Hoje finalmente chegou o dia de conversarmos sobre a Romênia, mais especificamente sobre Bucareste, e a nossa viagem de fim de semana que tivemos por lá em um início de março friozinho. Nosso roteiro de viagem pelo país, na verdade, se concentra na capital em dois dias e um dia na Transilvânia – que falaremos mais em um outro post. Nesse aqui, vamos trazer o que fazer – ou o que fizemos, em Bucareste e eu espero muito que você goste.
Começando do começo, essa viagem foi escolhida pelo Bruno para comemorar seu aniversário em meados de março. Então em termos de contextualização, visitamos uma Bucareste no inverno, gelada, mas ainda assim muito, muito bonita. Nessa viagem rápida – e intensa – pudemos aprender sobre a história da cidade e também um pouco sobre o país, sobre um pouco da antiga União Soviética e muito mais.
Vale dizer que, no nosso acordo, quem está de aniversário monta o roteiro. Que pode ser uma bela ou uma má ideia, já que ela escolhe tudo o que quer fazer, mas ao mesmo tempo, é ela que programa tudo hahahah. Foi assim em Edimburgo, no aniversário da Jeanine; em Paris, no meu; e em Copenhague, no aniversário do Gian. E também foi assim em Bucareste. Esse parágrafo foi para salientar que as escolhas dos pontos turísticos aqui abaixo listados foram feitas pelo Bruno.
Também queria dizer, antes de começarmos, que muita gente subestima Bucareste – digo, pelo menos, pela minha experiência com italianos próximos. E não poderia haver injustiça maior. Você não poderá, no entanto, visitá-la com os olhos de quem espera uma Europa ocidental como você conhece. Entre na cidade com respeito e curioso para descobrir mais sobre seu passado socialista, e aí sim, ela encantará você. Pelo menos com a gente foi assim e gostamos muito de cada minuto que passamos por lá.
- Como chegar a Bucareste?
- Conheça a Romênia
- História de Bucareste
- Nosso roteiro por Bucareste
- Principais atrações de Bucareste
- Centro Histórico de Bucareste
- Colțea Hospital
- Marco Zero da Romênia – Kilometer Zero
- Igreja Nova de São Jorge
- Biserica Sfântul Anton – ou Igreja de Santo Antônio
- Praça da Universidade
- Teatro Odeon
- Pasajul Victoria – a rua dos guarda-chuvas
- Passagem Macca-Vilacrosse
- Avenida Victoria – Calea Victoriei
- Praça da Revolução
- Memorial do Renascimento – ou a batata no espeto
- Mosteiro Stavropoleos
- Strada Lipscani
- A Livraria Carturesti Carusel
- Palácio do Parlamento de Bucareste
- O que mais fazer em Bucareste?
- Onde comer e Bucareste?
Como chegar a Bucareste?
Claro que antes de começarmos, é legal saber como você pode chegar no país e, depois, em Bucareste. O país está localizado na região sudeste da Europa e tem a Hungria, a Ucrânia, a Moldávia, a Bulgária e Sérvia como vizinhos de fronteira.
Já para chegar à maior cidade da Romênia e é também a sua capital, Bucareste, você pode escolher: temos avião, temos trem, temos ônibus e temos carro:
Avião
Nós chegamos em Bucareste pelo Aerorporto Internacional Henri Coandã, que fica relativamente perto da cidade, a cerca de 16km no norte. O aeroporto tem ligação com várias capitais europeias, no nosso caso nós voamos direto, saindo de Milão; a Jeanine e o Gian usaram o mesmo aeroporto para chegar de um voo direto de Dublin.
Vale dizer também que para sair do aeroporto nós alugamos um carro – que seria usado na Transilvânia – por isso acabamos não utilizando serviços de transfer ou mesmo ônibus, que eu vi aqui que tem, que levariam para o centro da cidade. Uma alternativa, ainda, pode ser o uso do taxi que, em comparação ao preço do resto da Europa, é relativamente mais econômico.
Trem
Uma ótima opção para chegar à Bucareste e iniciar a sua viagem é a Estação Ferroviária da cidade (Gara de Nord), que é a principal estação e há trens que vem de Budapeste, Viena, Istambul e outras cidades da Europa. Se você estiver em alguma cidade que tem ligação com Bucareste de trem, lembre-se que pode também ser uma opção válida para a sua chegada.
Via terrestre: ônibus e carros
Existem ainda serviços de ônibus internacionais que conectam Bucareste a outras cidades e capitais. Provavelmente é a opção mais econômica para chegar à cidade e vale por na ponta do lápis a questão de tempo, comodidade e custo-benefício caso você opte por essa alternativa – que é sempre válida, principalmente para quem está com o budget apertado.
