde tomar café da manhã em Galway. Na real-real, porque eu não sou de enganar você, a gente tomou café da manhã neste lugar no domingo, e não no sábado que foi o dia da nossa excursão. Mas é que eu não recomendo o lugar que eu fui no sábado. Estava cheio, a comida demorou, não estava incrível e eu achei custoso – e isso para alguém vindo de Dublin é muita coisa. Acredite. Mas, para fazer uma mea culpa, é importante dizer que os estabelecimentos abrem tarde para os meus padrões de fome. São poucas as cafeterias abertas antes das 9h da manhã. Então, como o tour começa às 10h, fica muito pouco tempo para margem de erro e eu não confio (sou a doida da hora). Logo, fique atento a este pequeno e importante detalhe.

O Jungle Cafe, que fomos no domingo então, é um desses casos. Ele abre entre 8h30 e 9h e, acredite, fomos uns dos primeiros a entrar e, em poucos minutos, o lugar já estava cheio. Acredito que tanto os “locais” quanto as pessoas que, assim como eu, viram que no Google o lugar conta com boas resenhas e uma boa avaliação, vão para lá. Eu pedi o overnight oats e o Gian foi de ovos mexidos com salmão, junto com um scone – que ele é meio viciado. Foi um banquete. Os pratos estavam muito gostosos, assim como é a atmosfera do lugar.

As principais atrações da excursão

Kylemore Abbey

Era uma vez um homem chamado Mitchell Henry que, após visitar a região de Connemara e se apaixonar por ela, decidiu construir um castelo para o amor da sua vida, sua esposa Margaret, chamando o novo lar de Kylemore Abbey. Não é preciso dizer que ela também se apaixonou pelo lugar e os dois viveram felizes para sempre cercados de uma paisagem verde estonteante e um belíssimo lago. Mas, o felizes para sempre de ambos foi, infelizmente, curto. Margaret ficou doente e morreu logo depois.

Apesar de sua morte, Mitchell manteve Kylemore funcionando. Ele criou um grande jardim e encheu-o de plantas provenientes de todo o mundo, construiu uma igreja em homenagem à sua amada e comissionou artistas para adornarem os cômodos de seu castelo. A Abadia foi tornando-se assim um lugar cada vez mais luxuoso e começou a atrair muitos visitantes com o passar dos anos.

Sem Margaret por ali, a Abadia de Kylemore foi convertida em uma escola de garotas, que funcionou de 1920 até 2010. Desde então a construção está nas mãos da ordem Beneditina, que agora utiliza novas instalações para os seus afazeres diários e deixa a abadia, a igreja e os jardins totalmente para fins turísticos. Que sorte a nossa!

Fim.

Brincadeira. Vamos aos detalhes?

A abadia

A visita começa com uma pequena exposição – de uma sala só – sobre a comunidade Beneditina que existe por ali. Na próxima sala já “entramos” no castelo de vez e ali nos é apresentada a história de Mitchell e Margaret, e podemos visitar os principais ambientes da casa – ambientada como vivia a família ali no século XIX. É legal dizer que o enfoque não é apenas na história de amor um tanto quanto trágica da abadia. Por ali percebemos que Mitchell Henry era um homem respeitado – apesar de inglês – em Connemara como um todo. Afinal, a construção de seu singelo “presente” mobilizou diversos trabalhadores, homens e mulheres, da região e continuou a mobilizar, após de pronta, porque era uma fonte de empregos. Até o guia do ônibus falava com respeito do homem.

É bacana destacar que Mitchell era um mercador (fica forçado demais usar a palavra empresário, hahaha) muito rico – eu sei que você já imaginava pelo tamanho do local. Mas não é só isso. A residência foi construída com todas as modernidades possíveis na época. E durante a visita, que é auto guiada, a gente vai lendo sobre elas e imergindo um pouco sobre o estilo de vida dessa família no século XIX. É bem interessante!

A igreja

Por fora ela não parece muita coisa, apesar de seu estilo gótico. Mas, por dentro, é um templo muito bonito. Foi construído… advinha? Por causa de Margaret! Mitchell não queria que sua esposa descansasse eternamente fora de casa, então construiu a pequena catedral (sim, é isso que ela parece) em sua homenagem no terreno de Kylemore Abbey, assim como o mausoléu onde hoje estão os dois enterrados (e um primo John Henry que enfiaram ali no meio do rolê e niguém entendeu o porquê).

A igreja começou a ser construída em 1877 e só terminou em 1881. Foi arquitetada por James Franklin Fuller e, apesar de possuir um estilo gótico, o arquiteto, a pedido de Mitchell, fez algumas substituições em homenagem à Margaret. Ao invés de gárgulas você encontra flores, pássaros e anjos da decoração. Os pilares são com mármore de diferentes regiões da Irlanda, como o famoso verde de Connemara, preto de Kilkenny, vermelho de Cork e branco de Tyrone. Se tiver um momento, pare para realmente observar os vitrais. Criados pelo artista Harry Clarke, as janelas ilustram cenas da vida de Cristo.

Mas, me conta, como que a Margaret morreu?

Em uma viagem para o Egito em 1874. Os dois estavam passeando por ali e Margaret contraiu, infelizemente, uma forte disenteria. Ela morreu 16 dias depois de muito sofrimento aos 45 anos de idade, deixando o marido e 9 filhos.

Os jardins

Os jardins vitorianos de Kylemore Abbey – chamados em inglês de Victorian Walled Garden – são os maiores do tipo na Irlanda e isso é muita coisa. Na tradução se perde o aspecto “murado” do jardim de Mitchell mas, sim, o grande jardim possui uma grande parede de pedras ao seu redor. Então é bem surpreendente quando cruzamos as paredes e nos deparamos com a beleza do lugar. Parece um jardim secreto.

