6 dias na Ilha da Madeira: o que fazer, onde se hospedar e o que comer na Pérola do Atlântico

A Ilha da Madeira foi o primeiro destino, voyajante, que eu escutei falar ou desejei ir por conta das redes sociais. Fui impactada. Ou, melhor, influenciada. Toda vez que aparecia um vídeo ou uma foto de viajantes percorrendo a trilha que leva ao Pico do Areeiro, eu imaginava estar lá e o quão mágico deve estar diante daquela imensidão da mãe natureza. E que sorte – e privilégio! – poder ver mais tarde, com esses olhos que a terra há de comer, o quanto a ilha é realmente especial, imprevisível e abençoada. Eu simplesmente amo visitar lugares onde eu me sinta pequenininha diante da mãe natureza. Seja lá como ela decidir se fazer presente.

Mas, onde fica a Ilha da Madeira?

Bom, a Ilha da Madeira fica em Portugal. Ou melhor, faz parte de Portugal. O nome disso é Região Autônoma de Portugaltipo Açores que, se tudo der certo, vai ser um dos próximos destinos aqui do blog. Mas, eu posso dizer que ela é mais próxima do Marrocos do que de Lisboa, a capital portuguesa. Isso porque a Ilha da Madeira faz parte de um arquipélago no meio do Oceano Atlântico. Então, para chegar lá, o caminho mais fácil é de avião. O Aeroporto da Madeira Cristiano Ronaldo (tem uma fotinho do jogador na fachada do terminal, hahaha) é servido por diferentes companhias aéreas , sendo algumas as famosas low costs, como a Ryanair e a EasyJet. Eu fui de TAP,  com escala em Lisboa a partir de Dublin.

Bom dizer que os pilotos de avião precisam de uma licença especial para aterrissar em Funchal. Doido, né? Quando eu li roteiros da Ilha da Madeira e assisti vídeos no Youtube eu fiquei pensando em não colocar isso aqui. Afinal, qual a finalidade de criar pânico? Mas, achei legal sinalizar porque talvez assuste muito mais chegar desavisado por lá e sentir o avião chacoalhar todo, e achar que não é normal. No fim, não sei o que é pior ou melhor, só sei que você vai sentir uma turbulência na descida, mas que o seu piloto muito provavelmente está super acostumado com essas condições de vento.

Quanto custa viajar para a Ilha da Madeira?

Eu sempre tive na minha cabeça que a Ilha da Madeira é um destino caro. Se você me perguntar o motivo, não sei. Talvez por ter visto de perto os preços da Islândia, os preços praticados diariamente aqui em Dublin, na Irlanda… Acho que o cérebro associa automaticamente que tudo que é ilha vai ser dispendioso. Um dia, assistindo vídeos de viagem no YouTube enquanto tomava meu cafe da manhã, veio-me nas sugestões automáticas um vídeo de um britânico aproveitando a Ilha da Madeira como um rei. Nos últimos minutos do video, ele apresenta os valores de hotéis e restaurantes – e foi ai que a realização bateu: olha, é possível, hein? 

Aliás, já segue o Voyajando lá?

YouTube video

“Ah, acomodação pode ser barata, mas precisa de carro para girar na ilha”. Verdade, voyajante. Aí eu fui olhar o preço de uma diária de carro e, com uma locadora local, o valor era cerca de € 40 por dia. Nós optamos pela InsularCar (não foi patrocinado, mas o que é bom a gente recomenda) e pagamos € 35 por dia. Além do valor, gostei que poderíamos pegar o carro no aeroporto e devolver em Funchal, a capital e maior cidade da Ilha da Madeira. “Hum, e quanto ficaria fazer os principais tour partindo de Funchal?”, foi a minha última pergunta para mim mesma. Em uma busca rápida pelo Get Your Guide (nosso parceiro aqui no blog), eu vi que seriam tours entre aproximadamente 35 a € 65 por pessoa para uma excursão de dia inteiro. Mas, como estávamos viajando em casal, o Gian não liga de dirigir (até gosta!), para a gente compensaria pegar o carro. Se você estiver indo em grupo então, nossa senhora, pode ser uma bela economia, não é mesmo?

Em relação ao custo por comida e acomodação, você vai ter que ler o post. Sinto muito. Mas ficaria muito repetitivo para o leitor do texto inteiro se eu simplesmente colocasse os valores aqui – tudo há um porquê, uma explicação e um motivo. Eu juro que não estou forçando você a ler o texto todinho (ou estou? Hehe). Mas, na minha cabeça enquanto escrevo esse post e na sua enquanto lê, vai ser mais claro assim. Confia!

Dirigindo na Ilha da Madeira

A Ilha da Madeira tem origem vulcânica e possui uma cordilheira central que, embora lindíssima, é gigantesca e claro que, por um longo período de tempo, o homem teve que se dobrar à força da natureza e construir estradinhas sinuosas na beirada de morros, montes e precipícios. Com o avanço tecnológico e da abençoada engenharia, o homem começou a moldar a mãe natureza, e foi capaz de fazer rodovias que atravessam cadeia de montanhas tão antigas quanto o tempo. Nossa, Jeanine, bebeu? Não, só quis fazer uma pequena introdução para jogar a bomba: na Ilha da Madeira você encontra os dois tipos de estrada. As estradinhas pequenininhas, cheias de curva e que não acomodam dois carros mesmo tendo mão dupla; e as rodovias, largas e com várias faixas que são bem sinalizadas. As rodovias ligam as grandes cidades ao redor da Ilha, mas são as estradinhas que você vai pegar para chegar nas atrações. Então, voyajante, tenha isso em mente se pensar em alugar um carro.

E tenha isso mais em mente quando estiver escolhendo qual carro alugar. O que pegamos era compacto e manual, e deu uma sofrida para chegar nos estacionamentos do Pico Ruivo e Pico do Areeiro.

Estacionamentos pela Ilha da Madeira

Existem estacionamentos gratuitos por toda a Ilha da Madeira. Mas, tem que chegar cedo. Dependendo da época do ano, eles enchem rapidamente sobrando apenas as opções pagas ou estacionar na rua (com parquímetro – que só aceita moedas, devo dizer). A gente tomou o cuidado de pegar apenas hotéis com estacionamento incluso até chegarmos em Funchal, onde devolvemos o carro já que sentimos que um estacionamento seria mais desafiador. E vale dizer que deixamos de fazer uma das atrações planejadas (mais detalhes adiante) por esse motivo: não haviam mais vagas e nós não arriscamos deixar o carro no meio da rodovia, em lugar proibido – embora muitos turistas estivessem fazendo isso.

A maioria dos pontos turísticos possui grandes bolsões de estacionamento – que também ficam cheios, viu? No Fanal, por exemplo, eu e o Gian tivemos que esperar alguns minutos até um espaço vagar. Reparei que o teleférico Achadas da Cruz possuía pouquíssimos espaços e no miradouro do Cabo Girão, a gente parou na rua mesmo – um pouco mais afastado do ponto turístico. Isso porque alugar um carro é quase que mandatório para o turismo na Ilha da Madeira, a depender do seu roteiro e quantidade de dias por lá. Isso se você não quiser depender das excursões, que já citamos aqui. Dependendo da época do ano, prepare-se e tente chegar nos lugares bem cedinho.

Onde ficar na Ilha da Madeira?

A gente tinha duas opções: ficarmos a semana inteira em Funchal e fazer bate e voltas a partir da capital madeirense todos os dias (o que não é uma má ideia se pensar que em uma hora e meia você consegue cruzar ilha inteira) ou irmos parando em diferentes cidades, diminuindo a locomoção entre atrações turísticas, mas tendo a inconveniência de ficar arrumando a mala a cada parada. Optamos pela segunda opção e o principal motivo foi: custo-benefício.

