A gente já contou aqui no blog algumas viagens e passeios que fizemos no norte da Itália, onde atualmente moramos. Já tivemos experiências com neve, com lagos, e vimos de perto muitas paisagens deslumbrantes. Por isso as minhas expectativas para conhecer a região do Trentino Alto-Adige pela primeira vez era alta.
E o motivo é simples. Essa região localizada, de novo, no norte da Itália, é conhecida principalmente pelas suas belezas naturais exuberantes, além de uma herança cultural rica e fruto de um caldeirão de influências que culminaram no que hoje é um dos grandes destinos de turismo de inverno no país – mas não só.
Além das suas montanhas famosas pelas práticas de alpinismo, escalada, esqui (Val di Fassa e Val Gardena são ali), snowboard e outras atividades ao ar livre, é importantíssimo salientar que é por ali também que podemos desfrutar da vista das famosas Dolomitas, que nos entregam uma das paisagens mais espetaculares. Aliás, é dessa região que sai uma das trilhas mais famosas para conhecer essa cadeia de montanha, a Trilha Alta Via 1, que percorre as Dolomitas.
Se você for mais do mood lagos, a região também têm uma parte do Lago de Garda, um dos maiores da Itália e um dos mais bonitos que já conheci. Ali as opções são mais voltadas para o verão, onde você pode aproveitar uma das praias de lago e ainda velejar, praticar windsurf e outros esportes aquáticos.
Já se você nos acompanha há mais tempo, sabe que a minha paixão mesmo é pela história e pelas cidades históricas (@jenifercarpani aqui). E é claro que a região do Trentino Alto Ádige também tem a oferecer opções nesse contexto: as cidades de Trento, capital da região, e de Bolzano ficam localizadas ali, onde poderemos então conhecer museus, arquitetura histórica e conhecer um pouco mais da cultura local.
E tem mais? Tem mais. Alguns dias na região permitirão também relaxar em spas termais na região; descobrir um pouco da gastronomia que misturou as influências austríacas e italianas, resultando em iguarias como canederli (bolinho de pão) e strudel (sobremesa de massa folhada); conhecer as cervejarias e vinículas localizadas ali e aproveitar para fazer degustações de produtos locais e além disso participar também de eventos e festivais regionais ao longo do ano.
O que fazer em Trentino Alto-Adige?
Como pontuamos ali em cima, a região de Trentino é conhecida pelas férias de inverno, mas não só. Por aqui, é uma região para as quais os italianos vão para esquiar e para curtir as atividades ao ar livre e o manto branquíssimo de neve quando as temperaturas caem. Estamos então falando de várias modalidades de esportes de inverno
E se você não tem absolutamente nenhum interesse e/ou intimidade com os esportes de inverno. Tem-problema-não. O Trentino também oferece uma modalidade que eu particularmente amo: os mercadinhos de Natal. Infelizmente nesse fim de semana que passamos por ali ainda estávamos longe do período de luzinhas – fomos em outubro -, mas fica aqui a dica para quem, como eu, ama a atmosfera de natal que deixa tudo mais encantado.
Já se você estiver pela Itália na época mais quentinha do ano, não descarte ainda a região do Trentino. Muita gente vai para as suas montanhas para fugir do calor absurdo que faz nas grandes cidades, além de aproveitar para conhecer um outro cenário e também praticar esportes ao ar livre como passeios de bike, esportes aquáticos, excursões e caminhadas nas montanhas e até mesmo golfe.
Levico Terme
Depois de decidirmos conhecer um pouco do Trentino – afinal era só um fim de semana para “conhecer” uma rzzegião inteira – começamos a dar uma olhadinha nas opções de hospedagem na região. Eis que nos deparamos com o hotel que nos hospedamos, falei dele aqui embaixo caso você queira indicação, e ele está localizado em Levico Terme.
A cidade fica localizada no alto da Valsugana, um dos vales mais importantes da província de Trentino e a aproximadamente 520 metros das Dolomitas trentinas. Fica também pertinho de Trento, a cerca de 20 quilômetros da capital da região.
Além da vista para as montanhas lindíssimas da Itália, existe também um lago que é o segundo maior lago do vale Valsugana. Por ali foram montadas duas estruturas de balneário para curtir a região no verão e tem, inclusive, uma praia para quem gosta de praia de lago – eu dispenso hahahah.
Mas como o próprio nome já diz, Levico Terme é também conhecida por suas águas termais, com propriedades terapêuticas que seriam benéficas para a saúde. Inclusive, muita gente visita a cidade e suas termas em busca desse tipo de tratamento. Para isso, o Parque Termal é a grande pedida e fica aberto principalmente nos meses mais quentes do ano – aparentemente fecha no inverno. Falei mais dele aqui embaixo porque o hotel em que nos hospedamos fica praticamente dentro do parque – ou o parque fica nos jardins do hotel, depende sempre do ponto de vista, hahaha.