O mesmo vale para quem chegará de carro. Bucareste é bem conectada com as cidades no seu entorno e ainda com países vizinhos. Se você estiver aproveitando uma bela road trip pela Europa, vale cogitar chegar à Bucareste de carro.
Conheça a Romênia
Antes de falar sobre Bucareste, eu queria falar um pouquinho com você sobre a Romênia. Isso porque, ao contrário de outros lugares da Europa, que geralmente já conhecemos um pouquinho mais enquanto brasileiros, a Romênia acaba sendo mais desconhecida por nós. Pelo menos foi essa a impressão que tive quando o Bruno decidiu que comemoraria em Bucareste seu aniversário.
E lá fomos nós. O país, que tem como oficial a língua de origem latina: o romeno, possui mais de 19 milhões de habitantes. A Romênia tem tanta, mas tanta história para contar que esse tópico ficará até pequeno. A Romênia é super diversa em termos de cultura, paisagem, danças, música, gastronomia. Isso porquê ela teve como principal influência algumas culturas – também elas riquíssimas – como a cultura turca, austríaca e húngara. Sendo assim, já dá para imaginar que não daria para conhecer todo o país em três dias né? Por isso o título ali em cima chama a atenção para Bucareste, apesar de termos saído um dia da cidade.
E se você duvida de toda essa diversidade, trago provas: estamos falando de um país que tem montanhas e castelos medievais na região da Transilvânia, também temos toda uma região de praias e resorts na costa do Mar Negro, além de claro a cidade pulsante que é, por si só, nossa protagonista do post: Bucareste.
É uma das mais fortes das mais fortes economias do Leste Europeu. E sua história começou lá atrás, em uma época que remonta aos romanos, em uma região que era conhecida como Dácia. Com a queda do Império Romano, a região onde hoje é a Romênia passou pela mão de muitos e diferentes povos e culturas. Mais tarde, lá no século XIII, o país foi incorporado à Hungria e, mais tarde no século XVI, ao Império Otomano.
O país se tornou um estado independente somente no século XIX. Um destaque – não bom – desse período foi a ditadura de 1965 a 1989, estabelecida por Nicolae Ceaușescu, com políticas polêmicas que culminaram em uma revolução que acabou com o seu mandato em 1989 – a gente explorou um pouco mais essa história quando falamos da Praça da Revolução ali embaixo. Desde então, a Romênia é uma democracia parlamentar e se faz parte da União Europeia desde 2007.
História de Bucareste
E já que falamos da Romênia, porque não falarmos também um pouquinho da história de Bucareste? Pois bem. A capital e maior cidade do país tem uma história de mais de 500 anos. Foi fundada em 1459 por ninguém mais, ninguém menos do que Vlad, o Empalador, que governou a região da Valáquia na época. Hahahahha e sim, o cara era chamado desse jeito e vamos falar um pouco mais sobre ele na matéria dedicada ao Castelo de Drácula (opa, spoiler do roteiro s2).
A região durante os séculos seguintes foi ganhando relevância por ter se tornado um centro cultural e comercial importante. Foi então que no século XVII, Bucareste se tornou a capital da Valáquia e, depois em 1862, continuo capital mas agora do recém-nascido país Romênia.
O que vemos hoje em Bucareste é uma cidade bonita, com ruas largas, grandes avenidas cheias de árvores e prédios enormes. E tudo isso também é fruto da grande modernização e desenvolvimento que a cidade teve no fim do século XIX e início do século XX, inspirando-se e trazendo, inclusive, prédios no estilo Art Noveau – sim aquele de Parrrriiii – e neoclássico.
Assim como outras capitais europeias, no entanto, Bucareste também sofreu com a Segunda Guerra Mundial, sendo reconstruída, depois, dentro do regime comunista, tendo então vários prédios dentro do estilo soviético, ao qual pertencia na época. Essa herança também está presente por ali quando andamos pelas suas ruas. Basta pensarmos que bairros inteiros foram demolidos para dar lugar à construção desses super prédios de concreto no estilo soviético.
Também foi nessa época aí que foi construído um dos maiores edifícios administrativos do mundo (!). SIM senhores. O Palácio do Parlamento, que visitaremos no nosso roteiro, foi responsável pela demolição de um bairro histórico inteiro, além da remoção de milhares de pessoas de suas casas, para dar lugar a esse prédio que, é sim, super importante, mas já polêmico do início, né?
Bom, a queda da União Soviética em 1989 fez Bucareste passar por um outro processo de renovação urbana. Bairros revitalizados, edifícios históricos passando por restauração. E é essa Bucareste que visitamos hoje.
Deu para ver que Bucareste respira história né? E é só o começo, já que NEM chegamos no nosso roteiro ainda. Espero muito que você se encante, assim como eu me encantei, por essa cidade única e acolhedora e que, talvez, você tente encaixá-la (se assim quiser) no seu roteiro pelo leste europeu.