Vou fazer um mea-culpa também: nós demoramos para fazer as reservas dos hotéis. Quando finalmente sentei para ver isso, os hotéis mais bacanas em Funchal já estavam sem as datas necessárias disponíveis. Os hotéis com vaga de estacionamento estavam mais acima do que o que queríamos pagar. Então percebemos que pelo mesmo valor (ou menos), a gente conseguia se hospedar em hotéis muito mais bacanas em outras cidades pela Ilha. E foi isso que fizemos. Ficamos duas noites em Santana, uma noite em Porto Moniz, uma noite em Eira do Cerrado e, finalmente, três noites em Funchal. E, sinceramente, não nos arrependemos.

Em Santana, ficamos no Santana in Nature B&B e pagamos cerca de € 85,50 por noite com café da manhã incluso. Quando chegamos lá, percebemos que trata-se de um complexo com diferentes áreas, tendo até mesmo bar, restaurante, piscina e hidromassagem que, segundo nos disseram, funcionava 24 horas. Foi ali que eu vi o nascer do sol mais bonito de toda a nossa estadia na Ilha da Madeira, já que uma parte dos quartos tem vista para o mar e a outra para as montanhas. Como ele fica um pouquinho afastado do centrinho de Santana, jantamos as duas noites por lá mesmo e foi ótimo. Não temos o que reclamar do atendimento. E é legal dizer que você encontra algumas das famosas Casas de Santana (mais detalhes a seguir) ali no restaurante mesmo – o que se torna uma experiência um tanto quanto VIP já que as mais requisitadas estão no centrinho nervoso.

Santana

Em Porto Moniz, a gente gostou muito do hotel e da localização, já que fica a poucos metros da principal atração da cidade, que são as suas piscinas naturais. Chegamos no Hotel Euro Moniz por volta do horário do almoço, fizemos o check-in e descemos de chinelo e roupas de banho para finalizar o dia na água. Tem um bar no rooftop com uma vista bem bacana – embora não tenhamos ido para lá para beber. Demos um pulinho para ver qualé que era e acabamos descendo para jantar no centrinho. Ah! Pagamos € 121 na diária por ali – com café da manhã.

E toda a ’vista‘ que não encontramos nos picos madeirenses, a gente encontrou dentro do Eira do Cerrado – Hotel & Spa, localizado do ladinho de um mirante também chamado de Eira do Cerrado. Mesmo se você não se hospedar por ali, vale a visita no miradouro que tem no local (que é publico e de graça). A estradinha até lá é um desafio, já que em alguns pontos dois carros não passam juntos, mas como não estava movimentado nem na hora que chegamos lá e nem na hora que saímos, foi tudo mais do que bem. Chegamos no inicio da tarde, fizemos o nosso check-in e corremos para a piscina do hotel, que tinha uma vista impressionante para o Curral das Freiras, região onde estamos lá no meio da cadeira de montanhas. Ficamos um tempinho na jacuzzi (muito chiques, né?) e acabamos jantando no hotel mesmo – até porque nem sei qual a distância do próximo restaurante mais perto. A comida estava uma delícia, embora os preços tenham sido mais altos do que os praticados nas cidades – o que faz sentido, não é mesmo? O café da manhã, incluso na diária de € 81, estava bem gostoso.

Como disse anteriormente, os preços das acomodações em Funchal não estavam dos melhores quando fechamos o nosso roteiro. A Hospedaria Por do Sol foi o melhor custo-benefício que encontramos na região e, embora não tivesse uma localização muito central, eu gostei, já que era bem próxima a um shopping que acabou nos ajudando em diferentes ocasiões. Desde comprar líquido para lentes de contato até água para deixar dentro do quarto. E devo dizer que conhecemos Funchal toda a pé, salvo o táxi que nos levou até o Monte, que falaremos mais a seguir. Aliás, essa última escolha foi uma dica da dona Rosa, que comanda a hospedaria, e que nos acolheu super bem quando chegamos por lá. Pagamos € 144 para as três noites (€ 48/dia) que ficamos por ali. Tinha a opção de café da manhã, mas a gente quis comer nas padarias da cidade.

Booking.com

Roteiro: O que fazer em 6 dias na Ilha da Madeira?

Geralmente, nas matérias maiores de roteiro, eu gosto de dividir o texto em duas partes. O roteiro em si e cada atração no detalhe. Mas, dessa vez farei diferente. Até porque grande parte das atrações da Ilha da Madeira são belezas naturais e se eu começar a destrinchar o processo de formação das rochas vulcânicas ou o tipo de vegetação encontrada por ali, vocês vão abandonar o Voyajando.com. E nós queremos você por aqui! Por mais que a gente escreva, e escreva muito, sem exatamente seguir as técnicas robóticas que o mundo chamado internet (vide o tamanho de cara um dos parágrafos aqui apresentados) pede, a gente sabe que o tamanho de um post influencia muito se você, leitor, vai investir sua energia nele. Também vou evitar a adjetivação dentro do limite do possível.

Logo, vou adiantar desde já que os cenários madeirenses são sim de tirar o fôlego (em alguns momentos, literalmente, já que, né, trilhas). São indescritíveis, são majestosos e são impressionantes. É a natureza esplendorosa e a gente pequenininho diante dela. É um tipo de viagem que eu e o Gian gostamos muito – e de tempos em tempos – é necessário para a alma. Mas não vou me estender por aqui porque este não é o canal para isso. 

Última coisa antes de irmos para o roteiro e para as atrações da Ilha da Madeira é dizer: na natureza, nada se deixa.  “Aí, a bolacha caiu no chão” – pegue e leve com você até o lixo mais próximo. “Aí, é comida!” – não interessa, você não sabe quais os animais que estão por ali e o seu inofensivo biscoito de chocolate pode fazer muito mal para alguma espécie da região, o que pode causar um efeito borboleta.

Dia 1 (Aeroporto & Ponta de São Lourenço)

A Ponta de São Lourenço é uma península de origem vulcânica mais ao nordeste da Ilha da Madeira. Foi a nossa primeira atração. Para chegar até o estacionamento ali, foram 20 minutos de carro a partir do aeroporto. Chegaríamos mais cedo? Sim. Mas alugamos o carro com uma locadora de veículos local e a loja interrompe seu funcionamento durante o almoço, ou a famosa sesta. Então nosso vôo chegou antes do meio-dia, mas só conseguimos pegar o carro mesmo a partir das 14h30. E tá tudo bem. Aproveitamos esse tempinho extra para almoçar. Acordamos duas horas da manhã para ir para o aeroporto em Dublin, voyajante. Foram dois voos praticamente sem escalas até o Aeroporto Internacional da Ilha da Madeira. Ou Cristiano Ronaldo Madeira International Airport.

A trilha da Vereda da Ponta de São Lourenço (PR8) possui 6 quilômetros de extensão, ida e volta, e tem uma taxa simbólica de € 1 por pessoa que tem que ser paga online – não tem bilheteria por ali. Se você não pagar, diz mais sobre você. Por ali você passa por paisagens de falésias, ilhéus e colinas. E é curioso que não existem muitas árvores, o que ajuda a ter uma bela vista do Oceano Atlântico. A dificuldade da trilha, segundo os sites especializados, é média. Para esta que vos escreve, e que já contextualizou a condição esportiva/fitness no começo deste post, é desafiadora. Reza a lenda que em dias bons é possível observar lobos-marinhos pelos mirantes, o que não foi o nosso caso, infelizmente. No meio do percurso, é importante dizer, tem um pequeno restaurante de apoio. O que ajuda os menos preparados – que foi o nosso caso, já que paramos por ali para comprar águas. Depois de suados, se quiserem, podem mergulhar na Praia do Sardinha, localizada ao lado do cais. A gente não foi.

De lá, pegamos o carro e fomos sentido ao hotel da vez para fazer o check-in e aproveitar um pouco da estrutura do local. Fizemos a nossa reserva pelo Booking.com (nosso parceiro, link afiliado) e rumamos ao Santana in Nature Red & Breakfast. Como o nome já diz, fica em Santana, uma cidadezinha localizada  na costa norte da ilha. É lá que estão as “casinhas de Santana”, e se você viu alguma algum vídeo ou leu alguma matéria sobre a Ilha da Madeira até chegar neste post aqui, você já viu fotos dessas construções de arquitetura curiosa, triangular, de madeira e de telhado de palha. Todos materiais encontrados localmente e que ajudam na manutenção da temperatura no interior. 

