A nossa primeira vez em viagem pela Turquia nos trouxe muitas surpresas e posso dizer, sem sombra de dúvidas, que uma das maiores foi conhecer Pamukkale e seus “Castelos de Algodão”. Estamos falando aqui de uma paisagem que jamais pensei em conhecer – não sabia nem que existia – e mais do que falar sobre esse lugar, essa matéria vai ser dedicada a fazer você se inspirar em também conhecê-lo se assim quiser.
Esse texto faz parte de uma viagem bem maior que fizemos pela Turquia em um quente mês de agosto. Depois de Istambul e Capadócia, e passando por cidades como a capital Ancara, chegou o momento de conhecer Pamukkale: um lugar sobre o qual nunca tinha ouvido falar mas que foi incrivelmente especial de conhecer e que nos deixou boas lembranças e aquele gostinho de quero mais.
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Aliás, como em quase todo texto aqui, a gente sempre fala que o tempo que passamos ali não foi o suficiente. Em Pamukkale não foi diferente: tivemos apenas uma noite ali e meio período do dia seguinte. Mesmo assim vale uma matéria? Vale. E aqui embaixo – e pelas fotos – você vai entender o por quê.

Como chegar a Pamukkale?
Nós chegamos em Pamukkale com um ônibus de excursão. Afinal estávamos em uma viagem já fechada com todas as excursões e deslocamentos internos. Começo dizendo que a Turquia é relativamente grande – para os termos europeus – e percorremos mais de 600 quilômetros do nosso último destino até aqui – contei tudo no nosso roteiro completo pela Turquia.
Usando Istambul como ponto de partida, estamos falando de mais de 500km de distância, e mais de seis horas de viagem de carro ou de ônibus, que saem de Istambul e fazem esse trajeto. Já se usarmos a Capadócia, fica mais longe: são mais de 7h30 de viagem e mais de 700km. Isso se estivermos falando, claro, da opção de fazer uma road trip pela Turquia.
Para quem prefere economizar em tempo, existe o avião. Voos periódicos saindo de Istambul levam você até o Aeroporto Denizli – Cardak, que fica a aproximadamente 65km de distância. De lá, existem ônibus que podem nos levar até Pamukkale.
Por fim, caso você esteja na região da costa turca aproveitando um pouco as praias e cidades, existem excursões de um dia que saem de Antália e exploram um roteiro que inclui Pamukkale e Hierápolis.
Nosso roteiro por Pamukkale
Depois de viajar muitos quilômetros de ônibus, estávamos super cansados, então o fim de tarde e a noite ficaram dedicados à tomar banho, jantar e curtir um pouco das piscinas de águas termais do próprio hotel (vários ali na região têm piscinas de águas termais, confere aqui). Enfim, era tudo o que precisávamos depois de um dia todo em viagem.
No dia seguinte, bem cedinho, tomamos café da manhã e tivemos a primeira surpresa com o destino: o céu estava repleto de balões, assim como vimos na Capadócia alguns dias antes. Claro que em menor quantidade, mas é sempre um espetáculo muito bonito de ver e, ainda mais, quando a gente não espera e se depara com essa imagem.
O ônibus partiu cedinho para o nosso único destino no local: os chamados Castelos de Algodão. Pelas fotos você até já consegue entender um pouco do apelido, já que as formações rochosas brancas dão essa sensação de algodão. Também ali conhecemos Hierápolis e ficou faltando ainda um mergulho na piscina termal da Cleópatra e explorar com calma todo o resto que a cidade oferece. Ficamos apenas algumas horas por ali e isso, confesso, foi frustrante. Nessas horas, estar em uma excursão é um pouco ruim, já que o tempo é muito limitado.
Mas sempre há tempo de voltar! E se você não está entendendo nada desses nomes e lugares, bora adentrar melhor nesse lugar inesquecível para que você planeje seu roteiro e aproveite tudo com calma – coisa que não fizemos por aqui.

O que fazer em Pamukkale?
Agora sim, vamos falar sobre esse lugar, então. Como nunca tinha ouvido falar de Pamukkale, eu não sabia muito o que esperar. E essa situação foi uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que foi incrível não ter criado grandes expectativas sobre o lugar, por outro lado, eu não tinha também expectativa do que esperar e não pesquisei antes. Isso, cá entre nós, é um problema para nós do Voyajando que, como você sabe, adoramos uma boa aulinha de história para entendermos melhor o que estamos vendo.
Pesquisando agora, acredito que isso realmente fez falta lá na hora. Estávamos com guia, sim, mas como o grupo era muito grande, acabamos não tendo todas as explicações que esse lugar merecia e que você, caro voyajante, vai ter um breve resumo já que está aqui com a gente pesquisando antes de ir.
Mas chega de enrolação e bora entender melhor e se planejar direitinho para desfrutar de Pamukkale!