Nosso roteiro por Bucareste
Ficamos hospedados em Bucareste aproximadamente três dias, sendo que passamos dois quase inteiros na cidade mesmo. No segundo dia, alugamos um carro e fomos visitar dois castelos super importantes, sendo um deles famoso por ser atribuído ao Conde Dráculo (aquele mesmo, das histórias).
Para você entender o roteiro, chegamos em uma quinta-feira à noite em Bucareste, ou seja, tivemos a sexta-feira o dia todo, e o domingo meio período por ali. Eu explico certinho para que você leve em consideração esse tempo de viagem por ali para se inspirar no nosso roteiro e construir o seu planejamento, tudo bem?
Sobre a localização do apartamento que alugamos pelo Booking, eu gostei muito. Deu para irmos caminhando até o centro da cidade sem grandes deslocamentos. Deixamos o carro que alugamos estacionado na rua mesmo, e não tivemos problemas em encontrar vaga ou com pagamento de estacionamento. E o local era relativamente confortável e atendia às nossas demandas (basicamente só dormir, porque o café da manhã tomamos na rua todos os dias).
Dia 1
No primeiro dia completo na cidade – ou seja, na sexta-feira – nós aproveitamos para explorá-la com calma durante as primeiras horas da manhã. Andamos pelo centrinho sem pressa porque, mais tarde, já havíamos agendado um walking tour em inglês. E foi a melhor escolha que fizemos.
A gente amou conhecer a cidade pelos olhos de um local. Ela foi nos contando como foi crescer em uma cidade que tem uma história muito recente de saída da União Soviética e também como foi ter pais e avós que cresceram nesse período. Além da aula de história em primeira pessoa, pudemos caminhar pela cidade com esse olhar curioso de quem está sendo guiado por uma cidade ao lado de quem percorre aquelas ruas todos os dias.
Vou falar mais sobre cada um dos pontos que visitamos mais para baixo, nas Principais Atrações de Bucareste aqui embaixo.
Daí à noite fomos ao famosíssimo Restaurante Caru’cu Bere, que é uma experiência-para-turista-ver bem legal, que eu, turista, gostei de ter vivido. Hahahaha.. Tanto que também vou destacá-lo aqui embaixo para você fazer sua reserva se quiser.
Dia 2
Nosso segundo dia de viagem foi dedicado a conhecer o interior do país, mais precisamente fomos conhecer o Castelo de Bran, imortalizado e conhecido como Castelo de Drácula, e o Castelo Peles, que adianto que vale demais a visita caso você não tenha nunca ouvido falar dele Você vai ler mais sobre eles no nosso próximo post aqui do blog. Fique ligado!
Em resumo, para você não me xingar e continuarmos amigos hahaha, nosso passeio bate-e-volta começouu pegando a estrada bem cedinho e rumando para o Castelo de Bran, vulgo castelo do Drácula. Passamos parte da manhã ali e rumamos para a cidade de ____ para almoçar.
De lá, montanha acima, corremos – literalmente – para o Castelo de Peles porque erramos o cálculo de horários e, veja bem, o estacionamentos desses locais nunca ficam perto da entrada dos castelos não é mesmo. Pois bem. Mas deu certo: visitamos o castelo esbaforidos mas suspirantes com tanta beleza e conservação – e luxuosidade, devo acrescentar.
No fim da tarde, voltamos à Bucareste para jantar e dormir o sonho dos bons para correr, mais um pouco, no dia seguinte hahahah.
Dia 3
Foi o dia de visitarmos o Palácio do Parlamento de Bucareste. E foi também um dia de correria! Vou contar mais ali embaixo o perrengue com os ingressos de entrada no parlamento, mas aqui quero destacar que vale demais a visita a um dos maiores prédios da Europa.
Esse dia começou com um café da manhã super reforçado – e que nos salvou – no Caru’cu Bere. E na sequência andamos um pouquinho mais no centro para esperar dar o nosso horário de entrada no palácio do parlamento. Daí em diante só corremos hahahaha, mas deu tudo certo.
Contei lá no Instagram também, está salvo nos destaques, o perrengue para devolver o carro que alugamos. Mas no fim deu tudo certo. A dica que fica aqui é: registre um vídeo e fotos do carro quando você está retirando para alugar. Nós não pagamos os milhões de seguros que ofereceram, porque estávamos usando o seguro do cartão de crédito, e eles inventaram alguns danos que não pudemos provar que já estavam ali antes da retirada do carro. No fim, o seguro do cartão reembolsou a despesa, mas ali foi uma dor de cabeça a mais.
Principais atrações de Bucareste
Mas perrengues à parte e bola pra frente, agora sim, vamos falar sobre elas, as principais atrações de Bucareste – que você também pode entender como as atrações que visitamos por ali no tempo que pudemos e tivemos.