Pois saiba que essas belezinhas são consideradas patrimônio histórico – e com razão. Elas são reflexo do isolamento do local já que antes o acesso até ali era difícil, tanto por terra quanto por mar. A gente teve muita sorte já que tinham duas delas ali no hotel em que nos hospedamos. Jantamos por ali e já fotografamos as bonitas, que pareciam estar por ali para a gente mesmo. Um grande outro check na nossa listinhas de atrações logo no primeiro dia. Nada mal!

Hoje, Santana está nas rotas turísticas e é, desde 2011, reconhecida como “Reserva da Biosfera” pela UNESCO. Por quê? Porque ali do concelho de Santana (com ‘c’ mesmo, que em pt-pt quer dizer municipalidade) você encontra a maior parte da floresta Laurissilva, consagrada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, em 1999. Trata-se de uma mata que produz água doce no meio do mar (ilha, lembra?). Isso acontece por sua vegetação que captura as gotículas de água da atmosfera e irriga o solo. Um metro quadrado de vegetação Laurissilva produz cerca de 30 litros de água. Incrível, né?

Dia 2 (Pico Ruivo, Ruínas de São Jorge e Santana)

Dez entre dez roteiros disseram: tente ver o nascer do sol no Pico do Areeiro, se as condições climáticas permitirem. E aqui eu falarei no site NetMadeira que nada mais é do que um conjunto de câmeras espalhadas pela Ilha da Madeira onde você tem acesso instantâneo de como está o local naquele momento. E, assim como a Irlanda, a Ilha da Madeira é, como o nome já diz, uma ilha. Então as condições climáticas mudam da água para o vinho em velocidades surpreendentes. Já mudou antes de você dizer a palavra surpreendente. Pois bem. Se você for do time que vai para a trilha tentar assistir ao amanhecer lá de cima, vale a dica. Se não vai também, não tem importância. Salve a plataforma nos seus favoritos de qualquer forma, é bastante conveniente. Eu e o Gian desistimos de tentar assistir o nascer do sol e eu explico: lembra que eu achei a Vereda da Ponta de São Lourenço (PR8) um desafio? Pois bem. Eu percebia ali que não teria condicionamento físico para os muitos quilômetros da vereda que liga o Pico do Areeiro ao Pico Ruivo e recalculamos a rota logo de cara.

O Pico do Areeiro e o Pico Ruivo estão localizados na Cordilheira Central da Madeira (chamado Maciço Montanhoso). Um dos lugares mais próximos do Pico Ruivo é Santana. Por isso, o município é uma boa dica para hospedagem para você que vai coloca as montanhas no roteiro, fazendo ou não a trilha. Dá para visitar o Pico Ruivo sem andar muito? Sim. Quer dizer, ainda tem que fazer trilha, mas não é tão grande. E foi isso que fizemos. Nós nos dirigimos para o Achada do Teixeira, onde tem uma espécie de bolsão de estacionamento de onde parte a Vereda do Pico Ruivo (PR1.2). É uma subida, mas pelo menos, são menos quilômetros – cerca de 3 km para ir, e os mesmos 3 km para voltar.

Sobrevivemos, e aqui estou para contar a história toda. 

A chuva no início da trilha foi mais cansativa que a subida até o Pico Ruivo, eu devo dizer. Um dos desafios é a falta de estrutura. Quer dizer, não serei injusta, já que o caminho (a “trilha”) é todo calçado. E já bem perto do pico você encontra uma casa de descanso que é uma espécie de tem-de-tudo. E, graças ao bom senhor, ele aceitava cartão lá em cima. As barrinhas de proteína que havíamos levado já tinham acabado há tempos. A gente pegou cafés e o Gian conseguiu usar o banheiro. Eu estava regulando bem a minha quantidade de água para não passar por apertos. A umidade não deu trégua e, depois de umas leves aberturas ao longo do caminho, a neblina fechou de vez. E, é isso. Não vimos absolutamente nada. Demos uma bela enrolada por lá, descemos, percorremos uma parte da trilha que vai para o Areeiro, quando o tempo abriu, corremos pico acima e, com as coxas queimando pela segunda subida ao topo do Pico Ruivo, pegamos mais chuva e neblina.

Quando terminamos, já cansadinhos, como era de esperar de um casal não praticante de hiking, pegamos o carro e passamos direto para a Freguesia de São Jorge, localizada ainda no concelho de Santana. Nosso foco lá eram as ruínas de São Jorge. Que não são vestígios de igreja ou paróquia não, como eu erroneamente pensava – são de engenhos de cana-de-açúcar, construídos no início do povoamento da Ilha da Madeira, lá em meados do século XV. Paramos ali para tirar umas fotos do Arco de São Jorge, próximo à Praia de Calhau. Depois, voltamos para Santana, almoçamos (super tarde, mas tudo bem!) e fomos para o hotel para aproveitar a estrutura e recuperar as energias para os próximos dias. Mas, antes, fotografamos mais casinhas de Santana ali no centrinho e olhamos lojinhas de artesanato.

Dia 3 (São Vicente, Seixal, Fanal e Ponta do Moniz)

Nosso terceiro dia de viagem foi em busca do outro lado da Ilha da Madeira: o praiano. Após muitos e muitos quilômetros pelas trilhas, montanhas e mato, hahaha, chegou a hora de sermos abraçados pelas águas abençoadas de um outono madeirense. Pois bem, após o belo café da manhã em Santana, fizemos o checkout e partimos para o oeste. A primeira parada? São Vicente. 

Foi uma passagem rápida, até porque vimos de antemão na internet que a principal atração turística da cidade, fora a praia de São Vicente, estava temporariamente fechada. São elas grutas formadas há 890 mil anos e esculpidas naturalmente pelos gases formados pela erupção do vulcão. Ah! E toda a cidade está rodeada pela floresta Laurissilva, da qual já falamos mais para cima. Se tiver fôlego, suba até a pitoresca Capelinha de Nossa Senhora de Fátima. A gente se contentou em olha-la lá de baixo mesmo.

Nosso próximo destino foi Seixal – e para ele nós já estávamos de roupas de banho por motivos de: piscinas naturais. No caminho passamos por alguns atrativos e mirantes (ou miradouros, como chamam os portugueses). Mas, cuidado, minha gente. Não é só porque o lugar é bonito que dá para parar o carro e ir lá ver. Segurança em primeiro lugar! E não estou falando apenas do trânsito aqui, mas também da possibilidade de se enfiar em qualquer lugar para tirar fotos. Mas, voltando. Na estrada conseguimos ver a Cascata Água d’Alto e, mais para frente, paramos no Miradouro do Véu da Noiva, considerado um dos mais belos de toda a Ilha da Madeira. E com razão.

As praias de Seixal chamam atenção pela sua areia de origem vulcânica e, por isso, preta. Mas, Gian e eu seguimos até as Piscinas Naturais de Seixal, ou melhor, a Poças das Lemas  (ou Praia da Jamaica) – o nome carinhoso pela qual é conhecido. Se você for da praia, a da Lage é ali do ladinho. Mas, falando de onde nós fomos, o mais bacana é que existe uma certa infraestrutura no local e ele continua gratuito. Então o estacionamento (que tem vagas limitadíssimas, então chegue cedo!), os vestiários e o próprio mergulho são free. Ah! Quando estiver programando sua rota, no Google Maps, tem especificamente qual é o estacionamento que é de graça, fique atento. Alguma boa alma fez questão de sinalizar e ajudar os viajantes baixo orçamento. Deus o abençoe. Tem ainda um bar por ali que, por conta do horário em que visitamos, acabamos por não consumir nada.

