Conhecer essa cidade que nos entrega uma mistura de cores, sabores, odores e caos sonoro foi uma experiência única na vida e uma ótima maneira de começar nosso viagem pela Turquia. E que privilégio poder dividir o que vivemos por lá para, quem sabe, inspirar você também a se jogar nessa aventura que ficou guardada na nossa memória como uma das viagens mais impactantes – em vários sentidos – que já fizemos. Um roteiro Istambul pode ser complexo, mas com esse texto vou tentar ajudar você ao máximo, para que você tire o maior proveito do seu tempo na cidade.
- Veja tudo que já saiu sobre a Turquia aqui no blog
- Leia mais: Como é o passeio de Balão na Capadócia?
Vou contar mais sobre essa viagem em um post completo sobre a Turquia. Mas nesse aqui preciso reforçar a informação de que o roteiro não foi definido por nós: estávamos em uma excursão e, por isso, algumas das escolhas que foram feitas nós, sinceramente, teríamos feito diferente. E com isso ganharíamos mais um tempinho na cidade – e aí você pode decidir se prefere fazer da mesma forma ou como eu faria caso tivesse escolhido a programação.
Bom, chegamos no aeroporto (enorme!) e logo após os trâmites de entrada na imigração, já demos de cara com um lugar imenso e repleto de estímulos. Mas era só o começo. Assim que entramos no ônibus da excursão – contei de todo o pacote de viagem que compramos no post sobre o Roteiro da Turquia (clica aqui) – já pudemos ter algum deslumbre da cidade que nos esperava.
Devo reconhecer de imediato que dois dias ali foram poucos. Mas foram também suficientes para saber que já queremos voltar – e voltaremos assim que possível. Foi uma promessa que nos fizemos porque Istambul merece mais tempo, e terá.
*viagem realizada em agosto de 2022.
História de Istambul (um resumo)
Não dá para escrever um roteiro em Istambul sem fazer um breve resumo da sua história. Pelo menos é assim que euzinha aqui gosto de conhecer um lugar novo. Se puder, pesquiso e entendo um mínimo da sua história e cultura e, assim, o lugar se torna ainda mais interessante – não que Istambul precise ser mais interessante do que já é!
A questão aqui é que tem que ser – mesmo – um resumo da história, já que seria impossível trazer tudo para cá. A história de Istambul passa pela antiga Bizâncio e Constantinopla. São milênios de civilização e um caldeirão cultural que culminaram no que hoje podemos ver e experimentar nessa cidade única. Sua fundação começa na cidade de Bizâncio, em meados de 657 a.C, que tinha uma localização estratégica – e isso até hoje – onde Europa encontra a Ásia, se tornando um centro comercial importante e disputado.
Centenas de anos mais tarde, já em 330 d.C., o império romano já estava gigante e o imperador da época, Costantino mudou a capital do Império Romano para o Bizâncio, e resolveu chamar a nova capital de Constantinopla – uma homenagem à si mesmo, e a autoestima, meu pai?. Bom, essa mudança foi crucial para o crescimento e o futuro da cidade, já que Constantinopla se tornou uma potência romana do lado oriental do mundo, capital do Império Bizantino e com uma emergente arte e cultura, centro do cristianismo ortodoxo.
Essa potência foi abalada pelas Cruzadas, principalmente a quarta cruzada, que foi responsável por saquear Constantinopla que só foi recuperada pelos bizantinos anos mais tarde. Já em 1453, foi o momento em que o Império Otomano conquistou Istambul, e a partir daí, a cidade continuou a crescer e se desenvolver em novas mãos, se colocando novamente como centro político, cultural e econômico que se viu dissolvido só após a Primeira Guerra Mundial, quando a República da Turquia é estabelecida em 1923.
Com a instauração do novo país, Istambul perde seu posto para Ancara, que se torna a capital da Turquia, deixando para Istambul ainda o posto de polo cultural, econômico e de negócios.
O que fazer em Istambul em 2 dias na cidade?
Como você já deve imaginar, não dá para conhecer Istambul em dois dias. O que dá para fazer, e foi o que fizemos já que estávamos em uma excursão, foi ver os principais pontos da cidade de modo rápido – mas até que bem organizado, devo admitir. E como em viagens a gente faz o que dá, é isso que eu vou compartilhar com vocês nesse roteiro pela cidade: o que deu para fazer.