Como adiante, a cidade tem um passado histórico bem interessante e que vale ser conhecido – seja por pesquisa prévia, por walking tour, por tour guiado particular, enfim. A verdade é que muita gente não gosta de Bucareste e eu concordo com alguns motivos. Não cheguei a desgostar mas entendo o ponto de vista de que, se não tomarem cuidado, muitos prédios históricos e parte da história pode se perder, dando lugar à enormes prédios comerciais em prol de um crescimento que não tiveram nos anos que pertenciam à União Soviética.
Os argumentos são muitos e não cabe a mim explorá-los. Mas acho que devemos levar em consideração esse passado histórico ao andar pelas suas ruas: ajuda demais a compreender o presente. Dito tudo isso, vamos que vamos para as atrações de Bucareste que, na nossa opinião, valeu a visita!
Centro Histórico de Bucareste
Deixamos o nosso primeiro dia na cidade para explorar o Centro Histórico de Bucareste e, como falei ali em cima, o fizemos principalmente por meio de um walking tour que reservamos com antecedência.
O centrinho histórico de Bucareste vale ser visto com calma, admirando a arquitetura Art Noveau de muitos dos seus prédios antigos já que, antigamente, o local era considerado uma “Pequena Paris”. Isso se dava, principalmente, porque muitos dos abastados da cidade enviavam seus filhos para estudar na capital francesa. Esses, quando voltavam, voltavam inspirados pela arquitetura de lá e reproduziram um pouco daquela vibe na capital da Romênia.
Além dos ares parisienses de alguns prédios – que sobreviveram por uma espécie de milagre se pensarmos bem -, a região central reúne o que sobrou da devastação que a cidade sofreu na Segunda Guerra Mundial, principalmente nos bombardeios dos aliados em 1944. Os anos seguintes também foram complicados: a ditadura comunista previa a destruição completa de um quinto da cidade, para abrir espaço para os gigantescos edifícios do governo – entre eles o parlamento do qual falamos.
Na sequência, ainda caminhando sem rumo pela cidade, passamos pelo Banco Nacional para vê-lo de fora, e pelo:
Colțea Hospital
Um hospital construído em estilo francês, fundado em 1704 pelo principe da época, com o objetivo de atender as pessoas menos favorecidas. Desde então, muita coisa aconteceu por ali, após uma série de terremotos que destruiram suas fundações, optaram por uma reconstrução nos 1880, quando o hospital ganhou alas e novos leitos conforme foi crescendo e se modernizando.
Sua arquitetura de mármore, com cúpulas verdes é única, olhando de fora, parece tudo menos um hospital, com seus elementos neoclássicos e barrocos. Claro que só podemos vê-lo de fora, já que é ainda um hospital. Mas fica pertinho do Teatro Nacional de Bucareste, então vale uma passadinha para dar uma olhada.
Marco Zero da Romênia – Kilometer Zero
Caminhando mais um pouquinho, chegamos ao Marco Zero da Romênia. Que na real não é incrível, mas já que estávamos ali para visitar a igreja que fica literalmente do lado, achamos que valia uma fotinho. Pois bem. O Kilometer Zero é um monumento criado em 1938, que mede as distâncias para outras cidades da Romênia a partir desse ponto. A rosa dos ventos tem elementos geográficos e astrológicos e dali podemos ver as províncias que faziam parte do país na época (a Moldávia, por exemplo, hoje faz parte da Bulgária).
Igreja Nova de São Jorge
Em seguida pudemos visitar a Igreja Nova de São Jorge, que por fora, nem parece tanto com uma igreja do estilo que estamos acostumados. E como o aniversário era do Bruno, eu não havia pesquisado nada sobre a cidade, minha função era ir hahaha. E nesse ponto aqui em específico, isso foi ótimo: eis que a minha surpresa ao ver a igreja por dentro foi absurda. Ela é linda! Toda colorida, com um nível de detalhes impressionantes. É de cair o.. queixo! Então vá, a entrada é gratuita.
Acredita-se que a primeira igreja no local tenha sido construída lá em meados de 1500. No entanto, a que vemos hoje, não tem nada a ver com aquela. Já que após tanto tempo de reestruturações e problemas mais sérios como terremotos e incêndios, o local foi completamente restaurado e ganhou o nome de “igreja nova”, por isso em meados de 1700; e foi nessa época que os afrescos foram pintados.
A igreja também é bastante significativa porque é ali que está sepultado o príncipe da Valáquia, Constantin Brâncoveanu. O regente foi capturado e decapitado pelos turcos após se recusar a participar na Guerra Russo-Turca (1711). Ao longo dos anos mais painéis foram adicionados e uma das últimas restaurações das pinturas aconteceu em 2014, quando Brâncoveanu foi reconhecido como santo.