Após o mergulho do Gian (eu não tive coragem, estava frio), seguimos. Legal dizer que como não é um lugar monitorado… Então achei um tico perigoso. O mar estava visivelmente agitado e, mesmo com as rochas quebrando as ondas para a formação da piscina natural, não era o suficiente. As ondas estavam altas e eu achei, sinceramente, meio assustador – embora muito, muito bonito. Outro ponto de atenção em que você desce uma “escada” de pedras naturais para chegar na água e elas estavam bem lisas, cobertas por limo. O Gian voltou com um joelho ralado de souvenir.

De Seixal fomos para a Floresta do Fanal – em uma viagem de aproximadamente vinte minutos. No caminho passamos pelo Miradouro da Eira do Achada, mas a gente preferiu parar nele na volta porque não tinha lugar para parar na mão em que estávamos. Mas, parem mesmo, viu? A “vista” dele é de imensidão: uma linha tênue entre céu e mar, quase inexistente. Ah, e por falar em estacionamento, bom ressaltar que mesmo com dois bolsões relativamente grandes de estacionamento, o Fanal estava bem cheio. Isso porque muitas das pessoas que visitam o local não estão ali apenas para ver as célebres árvores (como a gente). Existem muitas trilhas que partem dali. Então, a rotatividade de veículos não é grande.

Mas, Jeanine, o que é Fanal? Eu explico, é uma vasta área florestal que chama atenção pelo bosque de tis centenários, que como você deve ter imaginado, é uma variedade de árvore (e desculpem biólogos pela minha rasa explicação). Os tis estão ali muito antes dos portugueses chegarem (não, não vou usar a palavra descobrimento) e fazem parte da já citada floresta Laurissilva. Seus troncos grandes e retorcidos dão um ar meio fantasmagórico, principalmente se o tempo estiver encoberto ou com neblina. Existem, é claro, algumas trilhas para se fazer pelo lugar. A gente fez? Não. A gente sabe, ainda que bem mal, os nossos limites. E tem para todos os gostos e tamanhos, hahaha. Sugiro o site oficial do Turismo de Madeira para você ver os caminhos oficiais e não sair se enfiando pela floresta sem demarcação. Combinado?

Voltamos para o carro e, uns 25 minutos depois, estávamos em Porto Moniz. Fomos direto para o hotel da vez fazer o check-in e deixar o carro, e correr para o que eu achei que seria um abraço do mar. Almoçamos e fomos para as Piscinas Naturais de Porto Moniz, uma das principais atrações do norte da Ilha da Madeira. Ela foi desenhada pela lava vulcânica e tem “piscina” para todo mundo, com alguns trechos chegando a dois metros de profundidade. Tem acessibilidade para cadeirante e área para as crianças, então é um belo exemplo de como a natureza e o homem se juntam. Nossa, Jeanine, mas devem ser cheio então. Não é vazio, mas é grande, voyajante. Então as pessoas se espalham. E é legal dizer que as piscinas naturais do Porto Moniz são tão grandes que, se você não quiser usar a infraestrutura paga do local, andando mais um pouquinho pela orla da cidade você encontra mais piscinas naturais e gratuitas, como em Seixal. O Gian entrou nas duas (três, né), por exemplo.

Ah, e se pretende visitar as Piscinas Naturais de Porto Moniz como a gente, atente-se aos horários de funcionamento. A atração abre às 9h todos os dias, mas tem horários de fechamento diferentes de acordo com a estação. Eu não entrei em Seixal porque queria aproveitar Porto Moniz, e estava pronta para aproveitar a calmaria das piscinas naturais e ser abraçada pelas águas no Atlântico (que estão até agora sem entender o que eu fui fazer no Pico Ruivo).

Quer dizer, essa era a expectativa. A realidade foi bem diferente. A gente não tinha reparado, mas existe uma bandeira gigante bem no meio da área das piscinas e ela estava amarela quando nós chegamos. E o mar um tanto quanto revolto. Existem piscinas mais rasas para aproveitar com as crianças e tudo mais – mas grande parte da área principal não dá pé. Ai, Jeanine, você é baixinha… Normal… Vou reformular. O Gian também teve que lutar pela vida dele em alguns momentos. Que canseira, voyajante. A cada onda que batia, era uma nado cachorrinho frenético – até que cansamos e fomos para o bar beber caipirinha que seria mais divertido. Não deu nem tempo do álcool fazer efeito e os salva-vidas hastearam a bandeira vermelha e enxotaram todo mundo da água… Fim. Natureza, de novo, né?

Na cidade tem ainda um Aquário, caso você se interesse. Jantamos um belo sandes feito no bolo de caco, já que não estávamos famintos. Fica aí a dica!

Dia 4 (Achadas da Cruz, Ponta do Sol, Mirante do Cabo Girão e Eira do Cerrado)

No dia seguinte, começamos visitando o Teleférico das Achadas da Cruz. Por € 5 (alô, estudantes ou 65+, vocês pagam € 2), ida e volta, você faz a ligação até a Fajã da Quebrada Nova, terrenos tomado por produções agrícolas como vinhas e hortaliças. Dá para chegar por trilha lá em baixo, mas nós não estávamos afim não, haha. Vou confessar, não sou muito fã de teleféricos e quase pulamos esse, mas as recomendações eram tantas e o local era citado como um “tem que fazer” em diversos roteiros pela internet. Ai, Jeanine, você não é todo mundo. Não sou, mas fui ver qual é que é. E o bicho é emocionante, voyajante! Não um “montanha-russa” emocionante, um “ai, que coisa mais bonita” tipo de emoção. A descida é íngreme e dá uma visão boa da imensidão do Atlântico. Na minha humilde opinião, vale a pena. No amanhecer então, como a gente fez, foi lindo!

Alguma dica? Sim – cuide dos horários de funcionamento. Na época em que estava planejando o roteiro, encontrei muitos lugares dizendo que o teleférico pára para sesta e o estacionamento é horroroso. Nós chegamos muito cedo em uma terça-feira, por volta das 8h30, e foi bem tranquilo. Só tinha a gente lá. E em relação ao carro, realmente, parecem ser poucas vagas para estacionar. Boa sorte!

A segunda parada do dia foi para lavar a alma, literalmente. Fomos com o carro até pertinho da Cascata dos Anjos, uma queda d’água em cima de uma antiga estrada. Sim, ainda passam carros por lá – o que acaba incomodando bastante, porque o local é concorrido para foto e estreito. A gente parou o carro bem antes da cascata e fomos andando até o local para não atrapalhar as nossas próprias fotos e a de mais ninguém. Mas no fim, tivemos que passar com o carro por baixo da cascata, mesmo tendo todo o cuidado, porque não tinha como retornar com o carro para saírmos de lá. Ali pertinho da Cascata dos Anjos, paramos de surpresa em um local que, no mapa, está intitulado apenas como Ponte Velha, que aparenta ser mesmo bem antiga e feita todinha de pedras. Ela tem um arco também que, do outro lado, você tem a vista para o mar e para a Praia de Ponta do Sol. É bonito!

De lá, íamos para mais uma trilha. Mais uma, Jeanine? Sim. Viajamos até a Ponta do Sol, já no sul da Ilha da Madeira. A ideia era estacionar o carro próximo à Igreja da Lombada da Ponta do Sol, já que de trás dela sai o caminho para a Levada do Moinho. Mas, antes de seguirmos com o roteiro, vale uma explicação. As levadas são essas espécies de trilhas que ficam ao lado de canaletas de água. Existem na Ilha da Madeira mais de 3 mil quilômetros de canais de água formada pela floresta Laurissilva e que abastecem as cidades do lugar. Se vocês incluirem essa trilha em específico no roteiro (Levada do Moinho, caso já tenha esquecido), observe a estradinha cheia de bananeiras e com as levadas correndo morro abaixo. Achei super legal!