Elencando os principais pontos que visitamos, talvez ajude você a decidir se vale ou não conhecer um ou outro ponto turístico. Então se você tem pouco tempo em Istambul, esse post será para você; vem comigo.
Roteiro Istambul: nosso roteiro pela cidade?
Para ficar mais organizado para mim e para você, vou dividir o roteiro que fizemos e minhas impressões primeiro, nesse tópico aqui; daí depois as explicações de cada um dos pontos turísticos no detalhe você vai encontrar melhor mais para baixo, ainda aqui nessa matéria. Então caso queira ir direto para um tópico ou outro, pode usar o menu ali em cima para facilitar a sua vida. Aqui é ao gosto do freguês voyajante hahaha!
Aeroporto e chegada em Istambul
O primeiro dia em Istambul foi apenas para chegar, então não contamos como primeiro dia. Saímos de Milão e o voo direto durou aproximadamente três horas. O mais demorado foi o processo de entender qual era o nosso ônibus da excursão e quem deveríamos seguir, perdemos um bom tempo nisso e acho que você não precisará perder.
Estávamos em um número muito grande de pessoas e fomos divididos em vários ônibus para passar os próximos dias. Foi meio bagunçado mas rolou – contei no nosso Roteiro pela Turquia como foi que chegamos aqui, comprando um pacote fechado de uma excursão pelo país.
Daí saindo do aeroporto fomos direto para o hotel, que já tinha a janta incluída, e nisso acabou o que chamei primeiro dia.
Dia 1 – Tour cidade histórica, religião e Bósforo
E agora começam os dois dias em Istambul: para explicar, nós contratamos duas excursões – uma para cada dia de passeio em Istambul – e o programa em geral foi bem corrido. A boa notícia é que deu pra ter um panorama da cidade para quando voltarmos. O ruim é que achamos o ritmo bem rápido já que os produtores de conteúdo aqui precisam trabalhar e gostamos de conhecer as coisas com mais calma. Mas valeu a experiência.
Tomamos nosso café da manhã no hotel e partimos para o centro histórico da bela Istambul de manhãzinha. AH, e aqui vai uma dica-bônus para quem lê o texto completo: lembre-se que de sexta-feira as mesquitas têm horário diferenciado. por esse motivo a ordem do tour foi alterada, e começamos nosso roteiro por outra parte da cidade.
Nossa primeira parada foi no Bazar das Especiarias, ou Bazar Egípcio, e ali tivemos um vislumbre do quão colorido pode ser um mercado popular repleto de cores formado por especiarias de todos os lugares, frutas secas, doces, gente gritando e te chamando, uma loucura boa. Ele é bem menor do que o Grande Bazar que visitaremos amanhã, mas é igualmente interessante e vale muito a visita.
De lá, seguimos para um passeio de barco pelo Estreito de Bósforo, que foi uma maneira de conhecer a cidade em uma perspectiva diferente: vendo-a da água. Nós, sinceramente, não amamos o passeio. O sistema de som estava ruim então não entendemos nenhuma das informações passadas pelo nosso guia. Mããs, como fazia parte da excursão, não tivemos como pular. Acho que o sistema de som acabou comprometendo um pouco a nossa experiência, no entanto eu vi que tem uns tours bem mais interessantes pelo estreito de Bósforo caso você queira fazer também o passeio, com jantar e tudo, e indicaria dar uma olhadinha lá para ver se interessaria a você.
Um ponto à favor desse passeio é ter a oportunidade de ver a cidade de uma nova perspectiva. Isso, admito, foi bem legal. Além do mais, foi também uma pausa do ir e vir que fazemos a pé na cidade, já que sentamos e apenas admiramos a vista. Fica ao seu critério e se quiser conhecer, dá uma olhadinha nas possibilidades.
Nosso almoço, já programado pela excursão, foi em uma região repleta de restaurantes e que eu gostaria de ter tido mais tempo para explorar. Anota aí: o restaurante que a excursão nos levou foi o Kösem Resturant, onde experimentamos esse peixe aí embaixo; mas ali em volta você vai achar várias opções.
