Para Roma, com Amor: a origem (e as curiosidades) do Coliseu

Eu não sei você, mas conhecer o Coliseu era um dos itens da minha lista de desejos subconsciente. Aquela que fica lá no fundinho da sua memória e se forma quando você ainda é criança, sabe? Ai, quero um dia ver o Deserto do Saara de perto. Será que pode entrar nesse Stonehenge aí? A rainha da Inglaterra deixa visitar o castelo dela? Quero ver os canais de Veneza antes da cidade desaparecer. Essas coisas.

Logo, imagine a emoção que foi poder entrar nessa construção milenar que foi testemunha de tantos acontecimentos históricos. E, ouso dizer, ainda é, já que é cenário de inúmeros livros e produções audiovisuais – até falamos de uma delas aqui – e atrai anualmente milhões e milhões de turistas do mundo todo.

Esse post aqui é dedicado ao Coliseu de Roma. Ou, melhor dizendo, ao Anfiteatro Flaviano, que é seu nome oficial. Se você caiu aqui procurando um Roteiro de Roma ou dicas do que fazer na Cidade Eterna, o seu post é esse daqui, escrito pela @jenifercarpani.

A origem do Coliseu

O Coliseu de Roma começou a ser construído em 72 d.C. por ordem do Imperador Flávio Vespasiano – daí o nome Flaviano. Ele foi erguido no mesmo local onde antes era o palácio de Nero – aquele mesmo que colocou fogo na cidade. Sua estrutura, que comporta entre 50 e 80 mil pessoas, levou apenas oito anos para ser construída e foi inaugurada pelo filho de Vespasiano, o imperador Tito.

Foram aproximadamente 300 anos de lutas, batalhas e caças na arena do Coliseu. No ano de 404, o imperador Flávio Honório proibiu definitivamente os combates entre gladiadores e, daí para frente, o Anfiteatro perdeu sua principal função. Aos poucos o maior e mais famoso símbolo do Império Romano foi perdendo também a sua majestade.

Na Idade Média ele viu sua estrutura ser, pouco a pouco, “saqueada”. Todo o bronze e o mármore do Coliseu foi levado e reutilizado na construção e adorno de Igrejas Católicas, sendo uma delas a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Desde que foi inaugurado, o Coliseu de Roma foi reconstruído, reformado e revitalizado incontáveis vezes. Ele sobreviveu não só aos saques como também a alguns terremotos no decorrer de sua história. Embora hoje ele seja considerado por muitos como “ruínas”, o Anfiteatro é assustadoramente bem preservado e é possível vislumbrar – e imaginar bastante, devo confessar – como as coisas funcionavam por ali durante sua época de ouro. Por isso fazer a visita lá dentro é tão especial.

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Visitando o Coliseu

Antes de tudo você precisa entender que o Coliseu de Roma era um Anfiteatro. Ou seja, ele foi construído para entretenimento. Isso mesmo: as pessoas iam até o local para se divertirem. Era a concepção romana de diversão? Era. Mas, enfim. Uma das coisas que a nossa guia falou no dia da nossa visita que mais me marcou foi: não podemos julgar a cultura da época com o nosso olhar de hoje. Então quando ela transporta você para aquele período e conta como funcionavam as batalhas, os confrontos, as lutas, as mortes, os animais… Ela está simplesmente relatando como as coisas eram. Não é selvageria ou primitivismo.

Não somos melhores ou piores, só evoluímos como sociedade – embora ainda existam pessoas que pareçam pertencer ao Império Romano. Mas, seguimos.

Existem diferentes possibilidades de passeios dentro do Coliseu de Roma e é importante você saber que todos os tipos de ingressos dão acesso ao Fórum Romano e ao Monte Palatino por 24 horas (que caso você queria saber mais sobre, é aqui). Mas a dica de ouro aqui é compre o seu ingresso com antecedência, principalmente se você estiver viajando para Roma em alta-temporada. Você pode apenas entrar no Coliseu na tribuna mais alta, pode fazer um tour guiado em diferentes línguas, pode optar pela contratação de um áudio-guia, pode entrar com um guia privado… Enfim, muitos caminhos levam ao Coliseu.

Coliseu de Roma

No meu caso, Gian e eu optamos pelo tour guiado em inglês pelo subsolo e arena. Pagamos 34€ cada um. O tour tem uma duração aproximada de uma hora e é importante frisar que possui acessibilidade – tinha um cadeirante no nosso grupo. Logo na entrada mostramos nossos tickets e nos encaminharam para a bilheteria para pegar o fone de ouvido por onde escutaríamos a nossa guia. Quando ela chega, ela pede para todos nós ajustarmos a frequência do nosso rádio e começamos a andar.

O tour guiado

O nosso passeio começou no subsolo do Anfiteatro. Lá embaixo a guia vai nos mostrando a estrutura do local e as principais suposições e teorias dos estudiosos em relação ao que acontecia nos bastidores do coliseu. Afinal, era por ali que circulavam os escravos, os gladiadores, os caçadores, os animais… Todo mundo que fazia parte e trabalhava para o show acontecer lá em cima.

Um dos pontos altos do passeio, na minha opinião, é quando a guia mostra as ‘tubulações’ que evidenciam que realmente houveram batalhas navais dentro do Coliseu de Roma. Eu vou repetir com outras palavras caso eu não tenha sido clara o suficiente: barcos foram levados para dentro do Anfiteatro e ele foi inundado para entreter o povo. E não pára por aí. Ela mostrou também onde eram as jaulas dos animais e como funcionava o labirinto e os mecanismos que levavam os bichos lá para cima. É surreal como tudo faz sentido. E é surreal como tudo isso era feito há quase dois mil anos. Viu? De primitivos eles não tinham nada.

