Como é morar no Japão? Brasileira conta sua experiência

Já falamos algumas vezes que além da nossa descendência italiana – que nos fez conquistar a cidadania – também temos descendência japonesa na família, pela parte do nosso pai. E essa cultura sempre esteve presente lá em casa e eu sempre me perguntei de alguma forma como seria morar no Japão. Por esse motivo, talvez, me identifico muito com as postagens da Priscila Yokomizo, de 40 anos, brasileira e dona do Instagram Pri Yokomizo no Japão (segue!) e que compartilha muitas informações legais – e fotos incríveis – de vários cantinhos da terra do sol nascente e sempre conta um pouco da sua experiência de morar fora do País.

Morar no Japão : brasileira contra experiência

Se você também tem curiosidade, te convido então a ler a história que a Pri nos trouxe. A relação dela com o país começou quando era super novinha, quando a mãe parte para o Japão em busca de uma vida melhor para a família. “Em 1990, começou o movimento dekassegui, que foram os descendentes de japoneses no Brasil vindo trabalhar no Japão. Minha mãe veio nessa época, eu tinha 6 anos. Como as coisas aqui estavam melhores que no Brasil, logo ela decidiu trazer toda a família e eu cheguei aqui pela primeira vez, em 1997, com 14 anos”, se lembra.

Movimento imigratório Brasil x Japão

Antes de tudo, abro um parenteses. Se você não está familizariado com o termo, Dekassegui é formado por duas palavras: deru = sair e kasegu – para trabalhar, ganhar dinheiro trabalhando, ou seja, em um significado amplo “trabalho fora de casa”. Serve para denominar as pessoas que vão em busca de trabalho temporario em outra região (no caso dos próprios japoneses que buscavam os grandes centros) ou país (como é o caso de brasileiros que vão/foram para o Japão).

Esse movimento de brasileiros indo para o Japão em busca de melhores condições de vida iniciou-se, principalmente, em meados dos anos 1980, quando o país oriental precisava de mão-de-obra e os brasileiros, de maneira voluntária, passaram a ir para o Japão. Os números foram crescendo de maneira rápida e de 2000 brasileiros em 1985 o número multiplicou-se em mais 100 vezes, indo para 254.394 nos anos 2000.

Como foi morar no Japão antes?

Com apenas 14 anos na época, a Priscila lembra que teve dificuldades com a sua mudança para o Japão pela primeira vez. “Não foi fácil deixar meus amigos, a escola em plena adolescência, eu fiquei um ano com a mala arrumada esperando pra ir embora. Era muito nova pra enxergar as oportunidades que essa experiência me traria”, se lembra.

Segundo ela, olhar para trás hoje e se lembrar dessa época traz alguns arrependimentos. “Acho que algo que me arrependo hoje, foi não ter estudado aqui. Eu disse pra minha mãe que não iria estudar, que queria trabalhar pra levar dinheiro para o Brasil (porque a combinado era ficarmos só 1 ano). Hoje, ter estudado faria toda a diferença”.

“Eu vim para cá com 14 anos na primeira vez. Daí com 17 anos eu engravidei e casei com meu namorado e nós voltamos para o Brasil com os pais dele. Fomos morar em São José dos Campos”, se lembra. Com 22 anos, Priscila decide que talvez seja a hora de tentar novamente. “No Brasil, fiquei cinco anos. Depois com 22 anos eu voltei com meu marido e meu filho, de 4 anos, para o Japão, voltamos para a mesma cidade onde eu já morava antes e até hoje estou aqui”, salienta. A escolha pela cidade foi para ficar perto da mãe, que sempre morou por ali.

“Na segunda vez, quando eu voltei casada eu vim porque eu queria. Porque eu estava no Brasil e estava tudo muito difícil, de emprego. Tudo era muito difícil. Naquele momento, eu já sabia como era a vida no Japão e eu voltei porque eu quis voltar para cá, então foi bem diferente, porque já vim com vontade mesmo”, explica.

Hoje, a Priscila trabalha em fábrica no Japão e atua com outras atividades em paralelo – sorte nossa porque uma delas é a criação de conteúdo digital. “Trabalho em fábrica no Japão, sou guia, tenho uma loja de biquínis brasileiros e sou criadora de conteúdo digital. Sou neta de japoneses, então o Japão sempre fez parte da minha história”. 

Como é morar no Japão hoje?

“Para quem pensa em morar fora, eu diria pra vir com o coração aberto. Será muito mais fácil se a gente se abrir para o novo e aproveitar as oportunidades, em vez de ficar olhando para o que deixamos pra trás. Aprendi e aprendo muito com o povo japonês. Principalmente sobre respeito, educação e disciplina”, conta.

Para a Priscila, o diálogo vai ser a melhora ferramenta na hora de tomar a decisão de partir. “A primeira coisa a se fazer quando decidimos morar fora, é sentar com a família e conversar. Pesar os prós e contras. Vir com o pé no chão, saber que não será tudo fácil, mas unidos com quem amamos sempre dá certo”.

A Pri lembra que nem tudo são flores quando a gente escolhe morar fora, e eu concordo com ela. “Acho que os maiores desafios pra mim foi a saudade da família, ter com que contar quando os filhos ficam doentes. A barreira da língua foi difícil no início também”, enumera. “E as diferenças culturais, porque o Japão é um país completamente diferente do Brasil, mesmo para mim que cresci com alguns hábitos herdados dos avós japoneses”, pontua.

No entanto, segundo ela, o saldo é positivo. “Mas apesar de tudo isso, eu vejo que vale a pena sim, sair da zona de conforto e tentar a vida fora. Todos os desafios me fizeram crescer e amadurecer muito e hoje aprendi a amar esse país, sua cultura, a incomparável educação dos japoneses e maneira como eles conseguem manter viva suas raizes mesmo em um mundo que muda o tempo todo”, finaliza. 


Se você chegou agora por aqui, saiba que estamos fazendo uma série super especial sobre Morar Fora. Já tivemos relatos de alguns países por aqui e virão outros em breve. Por isso, se você se interessa pelo tema ou se tem planos futuros para sair do Brasil e viver uma experiência no exterior, continue com a gente!


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