Depois de um belo almoço – o peixe não estava lindo, mas estava bom – chegou a hora de passear pela cidade. Nos levaram para ver um pouco dos resquícios de uma antiga Istambul, começando pelo antigo Hipódromo, onde aconteciam as corridas de bigas, um esporte antigo e super disputado. Na sequência, um dos meus passeios preferidos de Istambul, fã de Dan Brown como sou: as cisternas Romanas.
E por ali ficamos um bom tempinho admirando a incrível capacidade e inventividade dos romanos para esse tipo de obra que facilitava a vida nas cidades. Foi, para nós, um dos pontos altos da visita à cidade. Mas estava LO-TA-DO (comprometendo um pouco a experiência) e a fila fora para entrar estava gigante; então vale comprar seu ingresso com antecedência.
Saindo da cisterna chegou a hora de, finalmente, conhecer ali pertinho os pontos turísticos mais representativos de uma viagem à Istambul: a Mesquita Azul e a Hagia Sophia. É tudo muito pertinho, então eu sugiro que você também encaixe esses pontos turísticos em um mesmo dia.
No entanto, no nosso caso, foi um pouco frustrante porque a Mesquita Azul estava passando por uma reforma gigante, cheia de tapumes e com tudo coberto. Ou seja: não vimos nada. Nem mesmo uma pequena fresta dos famosos azulejos azuis que decoram seu interior. E nem sua cúpula central e seus seis minaretes. Nada. Hahahaha alô perrengue. Mas tudo bem, mais um motivo para voltar.
Com a Hagia Sophia foi diferente! Após nos reunirmos com o grupo da excursão, entramos todos juntos na lotada mesquita de mais de 1500 anos (!). Foi a minha primeira experiência da vida em uma mesquita e foi bem impressionante para mim. Lembrando que em sinal de respeito por ser um lugar de culto religioso, é preciso entender as regras do local e segui-las. Mulheres cobrem a cabeça com lenços, e não é permitida a entrada mostrando ombros e com roupas curtas. Todos entram descalços também, existe como um armário para você deixar seus sapatos na entrada.
Depois de visitá-la, demos o dia por encerrado e voltamos para o hotel para jantar (já estava incluso).
Dia 2 -Mesquita, Grande Bazar e Palácio Imperial
O segundo dia de excursão completou o nosso processo de encantamento pela incrível Istambul. É realmente uma cidade muito impressionante e com uma cultura muito rica e variada.
O dia começou cedinho, logo depois do café da manhã no hotel, seguimos para um lugar chamado em turco de Tekfur Sarayi Muzesi, ou Palace of the Porphyrogenitus em inglês. Se trata de um palácio bizantino do final do século XIII na antiga cidade de Constantinopla. Diferentemente dos outros antigos palácios romanos que estamos ‘acostumados’ e que são bem mais antigos também, por aqui existe ainda muita coisa de pé. É possível caminhar por dentro do palácio que hoje é um museu e aprender um pouco mais sobre essa cultura. Também de lá tivemos um belo panorama da cidade quando andamos pela fortaleza.
De lá, seguimos para a Mesquita de Solimão, construída em homenagem à Solimão, um grande arquiteto do século XVI. É simplesmente a maior mesquita de Istambul e aqui na foto você pode mais uma vez admirar a minha não existente capacidade de colocar um lenço na cabeça.
De lá, nossa próxima parada foi, finalmente, o belíssimo, gigante, cheio e magnífico Grande Bazar. Tivemos pouquíssimo tempo lá dentro para o meu gosto, mas foi super especial visitar um dos maiores, se não o maior, mercado coberto do mundo. Aqui a máxima do negocie vale muito. Praticamente os vendedores esperam que você negocie os valores dos produtos que vão desde itens de decoração até especiarias e doces típicos, passando por itens para a casa, roupas e acessórios e muito mais.
Eu investiria horas lá dentro. Mesmo sem comprar nada – trouxemos apenas um lenço um kitzinho de copinhos típicos para tomar chá que eles usam o tempo todo – foi bem legal andar pelos inúmeros corredores e ver todo tipo de mercadoria possível por lá.