Travertinos de Pamukkale (ou os Castelos de Algodão)
Começo contando para você que Pamukkale não recebe esse nome à toa. O significado do nome, em turco, é Castelo de Algodão e a visão que temos quando olhamos para a paisagem por ali é mesmo de uma coisa “dos sonhos”. Localizado na região sudoeste da Turquia, as formações brancas e brilhantes parecem flocos gigantes de algodão ou algo como se fosse uma neve que estivesse ali para sempre. O local, reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco desde 1988, carrega mais de dois milênios de história e foi testemunha, inclusive, das civilizações que por ali passaram durante todo esse tempo.
O lugar abre bem cedinho, por volta das 6h30, e você pode chegar cedo para aproveitar o local vazio e fazer vááárias fotos bonitas. Quanto mais tarde fica, mais gente tem – e mais calor pode fazer a depender da época do ano – por isso, se programar é o caminho caso você se importe em pegar essa paisagem completamente vazia e só para você.
Existem algumas regras de boa convivência para ajudar a preservar o local. Evite ficar sentando nas piscinas naturais – muita gente faz, e acaba manchando o branco puro do travertino. O mesmo vale para os calçados: é solicitado que tire os sapatos, sandálias e chinelos para caminhar por ali. Tome cuidado também, tá? Porque algumas partes eram um pouco escorregadias. Enfim, use o bom senso de viajante para conhecer sem danificar uma maravilha da natureza como essa.

Formação geológica
E porque esse lugar é tão extraordinário? Pelas fotos a gente já consegue entender um pouquinho mas suas formações calcárias, que são frutos de um fenômeno geológico que acontece há milhares de anos, são chamadas de travertinos. E são eles o grande diferencial.
Lá nas profundezas da terra, uma água termal rica em minerais – entre eles e, principalmente, o carbonato de cálcio – emerge de uma falha geológica a uma temperatura de cerca de 35°C. Ao atingir a superfície e entrar em contato com o ar, o dióxido de carbono é liberado e o carbonato de cálcio se solidifica, formando depósitos de travertino de cor branca reluzente. Legal né?
Aí entra o fator tempo. Com o passar dos anos – de milhares de anos – esses depósitos criaram piscinas nem cascata que parecem uma escultura natural gigante. É impressionante. As piscinas naturais que são formadas ali, inclusive, tem propriedades terapêuticas, já que suas águas são formadas por minerais como cálcio, magnésio, bicarbonato e sulfato. Acredita-se, portanto, que banhar-se nessas águas pode auxiliar no tratamento de doenças circulatórios, reumatismo, doenças de pele e distúrbios digestivos (mas atenção para o bom senso que a gente conversou ali em cima).
E outro motivo para termos responsabilidade turística é que a formação dos travertinos continua acontecendo. Não é um processo estático e continua até hoje, embora em um ritmo muito mais lento já que (adivinha?) as intervenções humanas têm impactado diretamente nessas formações. As mudanças no fluxo da água também contribuíram para isso e, para preservar o equilíbrio natural dali, as autoridades turcas têm buscado formas de controle do número de visitantes, indicação de áreas para banho e educação sobre a preservação.

Hierápolis: A Cidade Sagrada
No topo da colina branca de Pamukkale, encontra-se Hierápolis, uma antiga cidade grega que posteriormente se tornou romana e bizantina. Foi outra surpresa quando visitei a região, já que não esperava – mesmo – que houve uma cidade inteira por ali. Ah, e por favor, já que você estará no local para conhecer os travertinos, não deixe de visitar Hierápolis.
Fundada por volta do século II a.C. pelo rei Eumenes II de Pérgamo, a cidade recebeu o nome de Hierápolis em homenagem a Hiera, esposa do rei fundador, embora algumas fontes sugiram que o nome significa “Cidade Sagrada”.
Hierápolis rapidamente prosperou devido à sua localização estratégica e às propriedades curativas de suas águas termais. A cidade tornou-se um importante centro de cura, atraindo visitantes de todas as partes do mundo antigo que buscavam tratamento para suas enfermidades. Os médicos de Hierápolis desenvolveram técnicas de hidroterapia, combinando banhos termais com métodos tradicionais gregos e romanos de medicina.

Durante o período romano, especialmente sob o imperador Adriano no século II d.C., a cidade viveu seu apogeu. Grandes construções foram erguidas, incluindo templos, banhos públicos, um impressionante teatro e uma necrópole extensa. A cidade também se tornou um importante centro religioso, com templos dedicados a Apolo e outros deuses greco-romanos.
Hierápolis também desempenhou um papel na história primitiva do cristianismo. De acordo com tradições cristãs, o apóstolo Filipe teria sido martirizado e enterrado na cidade por volta do ano 80 d.C. A Basílica de São Filipe, cujas ruínas ainda podem ser vistas hoje, foi construída no suposto local de seu martírio no século V d.C.
A cidade sofreu diversas destruições por terremotos ao longo de sua história, sendo significativamente danificada em 17 d.C. e novamente em 60 d.C. Após cada desastre, Hierápolis foi reconstruída, demonstrando sua importância econômica e cultural. No entanto, um terremoto particularmente devastador no século VII d.C., combinado com as invasões árabes, levou ao abandono gradual da cidade.
Após o abandono de Hierápolis no período bizantino tardio, a área permaneceu relativamente esquecida por séculos. Aldeias pequenas se estabeleceram nas proximidades, com os habitantes locais ocasionalmente utilizando as águas termais e extraindo material de construção das ruínas antigas.