Isso porque, tanto o hotel quanto o parque foram projetados para serem uma coisa só lá no fim do século XIX. A ideia do arquiteto Georg Ziehl di Norimberga era criar uma paisagem pitoresca, seguindo o modelo dos jardins ingleses, e para isso transportou muitas das plantas de avião, vindas da Áustria. Hoje, no parque termal, ainda podemos ver heranças dessa época já que tantas árvores se mantém intactas mesmo depois de tantos anos e existe também uma estrada arborizada que liga a estação ferroviária de Levico Terme ao parque. Hoje o parque recebe muitos eventos ao longo do ano, além de concertos e o famoso mercadinho de natal a partir de meados de novembro.
Nossa hospedagem: Grand Hotel Imperial
E por que resolvemos ficar em Levico Terme? Porque nossa hospedagem era ali. Reservamos quase que de uma semana para a outra o Grand Hotel Imperial, um hotel que se estende por 12 hectares com uma área completa de bem-estar, piscina coberta e ao ar livre (que estava fechada porque o verão já tinha acabado) e 81 quartos que foram decorados no estilo da Belle Époque.
Nem preciso dizer que estava animada para esse fim de semana que passamos por ali. Ainda que não tenhamos ido ao Trentino durante a mágica – deve ser – temporada de inverno, o hotel prometia dias de descanso, além da possibilidade de passear pelo parque termal de Levico Terme que fica, literalmente, nos jardins do hotel – com uma área exclusiva para os hóspedes.
A história do hotel começa lááá em 1900, quando foi inaugurado o Grand Hotel Imperial, construído em tempo record e com a ideia de que fosse integrado ao parque de aguás termais. Essas águas, na realidade, foram descobertas haviam poucas décadas, em 1860, enquanto trabalhavam com minérios na área próxima às Dolomitas.
Ao longo dos anos, o hotel recebeu ilustres hóspedes, incluindo a realeza da região da Baviera – hoje Alemanha – e da Bélgica. Mas as duas guerras mundiais trouxeram um período de declínio ao hotel que foi, inclusive, usado para abrigar tropas alemãs na segunda guerra sendo, então, bombardeado pelos aliados.
E anos após o fim do conflito, em 1996, o hotel e as termas são passadas à iniciativa privada e hoje atua como hotel quatro estrelas.
Nossa hospedagem por lá foi bem confortável. Tivemos acesso livre ao SPA com hidromassagem e sauna e também nos forneceram roupão e chinelinho para ir ao SPA com mais conforto. O quarto tinha também uma ante-sala e banheira. O hotel também tem um ótimo café da manhã, que estava incluso na nossa reserva, e oferece também a opção de reserva de jantar – ou meia pensão com janta já incluída – que pelo que vimos pode até compensar já que fora da temporada não haviam muitos restaurantes bacanas abertos para podermos conhecer na cidade.
Museu Mart
Esse museu aqui nem fica em Levico Terme, e sim em Rovereto, cidade localizada a mais ou menos 20 minutos de Levico. O MART é o Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Trento que eu, sinceramente, não fazia ideia que existia mas como no nosso último dia em Levico Terme estava chovendo bastante, fomos procurar alguma atividade indoor para a viagem não acabar cedo.
E eis que foi uma belíssima surpresa – e por isso virou indicação aqui para o caso de você decidir conhecê-lo. O MART foi fundado em 1987 e hoje opera em três lugares diferentes. A sede principal é essa que visitamos, em Rovereto, inaugurada em 2002 com um projeto arquitetônico super diferente. Além disso, também tem a Casa de Arte Futurista Depero na mesma cidade e em Trento a Galleria Civica, que passou a fazer parte do complexo em outubro de 2013.
O que visitamos em Rovereto tem um projeto arquitetônico com uma cúpula de vidro e aço logo na entrada, desenhado por Mario Botta. A coleção tem mais de 20 mil obras de arte que passam pelos anos anos 90 e chegam até a contemporaneidade, incluindo o futurismo e os anos 2000 da arte italiana.
Nós havíamos ganhado do hotel de Levico Terme um Trentino Guest Card, que é um passe com opções de descontos e ingressos gratuitos para conhecer algumas atrações da região. Esse museu estava incluso no passe e aproveitamos para utilizá-lo. Trocamos o ingresso na hora mesmo e deu tudo certo.
Já falando sobre a visita ao museu, eu adorei como as obras foram disponibilizadas, misturando o antigo e o novo de um jeito descontraído. A gente aqui não tá muito acostumado a visitar museus modernos e contemporâneos aqui na Itália – geralmente nosso foco vai para os museus que cobrem o período do Renascimento. Então devo salientar que foi uma grata surpresa para um domingo chuvoso e a gente super recomenda a visita.
Vou deixar algumas fotos por aqui do que você vai encontrar lá dentro:
E assim acabou nossa mini-viagem na nossa primeira vez na região do Trentino Alto-Adige. Como comentei lá no Instagram (segue a gente!), nós não chegamos a conhecer, infelizmente as cidades mais visitadas e famosas da região. E como a gente também sempre fala aqui: a boa notícia é que temos motivos para voltar. Espero que você também tenha gostado desse roteiro diferentinho e a gente se vê nas próximas matérias aqui do blog, ou nos próximos vídeos do nosso canal no YouTube (se inscreve lá) e também nas redes sociais.
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