Mas como o tempo urge e a Sapucaí é grande, nós tivemos que ir embora. Hora de almoçar. E para isso voltamos para os arredores da Cisterna que visitamos no primeiro dia. O endereço que você vai anotar se quiser ver uma rua cheia de restaurantes e bares super características é esse: Yerebatan. Pelo menos foi por ali que almoçamos e experimentamos pela primeira vez na vida o baklava, um doce típico turco que fez o Bruno amá-lo logo na sua primeira mordida e nunca mais o esquecer hahaha.
Saindo de lá nosso compromisso era com ele: o grande Palácio Imperial de Topkapi, que foi residência do sultão por quase quatro séculos. E ali ficamos por toda a tarde, explorando os mais diversos ambientes, conhecendo a arquitetura, a história, a decoração, os móveis e tudo que restou do majestoso Império Otomano.
A excursão acabaria ali no Palácio. Mas como ainda era fim de tarde e o grupo estava animado com esse último dia de Istambul, resolvemos conhecer à noite a região da Torre Gálata e não nos arrependemos. Essa região é cheia de bares, restaurantes e muitas lojas. Sentimos que por ali haviam muitos locais vivendo a vida normalmente.
E foi nessa noite que jantamos em um restaurante bem tradicional (eu acho hahaha), em que o garçom não falava inglês e a gente se comunicou por meio de mímicas e comemos esses espetinhos com vários acompanhamentos aqui embaixo. Foi bem legal. O restaurante se chamava Bilice Kebap e foi ali que encerramos o dia e voltamos para o hotel de Uber (que, aliás, tem um preço bem razoável se comparado a outros lugares na Europa).
Principais pontos turísticos de Istambul
E agora sim, vou dividir com você no detalhe algumas informações sobre os pontos turísticos que visitamos. Assim você já vai chegar chegando e sabendo um pouco mais de tudo por lá – e vai ter uma moral a mais com seu grupo de viagem – ou não, se não quiser e guardar só a informação para você eu te entendo, juro hahaha.
Bazar das Especiarias (Bazer Egípcio) – (Mısır Çarşısı)
Tenho um carinho especial pelo Bazar das Especiarias porque foi o primeiro mercado que conhecemos assim que começamos a passear por Istambul – foi uma escolha da excursão, mas mesmo assim gostei muito. Digamos que ele nos preparou para o que viria no dia seguinte no Grande Bazar, do qual falo mais aqui embaixo.
Com uma origem que remonta a 1663, às margens do Bósforo, o Bazar de Especiarias foi construído contemporaneamente a uma nova mesquita ali perto. Estamos falando de uma época em que as rotas da seda estavam ativas e sua localização estratégica fez o mercado – e a mesquita – receber muitos visitantes e mercadorias. As especiarias e tecidos chegavam da Índia, do sudeste asiático e de lá eram distribuídas para a Europa pelo Mediterrâneo.
Hoje é um local repleto de produtos típicos que não se limitam às especiarias, mas também se estendem a doces, frutas secas e muito mais. Ele é bem menor que o Grande Bazar mas acho que vale também a visita que pode ser combinada com um passeio pelo Bósforo, como fizemos.
Estreito de Bósforo
E falando nele, o Estreito de Bósforo é uma faixa de água que liga dois mares: o Mar Negro e o Mar de Mármara – e sua extensão o Mar Mediterrâneo. Sua importância geográfica, portanto, sempre foi muito grande considerando ser uma rota de navegações, ligando dois mares importantes e sendo a ligação de dois continentes: a Europa e a Ásia, até hoje.
Isso significa que Istambul é a única cidade do mundo que está localizada em dois continentes diferentes ao mesmo tempo, e o Estreito de Bósforo é a síntese disso, sendo alvo da disputa de diversos governos que queriam controlar a região e consequentemente o comércio no local. Estamos falando de disputas que envolveram não só Constantinopla, onde era localizado, mas também a conquista mais tarde dos Turcos-Otomanos que impediram a navegação marítima dos europeus e ‘forçou’ a descoberta e abertura de novas rotas para a Índia.
Mais informações sobre o Estreito de Bósforo no Brasil Escola.
Hoje um dos melhores modos de conhecer o estreito é navegar por ele. Nós fizemos um cruzeiro pelo estreito durante o dia, mas existem também opções de jantares à noite, com as luzes da cidade acesas, deve ser bem bonito. Nesse passeio, podemos contemplar os dois lados da cidade e ver como ela foi crescendo por meio dos diferentes palácios que foram construídos em suas duas margens. Unem-se a esses palácios, fortalezas que foram erguidas para proteger o Bósforo da passagem de inimigos.