Depois, circundamos a arena e chegamos no camarote do Imperador. Nesse ponto a guia explica como funcionava o esquema de lugares no Coliseu e, sem surpresas, era de acordo com as classes sociais na qual você pertencia. Quem ficava no nível da arena era o Imperador e seus convidados, bem como os senadores. No meio da tribuna ficam os ricos e, lá no topo da arquibancada, os pobres. Nós, mulheres, ficávamos na última fileira, nos piores lugares do anfiteatro. Queria dizer que fiquei surpresa com a informação, mas não. Infelizmente, não.

Do camarote do Imperador para a Arena – o final do tour guiado, mas não da visita. Era lá que aconteciam os espetáculos, sejam eles encenações ou batalhas, e você consegue vislumbrar a grandiosidade do Coliseu de Roma dali. Foi nesse momento que meu olho encheu de lágrima e eu pensei “caramba, não é que cheguei até aqui?”.

Esse deck de madeira onde termina o tour guiado é uma reconstrução atual mas, é válido dizer, que o chão da arena na era de ouro do Coliseu de Roma também era de madeira. E não é só isso. Ele era coberto de areia para evitar que os gladiadores escorregassem no sangue que jorrava – em abundância – por ali. Lembre-se: as lutas eram com espadas e facas.

Dali a gente sobe para os andares superiores do Coliseu – onde os ricos ficavam – e existe uma pequena exposição que conta a história do coliseu para aqueles que não fizeram o tour guiado. É ali nessa parte superior que fica o público geral – e é mais movimentado.

Curiosidades sobre o Coliseu de Roma

Se você chegou até aqui já percebeu que a história do Coliseu é muito doida, né? Mas, deixei as curiosidades mais-mais (faltou um adjetivo aqui) para o final.

  • Na inauguração do Coliseu, o Imperador Tito promoveu 100 dias eventos. Estima-se que nessa comemoração morreram centenas de homens e milhares de animais;
  • Os animais trazidos para a arena vinham de todo os lugares do Império Romano. Nessa lista entram leões, tigres, rinocerontes, crocodilos, ursos, girafas, elefantes, panteras…
  • O destino de alguns gladiadores era decidido pelo público. O imperador perguntava se ele deveria viver e: polegar para cima era sim, polegar para baixo era não;
  • Reza a lenda que, no início, os gladiadores eram soldados em treinamento. Depois, começaram a lutar escravos, prisioneiros e criminosos. Começou ali todo um mercado de apostas e muitos dos combatentes podiam ganhar a afeição do público e patrocinadores;
  • Todos os animais morriam. A guia explicou que independente da sorte do bicho na arena, ele morreria depois. Isso porque animais eram sinônimos de carne e dali eles iam parar na mesa das pessoas;
  • Boatos que existia uma espécie de cobertura retrátil para proteger os espectadores do sol;

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E aí, gostou de saber um pouquinho mais sobre o Coliseu? Depois de tudo isso você vai concordar comigo que faz muito sentido o Anfiteatro Flaviano ser considerado uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Ele entrou nessa seleta lista em 2007 e é também reconhecido pela UNESCO como um Patrimônio Cultural da Humanidade.



Viagens por Escrito

Esse post faz parte do projeto Viagens Por Escrito que reúne, mensalmente, blogs de viagem para falarmos sobre algum tema em específico. Dessa vez, trouxemos as Maravilhas do Mundo, seja ele antigo, moderno ou da natureza. E, convenhamos, né? Esse mundo está cheio de belezas esperando pela gente. Então você já sabe: só clicar nos links abaixo para continuar se ‘maravilhando’ em outros textos – perdão pelo trocadilho.

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6 Comentários

  1. Patricia

    Um dos locais mais incríveis que já visitei. É surreal imaginar o passado do Coliseu e o sangue que ali já se derramou.

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  2. luciana calvo mardegan

    O Coliseu sempre me encanta! Li no seu post o comentário mais real: não podemos julgar a cultura da época com o nosso olhar de hoje. Espero que no futuro, não nos julguem também rs

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  3. Barbara Cortat

    Visitar o Coliseu de Roma foi algo que realmente mexeu comigo. Quando sai do metro e dei de cara com ele fiquei toda arrepiada! E confesso que chorei ao vê-lo pela última vez antes de voltarmos ao Brasil.
    Fomos na meia temporada, (começo de abril) e conseguimos comprar os ingressos na hora sem muita fila. O que mais demorou foi passar pelo raio x, esse tava bem enrolado mesmo.

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  4. Kênia Miranda

    Que legal o seu post. Traz tantas reflexões que não fazemos na maioria das nossa viagens.
    Gratidão. Mudar o olhar, faz toda a diferença.
    Beijinhos

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  5. Izabela

    Que post incrível, sinceramente eu não conhecia nenhuma das curiosidades sobre o Coliseu, inclusive ainda não tive a oportunidade de conhecê-lo. Obrigado pelas dicas, abraços 🤗

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  6. Elizabeth

    Uau! Que saudades de Roma e do Coliseu! Já quero voltar com minha família! Amei o artigo! Obrigada por compartilhar 🥰🥰🥰

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