De Peniche: como visitar o Arquipélago de Berlengas, em Portugal

A cidade de Peniche, localizada na costa oeste de Portugal, é o ponto de partida natural para quem deseja conhecer o Arquipélago das Berlengas. Neste post você vai encontrar o melhor dos dois destinos – já que o fizemos em um bate e volta a partir de Óbidos durante a nossa road trip pelo país dos colonizadores. Aliás, destinos também possíveis se você estiver com base em Lisboa, viu? Já que de carro são cerca de 1h30 de percurso.

Primeiro, vamos falar de Peniche?

Não só porque é dali que parte o barco rumo ao Arquipélago de Berlengas, mas também porque a cidade é um mix de natureza e história – e não são muitas que conseguem unir esses dois aspectos não. Primeiro, Peniche tem uma condição geográfica considerada peculiar: até o século XVI, ela era uma ilha ligada ao continente apenas por um istmo arenoso. Que que é istmo, Jeanine? Eu explico. Trata-se de uma pequena faixa de terra. Essa posição estratégica fez com que a localidade tivesse grande importância na defesa marítima, especialmente durante os séculos XVI e XVII.

Não é à toa que o Forte de Peniche, construído no século XVI, é a principal atração da cidade. E é aí que também entra a importância histórica do lugar. Durante o Estado Novo, a ditadura portuguesa (que você vai encontrar um pouquinho mais de detalhes na contextualização histórica no final da matéria da road trip) utilizava a construção como uma prisão política. Hoje, é um museu que preserva a memória da resistência e da liberdade em Portugal.

Chegamos cedinho na cidade partindo de Óbidos, e como era ainda cedinho, o Forte de Peniche ainda não estava aberto para visitações. Quando terminamos o rolê em Berlengas, já estava próximo do horário de encerramento. Nessa viagem, não deu para encaixarmos – mas sempre é bom deixar alguma coisa para trás e ter motivo para voltar, não é não?

Até porque o clima em Peniche quando chegamos era fantasmagórico. Uma neblina densa por ali, que deu para a nossa viagem uma vibe meio sinistra. As fotos dizem mais do que mil palavras nesse caso.

Por que visitar o Arquipélago de Berlengas?

Confesso que nunca tinha escutado falar sobre o Arquipélago de Berlengas até fazer algumas pesquisas de roteiros de carro em Portugal. Alguns citavam o destino, outros não. Quando vi as fotos, eu não tinha o que fazer a não ser incluir o lugar no nosso itinerário. E talvez por isso, eu tenha me “esquecido” de algumas coisas, como por exemplo, a minha total incapacidade de andar de barco. Mas, vamos por partes.

Primeiro, é bom ressaltar que o Arquipélago das Berlengas é formado por três ilhas: a Berlenga Grande (a que visitamos), a Estelas e os Farilhões. Em 2011, ganhou o título de Reserva da Biosfera da UNESCO, embora existam práticas de preservação por ali desde o século XV. Isso mesmo. Por ordem do rei D. Afonso V, a caça foi proibida por ali já nesse período e a decisão foi considerada uma das primeiras medidas de proteção ambiental em Portugal. Interessante, vai.

No século XVI, foi fundado o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga, dedicado a auxiliar náufragos e marinheiros, mas as difíceis condições de abastecimento e os ataques de piratas levaram ao seu abandono. Já século XVII, como resposta às ameaças estrangeiras, foi construído o Forte de São João Baptista, sobre as ruínas deste antigo mosteiro. A fortificação, erguida em posição estratégica sobre as rochas, teve papel de destaque durante conflitos luso-espanhóis, chegando a ser palco de ataques e batalhas. Hoje é a principal atração da ilha e ainda pode ser visitado. Na real, você pode até se hospedar por ali. Já pensou que legal?

Tá, mas como chegar ao Arquipélago de Berlengas?

Até aqui você já entendeu que o jeito para chegar até o Arquipélago de Berlengas é por meio da cidade de Peniche. Eu espero. Agora, o que eu quero trazer para sua atenção, é que independente da sua viagem ter sido originada em Lisboa ou em Óbidos, como a gente, existem algumas opções de estacionamento na cidade, e que algumas não são de graça. Se você estacionar perto da marina, vai pagar por isso. Como a gente chegou com antecedência, achamos uma vaga para a gente em um lugar chamado Campo da República – que é bem pertinho. Ali, o estacionamento era gratuito durante todo o dia (em junho de 2025).

Tomamos um café da manhã em um bar que estava aperto (e só aceitava dinheiro, então fica aí a dica para não ficar refém de cartão em Portugal) e já descemos para a marina. Se você não comprar o seu bilhete com antecedência, o que eu não recomendo, você pode tentar a sorte por ali. Vai ver vários guichês de venda dos diversos operadores por ali – e muita gente fica chamando você para o passeio.

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A travessia até a Berlenga Grande demora em média 30 a 45 minutos, dependendo das condições do mar. No nosso caso, foi 45 minutos, obviamente. Como já disse, o clima não estava propício para aventuras no mar. Com uma visibilidade super baixa, não se via absolutamente nada além de neblina. Meu estômago começou a dar o ar de sua graça enquanto o restante dos turistas ainda entrava no barco. Eu sentia cada onda. Cada ondulação. E pensei “vai melhorar quando começar a andar”, afinal, com o barco parado, sente-se mesmo, não é mesmo?