Biserica Sfântul Anton – ou Igreja de Santo Antônio
Nossa próxima parada era conhecer a uma das igrejas mais antigas e preservadas de Bucareste. Essa era a intenção, mas no fim acabamos conhecendo apenas por fora pois estava em reforma. Ela é característica por esse exterior listrado e foi construída durante o século XVIII. Caso você tenha mais sorte que eu, poderá admirar a arquitetura barroca com detalhes ornamentados e afrescos.
Praça da Universidade
Foi pertinho da Praça da Universidade que encontramos o pessoal para o tour guiado. Então foi lá que recebemos as primeiras informações sobre a história da Romênia e de Bucareste. A praça construída há mais dd 150 anos, é emblemática porque ali também foram um dos locais onde se reuniram centenas de manifestantes contra o governo ditatorial de Nicolae Ceausescu que dominou o país por muitos anos. Até hoje o local recebe manifestações e eventos históricos.
E, como o próprio nome já diz, ali está localizada a Universidade de Bucareste, que foi construída em meados de 1860 e é uma das mais prestigiadas instituições de ensino do país. Também na praça é possível ver a Biblioteca Central Universitária, o Teatro Nacional de Bucareste e o Museu Nacional de Arte Romena.
Teatro Odeon
Outro ponto turístico pelo qual passamos na frente durante nosso tour por Bucareste foi o Teatro Odeon, fundado em 1946, que ao longo dos anos, e do governo comunista inclusive, se estabeleceu como um ponto de encontro para cultura e contestação importante na cidade. Localizado nos arredores da Praça da Universidade, o local até hoje apresenta uma programação variada, abrangendo produções teatrais contemporâneas, clássicas e experimentais.
Pasajul Victoria – a rua dos guarda-chuvas
E ali pertinho do Odeon você pode procurar pela passagem Pasajul Victoria, uma rua repleta de guarda-chuvas coloridos que virou um spot Instagramável de Bucareste caso você seja um frequentador assíduo do Pinterest. Se trata de um beco escuro que precisou da ajuda dos guarda-chuvinhas para ficar mais alegre, e ele atravessa um quarteirão residencial que foi, em partes, revitalizado pelo governo local para que a passagem fosse renovada.
Existem por ali alguns restaurantes também que pareciam fechados quando passamos, mas a ideia é que essa parte da cidade também fosse revitalizada e trouxesse clientes e turistas.
Passagem Macca-Vilacrosse
Outro lugar que se trata de uma passagem que liga duas ruas é a Passagem Macca-Vilacrosse. Ao contrário da anterior, essa sim estava bombando. Cheia de bares, casas de narguiles, o local tem uma inspiração francesa e foi construída no final do século 19 para conectar duas ruas, uma delas a Avenida Victoria, uma das principais de Bucareste.
Antigamente era conhecida como a passagem das joias, por causa do alto número de joalherias ali presentes. Algumas ainda restaram por ali e disputam espaço com os outros negócios.
Avenida Victoria – Calea Victoriei
Uma das ‘artérias’ da cidade. A avenida Victoria é uma das principais ruas de Bucareste, antigamente frequentada por diplomatas, celebridades mundiais e alta sociedade. Sua história começa lá no século XVII, quando já era uma trilha para o comércio de produtos rurais. Mais tarde, a avenida ganhou prédios importantes, lojas, restaurantes e hotéis, e hoje reúne uma arquitetura variada que vai de art noveau, ao neoclássico passando pelo barroco.
Quando caminhar pela avenida, fique atento para conhecer o lindo Museu Nacional de Arte da Romênia, o Teatro Nacional de Bucareste e o Palácio do parlamento. É também ao longo dessa avenida que estão reunidas algumas lojas de artigos de luxo.
É ainda uma avenida com um significado simbólico para a cidade já que foi por ali que a União Soviética fez o Desfile da Vitória no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1944, para comemorar a libertação da cidade do domínio nazista.
Praça da Revolução
E após quase duas horas de tour, chegamos na Praça da Revolução, local mega importante para os romenos pois foi o palco da Revolução Romena de 1989, evento crucial para a história moderna do país, marcado por protestos que levaram à queda do regime comunista que era comandado pelo presidente Nicolae Ceaușescu.
Contexto histórico
Nicolae Ceaușescu liderou a Romênia entre os anos de 1965 e 1989 do jeitinho que um ditador gosta: política autoritária, repressão e censura, economia centralizada e por aí vai. A guia nos contou alguns relatos de seus parentes que viveram essa época e também de como foi a abertura política após a queda do ditador.
Durante os anos em que liderou, Ceaușescu consolidou seu regime marcado pelo culto à sua própria personalidade. Buscava, ao mesmo tempo, uma independência da união soviética adotando medidas de política externa. Ao longo dos anos, as condições de vida da população entraram em declínio com a escassez de bens básicos e uma dívida externa significativa. Isso culminou em uma crescente insatisfação popular, dando origem à revolução romena.
