Gostaria de começar este post explicando o motivo de usar uma exclamação (!) logo no título deste post. Por que sou cringe? Sim, sou da geração millenial e faço uso os sinais de pontuação. Mas não é só isso. É empolgação! Você, voyajante, já deve ter percebido que eu amo um castelo. Não é a à toa que você encontra vários posts com vários castelos aqui neste mesmo blog. Mas não é só isso! Eu sempre tive a vontade de me hospedar em um. E não é que finalmente aconteceu? Mas engana-se quem acha que fui eu que corri atrás de fazer isso acontecer. Nananinanão. O Gian (aka marido) decidiu que – já que não dava para fazer festa por conta da pandemia – o seu aniversário de 30 anos seria comemorado dentro de um castelo. E eu, que falei sim no altar, ganhei meu lugar ao sol e fui junto.
E quem mora na Irlanda há de concordar: é bem complicado se locomover pelo país sem ter um carro. Existem vários hotéis-castelos aqui na Ilha Esmeralda, mas que sejam acessíveis de transporte público ou a pé, são poucos. Então a nossa pesquisa teve que ser filtrada dessa maneira. E eis que encontramos o escolhido da vez: Fitzpatrick Castle Hotel, localizado em Killiney. Mas, pelo mapa, vimos que era muito mais fácil para chegarmos até lá descendo na vila de Dalkey. E assim o roteiro se fez. E vem comigo entrar no detalhe dessa experiência que eu super recomendo a você.
Dalkey
Castelos normandos, igreja do século X, um centrinho charmoso, píeres… Dalkey merece a sua visita mesmo se você não for pernoitar na cidadezinha. Localizada no condado de Dublin, ela é super próxima de se fazer um bate e volta a partir da capital. São só 15 quilômetros que, de trem, dá cerca de 40 minutos de viagem. Nós saímos da estação Connolly no centro de Dublin e descemos em Dalkey perto do horário do almoço. Nos programamos dessa forma já que o check-in no hotel era às 15h.
O que fazer em Dalkey?
Reza a lenda que o Bono Vox, do U2, tem uma casa por lá. Quem sabe você dá a sorte de ver o músico passeando ali… E, desde 1995 Dalkey é considerada uma cidade-histórica da Irlanda. Entre as atrações mais famosas estão o Dalkey Castle (que não visitamos por conta da pandemia) e a trilha de Killiney Hill, que fizemos no dia seguinte, após o check-out. Dalkey nasceu como uma vila ao redor da igreja St. Begnet e seu crescimento está diretamente ligado ao seu porto, que antigamente, era rota de grandes navios anglo-normandos (que não conseguiam acessar Dublin por conta do assoreamento do Rio Liffey). Suas construções mais antigas, localizadas na Castle Street, são datadas de 1390.
Como o Archbold’s Castle, uma das sete fortificações construídas pelos comerciantes de Dublin para estocar suas mercadorias. Embora em ruínas, ele continua de pé, bem próximo ao Dalkey Castle. Este último, por sua vez, está mais bem conservado. E além da visitação, onde é possível ver características defensivas (para proteção das mercadorias), é no castelo que fica a prefeitura da cidade e o Heritage Centre. Do outro lado da Castle Street você encontra a igreja St. Begnet, nomeada em homenagem a um santo local. Arqueologistas acreditam que ela tenha sido construída por volta do século 6 ou 7. No seu terreno existe um cemitério fundado no século XIII. Há boatos que ali descansam mais de 2 mil pessoas e a maioria dos túmulos não tem identificação.
Paramos para almoçar no The Corner Note Café, que não fica na Castle Street, mas bem próximo. Escolhemos o estabelecimento simplesmente porque possuía mais mesas ao ar livre, já que na época em que visitamos a cidade existiam restrições por conta da pandemia do novo coronavirus. E que grata surpresa! Nós amamos o lugar e é por isso que estamos recomendando ele por aqui. Como Dalkey está localizada no litoral, existiam ali várias opções de pratos com frutos do mar. O Gian escolheu um hambúrguer de lagosta e eu fui de lulas fritas com batatas fritas. E, olha, estava bem gostoso!
Depois, demos uma volta até o Bullock Harbour para ver o mar e o Bullock Castle, mais uma construção medieval existente ali em Dalkey. Ele é datado de 1250 e fica no terreno de uma casa de repouso. Dali, fomos andando para o Fitzpatrick Castle Hotel. No trajeto, voltamos para o centrinho da cidade, e começamos a subir e subir e subir. Não é tão longe, mas eu já estava me arrastando, hahahaha.