Porém, como passamos no teleférico na ida até a trilha, quando chegamos enfim na igreja, não haviam lugares para estacionar. Passamos por muitos carros parados em lugares proibidos no caminho, eles já tinham dado a dica. Pensamos e pensamos e achamos melhor não correr o risco. O carro poderia ser multado, poderia ser guinchado e, na pior das hipóteses, a nossa irresponsabilidade poderia causar um acidente, já que chegando perto do estacionamento da igreja, as ruas ficavam bem apertadas. E, por aqui, ninguém é da turma do “não dá nada”. Melhor deixar a levada para uma próxima oportunidade do que marcar a viagem toda com um experiência ruim.

Recalculamos rota e paramos no centrinho da Ponta do Sol, mais pertinho do mar, para comer e ter uma visão da cidadezinha considerada a mais quente da Ilha da Madeira. Nossa primeira parada foi o Cais da Ponta do Sol, construído em meados do século XIX e que chama atenção pelo seu “arco amplo de volta perfeito”, como descreve o site oficial da Madeira. Ainda hoje é possível observar, escavada na rocha, uma prisão e uma casa da guarda que existia por ali. É bem legal, de verdade! Aí passamos pela Igreja de Nossa Senhora da Luz, datada dos finais do século XV e subimos até um mirante. Descemos e paramos para almoçar – e que atendimento bacana. Recomendamos o Restaurante Caprice.

Por fim, voltamos para o carro e fomos para uma das principais atrações da Ilha da Madeira: o Mirante do Cabo Girão. Ou, como chamam agora, o Skywalk. Ali, existe uma plataforma suspensa de vidro que está a 580 metros de altura acima do mar, o equivalente a um prédio de quase 200 andares. Ali, cobra-se o valor de €2 por pessoa e o estacionamento está do ladinho. Tem-se uma vista e tanto da Câmara dos Lobos e de Funchal, e de como o homem se molda à natureza. E vice-versa. Lá embaixo, a praia. Mas, depois de ver tantos miradouros, acredite, esse não foi o nosso favorito, devo confessar. Embora a vista dali para as a área mais populosa da Ilha da Madeira, é outro visual.

Por fim, paramos na Câmara dos Lobos, o local por onde teria se iniciado o povoamento da Ilha da Madeira. João Gonçalves Zarco, o navegador que descobriu a Pérola do Atlântico, um dos apelidos do lugar, teria permanecido nessa baía no início da ocupação, por volta de 1420. O nome é uma referência à quantidade de lobos-marinhos que existia por ali. Na nossa passagem rápida pelo centrinho da cidade, passamos na frente de alguns patrimônios históricos como a capela de Nossa Senhora da Conceição, fundada no século XV e considerada por alguns como a mais antiga da Ilha; o convento de São Bernardino, de 1425, e a barroca igreja de São Sebastião, de 1426. Por ali também encontramos  o do, um local utilizado, como o nome diz, para produção de cal, lá em 1974.

Enfim, existem muitos motivos para se conhecer a Câmara dos Lobos. Curiosamente, o local ficou muito famosos pela passagem do primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, por lá. O político visitou o local em janeiro de 1950 procurando sossego, até pintou um quadro no Miradouro do Espírito Santo. Então, se você ver fotos, pinturas e referências ao ex-premier inglês, eis o motivo. 

Confesso que gostaria de ter gostado mais da Câmara dos Lobos. Mas, estava tão calor, mas tão calor, que eu estava me arrastando pelas ruazinhas em busca de sombra. Acabamos parando por ali para tomar uma poncha que – reza a lenda, nasceu por ali – estava docinha, mas não muito gelada. O calor, o doce e a minha pressão baixa não são uma combinação muito boa. Decidimos puxar o nosso bonde e adiantar o nosso check-in no hotel da vez. Pegamos o carro e fomos para o famoso Curral das Freiras, um vale profundo e similar a uma cratera de vulcão. E que nome é esse, Jeanine? Eu explico. Quando Funchal foi invadida por piratas, lá em 1566, freiras que viviam em um convento chamado Santa Clara usaram o terreno montanhoso para se esconder. Afinal, ali é um dos poucos locais da ilha que não é visível do mar. Loucura, né? É possível visitar o Convento de Santa Clara quando estiver em Funchal – mas não é uma atração tão próxima do centro histórico. Esse convento é datado de finais do século XV e foi construído para recolher as filhas da nobreza local. 

Junto do hotel fica o Miradouro da Eira do Serrado, que conta com uma altitude de 1.094 metros. Foi dali que nós finalmente (finalmente!) tivemos a vista que tanto queríamos da Ilha da Madeira. Então, não poderia recomendar mais. Sério, voyajante, se você estiver de carro como a gente, nós recomendamos uma pernoite pelo menos ali no Curral das Freiras. Como chegamos cedo, aproveitamos a piscina interna do hotel que tinha uma parede de vidro com vista para as montanhas, assim como o restaurante onde nos serviram o jantar (não incluso na estadia) e o café da manhã. Acordar com aquela imensidão foi uma das experiências mais gratificantes da minha vida – e olha que eu já tive umas vistas muito bonitas – e graças a Deus por isso – ao longo das minhas quase 30 primaveras.

Ali pertinho também fica o Miradouro do Paredão e a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, construída em 1790 a mando de D. Maria I. Mas, não fomos até lá.

Dia 5 (Pico do Areeiro & Funchal)

No roteiro original, iríamos aproveitar o hotel na parte da manhã e irmos para Funchal na sequência e, enfim, começar o nosso roteiro pela capital da Ilha da Madeira. Mas, já que não fizemos a trilha no dia anterior e aproveitamos o hotel no dia de check in, decidimos usar o nosso último dia de carro para, mais uma vez, tentar ter a vista das montanhas madeirenses. Por aqui, a esperança é a última que morre. Ainda não iriamos fazer a trilha completa entre o Pico do Areeiro até o Pico Ruivo por motivos de falta de condicionamento físico. Mas, poderíamos fazer o caminho até o Pico do Areeiro e o Miradouro Ninho da Manta que é no começo do percurso, tal qual fizemos no Pico Ruivo. Em tese, era um bom plano. Ia dar certo.

O Pico do Areeiro é um dos principais destinos dentro da Ilha da Madeira e isso tem motivo. Lá de cima de seus 1818 metros de altitude, tem-se uma vista privilegiada das belezas naturais do local – das montanhas e do mar. Muitos blogs e canais de viagem usaram a palavra espetáculo. E, olha, eu estaria inclinada a concordar. Se eu tivesse visto algo, hahahahaha. A mesma neblina e chuva que atrapalham a nossa visibilidade no Pico Ruivo estavam nos esperando lá no Areeiro também. Eu ri, mas fiquei triste. Fim da história.

O bolsão de estacionamento do Pico do Areeiro é bem próximo do pico em si, não é uma trilha tal qual do Pico Ruivo. Na real mesmo, o estacionamento é meio longe da atração em si, então é como se você fosse para um shopping e só tivesse vaga muito, muito longe da entrada. Mas, ao chegar na entrada da trilha, você já está bem pertinho do topo e tem uma bela infraestrutura com café e lojinha. Após alguns degraus, voilà. Subimos e vimos que não veríamos nada, decidimos dar uma andada pela trilha até o miradouro do Ninho da Manta. Mas, nada. Nenhuma aberturinha. Apenas neblina pura. Decidimos deixar quieto e ir para Funchal logo, hahahaha.

(((Bom dizer que eu escolhi as fotos de aberturinhas para embelezar esta matéria. Ia ficar esquisito um monte de imagens cinzas da neblina, hahahaha. Mas no @voyajandoblog, já segue a gente lá? Tem o perrengue em video!)))

https://www.instagram.com/reel/Cxgdh_vIB1f/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

Informação importante!

Eu sei que falei do nosso condicionamento físico várias vezes aqui. Mas tem uma coisa que é muito importante ressaltar: caso você esteja de carro como a gente, você vai precisar voltar para o bolsão de estacionamento onde você parou. A trilha entre os picos não é circular, mas linear. Então o mesmo caminho que você percorreu para chegar ao Pico Ruivo, você vai precisar percorrer para voltar para o Pico do Areeiro. Logo, é o dobro da caminhada. Se fosse uma trilha circular, as chances de encararmos eram muito maiores.

