Roteiro Pompeia: uma viagem no tempo pelas ruínas da antiga Cidade Romana na Itália

Imagine caminhar por ruas de mais de 2 mil anos, entrar em casas cujos moradores foram surpreendidos por uma tragédia repentina e testemunhar o cotidiano da Roma Antiga congelado no tempo. Em Pompeia, no sul da Itália, essa experiência única é possível graças a um dos sítios arqueológicos mais bem preservados do mundo. E hoje o nosso roteiro percorre essas ruas, em uma viagem que fizemos em junho de 2023 e que hoje resgatamos aqui no blog e em breve no nosso canal (segue a gente lá!).

Visitar Pompeia estava em um daqueles check-lists de viagens dos sonhos, já que eu queria muito conhecer essa cidade que simplesmente foi devastada por um vulcão em erupção. Mas chegar lá e fazer um passeio guiado pela cidade foi ainda mais especial. A experiência foi surpreendente porque além de ver tudo ali preservado, tive a oportunidade de aprender e descobrir detalhes que eu nem imaginava graças às informações que o guia nos dava.

Essa visita faz parte de uma viagem que fizemos à Nápoles pela primeira vez. No maior estilo bate e volta, saímos da cidade napolitana de van, já que compramos um tour guiado no Get Your Guide (nosso parceiro) que nos levou e trouxe de volta à Nápoles depois de umas quatro/cinco horas de tour.

Pompeia é um retrato da Roma Antiga

Como chegar em Pompeia?

A maneira mais fácil de chegar em Pompeia é saindo da cidade de Nápoles. Você pode optar por chegar no sítio arqueológico de trem, saindo da estação Napoli Centrali/Piazza Garibaldi, ou de ônibus (a viagem levando aproximadamente 35 minutos). Também é possível o acesso de carro, percorrendo a autoestrada por cerca de 30 minutos e procurando uma das opções de estacionamento por ali. Além disso, algumas empresas oferecem excursões de um dia saindo de Nápoles. Foi essa a opção que nós escolhemos.

Também é possível visitar Pompeia se você estiver em Roma, pegando um dos trens de alta velocidade que fazem o trecho Roma-Nápoles, em cerca de 1h15 você chega até a cidade e, de lá, usa uma das opções acima para chegar à Pompeia.

Informações práticas

Atualmente, Pompeia recebe cerca de 3,5 milhões de pessoas por ano, sendo um dos sítios arqueológicos mais visitados da Itália e do mundo. A melhor época para visitá-lo é na meia estação, primavera (abril-maio) ou outono (setembro-outubro), onde as temperaturas são um pouco mais amenas e têm menos turistas. Já se você só pode ir no alto verão (junho-agosto) prepare-se para enfrentar altas temperaturas e lotação – não esqueça de levar água e abusar da proteção solar. Confira também os horários de funcionamento que mudam de acordo com a estação do ano.

Seja qual for a estação, vá preparado para caminhar bastante com roupas e calçados confortáveis (lembre-se que o calçamento romano é todo de pedra). Além disso, eu reservaria de 4 a 6 horas para uma visita básica ou um dia inteiro, se você puder, para ver tudo com calma.

Como era Pompeia antes da erupção?

O guia nos explicou que antes de sua trágica destruição, Pompeia era uma próspera cidade romana, fundada no século VII a.C.. Localizada a cerca de 23km de Nápoles, a cidade se desenvolveu na época como um importante centro comercial, beneficiando-se de sua localização estratégica próxima ao mar Mediterrâneo.

No auge de seu desenvolvimento, Pompeia contava com aproximadamente 20 mil habitantes e era conhecida por sua arquitetura impressionante e vida urbana vibrante, afrescos coloridos e uma quantidade significativa de prostíbulos. Caminhando por ali, pudemos conhecer vários espaços que faziam parte da vida na cidade e foi exatamente isso que nos impressionou: a possibilidade de conhecer uma cidade que foi esquecida no tempo – porque foi soterrada – e assim podemos hoje saber o que era realmente viver em Pompeia.

A cidade possuía um majestoso fórum central que funcionava como núcleo administrativo, religioso e comercial da vida pompeiana. Seu anfiteatro, um dos mais antigos do mundo conhecido, impressionava com capacidade para acomodar todos os 20 mil habitantes da cidade durante os espetáculos. Os teatros espalhados pela cidade ofereciam diversas apresentações artísticas, enquanto as termas públicas, decoradas com mosaicos e esculturas, serviam como espaços de socialização e relaxamento.