O Teatro Romano
Uma dos lugares mais impressionantes, e bem preservados, que visitei na Turquia foi esse Teatro Romano. Ele tinha capacidade para 12 mil espectadores. Foi construído no século II d.C. e diz-se que ele tinha uma acústica impressionante e o bônus de oferecer aos espectadores uma vista impressionante para a cidade antiga e arredores. Era usado para entretenimento e reuniões cívicas e, até hoje, preserva os detalhes arquitetônicos como relevos e retratos de cenas mitológicas.

Piscina de Cleópatra (Antique Pool)
Segundo a lenda, esta piscina termal foi um presente de Marco Antônio para Cleópatra. Embora não haja evidências históricas definitivas de que a rainha egípcia tenha realmente se banhado aqui, a piscina é um local fascinante. Formada por um terremoto que causou o colapso de parte de um edifício romano, a piscina contém colunas e fragmentos arquitetônicos antigos submersos. Os visitantes podem nadar entre estas relíquias romanas em águas a 36°C, ricas em minerais.
Por estar em uma excursão, não tivemos tempo para fazer o banho termal na Piscina de Cleópatra pois tínhamos que seguir viagem. Mas eu achei incrível a ideia de deixar quase um dia inteiro para conhecer toda a estrutura (teatro, travertinos, etc) e ainda ter tempo para aproveitar a piscina termal com fragmentos da arquitetura romana submersos. Quem sabe fica para uma próxima?

A Necrópole
Outro lugar que, na nossa exploração da cidade antiga, passamos rapidamente foi a Necrópole. Descobri pesquisando (só agora) que é simplesmente uma das maiores necrópoles da região da Turquia chamada Anatólia, com mais de 1.200 tumbas que datam desde o período helenístico até o cristão primitivo. Os tipos de tumbas variam de simples sarcófagos a elaborados mausoléus, refletindo o status social dos falecidos. A necrópole oferece insights valiosos sobre as práticas funerárias e crenças sobre a vida após a morte das diversas civilizações que habitaram Hierápolis.
A Porta de Domiciano e a Via Principal
A entrada monumental para a cidade antiga, construída em honra ao imperador Domiciano no final do século I d.C. A partir desta porta, estende-se a via principal da cidade, uma rua ladeada por colunas que se estende por mais de um quilômetro. Ao longo desta via, os visitantes podem observar os vestígios de lojas, casas e edifícios públicos que compunham o centro urbano de Hierápolis.
E aqui insiro um adendo: se você estiver visitando o local no verão, como nós fizemos, não se esqueça de levar roupas frescas e confortáveis, tênis de caminhada, protetor solar, água, bonés e chapéus e tudo o mais para se proteger do calor. Como disse ali em cima, a gente chegou bem cedinho para visitar o lugar e, mesmo assim, o calor já dava suas caras.
O Plutônio (Portão do Inferno)
Uma pequena caverna que emite gases tóxicos (principalmente dióxido de carbono), considerada pelos antigos como uma entrada para o mundo subterrâneo. Os sacerdotes do templo de Apolo realizavam rituais neste local, demonstrando sua “invulnerabilidade” aos gases (na verdade, eles conheciam o segredo: os gases, sendo mais pesados que o ar, concentravam-se próximo ao solo). Animais pequenos eram frequentemente sacrificados aqui, morrendo rapidamente ao inalar os gases venenosos.

E essa foi a nossa passagem rápida mas muito impactante pela linda Pamukkale e seus Castelos de Algodão. Gostaria de ter tido mais tempo por ali para explorar com mais calma os lugares pelos quais passamos, mergulhar na Piscina da Cleópatra e conhecer também outros locais como o Martirium de São Filipe ou mesmo o Museu Arqueológico de Hierápolis. Ainda assim, sou muito grata por ter tido a oportunidade de colocar esse lugar no meu mapa. Apesar de ser um Patrimônio da UNESCO, era um lugar que eu realmente nunca havia conhecido e que fiquei muito feliz de ter tido a oportunidade.
Espero voltar em breve! E se você já visitou ou vai visitar, não esquece de nos marcar nas redes sociais (@voyajandoblog) para que a gente possa ver as suas fotos e viajar junto com você!

Que outros lugares do mundo “você precisa conhecer”, mas talvez nunca tenha ouvido falar?
Esse texto faz parte do Viagens Por Escrito, um grupo super bacana de blogs de viagem que se reúnem periodicamente para abordar algum tema específico do universo de viagens e turismo. E nesse mês estamos falando sobre lugares do mundo que “precisamos” conhecer, mas que, talvez, nunca tenhamos ouvido falar. Se você curtiu a temática, veja que outras coisas legais você pode fazer pelo mundo, que valem muito a experiência, mas que muitas vezes não são super famosos! Dá uma olhada aqui embaixo:
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