Além disso, é possível também visitar suas duas pontes, obras de engenharia que ligam os dois continentes e atravessando os 30 quilômetros do estreito e ligando os dois lados de Istambul. E para quem não é muito adepto a barcos, é possível também visitar os inúmeros cafés e restaurantes que ficam nas margens do Bósforo e admirá-lo dali.
Antigo Hipódromo
Logo após o almoço, o ônibus da excursão nos deixou em uma praça enorme que, com certeza, passaria desapercebida pela sua importância histórica caso não estivéssemos acompanhados de um guia – ou não tivéssemos nos informado antes. O antigo hipódromo remete à época do Império Bizantino e dizem que era gigantesco.
Foi bem interessante para nós nesse dia estar em um grupo de italianos com o guia turco. Ele explicou aos italianos o quanto as Cruzadas, por exemplo, saquearam Istambul restando apenas algumas ruínas e monumentos que os europeus não conseguiram levar. Nessa praça, em específico, ele tentou mostrar o quanto Constantinopla era grande na sua época, mas que hoje resta muito pouco do que um dia ela foi.
Estima-se que o Hipódromo acomodava 100 mil espectadores, que se reuniam ali para acompanhar as disputas esportivas, como corridas de cavalos, bigas, e também eventos políticos e sociais. Basicamente, esse estádio gigante era o centro social, cultural e esportivo da Constantinopla desde o terceiro século, sendo ampliado e reformulado várias vezes nos anos – e séculos – seguintes.
Como disse, é uma grande praça. Então seu olhar já preparado vai buscar alguns pontos específicos da praça para conhecer. São eles: o Obelisco Egípcio, trazido de Luxor no século IV e um dos monumentos mais antigos de Istambul; a Coluna Serpentina, feita com o bronze da Grécia para comemorar a vitória dos gregos contra os persas, chegou em Istambul em meados de 300 d.C.; uma Fonte Alemã, mais recente dos anos 1800. Foi oferecida ao Sultão como um presente para a cidade; e por fim um Obelisco Murado, restaurado por Constantino, acabou ganhando o seu nome. Foi saqueado durante a quarta cruzada, restando somente a sua base, toda esburacada.
Cisterna Basílica – ou Palácio Submerso
Se você é fã de Dan Brown como eu, talvez se lembre das cenas finais do filme Inferno, em que ((atenção SPOILER)) o personagem de Tom Hanks, Prof. Langdom, vai à Istambul para solucionar o mistério que permeia a história. E o cenário escolhido para os episódios finais do longa-metragem são as cisternas romanas chamadas de Cisterna Basílica ou Palácio Submerso.
O local foi construído debaixo de um basílica que não existe mais (mas daí o nome), nos tempos de Justiniano I, entre os anos de 527 e 565. Como os romanos sabiam trabalhar com a água, construíram esses reservatórios dentro dos muros para que houvessem reservas de água para abastecer o Palácio Bizantino no caso de um ataque à cidade.
Eles traziam água de um local a mais ou menos 20km de Constantinopla e estima-se que poderia armazenar 100 mil metros cúbicos de água. A cisterna é formada por mais de 330 colunas que possuem 9 metros de altura, e cada coluna tem uma característica própria, pois eles reutilizaram antigas estruturas e monumentos para construí-las. Entre essas colunas, duas merecem uma atenção especial, pois na base delas foram esculpidas cabeças da Medusa, o ser da mitologia que transformava em pedra quem olhasse para ela.
A cisterna está localizada pertinho da Hagia Sofia e a fila estava enorme. A sorte é que estávamos na excursão, com ingressos comprados com antecedência – e recomendo fortemente que você faça o mesmo e chegue lá já com os ingressos.
O passeio é feito por meio de plataformas e é um lugar gigantesco e muito bonito. Se não estivesse tão cheio, seria quase que uma paz, uma fuga do caos da cidade lá em cima com a proximidade com a água e a luz mais baixa. Falando em luz, de tempos em tempos acontecia uma apresentação de luzes e imagens que foi super especial (confere lá no vlog no nosso canal um pouco do show).