O estopim que desencadeou a revolução foi em dezembro de 1989, após alguns protestos populares serem reprimidos com o uso de violência e forças armadas, acedendo ainda mais a faísca da busca por mudanças. As pessoas que estavam próximas dos países vizinhos recebiam sinal de televisão e, apesar de não entenderem a língua e de não serem informadas internamente do que acontecia na Europa, como a queda do muro de Berlim – pois os meios de comunicação eram controlados – conseguiam ver pelas imagens que algo grande estava rolando.
Essa insatisfação foi crescendo e os protestos começaram a se espalhar por todo país. Ao mesmo tempo, Ceaușescu tinha certeza que era benquisto e no entanto… Com essa crença em si mesmo, em 22 de dezembro, o presidente resolveu fazer um discurso em plena praça, onde ficava localizado o partido comunista, com o intuito de acalmar os protestos e dizer que estava tudo bem, que era intriga da oposição. Com uma autoestima de dar inveja, chamou a televisão, obrigou os trabalhadores à irem para a praça. E eis que em dado momento, alguém decidiu vaiá-lo.
A vaia em pouco tempo virou generalizada e com a reação negativa da população, e sem saber o que fazer, o Ceaușescu entrou no prédio e a praça e a cidade viraram cenário de guerra. Ele e a esposa resolveram fugir de helicóptero e foram capturados na sequência, julgados e executados. Em 25 de dezembro de 1989, chegava ao fim o governo comunista na Romênia.
Memorial do Renascimento – ou a batata no espeto
E ali mesmo, na praça da Revolução, existe um monumento que relembra esse momento de dezembro de 1989 que contamos aqui em cima. O Memorialul Renaşterii na língua local tem como objetivo homenagear as mais de mil pessoas que morreram naquele dia.
O obelisco de mais de 20 metros de altura tem uma coroa abstrata perfurada e foi colocado na praça. Mas segundo a nossa guia, nem os locais entenderam muito bem o significado da arte e, em pouco tempo, segundo ela ganhou o apelido de Batata no Espeto, ou Batata da Revolução.
Mosteiro Stavropoleos
Localizado pertinho do restaurante Caru’cu Bere, que falaremos aqui embaixo, o mosteiro Stavropoleos é uma parada fácil de se fazer em Bucareste e que vale muito. A visita foi rápida, e ficamos principalmente no claustro porque estava tendo uma celebração religiosa lá dentro, mas posso dizer que gostei muito da arquitetura de uma das igrejas mais antigas da cidade.
Construída em 1724, o templo ortodoxo foi construído junto com um pequeno mosteiro em um lugar que nos séculos XIX e XX passou por vários problemas como terremotos e tentativas de demolição devido ao seu estado de ruína. Além disso, restaurações e reformas transformaram o local, que mesmo depois de todos esses perrengues se mantém de pé com seus afrescos coloridos, madeira entalhada e outros elementos decorativos.
Strada Lipscani
A Lipscani é uma das ruas do centrinho histórico. A noite ela é super bombada e você vai encontrar por ali várias opções de restaurantes e bares para se divertir – caso você seja desses.
A Livraria Carturesti Carusel
E para me lembrar de falar sobre esse lugar para vocês aqui no blog, escrevi nas minhas anotações “livraria bonitona“… juro. Isso porque as imagens falam por si só. Amantes do Pinterest que somos, a gente já tinha ouvido falar dessa livraria localizada no centro de Bucareste em um palácio do século XIX. E eis que tivemos a sorte de passar na frente no primeiro dia – e depois voltamos lá em outra ocasião.
Ainda que você não seja um entusiasta da leitura – o que duvido um pouco já que os textos aqui no blog são grandes e a gente sabe – vale muito a visita à Livraria Carturesti Carusel para admirar sua arquitetura, ver seus produtos de papelaria, CDs, artigos geek e, claro, livros que podem ser encontrados além do romeno também em inglês. São mais de 1000 metros quadrados divididos em vários andares sendo o último destinado à um restaurante.
Palácio do Parlamento de Bucareste
E finalmente chegamos à ele, um dos pontos altos da nossa visita à Bucareste. Afinal, ele é um dos maiores edifícios administrativos do mundo – perde para o Pentágono nos Estados Unidos e mais dois ou três. E é, como adiantei um pouquinho ali em cima, um dos principais símbolos da época comunista na Romênia.
Sua construção começou em 1984, quando governava o ditador Nicolae Ceausescu. Eles queriam trazer para a Romênia um símbolo de poder e grandiosidade, e por isso fizeram a sede governamental que pudesse refletir essa “potência” do regime comunista. Claro que para construir esse pequeno prédio (contém doses cavalares de ironia), foi gasta uma fortuna, responsável por consumir recursos importantes e desviar fundos. Ele foi concluído só em 1997, após a queda do regime comunista.