Uma das dicas que eu vi em um blog (que eu perdi o link, se não eu creditava) é que a moça reservou um táxi para buscá-la no Achada do Teixeira e leva-la de volta até o estacionamento da Vereda do Areeiro. Achei a dica boa – e fui pesquisar. É aproximadamente 1 hora entre os estacionamentos. Ela pegou o número de telefone de três taxistas com o hotel onde estava hospedada e ligou para um deles buscar quando terminou a trilha. Para ela, deu certo. Eu sou bastante desesperada e não quis dependem de um terceiro.

Outra opção é fazer uma excursão. Os ônibus deixam você de um lado e de buscam do outro – então você não teria que se preocupar com esse deslocamento. No GetYourGuide, parceiro aqui no blog, tem diversas opções partindo de Funchal, a capital da Ilha da Madeira. Dá uma olhadinha se você decidir encarar – e compra seu bilhete usando o nosso link para dar aquela moral e ajudar a gente a crescer.

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Roteiro: o que fazer em Funchal?

Funchal é o maior centro turístico, comercial e cultural da Madeira. Foi elevada a categoria de cidade em agosto de 1508 por carta régia de D. Manuel I, e eu acho mega curioso pensar que o lugar começou a ser ocupado na mesma época em que o Brasil. E as similaridades não param por aí. O nome também é oriundo de uma planta. Funchal vem de funcho, uma erva de cheiro adocicado que existia por ali quando os portugueses chegaram. Para desbravar Funchal, dividimos a capital em diferentes áreas, ou zonas, como preferir. São elas: Zona Velha, Monte, Praça do Município e Avenida do Mar. Como no primeiro dia chegamos já de tarde, começamos pela Zona Velha e terminamos na Avenida do Mar

Zona Velha

Reza a lenda que a primeira povoação do Funchal nasceu nessa área. Logo, nada mais justo do que começarmos a nossa visita por ela. Mais especificamente pelo Mercado dos Lavradores que, em essência, é como qualquer Mercadão Municipal: um caos. E, obviamente, eu acho isso um barato (sim, eu entrego a idade mesmo). No entanto, não gosto quando há assédio – eu entendo que é uma tática de venda, mas no meu caso, só causa constrangimento e eu saio do lugar. Se você é como eu, fique tranquilo. Ali no Mercado dos Lavradores do Funchal, é tranquilo nesse sentido. Você fica ali, rodando as bancas vendo a variedade oferecida pelo local, e ninguém te incomoda por isso. No horário em que visitamos, já tinham recolhido o mercado do peixe. Aliás, é incrível pensar no quanto de coisa que uma ilha é capaz de produzir. A pesca é entendível, claro. Mas o restante, depois de ter rodado a ilha inteira e ter visto os terrenos existentes por lá, é de se tirar o chapéu. 

O espaço em si foi inaugurado em 1940, então mesmo se não for comprar nada, vale a visista para dar uma olhadinha e para atentar-se à arquitetura do local. Existem ali grandes painéis de azulejo portugueses pintados com temas regionais madeirenses. É bem bonito e colorido. 

Do Mercado seguimos sem demora para a Rua de Santa Maria que, eu ouso dizer, deve ser a mais fotografada de toda a Ilha da Madeira. Ao longo dos seus 600 metros de extensão você encontra as portas do projeto “Portas Pintadas”, que convidou a comunidade artística local para, como o nome diz, para pintar as portas existentes na via, tornando-a uma galeria ao ar livre. Ali também é um pólo de restaurantes e lojinhas de souvenires, então dá para juntar o útil ao agradável, com certeza. A gente parou para almoçar por ali duas vezes – haviam menus fechados com preços convidativos. Não tivemos experiências ruins.

No caminho, passamos pela Capela do Corpo Santo, construída no século XV e muito associada à devoção dos pescadores da Ilha,e caminhamos um bocado até chegarmos na Fortaleza de São Tiago, construída em 1614, com o intuito de proteger a cidade contra o ataque de corsários. Ao longo dos anos, sofreu diferentes reformas, ampliações e modificações. Serviu de quartel para tropas britânicas até abrigo para às vítimas de uma grande enchente que destruiu parte do Funchal, em 1803. A gente só conseguiu ver de fora porque lá dentro era um verdadeiro canteiro de obras – uma pena, mas somos sempre a favor da preservação.

Igreja Santa Maria Maior, ou Igreja do Socorro, tem uma história curiosa, já que ela não era exatamente ali, quando construída. Ela ficava localizada junto à foz da Ribeira de João Gomes mas, após uma grande enchente em 1803, que a destruiu, transferiram o templo para onde antes era a Igreja de Santiago Menor. E é onde está até os dias de hoje. E ali perto está a Praia da Barreirinha, um complexo para banho junto ao mar. Digo complexo porque é uma praia diferenciada, não tem areia e nem as pedras, que vimos ao longo da nossa road trip. É uma construção mesmo que possibilita o madeirense e os turistas a desfrutarem da água com toda uma infraestrutura. É bem interessante. Antes, por fotos, eu achava que era parecido com as piscinas naturais de Porto Moniz, mas não. Porque ali não são, ta-dá, piscinas naturais. Você pula no mar mesmo. Então se o tempo permitir, por que não dar um mergulho? A gente lagarteou por ali no nosso último dia da Madeira. Sim, ficamos por ali de manhã até de tarde. Alugamos um guarda-sol, duas cadeironas e ficamos por ali.

Mas isso só no último dia, voyajante. Porque em nosso primeiro dia em Funchal, ainda havia muito mais para se ver e fazer. Chegamos na Avenida do Mar e lemos alguns textos recomendando o passeio por lá no período do entardecer. Pois, a gente chegou antes, mas fotos até o sol se por.Isso porque existem várias coisas para se ver por ali. Começamos pelo cantinho, mais especificamente pelo Forte São Tiago, que já viu dias melhores e vai ver outros mais, acredito eu. Parecia fechado para restauração (lembrando que viajamos em 2023). Mas, é entendível, foi construído para defender a orla madeirense de corsários lá por meados de 1614. Com o passar dos anos, a forteleza teve outras funções. Serviu de quartel para tropas britânicas a Museu de Arte Contemporânea.

É na Marina do Funchal, por exemplo, que saem os barcos e as excursões para ver baleias e golfinhos, e para visitar Porto Santo, outra ilha que forma o conjunto da Ilha da Madeira. Por ali também tem uma réplica funcional (sim, tem tour para comprar no GetYourGuide) da embarcação Santa Maria de Colombo, a caravela que o descobridor usou para encontrar a rota do Novo Mundo. É impressionante!

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No nosso passeio pela avenida, passamos pelo Teleférico Funchal-Monte, pelo Palácio de São Lourenço e o CR7 Museu. O primeiro tem seus primórdios no século XVI e, com seus estilos militar, maneirista e manuelino, é hoje a residência oficial do Representante da República na Ilha. O segundo dispensa apresentações se você é, assim como o @GianMattos, apaixonado por futebol e por Cristiano Ronaldo. A gente chegou 30 minutos antes do museu fechar e, mesmo alertados pela moça da bilheteria, o Gian quis entrar e já fazer a atração do seu ídolo. As entradas custaram € 5 cada e, sinceramente, para mim foi o tempo ideal. São várias camisas, estátuas, troféus e chuteiras do jogador de futebol. Eu estava olhando, tem até tour privado pelos itens do rapaz – caso você seja um fã. Achei curioso.

Dia 6 (Funchal)

Monte

No segundo dia, começamos o dia no bairro chamado de Monte. É possível subir até lá pelo Teleférico Funchal-Monte, que funciona todos os dias das 10h às 18h. Nós não queríamos pagar os €18 cada para ir e voltar, e decidimos seguir as dicas da dona Rosa lá da hospedaria onde ficamos. Nós fomos de táxi. Prós: é bem rápido, não precisamos ir até o centro para pegar o teleférico e saiu cerca de €10 duas pessoas. Contras: muitos motoristas cancelaram porque viram que não era uma corrida vantajosa (não só pelo valor em si, mas pelas curvas e pela senhora subida. Fez muito sentido o Monte se chamar Monte).