Pompeia contava também com lupanares (bordéis) que atendiam tanto locais quanto visitantes, além de numerosas padarias, tabernas e lojas que revelam o caráter comercial pulsante da cidade. As residências luxuosas, conhecidas como domus, destacavam-se pelos impressionantes afrescos coloridos que decoravam suas paredes internas, muitos dos quais se mantêm surpreendentemente vibrantes até hoje.

A infraestrutura urbana era igualmente notável, com um sistema avançado de ruas pavimentadas com pedras vulcânicas e calçadas elevadas que permitiam aos pedestres atravessar sem molhar os pés em dias chuvosos. A engenhosidade romana se manifestava ainda no sofisticado sistema de distribuição de água através de aquedutos e encanamentos que abastecia fontes públicas e residências particulares.

A sociedade pompeiana refletia a estratificação social típica romana, com aristocratas, comerciantes, artesãos, escravos e libertos. A cidade era conhecida também pelo comércio de vinho, azeite e garum (um molho de peixe muito apreciado pelos romanos).

A catástrofe: a erupção do Vesúvio em 79 d.C.

O dia que mudou a história

Durante o tour, o guia foi nos explicando como foi o fatídico dia em que o Vesúvio entrou em erupção, com mesclas de explicações de como era a vida em Pompeia até então (que nós vimos juntos aqui em cima um resumo). Foi muito interessante, portanto, descobrir mais informações sobre esse fatídico dia que mudou toda a história do lugar e que permanece no nosso imaginário até hoje.

Então, no ano 79 d.C., o Monte Vesúvio, que havia permanecido adormecido por séculos, entrou em erupção violenta, transformando para sempre o destino de Pompeia e das cidades vizinhas como Herculano e Estábia. Muito do que sabemos hoje, segundo o guia, foi graças ao relato de uma pessoa na época que viu tudo acontecer quando voltava de barco para socorrer amigos e familiares. Foi graças a essa testemunha ocular, que hoje sabemos o que houve com quem vivia em Pompeia naquele dia.

A erupção pode ser dividida em duas fases principais, conforme relatado por essa testemunha ocular, o escritor Plínio, um jovem, que testemunhou o evento à distância:

  1. Fase Pliniana (12-18 horas): Uma coluna eruptiva de gases, cinzas e pedra-pomes se elevou cerca de 33 km na atmosfera, espalhando uma chuva de material vulcânico sobre Pompeia. Esta fase inicial causou o colapso de muitos telhados pelo peso dos detritos.
  2. Fluxos Piroclásticos (madrugada do dia seguinte): Ondas de gases superaquecidos, cinzas e fragmentos vulcânicos, que se moviam a até 700 km/h com temperaturas próximas a 400°C, atingiram Pompeia. Foi esta fase que causou a morte instantânea de milhares de pessoas por choque térmico.

Como consequência imediata, a cidade foi completamente soterrada sob uma camada de 4 a 6 metros de cinzas e pedra-pomes. Mais de 2 mil pessoas morreram em Pompeia naquele dia e a erupção chegou a mudar a geografia da região, afastando o mar e tirando Pompeia da costa litorânea e alterando o curso do rio Sarno.

Além disso, com essa camada de cinzas que cobriram a cidade, Pompeia foi completamente esquecida e assim permaneceu por séculos. E essa catástrofe acabou preservando a cidade da maneira como era, selando Pompeia e criando uma espécie de “cápsula do tempo”, protegendo a cidade de erosão e saques, preservando edifícios, objetos do cotidiano, murais e afrescos e até mesmo o corpo das vítimas – mas não, não foram “petrificadas”; falo mais no tópico aqui abaixo.

Pompeia hoje: a importância arqueológica para entender o Império Romano

Aprendi lá no tour que a descoberta de Pompeia trouxe contribuições importantes para a nossa compreensão do mundo romano. Basicamente, escavações tiraram da terra uma cidade completa, com suas avenidas, casas e até mesmo artefatos exatamente como estavam no dia da tragédia. Isso nos levou a um novo patamar para entender o que foi a civilização romana, já que Pompeia nos ensinou através de seus afrescos, mosaicos e esculturas detalhadas, muito mais do que seria possível compreendermos por meio dos textos históricos que sobreviveram daquela época.

O cotidiano romano ganha vida através dos objetos pessoais, utensílios de cozinha, ferramentas, mobiliário e até alimentos carbonizados encontrados nas escavações, revelando aspectos íntimos da vida diária que raramente são mencionados nos textos históricos tradicionais. As milhares de inscrições e grafites nas paredes, variando desde anúncios eleitorais até piadas obscenas, oferecem insights preciosos sobre a linguagem coloquial, as dinâmicas políticas e os comportamentos sociais da época.