Pois, não melhorou. O vento cortava o meu rosto e eu continuava a sentir cada onde que batia no casco da embarcação. Ao me verem verde, diversos passageiros começaram logo a me dar dicas de como melhorar. “Olha para os pássaros”, “senta de lado”, “não bebe água não que piora”, “abre o olho e mira no horizonte”, “fecha o olho”, “deita”, “senta”… E a lista vai longe. A gente perguntou para a tripulação se eu trocasse de lado melhoraria, e eles “não”. Só sinalizaram o saquinho do vômito no encosto da frente e um “segura as pontas”. Era mais uma segunda-feira para eles, não é mesmo?

Tinha um casal de portugueses que tomaram remédio para enjôo antes da viagem e estavam pleníssimos. Porque eu estou dizendo isso? Dois motivos. Primeiro porque pode ser uma tática para você não enjoar. Depois, porque quando estávamos chegando em Berlengas e a neblina baixou, o moço disse “Terra à Vista” com sotaque pt-pt e eu tive que rir. Só isso mesmo.

E o preço, Jeanine?

Perdão, voyajante. Fui contar o perrengue e esqueci as informações práticas. Durante o verão, especialmente entre maio e setembro, há mais horários disponíveis para a sua viagem até Berlengas. São vários horários de saída e diferentes durações. A gente optou pelo passeio que demorava seis horas na ilha e, confesso, achei que foi mais do que o suficiente. Se voltasse lá, escolheria o de quatro horas para poder aproveitar Peniche. Mas, não me arrependo. E se você for do time praia, pode sempre ficar lá na areia curtindo o cenário – que é mesmo incrível.

Os bilhetes ida e volta custam entre 20 € e 30 € por adulto, conforme a operadora e a época do ano. O nosso parceiro GetYourGuide tem várias opções dentro do aplicativo, incluindo alguns com passeio de caiaque e de barcom com fundo de vidro – e a gente sempre recomenda eles principalmente quando a experiência tem relação com natureza. Você reserva seu ticket e pode optar por cancelamento grátis. Então se mudar de ideia ou o tempo não estiver bom, você pode recalcular a sua rota rapidamente e sem estresse.

Além do bilhete de barco, é obrigatório adquirir o Berlenga Pass, disponível online através da plataforma do ICNF (clique aqui). Esse passe inclui a taxa de acesso turístico à ilha, no valor de 3 € por adulto e 1,50 € por criança por dia, e garante o controle sustentável do número de visitantes, que é limitado a cerca de 550 pessoas por dia. Alguém olhou se a gente tinha? Não. Mas, vai que, não é mesmo?

O que ver e fazer na Berlenga Grande

Já falamos um pouquinho sobre o Forte de São João Batista, que é a principal atração do Arquipélago de Berlengas. O que eu vou adicionar apensar é que existe uma trilha para chegar até ele – que dependendo do seu condicionamento físico, pode ser um tanto quanto desafiador. Não é horrível, mas possui subida, descida e algumas vistas – então se altura também causar um desconforto para você, talvez seja melhor optar pela visita de barco, que também é possível.

No caminho para o forte, você acaba passando pelo Farol de Berlenga, datado de 1841 e que, até os dias de hoje, continua operando e auxiliando barcos navegando na costa atlântica portuguesa. Por estar em funcionamento, não existe visita turística por ali, só no forte mesmo que, apesar de ser hoje uma acomodação, você pode pagar €2 e visitar uma parte do seu interior, que conta com um bar. Sinceramente, foi um bom lugar para tomar uma água e usar banheiro, já que tinha o caminho da volta a ser feito.

Dali e da praia saem os passeios adicionais, onde visita-se as grutas marinhas, como a Gruta Azul e o Furado Grande. Esses passeios podem ser feitos de barco (com fundo de vidro) ou de caiaque. A gente (eu e o Gian) optamos por manter os nossos pés em terra firma pelo máximo de tempo que pudéssemos. O Ed, nosso amigo que estava na road trip com a gente, aventurou-se no barco e amou a experiência. Inclusive, gravou vídeos para a gente que você vê em breve no nosso canal. Então já aproveita o gancho e vai se inscrever para receber a notificação de quando ele finalmente estiver no ar. Fica a dica.

Informações úteis para planejar a visita

Além de tudo que já escrevi aqui, tem só mais uma coisa que eu adicionaria na lista: alimentação. Com medo de enjoar na volta, eu comi apenas um bolinho de bacalhau durante as minhas seis horas na ilha. Mas, é bom dizer que existe uma lanchonete e um restaurante na ilha, além do bar dentro do forte. É isso. Para ser bem sincera, eu mirei em uma salada, mas já não tinha mais na lanchonete, por isso acabei comendo o bolinho.

Alguns locais que estavam passeando em Berlengas levaram coisas para piquenique – e tem mesmo alguns espaços por lá para você se sentar. Obviamente, é muito mais complicado fazer algo do tipo enquanto turista, mas é uma opção também.

E a última coisa que direi é que a volta foi muito tranquila. O mar estava calmo, e Peniche estava no horizonte a todo momento, o que talvez tenha feito o meu cérebro segurar as pontas e saber que a terra firma estava a poucos quilômetros de distância. Antes de voltamos para Óbidos, fizemos uma última parada em Peniche, mais especificamente no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. É uma pequena capela, um tanto quanto isolada, mas que do ladinho, no Miradouro da Cruz dos Remédios, tem uma vista e tanto. Dizem que é um dos melhores pôr do sol da região. Como estávamos no verão, não ficamos para conferir. Mas recomendo que passem por ali de qualquer forma. É bem bonito!

Te vejo na próxima matéria? Não esquece de ir lá no Instagram dar um biscoito para a gente – não somos tão ativas por lá, mas de vez em quando o nosso rostinho aparece para jogo.

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