Mesquita Azul
Como comentei ali em cima, infelizmente não conhecemos a Mesquita Azul. O local estava passando por uma reforma gigantesca e só o que vimos foram os tapumes hahahha. Mas viagens tem dessas, né? E fica aqui um motivo para voltar.
Mas nem por isso deixarei de te dar as informações. Vamos lá! Conhecida como Mesquita Azul, é chamada de Mesquita do Sultão Ahmed e recebe esse nome porque foi construída pelo mesmo. Fica localizada exatamente de frente para a Basílica de Santa Sofia e foi erguida entre os anos de 1609 e 1616, e inaugurada no ano seguinte.
Sua cúpula tem 23 metros de diâmetro e 43 de altura, e conta com seis minaretes. Na época de sua construção, esse número causou uma polêmica grande, já que a Meca também possuía seis minaretes e isso foi considerado um absurdo. Mais tarde, a Meca construiu um sétimo minarete e ficou tudo bem.
Seu apelido de Mesquita Azul advém do seu interior (e que não pude ver por causa da reforma hahaha): 20 mil azulejos azuis que adornam toda a parte interna da mesquita. Somado a isso, mais de 200 vitrais e lustres belíssimos. Só de escrever já deu vontade de voltar para conhecer melhor.
Hagia Sophia – Santa Sofia
Agora sim, vamos falar sobre ela. A Hagia Sofia, um dos momentos inesquecíveis dessa minha viagem pela Turquia foi entrar na famosa mesquita – que já foi igreja e que já foi museu também. O lugar é imenso e impressionante e vale, claro, demais a sua visita.
O lugar é sinônimo de uma das mais importantes heranças que o Império Bizantino deixou para Istambul. Foi construída pelo imperador Justiniano I, como uma igreja cristã, lá no século VI. O prédio foi erguido em apenas 6 anos, substituindo uma série de construções, também de cunho religioso, que já existiam naquele terreno desde o ano 325.
Mas nos séculos seguintes, essa característica inicial foi sendo alterada e transformada. Quando os turcos conquistaram Constantinopla, em 1453, a antiga igreja foi transformada em mesquita, ganhando minaretes de madeira (que mais tarde foram substituídos), um enorme lustre e outras características de um templo muçulmano.
Mais de 450 anos depois, em 1934, a construção foi transformada em Museu. Algumas décadas depois, em 1985, foi finalmente considerada patrimônio mundial da UNESCO, junto com outros espaços do centro histórico da cidade.
Já recentemente, em 2020, o presidente da época resolveu converter novamente o edifício em uma mesquita. E para isso, escondeu parcialmente as imagens cristãs que sobreviveram por ali. Ainda assim, é possível visitá-la, já que é um dos destinos mais populares da Turquia.
Todas essas mudanças tiveram reflexos no seu interior, e muitas podem ser vistas ainda hoje quando a visitamos. Relatos antigos dizem que ela era ainda mais magnífica por dentro, com mármore e mosaicos que a tornavam ainda mais única. Infelizmente, muita coisa se perdeu com o passar do tempo.
Ainda assim, e justamente, é considerada uma simbiose entre as culturas ocidental e oriental, com várias camadas de história contadas por um prédio que está de pé há centenas de anos e que resistiu as mais diversas transformações. O lugar é realmente muito grande, e para mim foi uma experiência que já começou diferente ao colocar o lenço na cabeça, tirar os sapatos e deixá-los na entrada, e, só então, poder vivenciar a experiência que é visitar a Santa Sofia.
Lembre-se também que é preciso se preparar antecipadamente para essa visita, já que não podemos entrar no prédio com ombros e joelhos descobertos e mulheres devem cobrir a cabeça. A fila é bem grande e pode ser que você encontre algum tumulto ali na frente também; afinal é um dos lugares mais visitados do país.
Mesquita de Solimão
Vitrais, azulejos e uma decoração muito impressionante, com um lustre gigantesco, são algumas das belezas que a Mesquita de Solimão nos oferece quando a visitamos. É uma das principais obras arquitetônicas da cidade, construída entre 1550 e 1557, por ordens do sultão Suleyman I, um dos mais poderosos sultões otomanos.