E durante o tour, fomos ainda além: foi possível compreender por exemplo como funcionavam as redes de distribuição de água e de limpeza da cidade, por exemplo. Também foi possível entender padrões de consumo da sociedade romana por meio de registros que sobraram por ali. E ainda existem os templos e outros objetos que representam e ilustram as práticas religiosas cotidianas.

As escavações ainda descobriram como as vítimas morreram. E não, não foram petrificadas. Durante as escavações, os arqueólogos encontraram algumas cavidades na cinza endurecida. Como se fossem buracos, com ossos dentro. Isso os levou a crer que ali foram soterradas pessoas que, com o passar dos anos, tiveram os corpos decompostos. A ideia então foi preencher esses vazios com gesso, criando moldes que preservam as posições exatas e um pouco das expressões das vítimas no momento de suas mortes.

O que fazer em Pompeia?

Como mencionei ali em cima, nossa visita à Pompeia foi através de um tour guiado que saiu e nos levou de volta à Nápoles (compramos aqui), e foi muito legal porque pudemos ter a companhia e a explicação do guia. No entanto, e sendo assim, não pudemos escolher efetivamente quais lugares visitar lá dentro, mas acredito que vimos a maioria dos pontos principais.

E como somos amigos, caro voyajante, vou citar aqui embaixo o que você “não pode” deixar de ver quando estiver por lá.

O Fórum, coração pulsante da antiga cidade, impressiona como centro da vida pública romana, cercado por templos imponentes, edifícios administrativos e mercados movimentados. Na visita pudemos ver o quanto esse lugar era imenso, e com uma vista estratégica para o Monte Vesúvio, protagonista da tragédia que acometeu a cidade.

Outro ponto turístico em Pompeia é a Villa dos Mistérios, renomada por seus extraordinários afrescos que retratam o que estudiosos acreditam ser um misterioso ritual de iniciação, constituindo uma das obras-primas da arte romana preservada.

Já a Casa do Fauno, é uma das maiores e mais luxuosas residências de Pompeia, ficou famosa por abrigar o extraordinário mosaico “Batalha de Alexandre” (hoje conservado no Museu Arqueológico de Nápoles). E outro local que vale o destaque, caso você queira visitar, é o Lupanare, o bordel oficial da cidade, cujas paredes são decoradas com afrescos eróticos que serviam como um curioso “menu visual” dos serviços oferecidos, kkkk.

Abro um parênteses aqui para tentar traduzir o que o guia nos explicou lá no dia. Pompeia era uma cidade super viva e, veja você, o mar chegava até ela na época. Sendo uma cidade de mar, era uma cidade turística e muito animada, por assim dizer. E graças a sua “vocação” como cidade turística, por ali passavam todos os tipos de trabalhadores, marujos e estrangeiros que usavam o porto e as “diversões” da cidade enquanto estavam ancorados ou de passagem. Por esse motivo, em muitos lugares de Pompeia, é possível ver símbolos e “indicações” que levavam para o Lupanare.

No pouco tempo que estivemos por lá, visitamos também um dos anfiteatros de Pompeia – são vários, mas há um ainda maior: o impressionante Anfiteatro de Pompeia, considerado um dos mais antigos anfiteatros romanos conhecidos, com sua surpreendente capacidade para 20 mil espectadores, e que recebia os famosos espetáculos públicos romanos, tal qual o Coliseu em Roma.

Um outro ponto alto da nossa visita foi conhecer as bem preservadas Termas do Fórum. Por ali pudemos conhecer o sofisticado sistema de aquecimento romano, demonstrando o avançado conhecimento de engenharia térmica da época. Além disso, ele também nos explicou que os banhos romanos eram os responsáveis por manter a população saudável graças à higiene proporcionada por esses hábitos de frequentá-los – e que foram descontinuados durante, principalmente, o crescimento de doutrinas religiosas conservadoras, e que acabou trazendo, inclusive, o aumento de doenças como a peste na Europa.

Também era graças a essa capacidade incrível de direcionar os fluxos de água que a cidade inteira era abastecida nas suas fontes, e limpa por meio de comportas que liberavam as águas que faziam a varredura das ruas. Andando por lá você vai ver várias fontes espalhadas pelas ruas que, aliás, eram também usadas como pontos de encontro entre os moradores, segundo o guia.

Também pudemos ver rapidamente a Padaria de Modesto, com seus fornos e moinhos originais perfeitamente conservados. O local oferece um vislumbre sobre como o pão era produzido na antiguidade.

Por fim, como já citei ali em cima, é possível conhecer os Corpos de Gesso, que são os moldes das vítimas da erupção capturadas em seus momentos finais, como se fossem testemunhos silenciosos da tragédia.


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