Quando fomos já era verão, mas o clima não era dos melhores. Ele começou bonito, mas ficou bem cinza e chuvoso. Então isso obviamente afetou a nossa percepção do lugar – e as condições do meu cabelo, como você pode ver nas fotos deste post e no vídeo do nosso canal no Youtube. Aliás, já segue a gente por lá?

Já segue o nosso canal no Youtube?

É legal dizer que perto da entrada existe um ônibus shuffle que faz o caminho do castelo até o jardim. E a volta. A distância entre os dois não é enorme, mas é considerável. E se você estiver em uma excursão como a gente, cé a melhor opção para cobrir o maior terreno possível em pouco tempo. Quando chegar lá em cima, você encontra um café. O jardim fica ao lado, mas você não vai vê-lo de cara por conta dos muros… Quando entrar, siga os caminhos demarcados pelo jardim e você vai alcançar todas as atrações que existem por ali. Tem um jardim de rosas, tem as estufas (ou casas de vidro) vitorianas que eram usadas para o cultivo das plantas exóticas. No centro do jardim tem a estátua de Virgem Maria.

Café e loja

Embora exista um café lá em “cima”, ao lado dos jardins, lá “embaixo”, na entrada (perto da bilheteria) você encontra um grande café e restaurante com uma extensa área de mesas e cadeiras para lanchar, almoçar, enfim, alimentar-se. Eles colocam várias opções de pratos, quentes e frios, e eles tem aquela pegada de “fast food” com um toque handmade. Estava bem movimentado – mas nos sobrou tempo e paramos para almoçar por ali mesmo.

Eles também possuem uma grandíssima loja por ali, que não vende coisas apenas da Abadia de Kylemore, como de toda Connemara, Galway e Irlanda. Tudo ali tem aquela pegada do feito na Irlanda, então não espere encontrar preços amigáveis como nos centrinhos das cidades. Mas, as coisas são infinitamente mais bonitas e bem-feitas. Então fica a dica para quem gosta de levar para casa aquele souvenier cheio de significação.

Cong Village

A vila de Cong já não fica mais no condado de Galway. Nós cruzamos a “fronteira” e chegamos ao condado de Mayo, à beira do Lago Corrib. Importante dizer logo de cara que a palavra para lago na Irlanda não é lake, que seria lago em inglês. É Lough. Então, a vila da Cong fica na costa do Lough Corrib. É lá que fica o Ashford Castle, um castelo medieval datado do século XIII que é hoje um luxuoso hotel – e é pago até para acessar o seu – dizem – belo jardim. Aliás, não-hóspedes só chegam até o jardim mesmo, hahahaha.

Cong também se destaca pelas ruínas da Cong Abbey – ou Abadia de Cong, um monastério agostiniano de estilo romanesco fundado no século XII e localizado bem no centrinho do vilarejo. É bem interessante percorrer o local. Ninguém sabe ao certo sua exata data de inauguração, e o mistério deixa tudo muito mais interessante. Reza a lenda que o Rei de Connacht, Turlough O’Connor que estabeleceu a ordem por ali e foi um local de grande importância religiosa durante a Idade Média irlandesa.

A Abadia de Cong estar hoje em ruínas não é uma consequência apenas dos seus séculos de história. Durante o século 16, a ordem agostiniana foi desfeita e abandonada graças à Reforma Protestante na Inglaterra, quando o rei Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica após o papa Clemente VI negar o pedido de divórcio do monarca inglês. Basicamente, já que este post não é o espaço para eu me alongar sobre isso, ele queria casar de novo porque estava “apaixonado” por Anna Boleyn (na real, ele queria um filho homem). Ele se livrou de sua esposa, casou de novo, teve uma filha, se livrou da segunda esposa e casou de novo. A filha do segundo casamento que acabou herdando o trono. O nome dela? Só Elizabeth I. A ironia, meu pai.

É legal ver também que a vila de Cong tem várias referências ao filme The Quiet Man, de 1952, dirigido por John Ford e protagonizado por John Wayne e a musa irlandesa Maureen O’Hara. E quando eu digo referências, eu quero dizer estátua no meio da cidade e lojinha de souvenires abarrotadas de mimos relacionados com o filme. Isso porque a produção colocou a pequena cidadezinha no mapa irlandês. E eu estou sendo bacana ao dizer pequena. Ela é MUITO pequena, no sentido de tem um banheiro público na cidade e ele é limpo.

Mais alguma coisa?

Embora tenham sido apenas duas grandes atrações no tour de Connemara e Abadia de Kylemore, é legal dizer que a paisagem como um todo é impressionante. É impossível fechar os olhos e tirar aquele cochilo – e eu sou mestra nisso – porque todo o entorno é muito, muito bonito. Durante o tour vamos fazendo algumas paradas, tanto para fotos quanto por conta das ovelhas que andam livremente pelas estradas, impedindo o fluxo do trânsito. Mas esse adorável atraso é mais bonitinho do que estressante, pelo menos para os passageiros. Talvez o motorista tenha uma versão diferente.

Durante a viagem também não é possível fechar os olhos porque o motorista do ônibus não está ali apenas conduzindo o veículo, ele está ali contando a história da região e de tudo aquilo que estavamos vendo. É um guia. Antes de chegar na Abadia de Kylemore, por exemplo, ele foi explicando toda a história e qual é a sugestão de roteiro que ele nos dá uma vez lá dentro. Mesma coisa antes de cada foto-parada, e assim passamos por uma completa imersão e já chegamos no lugar sabendo o que está acontecendo. E isso faz toda uma diferença, não é mesmo?

O tour volta a cidade de Galway deixando ainda um belo tempo hábil para você que quer aproveitar a noite por lá – que é bem animada, cheia de música e os tradicionais pubs.

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