O arquiteto, relativamente famoso por ali, foi o Mimar Sinan e essa mesquita é uma das grandes obras da sua vida. Sua cúpula tem 47 metros de altura e seu palácio, hoje lindo por dentro, já foi devastado por incêndios e passou por modificações de estilo – inclusive com uma guinada ao barroco – que acabou afastando-a de seu desenho original. Na primeira guerra mundial, o pátio interno foi até mesmo usado como depósito de armas.
Foi uma das primeiras mesquitas que entrei na vida – não repare no lenço completamente mal colocado na cabeça – e fiquei genuinamente impressionada com o seu esplendor. E além do interno, é possível também visitar o externo com calma, tendo uma vista impressionante da cidade ao fundo já que está localizada em uma das colinas de Istambul. Agora lendo mais informações sobre o lugar, gostaria de ter tido mais tempo para explorá-la com calma.
Mesmo sendo um lugar de visitação turística, vale lembrar também que é um local de orações. Portanto é necessário respeito, retirar os calçados para entrar e vestimenta adequada.
Palácio do Porphyrogenitus
O Palácio do c, chamado em turco de Tekfur Sarayı, é um palácio construído no final do período bizantino, entre o fim do século XIII e início do XIV. Está localizado no distrito de Fatih, na cidade velha de Constantinopla e tem ainda boa parte de sua construção ainda de pé.
Visitamos o local no início da manhã e estava bem vazio e tranquilo de circular por ali. O prédio gigante possui três andares com grandes janelas e é considerado um dos poucos exemplos remanescentes da arquitetura civil bizantina em Istambul.
Pertencia a uma antiga família rica, possivelmente imperial, já que o nome Porphyrogenitus tem relação com príncipes bizantinos que nasceram em uma sala especial do palácio imperial. No entanto, quando houve a conquista otomana, o prédio passou a ser usado para outros fins como abrigo para animais e até uma olaria.
Os seus usos posteriores e a ação do tempo acabou por deteriorar partes do seu prédio principal mas, ainda hoje, é bem bacana caminhar por ali e ter vistas panorâmicas da cidade ao caminhar pela fortaleza. Além disso, o museu que exiset ali dentro ensina um pouco mais sobre a cultura bizantina.
Grande Bazar
Aqui no blog a gente toma muito cuidado com o tem-que-ir. Mas acho que o Grande Bazar de Istambul entraria tranquilamente na minha lista ‘obrigatória’ de turismo na cidade. Estamos falando de um dos mais antigos mercados do mundo, um dos maiores, se não o maior, mercado coberto e é definitivamente um dos melhores lugares para se fazer compras na cidade.
E tantos superlativos juntos não é só para te convencer. É porque é realmente grande. Estima-se que (números não confirmados) mais de 45 mil metros quadrados e mais de 20 mil pessoas trabalham ali. Uma cifra ainda maior de visitantes (dizem mais de 300 mil pessoas) passa por lá diariamente e você pode ficar entre eles e percorrer seus mais de 60 enormes corredores absorvendo um pouco da cultura, tradição e artesanato turco e tudo o mais que seus olhos – e mãos, e bolso – puderem alcançar.
Quer mais um número? Pois são mais de 20 portas e é bem fácil se perder lá dentro. Então fique atento e eu recomendaria um belo chip de internet para não ter erro quando sair por uma das portas e se entender bem onde você está na cidade para continuar seu passeio.
Sua origem remonta a meados de 1400, quando o antigo governante da época construiu seu palácio perto do antigo bazar. Eis que a vida palaciana atraiu as oficinas de artesanato para a região, fazendo com que as lojas crescessem desenfreadamente. mais tarde, resolveram cobrir as ruas do mercado e, mais tarde, toda a região do mercado foi murada, se transformando no que hoje conhecemos como Grande Bazar.
Palácio Imperial de Topkapi
Esse é outro dos lugares que, com certeza, gostaria de ter visitado com mais calma e mais tempo. É gigante e é mais um daqueles pontos turísticos que seria legal conhecer por dentro pelo menos uma vez na vida. Isso porque o Palácio Imperial de Topkapi é quase como o reflexo da época imperial de Istambul e nos ensina muito sobre o poder que o local tinha como uma das sedes do Império Romano.