Lá no topo, você encontra diversas atrações. Uma delas é o Jardim Tropical do Monte Palace, que nós não fizemos questão de entrar (bilhete a €12,50). Lá em cima tem também o Santuário de Nossa Senhora do Monte, a padroeira do Funchal, construída no século XVIII. Quem não comprou a descida pelo teleférico, pode escolher o fazer com os carros de Cestos da Madeira, uma tradição originária do século XIX. O carreiros descem uma distância equivalente a aproximadamente 2 quilômetros, em velocidade que pode chegar a 40 km/h em alguns trechos. A gente não ia por conta do valor, mas já que economizamos no teleférico, decidimos dar uma chance. Pagamos €35 para o casal. Na hora de comprar o bilhete, o moço não queria aceitar cartão. Como não ando com dinheiro, já estava agradecendo e indo embora. Ele “achou” a maquininha.

É um desafio eu escrever que eu não recomendo uma experiência porque eu sei de tudo que está por trás dela: quantos profissionais dependem daquilo e suas famílias, sucessivamente. É óbvio que um ou dois carreteiros não falam por toda uma categoria, e uma corrida ruim não fala sobre todas as outras. Mas, enfim, a ideia do blog é compartilhar o que eu senti – e, aqui vou eu. Nosso cesto ficou atrás de outro cesto – tipo, colado mesmo – durante todo o percurso, o que eu achei um tanto quanto chato. A vista de todo o percurso foi na parte traseira do casal de senhorzinhos à nossa frente. Mas, até aí, tudo bem. Eu e o Gian não somos o Jay-Z e a Beyoncé que podem fechar uma atração turística só para a gente. Entretanto, a parte que me deixou mais chateada, foi o assédio. No final da corrida, os dois carreteiros pediram dinheiro – que a gente, constrangidíssimos, falamos que não tinha. Lembra? Quase nem descemos de cesto porque não estávamos com nada de dinheiro nos bolsos. Depois, o tour acaba dentro de uma lojinha de conveniência e, quando comecei a olhar meus queridos imãs, um outro cara veio na nossa direção querendo que comprássemos fotos que tiraram da gente durante a descida. Mas, de novo, sem grana. E ele ficou visivelmente bravo e foi um tanto quanto rude. Ou eu achei ele rude. Não sei bem, mas a impressão que fica não é das melhores.

E assim se mancha toda uma experiência turística. Até saímos das lojinhas e pegamos nosso rumo de volta ao centro da cidade – bastante, bastante desagradável.

Deixa eu abrir um parêntese. Lá de cima sai ainda um outro teleférico que é interligado com o Jardim Botânico do Funchal, localizado na Quinta do Sucesso. Mas, nós pulamos esse também. Ah, Jeanine, pelo custo dos ingressos? Também. E também, voyajante, é que vimos a natureza madeirense de tantas formas e cores ao longo da viagem até aqui, que ver jardins não nos apeteceu. Nós amamos esse tipo de rolê, veja bem. Eu estou na idade de tirar foto com planta. Mas, em Funchal, o nosso foco estava muito mais em história e em gastronomia. E vale ressaltar aqui, inclusive, que devido ao seu clima subtropical, Funchal (e a Ilha da Madeira) é reconhecida por sua variedade de flores, plantas e árvores durante todo o ano. Um dos principais festivais do lugar – a Festa da Flor – acontece durante a Primavera, mais especificamente em maio. Então fica de olho caso esteja planejando as suas férias nesse período).

No fim, descemos do Monte a pé mesmo. Primeiro, porque li em alguns lugares sobre golpes de taxistas que esperam você por ali para levar de volta para o centro e cobram muito mais do que a corrida realmente valeria. Como a minha cota de situações chatas já havia se esgotado, não quis nem tentar. Depois, queríamos passar em duas atrações turísticas que ficavam “no meio do caminho”, então nos era conveniente bater a perna. Embora o calor estivesse de matar. E é na praia da Barra que uma moda eu vou lançar…

Primeiro, fomos até a Convento de Santa Clara, onde visitamos a igreja do lugar. Eles oferecem tour, e embora eu estivesse com bastante vontade de fazer, priorizamos outras atrações dessa vez. Lembrando que, como falei em algum momento deste post mais acima, são as freiras desse convento que deram o nome ao Curral das Freiras, local onde estávamos no dia anterior. Depois, passamos pelo Museu da Quinta das Cruzes que parece ser bem bonito e fomos direto até a Fortaleza de São João Baptista do Pico. E legal dizer aqui que o local não está na maioria dos roteiros por Funchal. Ele foi incluído no nosso porque, lá da hospedaria onde ficamos, vimos aquela fortificação amarela morro acima e ficamos um tanto quanto curiosos. A visitação é gratuita e, realmente, você só vai para visitar a construção em si (que também não esta nas melhores das condições), que nem é totalmente aberta para o público. Provavelmente os locais fechados serão algo no futuro. Mas, a vista lá de cima é bem especial. A gente gostou muito de ter passado ali – é bem fotogênico.

Praça do Município

Continuamos descendo até chegarmos na Praça do Município. No caminho, passamos pela Igreja de São Pedro bem rapidinho, já que ela estava fechando para o almoço. Ela começou a ser construída em 1590 e possui o interior decorado com azulejos portugueses. É bem bonita! Aí chegamos na Praça do Município, que é cercada por diversas atrações turísticas. Você pode escolher entrar em uma, todas ou nenhuma, vai depender do seu interesse. A Câmara Municipal (Paços do Conselho), por exemplo, oferece uma vista panorâmica da cidade a partir de sua torre. O Colégio Jesuíta funciona hoje como a Universidade de Madeira, já a Igreja de São João Evangelista (Igreja do Colégio), do século XVII, marca a transição entre o maneirismo para o barroco português. Do outro lado da praça você encontra o Paço Episcopal, que era a residência dos bispos do Funchal e hoje é um Museu de Arte Sacra. No dia da nossa visita, a praça estava tomada por uma ação de marketing e cheia de veículos para exposição.

Seguimos caminhando pela Avenida Arriaga one nos deparamos, no Largo Dom Manuel I, também conhecido como Largo da Sé, já que é onde está a Sé Catedral do Funchal, construída no século XV, de estilo que ostenta traços característicos da época manuelina e gótica; e a estátua de João Gonçalves Zarco, um dos descobridores da Ilha da Madeira. De lá, fomos almoçar. Paramos novamente na Rua de Santa Maria onde, novamente, comemos peixe. E estamos, de novo, uma delícia – não tivemos experiências gastronômicas ruins em Madeira, vale ressaltar – caso não esteja claro até aqui (não deve estar, falaremos de comidas e bebidas mais para frente. Fica, voyajante!).

O que posso adiantar por aqui – porque foi mais turismo do que gastronomia – foi a nossa visita à loja da Blandys, fundada em 1811, e famosa por seus vinhos. O estabelecimento oferece visita guinada, mas eu e o Gian nos animamos para fazer uma das provas de vinho – e para ela é só ir direto para o bar do lugar. Existem várias opções, a gente ia pegar duas degustações (uma para cada), mas o moço nos aconselhou a pegar uma só e depois repetir, se necessário. Parece pouco vinho à primeira vista, mas até que as doses são generosas. E, bom, não sei se você já experimentou Vinho Madeira alguma vez na sua vida… Eu não tinha, foi a minha primeira vez. E não sei porque diabos eu achava que o sabor seria parecido com o Vinho do Porto – que eu gosto. Mas, não. E aqui preciso já pedir perdão para os sommeliers e amantes de vinho logo de antemão. Eu sou uma pessoa que bebe bastante vinho, mas que escolhe a garrafa pelo rótulo e pelo preço quando no mercado. Me julguem.