Vamos aos números então: são mais de mil quartos (MIL). Boa parte deles decorados com materiais refinados como mármore, cristais, madeira de lei. Ocupa uma área total de 365 mil metros quadrados – o equivalente a mais de 45 campos de futebol juntos. É tão grande que tem sua própria estação de metrô e uma avenida praticamente só para ele.
É um dos prédios mais pesados do mundo e por ali existem a Câmara dos Deputados, o Senado, o Salão de Festas Unirii, o Salão do Trono, a Biblioteca Nacional, um museu de arte contemporânea e outros departamentos governamentais. E ainda não é o suficiente: apenas 30% da sua superfície gigantesca é ocupada, e das 1100 salas que existem, quase 700 estão vazias. Surreal.
Hoje é uma visita interessante de se fazer por toda a sua carga histórica e o que representa para a Romênia como país. Para reservar seus ingressos para a visita guiada foi uma questão que vale a pena ser citada: tivemos que ligar em inglês para o número porque eles só reservavam de um dia para o outro, ou seja, no sábado ligamos para pegar as reservas para o domingo.
Perrengue
Você pode pular essa parte se quiser. Mas quis contar para que você não passe pela mesma coisa que nós passamos. Bom, quando ligamos no sábado, já não havia o horário que queríamos e reservamos para um pouquinho mais tarde, comprometendo o almoço que havíamos reservado, e que cancelamos por conta da visita ao Parlamento. E toda essa história porque ainda teve mais um plot twist: o tamanho do lugar.
Eu sei que já falei sobre esse tamanho. Mas ele nos atrapalhou. Basicamente quando estávamos de frente para o Parlamento, e com muito tempo disponível, começamos a andar até a entrada do lugar. A questão é que escolhemos o lado errado e fomos para a esquerda. Deveríamos ter ido para a direita para a entrada do museu. E esse erro nos custou o nosso horário.
Sim, meus queridos voyajantes. Quando nos demos conta de que havíamos errado o local e que a entrada correta ficava do outro lado do prédio, imediatamente jogamos no mapa para vermos quanto tempo percorreríamos até lá: e a média era de quinze a VINTE MINUTOS. Vinte-minutos-para-dar-a-volta-no-prédio. Quando aflei que o local era grande, falei sério. Nós saímos correndo, chamamos um Uber, e chegamos ali faltando cerca de poucos minutos antes do nosso horário. Mas não deu.
Como ainda teríamos que trocar os ingressos, nossos ingressos já tinham sido cedidos a outras pessoas que estavam ali esperando para ver se alguém – como nós – perderia o ingresso – como nós perdemos. Mas não menti aqui em cima. Quando citei as belezas do local é porque conseguimos ingressos para uma hora mais tarde e ali voltamos para finalmente realizar o nosso tour guiado.
O que mais fazer em Bucareste?
Tem mais? Sempre tem! Bucareste oferece ainda mais opções para quem tem mais tempo na cidade. Eis algumas que encontrei para você se decidir:
Arco do Triunfo de Bucareste – sim, sim, tem o mesmo nome do Arco de Paris, mas está em Bucareste. E assim como no francês, é possível subir no Arco em Bucareste e ter uma vista privilegiada da cidade, do alto dos seus 27 metros de altura.
Palácio de Mogosoaia – localizado nos arredores de Bucareste, a cerca de 15km da cidade, o Palácio de Mogosoaia foi construído entre 1698 e 1702. Tem uma arquitetura que combina estilos românticos, barrocos e orientais, além de um belíssimo jardim que pode ser visitado.
Museu Nacional de Arte da Romênia – para quem concorda que arte é forma de conhecer cultura e, em consequência, uma cidade ou país, o Museu Nacional de Arte da Romênia é uma opção a mais de imersão. Pinturas, esculturas, artefatos antigos da arte romena e europeia que vão da Idade Média até a arte contemporânea podem ser encontrados aqui. Seu prédio de XIX foi construído como uma residência real com arquitetura neoclássica e vale também ser admirado durante a visita.
Parque Herastrau – já se você prefere uma visita mais verde, pode incluir o Parque Herastrau no seu roteiro. É o maior parque de Bucareste e um dos maiores da Europa. Por ali são várias as atividades que os locais, e também os turistas, podem fazer. Como caminhadas, ciclismo, piqueniques e passeios de barco. Ali dentro também possuem cafés, jardins temáticos e um museu, o Museu Satului, que exibe uma coleção de arte tradicional romena.
Onde comer e Bucareste?