Fitzpatrick Castle Hotel
Enfim, chegamos até o Fitzpatrick Castle Hotel. Ele fica bem próximo do Killiney Hill Park, atração que conheceríamos no dia seguinte, o que já foi um bom motivo para não nos apressarmos com o café da manhã e o check out. Por falar nisso, por conta da pandemia, o acesso às áreas públicas do hotel como restaurantes, bares e piscina precisavam de agendamento. E já marcamos horário para tudo durante o check in. Enquanto o Gian resolvia a parte burocrática, eu fiquei perambulando pelo saguão, riquíssimo em detalhes. Mas, vamos com calma. A empolgação foi tanta que também estou me apressando por aqui.
História do Fitzpatrick Castle Hotel
A casa que deu origem ao Fitzpatrick Castle Hotel – lembre sempre que castelos são resultados de anos e anos de aprimoramentos, construções e reformas – foi construída em 1740 e era chamada de Mount Mapas, por um coronel chamado John Mapas. E, de forma resumida, vale explicar que a partir daí, a residência passou por uma sucessão de proprietários, vendas e compras. E cada um deles fez as modificações na casa. Foi em 1840, com Robert Warren, que o lugar recebeu, finalmente, o status de castelo. Era o Castelo Killiney.
Mas, não parou por aí. No século XX as coisas mudaram de figura. O castelo acabou sendo usado durante a Guerra Civil irlandesa, tanto pelo IRA quanto pelos republicanos. Foi também incendiado pelo Estado Livre. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como alojamento do exército.
Foi na década de 1970 que o Castelo Killiney passou a ser propriedade da família Fitzpatrick, que transformou-o em um hotel. E um belo hotel, diga-se de passagem. O estabelecimento possui quatro estrelas, 113 quartos (divididos em clássicos, clássicos com vista para o mar, família e as suítes do castelo). Você pode conferir a diferença entre eles no site do hotel, neste link aqui. Por questões monetárias, eu e o Gian ficamos no clássico mesmo. Hahahaha. Mas foi uma experiência super bacana de qualquer jeito!
As atrações do Fitzpatrick Castle Hotel
Além do complexo esportivo existente no castelo (que só vimos quando chegamos lá), que possui piscina e academia, as principais atrações do hotel mesmo são seus restaurantes e bares. Ou passear no Killiney Hill Park ou no centrinho de Dalkey. E tem quem vá para a praia de Killiney, mas eu já achei um pouco mais distante para se fazer a pé. Se você estiver de carro, acredito que não será um problema (embora o estacionamento da praia não pareça ser muito grande, então se for no verão, tente chegar cedo).
Nós tivemos a oportunidade de conhecer três desses espaços: o Mapas Restaurant, onde jantamos; o Library Cocktail Bar, que é incrivelmente lindo por estar – como o próprio nome diz – dentro de uma biblioteca; e o The Terrace, que é um pequeno café localizado na área externa do castelo, no estacionamento. No jantar, eu fui de Summer Green Risotto (18 euros) e o Gian foi de Chargrilled 10oz Irish Aberdeen Angus Striploin (28 euros). Ele pegou uma cerveja, eu peguei uma taça de vinho branco. Depois, já no bar, eu peguei um drinque com bourbon e o Gian pegou outra cerveja. Como você já pode ter imaginado até aqui, o meu teor alcoólico não estava dos mais baixos, então me perdoe a ausência de imagens. Hahahahaha
Killiney Hill Park
Depois do nosso café da manhã e do check out, fomos fazer a trilha do Killiney Hill Park, que fica bem pertinho do hotel, a cerca de 1 quilômetro. De lá, seguiríamos para a estação de trem para voltar para Dublin. É válido ressaltar que o local possui uma certa estrutura com estacionamento e um parquinho para crianças. E diferentemente da trilha entre Bray e Greystones, que já falamos por aqui (neste link), o percurso do Killiney Hill Park é mais fechadinho, com degraus e mais contato com a natureza. Mas, é possível ver suas atrações a uma distância bem mais curta. Chegamos no obelisco, na Torre do Sinal e na Pirâmide de Escadas bem rápido. Fora as vistas, que são de tirar o fôlego.
O obelisco de Killiney foi erguido em 1742, como uma forma de empregar mão-de-obra local para fornecer emprego após um inverno rigoroso. Já sobre a pirâmide, construída em 1852, existe uma lenda. E eu que amo essas histórias, não poderia deixar de compartilhar por aqui. De acordo com ela, um desejo é realizado quando uma pessoa circula todos os níveis da pirâmide até o topo. Ao chegar lá, é preciso olhar para o oratório de St. Begnet na Ilha Dalkey e mentalizá-lo. E aí, topa?
KILLINEY BEACH
Depois, fomos em direção à estação de trem para irmos embora, de volta à Dublin. Fizemos o caminho passar pela praia de Killiney e sentir um pouco da maresia. Não estava frio, mas também não estava calor. Então só passamos mesmo. Até porque Killiney é uma daquelas praias em que, no lugar da areia, tem pedras. Porém, haviam por lá alguns corajosos dando mergulho. E você, encararia?
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