O Vinho Madeira é mais forte e mais doce. Então foi um beberico e a dor de cabeça deu as caras – não foi não a desidratação de horas e horas andando no calor lá do Monte até o centrinho histórico de Funchal. Acredita. Foi o vinho – hahahaha. De lá, voltamos para a Avenida do Mar para continuar a caminhar pela sua extensão e tentar pegar uma brisa. Uma parte da avenida, né? Como você já deve ter percebido, já que chegamos a fazer uma parte dela no dia anterior, ela é gigante. Tanto que vai até a Câmara dos Lobos. No entanto, desta vez, fomos apreciando a vista do Oceano Atlantico até o Forte de São José, construído em cima de uma formação rochosa conhecida como ilhéu de São José. Reza a lenda que os descobridores da Madeira utilizaram essa estrutura para se abrigarem quando chegaram na ilha, que era coberta por uma vegetação densa. O forte veio apenas no século XVIII e tinha como principal função proteger a entrada marítima do Funchal, muito visada para trocas comerciais. Durante a ocupação britânica na ilha, entre 1801 e 1807, o Forte tornou-se um quartel e uma cadeia. 

Ai, cansamos de tanto andar e fomos jantar (melhor, petiscar) em uma cervejaria artesanal que encontramos perto do hotel chamado Fugacidade. E que lugar legal! Com uma variedade gigantescas de cervejas – que o Gian estava sentindo falta (e eu sempre de vinho), ficamos por ali com nossos bolinhos de bacalhau, azeitonas e lulas… Está bem, já que inseri o assunto, bora para o mais aguardado tópico de todos:

O que comer e beber na Ilha da Madeira?

Aqui vamos em tópicos para você saber o que procurar nos restaurantes e bares que visitar durante a sua viagem pela Ilha da Madeira. Olha, passamos MUITO bem na Ilha da Madeira. Se você está vindo do Brasil, não vai se assustar com absolutamente nada – ou, melhor, vai se surpreender pela qualidade e pelo sabor dos pratos madeirenses. Se você está morando fora da terrinha, como é o nosso caso, vai se emocionar em encontrar banana, chuchu… E arroz dentro do saleiro. Foi de um quentinho sem tamanho no coração.

E repito o que eu disse lá em cima quando falava sobre o mercado de Funchal – vai, né, que você pulou meu super-mega-post e veio só ler sobre o que comer na Ilha da Madeira, haha (e não julgo não, viu?). É impressionante a quantidade de coisas que a ilha produz e a quantidade de comidas típicas para se provar. É uma variedade boa e, devo confessar, só repetimos pratos porque a gente se apegou – e muito – em alguns. Eu e meu filé de atum. O Gian com os peixes espadas com banana. As espetadas e os bolos de caco também não eram de se negar não. Nossa, só de lembrar, já dá uma saudade.

Bolo de Caco – vamos começar com a entradinha que nos foi oferecida em todos os estabelecimentos da Ilha da Madeira. E que a gente aceitou na grande maioria deles. Os pratos por lá são todos muito bem servidos então a gente foi parando de pegar o bolo de caco porque depois a gente não aguentava o prato principal até o final. Fracos, eu sei. Mas, Jeanine, o que é o bolo de caco? É um pãozinho feito de farinha de trigo e com o formato achatadinho. Recebeu esse nome porque era assado, até recentemente, sobre uma pedra de basalto (chamada de ‘caco’) na brasa. A combinação dele com manteiga de alho… Minha nossa senhorinha. A gente também teve a oportunidade de experimentar um sandes (sanduíche em pt-pt) com esse tipo de pão e também foi uma delícia.

Filete de peixe espada (com banana!) – tá bom, a banana é opcional. Porém, que combinação! Dizem que é o peixe espada é o mais típico da Ilha da Madeira, e por isso o prato pode ser encontrado em quase todos os estabelecimentos ao redor da ilha. Não vou dizer todos-todos porque não visitei todos. Mas, minha tendência é afirmar que sim, hahahaha. Há lugares que sirva o prato com molho de maracujá – mas nem eu e nem o Gian provamos.

Bife de atum – quando vi a opção do bife de atum no cardápio, fiquei cética. Como assim? Pois bem, voyajante, isso quer dizer que o peixe vai vir com um aspeto bem parecido com um bife. E é servido com batatas, arroz e salada, tal qual nós comeríamos um belo bife. Mas, é um atum! Ele é bem gostoso – mas como uma descendente de japonês, atum para mim é cru. É bem gostoso, mas eu não parava de pensar que belo sashimi aquele atum seria.

Dizem que atum fresco é encontrável na ilha, mas eu não tive a sorte de experimentar. Eu estava apegada demais ao filete de peixe espada com banana, eu confesso.

Espetadas – se você ficou lubridiado com o bife de atum, os seus problemas acabaram. É só chegar em Madeira e pedir por uma Espetada. São cubos de carne assados ou grelhados em um espeto de louro – e, cara, é muito bom! É tipo um churrasco, né? Não tem como ser ruim, já que a carne “pega” o tempero do louro. Nem preciso dizer que combina muito com o bolo de caco com manteiga de alho… E sempre vinha acompanho de batatinhas fritas.

Santana

Lapas nós encontramos esses pequenos mariscos, geralmente servidos grelhados, principalmente nos restaurantes de Câmera dos Lobos e Funchal. Se você gosta de frutos do mar, não tem erro. As lapas são temperadas manteiga e limão, e eu gostei bastante. Apesar de ter passado muito mal depois de ter experimentado pela primeira e única vez. Pode ter sido as lapas? Pode. Mas no mesmo dia também comi porções de peixes e polvo, além de um sanduíche. Então, não posso culpar as lapas, se é que me entende.

Funchal

Bolo de mel – pulamos agora para uma das opções de sobremesa da Ilha da Madeira: o bolo de mel. É tradicionalmente um doce natalino – mas, como estávamos por lá em setembro, decidimos não perder a chance de experimentar. Reza a lenda que o mais famoso é o produzido pela Fábrica Santo António, em Funchal. Mas, a gente acabou comprando um no mercado que tivemos que parar mesmo e, olha, gostosinho! Claro que um fresco deve ser infinitamente melhor. O bolo é uma combinação de mel de cana, cidra e nozes da região.

Queijadas – são uns pasteizinhos de queijo branco, ovo e açúcar. O formato deles se assemelha e muito com um pastelzinho de Belém (ou nata), mas ele tem um gostinho de queijo. Nas padarias e nos mercados, tem uma versão que é meio a meio com bolo de chocolate. Nossa, que combinação boa! Eu amei – e não, não tem foto porque eu comi (hahaha, é raro, mas acontece com frequência).

Café da manhã em uma padaria em Funchal

Poncha da madeira – origem com os pescadores, que passavam a noite trabalhando e quando chegavam em terra firme, precisavam aquecer. Iam para os bares e tomavam a poncha, uma combinação de suco de laranja ou limão, mel de abelha e rum. Rum fabricado lá mesmo, na Ilha da Madeira, com a cana de açúcar produzida por lá. Cana de açúcar que, inclusive, tem relação com a cana-de-açúcar que se tornou tão forte no Brasil quase que na mesma época. É docinho, mas você sente o fundinho do álcool na garganta.


É isso. Eu gostaria de dizer que eu estou super orgulhosa de finalmente ter terminado essa matéria. Mas com o tempo que eu levei para escrevê-la, eu estou é com vergonha. Foram meses e meses, de parágrafo em parágrafo, durante as horas de almoço do primeiro trabalho. Por isso, se você chegou até aqui e este texto lhe serviu de alguma coisa (até do que não fazer durante a sua estadia na Ilha da Madeira, hahaha), por favor, deixe-me um biscoito aí nos comentários ou vai lá dar um salve para a gente no nosso Instagram. Ah! A gente também tem um canal no Youtube para onde todas as nossas peripécias vão em formato vídeo. Já segue a gente por lá?

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