Quem nos acompanha há mais tempo sabe: não é sempre que a gente insere as recomendações de restaurantes e/ou pratos típicos nos nossos roteiros de viagem. A verdade é que esse hábito de nos preocuparmos um pouco mais sobre o que e onde comer adquirimos mais recentemente: depois que nos mudamos para a Itália, entendemos a importância de reservar restaurantes – e tentar fugir dos pega-turistas.
Eis que, em Bucareste, essa pesquisa básica e antecipada nos rendeu duas indicações que hoje vou compartilhar com vocês aqui embaixo. Depois nos conte por aqui, ou nas redes sociais, se gostou ou se descobriu algum outro restaurante legal para visitarmos na nossa próxima ida à cidade.
Restaurante Caru’cu Bere
Como adiantei ali em cima, o Restaurante Caru’cu Bere é um restaurante bem tradicional de Bucareste, considerado uma das primeiras cervejarias do país, localizado dentro de um prédio com mais de 100 anos de história (!).
Já adianto que vale reservar com antecedência, nós o fizemos pelo próprio site do restaurante. A fila para quem não reservou no dia era GIGANTE, e sinceramente eu não teria ficado esperando ali fora, no frio, e teria perdido uma experiência muito bacana envolvendo arquitetura lindíssima, comida típica local, música, dança e animação. A gente gostou tanto que voltamos no domingo de manhã para um brunch e para que a Jeanine e o Gian pudessem ter a oportunidade de conhecer o prédio por dentro.
A origem do nome é bem interessante: aparentemente lá em 1879, existia uma cervejaria próxima às montanhas da Transilvânia que tinha o nome de La Carul cu Bere, que significaria algo como “no vagão da cerveja” pois a cerveja era trazida para o local em carroças puxadas por cavalos. A família que deu origem à cervejaria, Mircea, espalhou várias cervejarias ao longo das estradas da região, mas foi só em 1899 que Nicolas Mircea, um dos sobrinhos do fundador da primeira cervejaria, conseguiu iniciar a construção do edifício que hoje abriga o restaurante que visitamos.
Hoje você pode degustar por ali a tradicional comida romena, que respeita as receitas antiguíssimas até hoje, além de aproveitar para beber uma cerveja como faziam os moradores da região já há mais de cem anos.
Restaurante Hanu Lui Manuc
Esse foi o segundo restaurante que deixamos no nosso roteiro para visitarmos quando estivéssemos por Bucareste. O Hanu Lui Manuc é uma antiga hospedagem, construída em 1808, e que hoje oferece uma variedade de comida romena com mais de 200 anos de história.
Segundo o site do restaurante, o século XIX foi um período revolucionário para a gastronomia romena. O milho havia sido introduzido no mercado de larga escala junto com, na mesma época, a batata. E esses dois alimentos, juntos, se tornaram parte da base da comida de todo o território. Os pratos eram temperados com alho, pimenta, alho-poró, vinagre, limão e muitos outros ingredientes. E a introdução dessas duas bases-alimentares ajudou a salvar o país da fome e evitar uma grave crise econômica na época.
Foi também nessa época que o restaurante foi construído. Ali, longe dos hábitos alimentares do campo que eram basicamente compostos por produtos de origem simples, como sopas, queijos, e, no inverno, algumas poucas carnes, os mais abastados de Bucareste frequentavam os restaurantes para saborear leitões, carnes assadas, peixes, pães, chocolates, bolos e café. Eram dois tipos de ‘comidas romenas típicas’, uma para os burgueses do grande centro e outra para os camponeses.
A verdade é que, infelizmente, não pudemos desfrutar do potencial do restaurante pois estávamos em nosso último dia de viagem – aquele mega corrido, da visita ao Parlamento – e, por isso, simplesmente não deu tempo. Fizemos nossa passagem rápida por ali tomando um drink antes de retomar nosso roteiro, e pelo menos pudemos ver um pouquinho por dentro como era a antiga hospedagem.
Ficamos em uma área externa que, na nossa opinião, deve ganhar vida durante os meses de verão. Se você for, nos conta! Ah, acho que pode ser uma boa ideia fazer a reserva pelo site do restaurante, pelo tamanho da estrutura, eles devem receber muita gente nos períodos mais cheios do ano.
E aí, gostou de Bucareste? Porque a Romênia ainda não acabou! No próximo post vamos explorar a região da Transilvânia e finalmente conhecer o castelo atribuído ao Conde Drácula. Também nessa viagem pela região, vamos visitar um dos castelo mais bonitos que já vimos, o de Peles.
E sobre Bucareste, espero ter conseguido passar um pouco do misto de sentimentos que é essa cidade. Vemos resquícios de passados de glória e difíceis ao mesmo tempo, como se a cidade estivesse se reconstruindo e retomando, aos poucos, o seu esplendor. Pelo menos é por um esplendor que a gente aqui torce. E como sempre, fica aqui nosso agradecimento: Multumesc Bucuresti, ou obrigada Bucareste. Até a próxima!
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