Embora seja o nome por trás de Os Girassóis, O quarto em Arles, a Noite Estrelada e Os Comedores de Batatas, Vicent Van Gogh não foi reconhecido em vida. Pelo contrário. Passou uma série de dificuldades, incluindo uma doença mental – que alguns acreditam ser bipolaridade, outros, depressão – até cometer suicídio com 37 anos, em 1890. O #TuristandoNaQuarentena de hoje prepara você para sua próxima viagem a Amsterdã, nos Países Baixos, e trás como sugestão um dos filmes mais bonitos que eu – Jeanine aqui! – tive a oportunidade de ver.
‘Who am I in the eyes of most people. A nobody, a non-entity, an unpleasant person.
Someone who has not, and never will have, any position in society, in short the lowest of the low.
Well then, even if that was all absolutely true, one day I would like show by my work, what this non entity has in his heart”
Vicent Van Gogh
Disponível na Netflix, Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent, 2017) é o primeiro filme totalmente pintado do mundo, uma animação biográfica que narra os últimos dias da vida de Vicent Van Gogh. Gravado com atores reais como Douglas Booth, Chris O’Dowd e Helen McCrory, cada frame do longa – 65.000 – foi literalmente repintado no estilo do renomado pintor. Foram mais de 4 anos para desenvolver a técnica, 2 anos de trabalho duro e um time de 100 artistas de diferentes estúdios para completar este filme.
De acordo com o site Lovingvicent.com, o filme – dirigido por Dorota Kobiela – não foi feito para ser o primeiro ou para quebrar recordes: “Mas porque nós acreditamos que não se pode contar a verdadeira história de Vicent sem suas pinturas. então era preciso dar vida a elas”. Além das suas obras, reconhecidas mundialmente, Van Gogh também ficou famoso pelo episódio em que corta sua própria orelha.
Tá, e onde está o turistar até aqui?
Em Amsterdã você encontra o Van Gogh Museum, dedicado a um dos maiores e mais famosos artistas na história da Arte Moderna. O museu – mais visitado dos Países Baixos – conta com uma grande coleção de pinturas, esboços e de cartas, que o pintor enviava ao seu irmão, Theo. O acervo está disposto em ordem cronológica, para que o visitante possa observar a evolução do artista.
Bônus: Hannah Gadsby – Nanette
Antes de chegar em Amsterdã, assisti ao stand-up de Hannah Gadsby, também na Netflix, chamado Nanette. Já viu? Além de comediante, ela é formada em História da Arte e, em seu discurso que mistura piadas com assuntos sérios sobre gênero, sexualidade e sua própria infância, fez algumas reflexões sobre esse mundo do qual eu pouco sei. E quando eu digo “sei” leia-se quase nada.
Ela conta, em certa parte do seu show, que um dia mencionou ao público que tomava antidepressivos. Um homem a procurou após o espetáculo para dizer que, como artista, ela não deveria se medicar porque precisava sentir. E “se Van Gogh tivesse tomado remédios não teríamos hoje Os Girassóis”. Nesse momento, Hannah explica que foi exatamente ao contrário. Van Gogh muito provavelmente criou o quadro porque se tratava. Seu remédio, derivado de um composto chamado em inglês de foxglove, tinha um efeito colateral pouco conhecido: intensificar a cor amarela para o usuário.
E é aqui que eu quero chegar. Como Hannah escancara em Nanette, existe uma glamourização da relação entre sofrimento e criatividade. Van Gogh, além de um gênio da pintura não-reconhecido em vida, arrancou a própria orelha e se matou porque sofria de uma doença mental. Alguns intitulam como depressão, outros como transtorno bipolar. Essa romantização não é só equivocada, já que essa condição incapacita mais do que inspira, mas perigosa, pois encoraja muitos a não procurarem ajuda.
É isso <3
Espero que gostem das duas sugestões de hoje e aprendam tanto quanto eu ao assisti-las. Tem alguma recomendação? Coloca aqui ou lá no Instagram do @voyajandoblog. Estamos ansiosas!
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