Mas vamos por partes. O lugar está localizado pertinho do centro, mas com uma belíssima vista para o Bósforo. Sua construção foi iniciada em 1460 – e inaugurado poucos anos depois – por Mehmed II, logo após a conquista de Constantinopla. Foi a residência principal dele e dos sultões seguintes por aproximadamente 400 anos (!) e chegou a ter mais de 4 mil moradores ali dentro em algumas épocas. Cada um que passava por ali o ampliava e o modificava a seu modo, e somente em 1856, o palácio imperial deixou de ser usado como residência do sultão da época, Abdulmecid.
Como muita coisa em Istambul, a primeira coisa que me surpreendeu foi o nível de detalhes em um lugar tão grande. São inúmeros edifícios menores, quatro pátios principais e simplesmente 700 mil metros quadrados de palácio. SETECENTOS MIL METROS QUADRADOS.
Claro que precisamos de, no mínimo, meio período do dia para visitá-lo mas, como eu disse, eu gostaria de até mais. O local mistura os estilos arquitetônicos que vão do otomano, ao persa e também o europeu – o puro e belo suco de Istambul, eu diria.
Sua transformação em museu veio só mais tarde, em 1924. E hoje podemos conhecer locais como a sala de armas, a cozinha, os estábulos reais e o tesouro. Também é possível visitar o antigo harém, mas o ingresso era separado, estava tudo tão lotado, não fomos.
E aí eu repito, estava lotado no dia que fomos. Era uma tarde de agosto e não foi nossa escolha – estávamos em uma excursão com guia. Se fosse sozinha ou com guia particular, iria logo cedinho pela manhã – e recomendo que você o faça – e seguiria diretamente para o tesouro e depois para o harém, são os lugares mais lotados durante o dia. Ah, e quando visitar o tesouro, não esqueça de admirar o diamante de Oleiro de 86 quilates!
Depois disso, você pode admirar com mais calma os outros recintos que já citamos ali em cima, e também outras relíquias importantes, como o manto e a espada do Profeta Maomé, as porcelanas chinesas e cristais europeus na região da cozinha, e outras salas e portões igualmente majestosos.
Existem opções de tour guiados pelo palácio e outros pontos turísticos de Istambul, que facilitam o entendimento e a absorção das informações. Veja aqui algumas opções.
Torre Gálata
Construída em 528 em madeira para ser um farol para a cidade, a Torre Gálata – e sua região – é um monumento que você pode visitar enquanto estiver em Istambul. Nós não chegamos a subir na torre, mas dizem que é uma das melhores vistas da cidade.
Assim como toda a cidade, ela tem um passado que ajuda a contar melhor a história da cidade. Em 1348 ela foi reconstruída por genoveses e, um século depois, foi ocupada pelo Sultão Mehmet II (falamos dele aqui em cima), durante a conquista de Constantinopla.
Localizada em um lugar alto, sua altura de 61 metros não é enorme para um prédio do gênero, mas ainda assim é muito bonita e ocupa um lugar de destaque na cidade. Além disso, é uma das fotos cartão-postal também de Istambul, então vale a visita à região pelo menos para isso e para desfrutar dos inúmeros barzinhos e restaurantes que se encontram ali no em torno.
Claro, mas claro, que dois dias em Istambul é muito pouco. Mas escrevendo e revivendo as experiências nesse texto, devo confessar que conseguimos fazer muita coisa. Claro que aproveitamos do bom planejamento do guia nesse caso, mas acredito que em uma viagem por conta também seria possível encaixar muita coisa se houver um planejamento prévio e uma programação bem feita da visita de cada um dos pontos turísticos aqui citados.
E se você visitar Istambul, não esquece de nos marcar nas redes sociais @voyajandoblog para acompanharmos tudo, vamos adorar! Leia também tudo o mais que já saiu sobre a Turquia aqui no blog clicando nesse link.
- Bate e volta de Dublin: 5 sugestões do que fazer em Wicklow, na Irlanda
- Leonardo da Vinci na Itália: roteiro completo para conhecer a vida e obra do Gênio do Renascimento
- Roteiro 3 dias em Munique, a capital da Baviera (com Mercadinho de Natal)
- Lago de Garda: roteiro e o que fazer nesse paraíso italiano
- Outlet em Milão na Itália: conheça 5 opções para fazer compras perto da cidade
0 comentários