Ar bucólico, mistério, neblina e muitas histórias e lendas fazem de Paranapiacaba uma ótima opção de passeio em um final de semana. Com cerca de 1000 habitantes, o local faz parte da cidade de Santo André (SP) e fica localizada a cerca de 44 km da capital de São Paulo.
Como cresci em Suzano (SP), ia com frequência à Paranapiacaba acompanhando meus pais, que compravam um remédio natural que só existia ali para o meu pai. Adorava andar pelas ruazinhas com ar de antigo e foi lá também que escolhi para fazer um ensaio de pré-casamento, dirigido e fotografado por amigos nossos (coloquei algumas fotos aqui).
Também voltei à cidade algumas vezes por conta de excursões escolares e cada vez que vou ao distrito, descubro uma história nova ou um novo cantinho para ser explorado. Apesar de ser linda, infelizmente o que se vê muito também por lá é a falta de conservação e reparo que a vila necessita, apesar de receber anualmente cerca de 250 mil visitantes e seu patrimônio histórico e ambiental é tombado por órgãos de defesa do patrimônio artístico, arquitetônico e turístico nacional.
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*Nesse período de pandemia, apenas a Parte Alta de Paranapiacaba está aberta à visitação, com verificação de temperatura e obrigatório o uso de máscaras. Os restaurantes, bares e pousadas também já foram autorizados a reabrir. As trilhas disponíveis na cidade só podem ser feitas com pré-agendamento.
História de Paranapiacaba
Construída pela São Paulo Railway para abrigar seus funcionários durante a concessão da estrada de ferro Santos-Jundiaí, iniciada em 1860. O nome Paranapiacaba, vem de “lugar de onde se vê o mar”, nome dado pelos primeiros moradores daquela região, os tupi-guaranis. No alto da serra do mar, Paranapiacaba é um ótimo destino para um passeio de fim de semana, que guarda um ar de mistério e neblina, rodeado pela Mata Atlântica.
A ferrovia Santos-Jundiaí foi construída no século XIX graças ao crescimento da cultura do café no Vale do Paraíba. A intenção era facilitar o escoamento da produção para o Porto de Santos e foi aí que foi construída a Vila Ferroviária Paranapiacaba. Ali, foram construídas casas para servirem de residência para os funcionários da companhia e também o centro de controle dos trens que levavam carga e passageiros.
Os residentes se dividiram em duas vilas que surgiram: a Vila Velha, que surgiu de uma ocupação urbana espontânea, e a Vila Martin Smith, resultado de um plano urbanístico inovador para a época, com estrutura pré-definida e casas padronizadas. Com a consolidação da cultura do café e a ocupação no interior do Estado, a ferrovia começou a ser duplicada e a vila também cresceu. Em uma colina alta foi construída a casa do engenheiro-chefe, chamada de Castelinho. Dali, ele poderia ver toda a movimentação do pátio ferroviário.
A concessão da São Paulo Railway acaba por volta de 1946, quando antigos moradores apontam que foi o início da decadência da vila. A desativação do sistema funicular aconteceu na década de 1970, quando parte dos funcionários foi dispensado ou aposentado. Em 1982, o sistema funicular construído pelos ingleses deixa de funcionar. Foi ali também que começou o processo para transformar a vila inglesa em um ponto turístico.
O que fazer em Paranapiacaba?
Andar pela vila despretenciosamente já é um passeio à parte. As casinhas coloridas, a vida passando devagar, a neblina e as ruazinhas que parecem que voltamos no tempo são motivos suficiente para dar uma voltinha sem rumo por Paranapiacaba. Aproveite, na caminhada, e vá descobrindo os seguintes pontos abaixo:
Museu Castelo
A construção de 1897 é a casa do engenheiro-chefe da ferrovia. O Museu Castelo abriga exposição permanente com mobiliário e peças que resgatam o modo de vida e trabalho no local. É dali também que se tem a melhor vista do pátio ferroviário.
Foi reformado em 2005 e atualmente possui a exposição permanente com móveis e objetos da casa do engenheiro-chefe da empresa, além de uma maquete que apresenta toda a vila.
Museu Funicular
Aqui no Museu Funicular de Paranapiacaba você pode visitar o antigo pátio de manobras, máquinas fixas, oficinas, vagões, locomotivas e entender um pouco como funcionava o sistema funicular da ferrovia. Gosto muito de passear por ali, principalmente em dias de neblina, a paisagem fica linda. É aqui também que – ao meu ver – a vila mais precisa de restauro.
Parque Natural Municipal Nascentes
São cinco trilhas que fazem parte do Parque Natural Municipal Nascentes. Fiz apenas uma das trilhas uma vez, em excursão com a escola e a experiência não foi a melhor já que estava frio e chovendo, rs. Mas para quem gosta desse contato próximo com a natureza, não esqueça de se informar e agendar a visita. As trilhas podem ser feitas apenas com acompanhamento de guias.
Casa Fox e Clube União Lira Serrano
Os casarões contam um pouco da história da vila inglesa. A Casa Fox foi restaurada para divulgar as memórias individuais e coletivas de quem mora ou morou em Paranapiacaba. Já o Clube União Lira Serrano foi um centro de atividade sociocultural, onde eram promovidos bailes, jogos de salão, competições esportivas e muito mais. Até hoje o espaço abriga eventos da cidade.
Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba
Como toda vila tem sua igrejinha, a capela do Alto da Serra, como era originalmente chamada, foi inaugurada e começou a receber missas pela primeira vez em agosto de 1884. Hoje, com o nome de Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba, ela faz essa homenageia ao Senhor Bom Jesus.
Gostou das dicas para conhecer Paranapiacaba? Fica pertinho de São Paulo (SP) e dá para fazer um passeio de um dia inteiro por lá. Eu recomendo bastante!
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